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CAMPUS FERNANDÓPOLIS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
05
DETALHAMENTO: CONCRETO
NOTAS DE AULA
CONCRETO ARMADO
ARMADO
1. INTRODUÇÃO
Ocorre em função das ligações físico-químicas entre aço e concreto. Ex.: para separar os
dois materiais, é necessário aplicar uma força Fb1 (figura 1).
Surge quando um material tende a se deslocar em relação ao outro (figura 2). Depende da
rugosidade da barra e da compressão exercida pelo concreto sobre a barra em virtude da
retração. Na figura 2, a oposição à ação Fb2 é constituída pela resultante das tensões de
aderência (τb) distribuídas ao longo da barra.
LEONHARDT (1977) menciona que mesmo uma barra lisa pode apresentar aderência
mecânica, em função da rugosidade superficial, devida à corrosão e ao processo de fabricação,
gerando um denteamento da superfície.
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É importante destacar que a separação da aderência nas três parcelas - adesão, atrito e
aderência mecânica - é apenas esquemática, pois não é possível quantificar isoladamente cada
uma delas.
2. TENSÃO DE ADERÊNCIA
Uma barra está na iminência de ser arrancada quando uma tensão última de aderência, que
atua na interface do concreto e do aço, é atingida. Considera-se esta tensão como sendo
uniformemente distribuída ao longo do comprimento da barra, embora, na realidade, ela não seja
uniforme (figura 5).
RS
• f bd . π.φ.l = RS ⎯⎯→ f bd = , onde:
14424b43 π . φ . lb
Área lateral da barra
• Rugosidade da barra;
• Posição da barra durante a concretagem;
• Diâmetro da barra;
• Resistência do concreto;
• Retração;
• Adensamento;
• Porosidade do concreto etc.
Essas duas condições fazem com que a NBR 6118:2003 considere em boa situação quanto
à aderência os trechos das barras que estejam em posição horizontal ou com inclinação menor
que 45º, desde que:
• para elementos estruturais com h < 60cm, localizados no máximo 30cm acima da face
inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima (figuras 7b e 7c);
• para elementos estruturais com h > 60cm, localizados no mínimo 30cm abaixo da face
superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima (figura 7d).
Em outras posições e quando do uso de formas deslizantes, os trechos das barras devem ser
considerados em má situação quanto à aderência.
No caso de lajes e vigas concretadas simultaneamente, a parte inferior da viga pode estar
em uma região de boa aderência e a parte superior em região de má aderência. Se a laje tiver
espessura menor do que 30cm, estará em uma região de boa aderência. Sugere-se, então, a
configuração das figuras 7e e 7f para determinação das zonas aderência.
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b)
a)
c) d)
e)
f)
4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA
f bd = η1 η2 η3 f ctd ; onde:
⎧1,0 para φ ≤ 32 mm
η3 = ⎨
⎩(132 − φ ) / 100 para φ > 32 mm
Para efeito da NBR 6118:2003, a conformação superficial medida pelo coeficiente η1,
adotada em função do tipo de aço, está mostrado na tabela 1.
Observações:
• ηb é o valor mínimo do coeficiente de conformação superficial que a barra deve ter quando
submetido a ensaio definido pela NBR 7477 (“parâmetro de qualidade”)
• η1 é o coeficiente para cálculo da tensão de aderência (“parâmetro de cálculo”)
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Em PINHEIRO &
MUZARDO (2003), define-
se o comprimento de
ancoragem básico como
sendo o comprimento reto
necessário para que a
máxima força que atua na
barra (Rs = As fyd) seja
totalmente transferida para o
concreto, admitindo, ao
longo desse comprimento,
resistência de aderência
uniforme e igual a fbd
(figura 9).
Figura 9 – Comprimento de ancoragem básico
φ2
A s f yd = f bd π φ lb ⎯
⎯→ π f yd = f bd π φ l b
4
φ f yd
∴ lb = .
