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PERFIL DE INTERNAMENTO DOS IDOSOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE

SERGIPE

Abraão Machado da Cunha (Discente, Universidade Federal de Sergipe-Campus Lagarto) *


Deiseane de Oliveira Almeida (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe)
Karla Yasmim de Andrade Santana (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe)
Felipe Tavares de Andrade (Acadêmico de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe)
Carla Kalline Alves Cartaxo Freitas (Orientadora, Doutora em Ciências da Saúde, Universidade Federal de
Sergipe) *abraaoamc@hotmail.com

RESUMO

O objetivo desse estudo foi investigar o perfil de internamento de idosos atendidos em um


hospital universitário no interior de Sergipe. Trata-se de um estudo transversal com
abordagem quantitativa com idosos a partir de 60 anos, com no mínimo 24 horas de
internamento, utilizando um formulário elaborado pelo pesquisador. Foram avaliados 52
pacientes idosos com predominância de 44,2% das admissões no turno da tarde , 25%
possuíam queixa principal relacionado ao sistema respiratório, 65,4 % utilizaram transporte
próprio para chegar até a unidade, 44,2% tiraram classificação amarela como prioridade,
25% passaram por algum procedimento cirúrgico sendo o ortopédico o mais prevalente,
passando em média 9,8 (±12,8) dias internados e 63,5% dos idosos tiveram alta por
melhora e a prevalência do desfecho no turno da tarde foi de 44,2%. Os achados
contribuem para a elaboração de estratégias direcionadas ao atendimento e cuidado do
idoso saudável e em situações de vulnerabilidade.

Palavras-chave: Idoso. Hospitalização. Avaliação Geriátrica/ estatística & dados numéricos.

INTRODUÇÃO

O Brasil atravessa um processo de rápido aumento de sua população idosa. Vários


fatores têm favorecido para o aumento na expectativa de vida das pessoas, dentre eles,
estão nas novas descobertas na promoção de saúde e na prevenção das doenças,

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diminuição na taxa de natalidade e aumento da longevidade, evidenciando assim o
aumento no número de idosos na sociedade (BRASIL, 2010; CASTRO et al, 2018).
O envelhecimento é resultante de uma relação entre a idade biológica e a idade
cronológica, dentro de seu contexto social e econômico (FARIA et al, 2015), a idade de 60
anos ou mais é considerada como definidora do início da velhice no Brasil segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS) (BRASIL, 2010).
Com essa mudança na pirâmide etária da população, torna-se urgente repensar o
modelo atual dos serviços de saúde, pois várias são as particularidades de atendimento
aos pacientes idosos, tendo em vista que os mesmos se encontram em um cenário de
multimorbidades e polifarmácia, por isso, o suporte clínico deve ser complexo, abrangente,
voltado não apenas para o atendimento ambulatorial, mas também para o âmbito hospitalar
(TEIXEIRA et al, 2017).
Na maioria das vezes, os fatores que levam idosos à hospitalização podem ser
identificados principalmente pela atenção básica, onde são realizadas ações preventivas e
de identificação de fatores de riscos físicos e ambientais, afim de adaptá-los ou modifica-
los, reduzindo assim o número de internações deste grupo etário (SANTOS, 2014). O
objetivo do presente estudo foi analisar o perfil de internamento dos idosos em um Hospital
Universitário da região centro-sul de Sergipe.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa realizado no


Hospital Universitário de Lagarto (HUL), Sergipe. A amostra foi obtida por conveniência e
composta de 52 pacientes com 60 anos ou mais, com período de internação de no mínimo
24 horas, na clínica médica, clínica amarela/vermelha, clínica cirúrgica ou Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) durante o período de 14 de novembro de 2018 a 13 de fevereiro de
2019.
Para a coleta dos dados foi utilizado um formulário, elaborado pelo próprio
pesquisador. Os dados foram tabulados e analisados no programa LibreOffice versão:
6.2.0.3 e apresentados em forma de tabelas. O estudo foi desenvolvido após a aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (CAAE:
01000818.0.0000.5546), número do parecer: 3.013.678.

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RESULTADOS

Foram avaliados 52 pacientes internados no HUL com idade média de 71,7 (±9,4)
anos, predomínio do sexo feminino (53,8%), etnia parda (78,8%), solteiro (42,3%), maioria
da zona urbana (59,6%) e proveniente do município de Lagarto (55,8%) onde se encontra
a unidade hospitalar. Com base nas características do internamento, percebeu-se que a
admissão ocorreu em sua maioria pela tarde (44,2%), 65,4% usou transporte próprio, as
principais queixas de internamento foram referentes ao sistema respiratório (25%) e os
pacientes foram classificados segundo o protocolo de Manchester, onde 44,2% foram
classificados como amarelo (Tabela 1).
Coutinho et al (2015), também encontrou como sendo a tarde (37,3%) o principal
turno de admissão, o transporte próprio (19%) como o mais prevalente seguido da
ambulância (81%). Esta divergência pode ser explicada pelo fato do estudo ter sido
realizado em um hospital de emergência. No estudo de Teixeira et al (2017), a principal
causa de internamento foi relacionada ao aparelho circulatório (27,4%) e doença do
aparelho respiratório em terceiro com 11,9%, entrando em divergência com o atual estudo.
No presente estudo também se observou que 25% dos pacientes passaram por
procedimento cirúrgico, sendo o ortopédico (13,5%) o mais prevalente, a média de
medicamentos usados pelos pacientes durante todo o internamento foi em média 11,1
(±7,4) medicamentos, 36,5% dos pacientes receberam cinco ou mais medicações de SOS
sendo a Insulina Neutra Protamina de Hagedorm (INPH) a mais utilizada (36,3%), e dos
52 pacientes 63,5% tiveram alta por melhora, o turno dos desfechos mais prevalente foi o
turno da tarde (44,2%) tendo uma média de 9,8 (±12,8) dias de internamento sendo 1 o
mínimo e 80 o máximo (Tabela 1).

