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Expediente / Índice

imprensa@sieeesp.com.br

DIRETORIA

Presidente

4
Benjamin Ribeiro da Silva
Colégio Albert Einstein Matéria de Capa
1º Vice-presidente
José Augusto de Mattos Lourenço Precisamos blindar a Educação
Colégio São João Gualberto

2º Vice-presidente
Waldman Biolcati
Curso Cidade de Araçatuba

1º Tesoureiro
José Antonio Figueiredo Antiório
Colégio Padre Anchieta

2º Tesoureiro
Antonio Batista Grosso
Colégio Átomo
10 Inclusão
34 Aprendizagem
Inclusão e O cálculo mental
1º Secretário
Itamar Heráclio Góes Silva Aprendizagem: e a aprendizagem
Educ Empreendimentos Educacionais
Novos rumos matemática
2º Secretário
Antonio Francisco dos Santos
Colégio Novo Acadêmico

Diretores de regionais 14 Drogas 36 Disciplina


ABCDMR
Oswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008
Cocaína Disciplina e indisciplina
Araçatuba
no cenário educacional

16
Waldman Biolcati - (18) 3623-1168
Educação Sexual
42
Bauru
Gerson Trevizani - (14) 3227-8503 Psicomotricidade
Campinas
O que acontece com a
Antonio F. dos Santos - (19) 3236-6333 Aids no Brasil Práticas psicomotoras
Guarulhos
Wilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437 18 Gestão Operacional 44 Nutrição
Ribeirão Preto A importância e o Meu filho se
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217
cuidado na escolha de alimenta mal
Osasco
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327 um Sistema de Gestão
Educacional
46
Presidente Prudente
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510 Alfabetização
Santos
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349 O que vai cair na prova?
São José dos Campos
Maria Helena Baeza - (12) 3931-0086
22 Motivação

São José do Rio Preto


Cenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545
Luz, Desejos e Emoções
48 Seminário
Sorocaba Retrospectiva dos
Edgar Delbem - (15) 3231-8459
26 Alerta Digital seminários do
Sieeesp - 2014
JANEIRO DE 2015 Orientações sobre
Editor
Adhemar Oricchio - MTB 8.171 redes sociais
Repórteres
Gisele Carmona 52
28
Ygor Jegorow
Assessoria de Imprensa e
Comportamento Obrigações
Produção Editorial
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
Editor gráfico: Balduino Ferreira Leite
A importância do limite
Site: Gisele Carmona
Redes Sociais: Ygor Jegorow
54
30
Impressão: Companygraf
Colaboradores Reflexão Cursos
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
• Clemente de Sousa Lemes Que em 2015 a escola
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
• José Maria Tomazela • José Rodrigues possa manifestar todo
• Ulisses de Souza
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o seu potencial
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CEP 04086-011 - (11) 5583-5500

2 Escola Particular • Janeiro de 2015


Editorial

Benjamin

Uma visita à Coreia


Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp
benjamin@einstein24h.com.br