4 f bd
De maneira simplificada, pode-se dizer que, a partir do ponto em que a barra não for mais
necessária, basta assegurar a existência de um comprimento suplementar l b que garanta a
transferência das tensões da barra para o concreto.
tensão nas barras diminui e, portanto, o comprimento de ancoragem pode ser reduzido na mesma
proporção. A presença de gancho na extremidade da barra também permite a redução do
comprimento de ancoragem, que pode ser calculado pela expressão:
A s, calc
l b, nec = α1. l b ⋅ ≥ l b, min , onde:
A s, ef
Com base em PINHEIRO & MUZARDO (2003), os ganchos das extremidades das barras
da armadura longitudinal de tração podem ser (item 9.4.2.3 da NBR 6118, 2003):
Vale ressaltar que, segundo as recomendações da NBR 6118 (2003), as barras lisas
deverão ser sempre ancoradas com ganchos, sendo recomendados os semicirculares.
a) b) c)
Figura 10 – Tipos de ganchos (armadura de tração)
Ainda segundo a NBR 6118 (2003), o diâmetro interno da curvatura dos ganchos das
armaduras longitudinais de tração deve ser pelo menos igual ao estabelecido na tabela 2.
A NBR 6118:2003, item 9.4.6, estabelece que a ancoragem dos estribos deve
necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais soldadas. Os
ganchos dos estribos podem ser:
• semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a 5φ,
porém não inferior a 5cm (figura 11a);
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10φ, porém não inferior a
7cm (figura 11b). Destaca-se que este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios
lisos.
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao valor dado na
tabela 3.
10 < φt < 20 4 φt 5 φt _
φt ≥ 20 5 φt 8 φt _
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Figura 13 – Pilares
10. EMENDAS
Conforme CAMACHO (1997), as emendas nas barras devem ser evitadas sempre que
possível, aproveitando-se integralmente o comprimento das mesmas. No entanto, é comum a
necessidade de se efetuar emendas nas barras de aço para atender as necessidades de
detalhamento. Nesses casos é fundamental garantir que ocorra a transmissão de esforços de uma
barra a outra. As emendas são classificadas em 2 grupos: emendas indiretas e diretas.
Segundo LEONHARDT, deve-se, sempre que possível, usar emendas com extremidades
retas, ao invés de usar extremidades com ganchos, para que possa ser evitada a possibilidade do
esmagamento do concreto nessa região.
Já quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4 φ, ao comprimento
calculado l 0 t (≥ l 0 t , min ) , deve ser acrescida a distância livre entre barras emendadas.
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Conforme já mencionado, a transferência de esforço de uma barra para outra se faz através
de bielas comprimidas de concreto. Logo, existe a necessidade da colocação de uma armadura
transversal à emenda com o objetivo de equilibrar essas bielas. Como armadura transversal nessa
região, podem ser levados em consideração os ramos horizontais dos estribos.
Quando φ < 16 mm ou a proporção de barras emendadas for menor que 25%, faz-se
necessária uma armadura transversal capaz de resistir a 25% da força longitudinal de uma das
barras ancoradas.
Quando φ ≥ 16 mm ou a proporção de barras emendadas for maior ou igual a 25%, a
armadura transversal deve:
• ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada, considerando os ramos
paralelos ao plano da emenda;
• ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras mais próximas de
duas emendas na mesma seção for < 10 φ (φ = diâmetro da barra emendada)
• concentrar-se nos terços extremos da emenda.
Devem ser mantidos os critérios estabelecidos para o caso anterior, com pelo menos uma
barra de armadura transversal posicionada 4 φ além das extremidades da emenda.
Quando φ < 32 mm, deve-se ter, ao longo da emenda, uma armadura transversal capaz de
resistir a 25% da força longitudinal de uma das barras ancoradas. Para diâmetros maiores ou
iguais a 32 mm, ver recomendações do item 9.4.2.6.2. da NBR 6118:2003.
Quando se tratar de barras comprimidas, pelo menos uma das barras constituintes da
armadura transversal deve estar situada a uma distância igual a quatro diâmetros (da barra
ancorada) além da extremidade da barra.