Tabela 1 - Características do internamento e clínicas dos pacientes Idosos internados em um


hospital universitário de Sergipe. Brasil, novembro de 2018 a fevereiro de 2019
Características n (%)
Turno da admissão
Manhã (06:00 Ⱶ 12:00) 13 (25)
Tarde (12:00 Ⱶ 18:00) 23 (44,2)
Noite (18:00 Ⱶ 00:00) 5 (9,6)
Madrugada (00:00 Ⱶ 06:00) 11 (21,2)
Transporte
Próprio 34 (65,4)
SAMU 18 (34,6)

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Tabela 1 - Características do internamento e clínicas dos pacientes Idosos internados em um
hospital universitário de Sergipe. Brasil, novembro de 2018 a fevereiro de 2019.
Continuação
Queixa Principal
Respiratório 13 (25)
Musculoesquelético 9 (17,3)
Cardiovascular 6 (11,5)
Digestório 6 (11,5)
Tegumentar 3 (5,8)
Nervoso 2 (3,8)
Outras 13 (25)
Classificação do paciente**
Azul 5 (9,6)
Verde 6 (11,5)
Amarelo 23 (44,2)
Laranja 15 (28,8)
Vermelho 3 (5,8)
Realização de cirurgias
Nenhuma 39 (75)
Ortopédica 7 (13,5)
Apendicectomia 2 (3,8)
Outras 4 (7,7)
*Total de medicamentos utilizados 11,1 ± 7,4
Medicamentos usados no SOS
INPH 94 (36,3)
Dipirona 41 (15,8)
Captopril 19 (7,3)
Tramadol 12 (4,6)
Prednizolona 10 (3,9)
desloratadina 8 (3,1)
prednisona 8 (3,1)
Ondassetrona 5 (1,9)
Outros 62(24)
Total de SOS
Nenhum 17 (32,7)
1 SOS 8 (15,4)
2 SOS 3 (5,8)
3 SOS 4 (7,7)
4 SOS 1 (1,9)
5 SOS ou mais 19 (36,5)
Desfecho
Alta 33 (63,5)
Falecimento 10 (19,2)
Transferência 8 (15,4)
Abandono 1 (1,9)
Turno do desfecho
Manhã (06:00 Ⱶ 12:00) 19 (36,5)
Tarde (12:00 Ⱶ 18:00) 23 (44,2)
Noite (18:00 Ⱶ 00:00) 6 (11,5)
Madrugada (00:00 Ⱶ 06:00) 4 (7,7)
*Dias de internamento 9,8 ± 12,8
*Valores expressos em média e desvio padrão.
Demais valores sumarizados em frequência simples e porcentagem.

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CONCLUSÃO

Este estudo identificou que as admissões aconteceram pelo turno da tarde, sendo
o sistema respiratório a queixa principal, a maioria teve a prioridade classificada como
amarelo, passando em média 9,8 (±12,8) dias internados e a alta por melhora foi o principal
desfecho. As características e perfil de internações, é um reflexo das necessidades e
características socioeconômicas, culturais e sociais do local analisado, o que pode auxiliar
na criação de campanhas e estratégicas públicas para minimizar as internações ou preparar
e capacitar a unidade para as principais queixas do público atendido.

REFERÊNCIAS

CASTRO, G. C. et al. Perfil das internações hospitalares em município de Minas Gerais.


REFACS, 6(1): 45-52, 2018.

COUTINHO, M. L. N. et al. Perfil sociodemográfico e processo de hospitalização de


idosos atendidos em um hospital de emergências. Rev Rene, 16(6): 908-1005, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas e estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento.
Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

FARIA, L. A. et al. Aspectos relevantes da farmacoterapia do idoso e os fármacos


inadequados. InterScientia, 3: 31-47, 2015.

SANTOS, C. F.; AMARAL, V. R. S.; SANTANA, S.; SKALINSHKI, L. M. Principais causas


de mortalidade de idosos no município de Itabuna, BA. Memorialidade, 16: 107-19, 2014.

TEIXEIRA, J. J.; BASTOS, G. F.; SOUZA, A. C. Perfil de internação de idosos. Rev Soc
Bra Clin Med, 15: 15-20, 2017.

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