e Singapura
Será uma
oportunidade
O Sieeesp está ultimando os
detalhes para a realização da
18ª viagem educacional , de 11 a 30
técnico-vocacionais tiveram como
foco o bilinguismo, a alta tecnologia
e a ênfase para matérias técnicas
única de conhecer
de abril de 2015. A organização é da como matemática e ciências. Importa dois sistemas de
IES-Educacional e, desta vez, vamos acrescentar o investimento no
conhecer os sistemas educacionais treinamento de professores, uma vanguarda em
da Coreia do Sul e de Singapura, com
um tour pela Tailândia e uma breve
certa flexibilidade curricular e o
esforço para desenvolver talentos
educação
passagem por Abu Dhabi. individuais. Hoje, como efeito, os
A programação vai ser alunos estão adaptados a um mundo
imperdível, pois é difícil para nossas pós-industrial e globalizado, e o país
escolas e nossos mantenedores aparece como a 4ª praça financeira e
empreenderem essa iniciativa 3° PIB per capita do mundo.
individualmente, e será uma Na Coreia do Sul, a consciência acadêmicos, bem como escolas high
oportunidade única de conhecer dois de que o esforço na educação é tech, de arte , com classes especiais
sistemas de vanguarda em educação, o principal fator de melhoria de (a maioria ligadas a Fundações
que passaram de uma economia renda e de vida motivou escolas e comerciais e industriais), colégios
incipiente para expoentes no professores, famílias e estudantes. politécnicos e vocacionais com
mercado internacional em tão pouco A prioridade dada à implementação diversas especialidades.
tempo. de uma educação de qualidade, Entre as visitas a escolas e os
Em 2014 promovemos uma viagem que desse suporte ao crescimento vários seminários organizados em
para a Rússia e Finlândia e esses da economia, norteia o progresso Singapura e Coreia do Sul, visitaremos
eventos fazem parte do projeto da econômico e sóciocultural da Coreia, a Tailândia, conhecida como a Veneza
nossa entidade, visando estimular com base nos princípios de que todos do Oriente. Vizinha de Singapura,
o intercâmbio de experiências e têm de ter iguais oportunidades de a Tailândia é destino cultural
projetos educacionais, com a efetiva acesso à educação de qualidade, obrigatório para nosso grupo. Possui
participação das escolas particulares. desde o ensino básico ao superior; o mais importante patrimônio
Já tivemos a oportunidade de todos têm direito a excelentes turístico do Sudeste da Ásia,
conhecer mais de 30 países e visitar professores; o reconhecimento nos mesclando uma belíssima arquitetura
centenas de escolas, trocando ideias estudos tem por base a meritocracia. a cenários deslumbrantes. Em
e trazendo inovações, contribuindo Em abril, vivenciaremos a 2ª etapa Bangkok, conheceremos o Grand
assim para a melhoria do ensino do sistema educacional, pois o país Palace e o famoso Budha de
brasileiro e mais conhecimento para está realizando uma reforma que Esmeralda, vamos percorrer num
nossos professores e alunos. procura o equilíbrio entre o ensino cruzeiro o Chao Phraya River, onde
Por exemplo, em Singapura, acadêmico muito competitivo e o a população modesta vive em casas
foi adotado um conjunto de estímulo ao desenvolvimento da de palafitas, mas onde se concentra
políticas governamentais que vocação e habilidades individuais. parte das atrações da cidade: o
priorizaram o ensino de qualidade Conheceremos um dos sistemas Templo Dawn, a Ponte Rama VIII e o
ao de cumprimento de metas mais flexíveis, pois desde o ensino River Front com seus hotéis , bares,
quantitativas. As escolas e cursos médio oferece os tradicionais cursos restaurantes e vida noturna.

Janeiro de 2015 • Escola Particular 3


Matéria de Capa

Gisele Carmona

D esde que começamos a série Os Ru-


mos da Educação Brasileira, diversos
especialistas, como Claudia Costin, Priscila
Buscando outros profissionais que
pudessem nos ajudar com esse trabalho,
entrevistamos Júlio Furtado, doutor em
Cruz, Walter Vicione, Guiomar Namo de Ciências da Educação e diplomado em Psi-
Melo, entre outros, elucidaram nossas copedagogia pela Universidade de Havana
dúvidas sobre o setor educacional e nos (Cuba), e mestre em Educação pela Univer-
mostraram possíveis soluções partindo de sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
seu ponto de vista. Quanto às pesquisas que, recente-
Esperamos que, com a divulgação mente, colocaram o Brasil em uma posição
desse material, possamos contribuir para não muito favorável no quesito educação,
o crescimento da educação em nosso Furtado concorda que, se tomarmos como
país, um ponto tão delicado, importante base a situação educacional em outros
e tratado, infelizmente, de forma pouco países, não estamos nem mesmo entre
participativa pela maioria de nossos go- os razoáveis. No entanto, ele lembra que
vernantes. não podemos apenas olhar para esses