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Figura 20 – Exemplo
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De acordo com a NBR 6118 (2003), item 18.3.2.4, a armadura longitudinal de tração junto
aos apoios deve ser calculada para satisfazer a mais severa das condições expostas nos
itens a) a c):
dimensionamento da seção;
de uma área de armadura capaz de resistir a uma força de tração Rs dada por:
⎛ al ⎞
Rs = ⎜ ⎟ Vd + Nd , onde:
⎝ d ⎠
⇒ Vd é a força cortante na face do apoio; Rs
⎧ As vão
⇒ ⎨Asapoio ≥ ≥ 2 barras , para momentos nos apoios nulos ou negativos, inferiores a
⎩ 3
1/2 do momento máximo no vão (figura 21):
Ma
As vão
|Ma| ≤ Mv
As apoio 2
Mv
⎧ As vão
⇒ ⎨As apoio ≥ ≥ 2 barras , para momentos nos apoios negativos e maiores que 1/2
⎩ 4
do momento máximo no vão (figura 22):
Ma
As vão
|Ma| > Mv
As apoio 2
Mv
A s,calc = R s f yd
α1 . l b ⋅ A s,calc
Impondo l b,nec = l b,disponível e A s,nec = A s,ef , obtém-se: A s,nec =
l b,disponivel
Portanto, a área das barras ancoradas no apoio não pode ser inferior a As,nec.
Conforme CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2001), quando não há espaço para
ancorar as barras próximas dos apoios extremos das vigas, uma solução é empregar ancoragem
em laço, que consiste em dobrar a barra horizontalmente, em semi-círculo (figura 24). Existe
uma especificação do raio mínimo de curvatura (r) que o laço deve ter, além de outros casos em
que é necessário colocar armadura suplementar normal ao plano da curva do laço.
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Muitas vezes, a largura b da viga (figura 24) é pequena para fazer o laço da armadura.
Nessas situações, os projetistas usam o conceito do “porta-estribo”. Considera-se, então, como
“porta-estribo”, a armadura do pilar (N2) indicada na figura 25. Já como “estribos”, consideram-
se as barras N1, indicadas na figura 25. Devido ao seu formato, as barras N1 recebem o nome de
“grampos”.
Figura 25 – Ancoragem das barras junto ao apoio usando ferros tipo “grampo”
b) Corte
a) Planta
Figura 26 – Grampos
Já foi mencionado que algumas barras longitudinais podem ser interrompidas antes dos
apoios. Para determinar o ponto de início de ancoragem dessas barras, há necessidade de se
deslocar, de um comprimento al, o diagrama de momentos fletores de cálculo.
Conforme PINHEIRO & MUZARDO (2003), o deslocamento al é fundamentado no
comportamento previsto para resistência da viga à força cortante, em que se considera que a viga
funcione como uma treliça, com banzo comprimido e diagonais (bielas) formados pelo concreto,
e banzo tracionado e montantes constituídos respectivamente pela armadura longitudinal e pelos
estribos (figura 27). Nesse modelo há um acréscimo de esforço na armadura longitudinal de
tração, que é considerado através de um deslocamento al.
onde:
Vale ressaltar que, nos casos usuais, nos quais a armadura transversal (estribos) é normal
ao eixo da peça (α = 90°) a expressão de al resulta:
transferido para o concreto. A barra deve prolongar-se pelo menos 10φ além do ponto teórico de
tensão σs nula, não podendo em nenhum caso ser inferior ao comprimento de ancoragem
ii) Cada faixa terá uma altura X igual a (figura 29): X = M máx / n
diagrama do valor al, em função da analogia com a treliça clássica (figura 30).
Nesse caso, deve-se utilizar l b ao invés de l b, nec e a altura de cada faixa (Xi) será
Observação: esta formulação também pode ser usada para barras com mesmo diâmetro.
11.2.4. Exemplo
Terceiro Passo) Ancoragem das barras nos apoios extremos (N1 e N2)
Supondo que seja necessário ancorar duas barras nos apoios extremos, escolhem-se as barras
que apresentam os maiores comprimentos para se estenderem ao longo de toda a viga e serem
ancoradas nos apoios. É o caso das barras N1 e N2 (figura 33).
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A ancoragem da barra tem início na seção onde a sua tensão σs começa a diminuir e deve
prolongar-se pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão σs nula. Para cada faixa, faz-se a
seguinte análise:
a) no ponto do diagrama deslocado, onde o momento começa a diminuir, deve-se somar o
comprimento de ancoragem l b, nec
b) no ponto onde o momento fletor foi totalmente absorvido pela barra, soma-se o valor de 10φ
c) o comprimento da barra devidamente ancorada será o maior entre os comprimentos das faces
inferior e superior da faixa
Portanto:
⎧ l 4 + 2 al + 2 ( 10 φ )
l barra ≥ ⎨
⎩ 2 al + 2 l b, nec
⎧ l 3 + 2 al + 2 ( 10 φ )
l barra ≥ ⎨
⎩ l 4 + 2 al + 2 l b, nec
Se o ponto A de início de ancoragem estiver na face do apoio ou além dela (figura 37a) e a
força Rs diminuir em direção ao centro do apoio, o trecho de ancoragem deve ser medido a partir
dessa face, com a força Rs dada no item 11.1.2.
Quando o diagrama de momentos fletores de cálculo (já deslocado de al) não atingir a face
do apoio (figura 37b), as barras prolongadas até o apoio devem ter o comprimento de ancoragem
marcado a partir do ponto A e, obrigatoriamente, devem ultrapassar 10φ da face de apoio.
Duas situações distintas podem ocorrer em função da distribuição das tensões normais que
atuam no pilar:
i) quando o pilar apresenta somente tensões de compressão pode-se adotar uma ancoragem
comum (figura 39).
“Ancoragem comum”
Mvd
compressão
ii) quando o pilar apresenta tensões de tração e compressão, deve-se garantir um comprimento
do trecho reto do gancho igual ao comprimento equivalente a uma emenda por traspasse, relativo
a uma barra tracionada (l 0t ) . Além disso, deve-se adotar o raio de curvatura do gancho
indicado na figura 40.
Mvd
Além disso, segundo LEONHARDT (1977), a transmissão dos momentos fletores da viga
para os pilares extremos contínuos provoca, na região do nó, não só esforços de tração na
direção diagonal, como também altas tensões de aderência na armadura tracionada do pilar
(figura 41).
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As barras que chegam até a extremidade de um balanço deverão ser ancoradas em forma
de gancho, conforme mostrado na figura 42.
Quando a extremidade do balanço servir de apoio para outro elemento (geralmente vigas),
a armadura ancorada deverá ser capaz de resistir ao seguinte esforço Rst (figura 43):
Vd. al
Rst =
d
A ancoragem dos estribos (das vigas e dos pilares) deve ser garantida através de ganchos
nas extremidades. Estes ganchos devem ter, em cada uma de suas quinas, uma barra longitudinal
de diâmetro adequado.
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BIBLIOGRAFIA
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concreto armado. Rio de Janeiro, ABNT.
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VILAR, O. M., BUENO, B. S. (1985) Mecânica dos Solos, Volume II. Escola de Engenharia de São Carlos,
USP, São Carlos (apostila).
TABELA
AÇO
CONCRETO CA25 CA50 CA60
(barras lisas) (barras nervuradas) (barras entalhadas)
C10 78,1 φ 69,4 φ 133,8 φ
OBSERVAÇÕES:
c φ: DIÂMETRO DA BARRA
1) GANCHO TIPO A
a) Extremidade com 2 ganchos: Ltot = 2 TR + L1 + 2,142 φdob. +1,142 φ
2) GANCHO TIPO B
a) Barra com ganchos nas duas extremidades: Ltot = 2 TR + L1 + 1,356 φdob. + 0,356 φ
b) Barra com gancho em uma das extremidades: Ltot = TR + L1 + 0,678 φdob. +0,178 φ
3) GANCHO TIPO C
a) Barra com ganchos nas duas extremidades: Ltot = 2 TR + L1 + 0,571 φdob. - 0,429 φ
b) Barra com gancho em uma das extremidades: Ltot = TR + L1 + 0,285 φdob. - 0,215 φ
TABELA: DETALHAMENTO DOS GANCHOS
ARMADURA DE TRAÇÃO:
a) b) c)
Diâmetros dos pinos de dobramento, para armadura de tração
Bitola (mm) CA – 25 CA – 50 CA - 60
φ < 20 4φ 5φ 6φ
φ ≥ 20 5φ 8φ _
ESTRIBOS:
Bitola (mm) CA – 25 CA – 50 CA - 60
φt ≤ 10 3 φt 3 φt 3 φt
10 < φt < 20 4 φt 5 φt _
φt ≥ 20 5 φt 8 φt _