4 Escola Particular • Janeiro de 2015


indicadores, é preciso considerar também que, por sua vez, sustenta o modo de
os avanços que aconteceram durante esse produção daquele país. Outro importante
período.
“De fato, se tomarmos como base os
O conceito de indicador de desenvolvimento é o nível de
atitudes sustentáveis em todos os contex-
referenciais externos, a Educação Brasileira
ainda não figura entre as melhores. A
desenvolvimento é tos: natural, relacional e social. Conservar
a natureza, ser cordial e civilizado nas
questão é que, se fizermos isso, estaremos
cometendo certo grau de injustiça com
sustentado, acima relações e promover ações que visem a
um crescente equilíbrio de riquezas são
os avanços registrados nos últimos vinte
anos, que não são desprezíveis. Consegui-
de tudo, pelo nível atitudes que indicam um alto grau de de-
senvolvimento de um povo”.
mos, por exemplo, resolver o problema de qualidade técnica Para Furtado, tudo isso só será man-
das crianças fora da escola, da falta de tido se houver uma estrutura educacional
acompanhamento e dados confiáveis que e científica de um forte e que tenha alto nível de aceitação e
atestem uma real melhora nos índices de respeito por parte da sociedade. Não há
aprendizagem. Conseguimos, igualmente, povo que, por sua país desenvolvido com povo insuficiente-
incluir a Educação Infantil na agenda de
melhorias através de legislação. Estamos, vez, sustenta o mente educado. A elevação dos níveis de
qualidade de nossas escolas através das
ainda que numa velocidade moderada,
conseguindo melhorar a infraestrutura modo de produção medidas já apresentadas é o caminho certo.
Ele lembra que Educação, Saúde e
das escolas públicas e criar programas que
visam atacar problemas históricos, como a daquele país Segurança Pública são três instâncias que
deveriam estar politicamente blindadas. No
alfabetização na idade certa e a redução da entanto, esse feito depende do despren-
defasagem idade-série. Falta-nos, porém, dimento tão necessário, mas tão ausente,
atacar de forma mais objetiva e determi- na instância política. “Num sentido lato,
nada problemas centrais para que um real sos educacionais, incorporar a tecnologia política significa interesse pelo coletivo e
desenvolvimento educacional se instale”. na sala de aula, reformular o Ensino Médio pelo bem comum e, nesse sentido, a instân-
Entre os exemplos de problemas cen- – de forma que se aproxime das expecta- cia política deveria ser a maior responsável
trais, ele comenta a valorização dos pro- tivas tanto dos jovens quanto do mercado pela educação enquanto projeto de Estado.
fessores e da equipe escolar. “Precisamos de trabalho – e ampliar significativamente A realidade, porém nos apresenta uma
garantir o aumento do patamar salarial e as escolas de tempo integral, oferecendo política distorcida, na qual os interesses
o oferecimento de uma formação conti- uma educação mais próxima da vida e mais pessoais se sobrepõem aos interesses co-
nuada que permita a elevação dos índices integrada ao ambiente em que a escola se letivos e garantir votos e reeleições é o ato
de qualidade da ação docente”. encontra. mais importante para um político”.
Também menciona a importância de “O conceito de desenvolvimento é Num país como o Brasil, em que o
usar os resultados das avaliações externas sustentado, acima de tudo, pelo nível de nível de corrupção é um dos maiores do
para garantir o aprimoramento dos proces- qualidade técnica e científica de um povo mundo, ainda temos o agravante do “custo

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Matéria de Capa

• garantir a valorização dos profes-


sores, tendo como base a promoção
salarial dos mesmos aos mesmos níveis
dos outros profissionais com formação
superior através da implantação de planos
de carreira consistentes;
• assegurar condições que garantam
a gestão democrática das escolas públicas;
• ampliar o nível de investimento
público em educação pública de 7 para
10% do PIB.
Quanto à diferença do ensino em
escolas públicas e privadas, ele alerta que
ambas, na média, são de baixa qualidade,
sendo que apenas algumas poucas escolas
de elite apresentam um resultado dife-
renciado. “Nos dois últimos IDEBs (2011 e
2013), as escolas privadas não alcançaram
as metas estabelecidas em nenhum dos
segmentos e olha que não foram metas
absurdas, como, por exemplo, 5,8 no En-
sino Médio, 6,2 no segundo segmento do
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e 6,6 no
governabilidade”, que acaba se traduzindo • a alfabetização e a aprendizagem primeiro segmento do Fundamental (1º ao
em gasto do dinheiro público, segundo o adequada na idade certa (aprender a ler, 5º ano). Não podemos deixar de registrar
doutor Julio. “Mas há luz no fim do túnel. escrever e fazer cálculos simples até o 3º que a crença de muita gente de que a
Tenho presenciado atitudes que nos faz ano, por exemplo); escola particular é melhor porque há mais
ter esperanças no fato da educação estar • ampliar expressivamente a oferta cobrança e a possibilidade de demissão do
pouco a pouco se constituindo num projeto de escolas que ofereçam educação em professor é, no mínimo, discutível, já que o
de Estado. Manutenções de trabalhos que tempo Integral; segmento privado igualmente patina em
apresentam bons resultados, recondução • elevação significativa do nível de resultados baixos ou medíocres”.
de secretários de educação de governos escolaridade média da população jovem Ele finaliza dizendo que o que temos
anteriores, mesmo sendo de partidos adulta (18 a 29 anos); hoje na educação brasileira é fruto de um
diferentes, e eleições para o secretariado • expandir o volume de matrículas na trabalho sério que, infelizmente, começou
municipal são algumas das ações que plan- educação profissional de nível técnico e na muito tarde. “Nenhum Plano Nacional de
tam em nós alguma esperança. Atenção educação superior, em especial na faixa Educação foi cumprido até hoje no Brasil,
especial ao fato de que, em todas elas, a etária de 18 a 24 anos; desde o primeiro na década de sessenta.
pressão popular se faz essencial”. • garantir a melhoria da qualidade da Penso que a pressão internacional, so-
Muito se tem discutido a respeito da formação inicial dos professores, assim mada ao crescente nível de consciência da
destinação de verbas do pré-sal para a edu- como intensificar a formação continuada população são fatores que vem ajudando
cação, sem que se saiba ao certo a maneira e a titulação em nível de pós-graduação; a garantir a mudança necessária”.
como esse valor será aplicado. Furtado diz
que, embora ainda não haja um projeto

Foto: Lindsey Romariz


nacional para a utilização dessa verba, te-
mos boas práticas que podem ser tomadas
como referências. “Os projetos precisam
ser construídos a partir das metas do PNE
Nenhum Plano
(Plano Nacional de Educação) já aprovado.
Cada meta dará origem a diversos projetos
Nacional de
que devem visar a operacionalização dela.
Esses projetos precisam ser feitos em nível
Educação foi
municipal, estadual e federal. O grande
impasse se forma na medida em que a
cumprido até hoje
verba foi percentualizada e não temos
nem mesmo condições de fazer projeções
no Brasil
confiáveis. A própria crise da Petrobrás já
ameaça esse rendimento”.
Ele comenta que ficou satisfeito com
as metas do PNE (Plano Nacional de Edu-
cação) e que elas abrangem praticamente
todos os grandes problemas da Educação
brasileira, como:
• a universalização da Educação In-
fantil, dos Ensinos Fundamental e Médio
e da inclusão de alunos portadores de
deficiência de 4 a 17 anos;

6 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 7
Matéria de Capa

Luta por uma nesse recurso como uma alternativa para


a educação?
DC – Os investimentos do pré-sal são
relevantes, no entanto, serão mais vulto-

educação digna
sos a partir de 2019 ou 2020. A depender
do preço do petróleo e da exploração do
campo de libra é que vamos ver de fato um
montante chegando dessa fonte de explo-
ração petrolífera, mas isso deve acontecer
somente nos anos em que mencionei.

O ano começou e a presidente reeleita,


Dilma Rousseff, terá diversos desa-
fios pela frente, entre eles, a qualidade da
futuro da educação e sobre os problemas
de qualidade. Isso precisa mudar para o
segundo mandato.
O mercado está desaquecido, o que sig-
nifica que o preço do petróleo no mercado
internacional está baixo. Nesse jogo todo, o
educação em nosso país. dinheiro do pré-sal é uma pequena parte e,
Diante da preocupação de uma possível EP – Para a educação, o que podemos se dependesse do interesse da presidente
crise financeira e dos resultados do man- esperar pelos próximos quatro anos? Dilma, ele seria muito menor. Ela era con-
dato anterior, a revista Escola Particular DC – O segundo mandato da presidente tra a utilização de metade do fundo social
conversou com Daniel Cara, coordenador Dilma vai exigir mais do que o primeiro do pré-sal para a educação. Por ela seria
geral da Campanha Nacional pelo Direito mandato exigiu. Ela não tem um cheque metade dos rendimentos. A diferença entre
à Educação. em branco e foi eleita com uma margem um e outro ficaria entre milhões de reais e
A entrevista que temos a seguir é uma muito apertada de votos. bilhões de reais. No entanto, conseguimos,
análise para os próximos quatro anos refe- Aliás, nenhum governante deveria ter por conta das manifestações de junho de
rente ao setor educacional sob o mandato o tal cheque em branco, mas, no Brasil, se 2014, aprovar os bilhões de reais. Hoje ela
da presidente petista. habituou a acreditar que votações amplas defende a medida, mudou de posição.
dão condições perfeitas para que os gover- Quanto a esse recurso do pré-sal, o
Escola Particular – Como você descreve nantes façam o que quiserem. que eu estou querendo chamar a atenção
os últimos quatro anos da presidente Dilma A presidente tem pela frente um se- é que a parte substantiva dele vai chegar só
em relação ao setor educacional? gundo mandato com uma pressão muito depois do segundo mandato da presidente
Daniel Cara – Foi um governo pautado forte em todas as suas ações. Dilma, e isso é importante frisar. Não chega
no interesse do eleitorado: a expansão de Ela vai ter que resolver uma equação. O durante o mandato dela.
matrículas. O eleitor demandou mais vagas PNE (Plano Nacional de Educação), que foi Para esse mandato, o Brasil será bene-
no ensino superior e o governo investiu aprovado a revelia do interesse do governo ficiado de outro fator importante da explo-
no FIES, no PROUNI e na criação do Pro- federal, determinou que este deve colabo- ração do petróleo, que é a cadeia produ-
natec. Houve uma forte demanda por mais rar técnica e financeiramente com estados tiva. Para conseguir obter a exploração do
creches e o Brasil Carinhoso surgiu. Ou seja, e municípios, fazendo jus à constituição petróleo plena, do patrimônio natural – en-
ela procurou dar as respostas à população, federal. Essa colaboração, que foi calculada tre 2019 e 2020 –, vamos ter que desencadear
no entanto, essas soluções não foram por nós, da Campanha Nacional pelo Direito no Brasil uma enorme cadeia produtiva e de
o suficiente. As creches, na prática, não à Educação, determina uma demanda de 37 investimentos que vai contratar muita mão
evoluíram durante a gestão da presidente bilhões de reais a mais por ano. de obra, vai gerar muita arrecadação, e que
Dilma. Um programa grande foi criado, mas Então, diante de um cenário de crise vai gerar, portanto, benefícios orçamentári-
que não teve o resultado esperado. Foram econômica, de maior dificuldade de gover- os. Essa cadeia produtiva do petróleo é um
prometidas 6.000 creches, mas nem 1.000 nabilidade política dentro do congresso dos fatores que pode contribuir para que o
estão em funcionamento a partir desse nacional e com uma promessa de dialogo Brasil saia mais rápido da crise orçamentária
programa. E em relação ao ensino supe- com a sociedade civil, mas também fazendo que ele vai se encontrar a partir de 2015, com
rior, assim como com o Pronatec, tivemos sinalizações para o mercado, Dilma vai ter uma baixa arrecadação perante as necessi-
de fato uma evolução, mas foi no número que apoiar a demanda da educação e dos dades. As contas públicas estão ruins porque
de matrículas, não tivemos investimentos direitos sociais – que foi aquilo que fez o Brasil está gastando mais do que arrecada.
relacionados à qualidade. com que ela vencesse as eleições, já que a Ou seja, a conta não está fechando.
A perspectiva do ex-presidente Lula maior parte do eleitorado acreditou que os
era uma estratégia em longo prazo. Ele programas sociais têm mais segurança com EP – E quanto à valorização dos profes-
queria as expansões de estabelecimentos o governo petista do que com o governo sores?
próprios, das universidades federais e tucano –, e também vai ter que responder DC – Nós temos a lei do piso do magis-
institutos de educação técnica federal, no à crise econômica que se avizinha, se é que tério, que infelizmente não está sendo cum-
entanto, essa perspectiva não teve tanta ela já não está presente. Vai ser uma decisão prida em todo o país. Esse seria o primeiro
força no governo da presidente Dilma. E, que ela vai ter que tomar entre expansão passo para a valorização dos professores,
diante da crise econômica, vai ser difícil que de direitos e ajuste econômico. um salário base. Nenhum professor pode
ela modifique isso. A presidente pode buscar caminhos ganhar menos do que 1.700,00 e nenhum
Além disso, ela desmontou impor- alternativos, mas para isso ela vai ter que professor pode ter uma carga horária in-
tantes avanços que foram construídos mostrar uma grande capacidade de nego- ferior a um terço de planejamentos e dois
durante o governo Lula, principalmente ciação, que não foi algo demonstrado no terços em sala de aula. O próximo passo
a articulação com estados e municípios, exercício de seu mandato anterior. Ela não será uma estrutura nacional de carreira
o que se tornou extremamente negativo foi um agente publico que se notabilizou de magistério, que é a próxima demanda
para o setor educacional. por sua capacidade de negociação. da sociedade.
Resumindo, o que dá para dizer é que
essa foi uma gestão muito “tarefeira”, EP – Em todos os debates presidências EP – Um país cresce junto com o seu
mas pouco focada em pensar sobre o ela mencionou o pré-sal. Podemos confiar sistema educacional. O que dizer do nosso

8 Escola Particular • Janeiro de 2015


país? Estamos evoluindo na educação ou o aluno, portanto, o debate agora precisa
ficando para trás? ser sobre a pertinência curricular e não
DC – O sistema de educação faz parte somente se ele precisa ter cinco matérias
do país, então ele será compatível com o ou quinze matérias.
grau de desenvolvimento do Brasil. Isso Alguns vão dizer, um menor número de
significa que poderíamos desenvolver mui- matérias é mais fácil de ser pertinente, não
to mais e que poderíamos ter um sistema é verdade! É mais fácil de ser controlado, é
de educação muito melhor. O sistema de mais fácil de controlar o trabalho do profes-
ensino brasileiro ainda é muito pautado sor, mas a pertinência se dá pela maneira
em expansão de matrículas - e esse é o como o currículo consegue dialogar com
registro principal daquilo que deu certo os alunos.
dentro da avaliação do primeiro mandato
da presidente Dilma. Houve a expansão de EP – Em novembro ocorreu a CONAE
procura na educação infantil, no ensino (Conferencia Nacional da Educação), que
superior e no ensino técnico profissionali- tem como objetivo manter a democracia
zante de ensino médio. Agora, a qualidade nas questões educacionais. Existe a par-
na educação não foi um tema tratado pela ticipação dos órgãos particulares nesse
presidente. evento?
Atualmente, ela tem investido no DC – As escolas particulares estão
debate sobre a questão curricular. No representadas na comissão organizadora
entanto, o debate curricular, sozinho, da conferencia com o fórum nacional de
não vai mudar as coisas. Não adianta você educação. Dela participam a Confenen
discutir o melhor currículo do mundo, (Confederação Nacional dos Estabe-
se os professores não estão preparados lecimentos de Ensino) e a ABMES (As- Daniel Cara é coordenador da
para lecionar com base nele, se você não sociação Brasileira de Mantenedores do Campanha desde junho de 2006. É
sabe se eles concordam ou discordam, se Ensino Superior). Temos representantes bacharel em Ciências Sociais e mestre
as escolas dão condições da implantação do ensino particular debatendo também em Ciência Política pela ‘Faculdade de
do currículo, ou seja, o problema é muito e o número de vagas do setor privado é Filosofia, Letras e Ciências Humanas’
mais amplo. grande. O que acontece é que essas vagas da Universidade de São Paulo (FFLCH/
Na realidade, a presidente Dilma fala não são completamente ocupadas, o que USP). É membro titular do Fórum
muito em educação, ela de fato se preo- é uma pena. Seria muito importante, para Nacional de Educação. Foi membro
cupa com o tema, mas as ações dela na a democracia dos debates, que mais ca- da direção da Campanha Global pela
área são bastante insuficientes para aquilo deiras do setor privado fossem ocupadas. Educação entre janeiro de 2007 e
que ela expressa como sua preocupação É claro que, durante a conferência, sem- fevereiro de 2011. Hoje é membro do
principal. pre existe chance das ideias apresentadas Comitê Diretivo da Campanha Latino-
A promessa dela é que no segundo ganharem ou perderem, isso também faz americana pelo Direito à Educação
mandato vai dialogar mais com todas as parte do debate, mas o que não pode (Clade) e é diretor geral da Clade-Brasil.
áreas. Isso significa ter um dialogo inclusive acontecer é os representantes deixarem Foi membro titular das comissões
com a sociedade civil e com a academia – de participar. organizadoras nacionais da Coneb
os pesquisadores que trabalham com os (Conferência Nacional de Educa-
temas referentes à qualidade da educação EP – Para finalizar, me fale um pouco ção Básica, 2007-2008) e da Conae
–, com quem ela teve pouco contato nos sobre o trabalho da Campanha Nacional (Conferência Nacional de Educação,
últimos anos. pelo Direito à Educação. 2008-2010). Na Coneb coordenou o
DC – Ela surgiu em 05 de outubro de eixo “Construção do regime de co-
EP – Ainda nesse tema do currículo, 1999. Em 2014 completamos 15 anos. Trata- laboração entre os sistemas de ensino,
de fato a presidente pretende diminuir a se de uma rede composta por mais de 200 tendo como um dos instrumentos o fi-
quantidade de matérias apresentadas aos organizações espalhadas por todo o Brasil, nanciamento da educação”. Na Conae
alunos? com comitês regionais, ou seja, estruturas coordenou o eixo “Financiamento da
DC – Essa é uma moda agora, mas é de organização própria em 25 estados. educação e controle social”.
uma moda que pode significar uma falsa Tem se tornado notável pela capaci- Entre agosto de 2005 e dezembro
solução. O problema do currículo não é se dade de incidir na esfera federal perante de 2007 foi membro titular na primeira
ele é grande ou pequeno. Certamente um o poder público, tanto executivo, como composição do Conselho Nacional de
currículo menor é mais fácil de ser contro- legislativo e judiciário. Portanto, temos Juventude (Conjuve). De setembro de
lado, mas a questão do currículo tampouco uma rede legitima e que é composta pelos 2005 a março de 2007 representou
é uma questão de controle. O problema é diferentes. a sociedade civil na Mesa Diretora
se ele é pertinente ou não. Essa que é a Entre os envolvidos, estão desde a deste Conselho, sendo o primeiro vice-
questão. Reduzir não necessariamente vai Fundação Abrinq , que é uma fundação de presidente eleito.
significar maior pertinência. O problema base empresarial, até o MST, que é o movi- No movimento estudantil, entre
do currículo existe desde a época em que mento dos trabalhadores sem terra. É a março de 1998 e dezembro de 1999
a educação se tornou uma política social e rede dos diferentes, mas que tem um ponto foi presidente do Centro Acadêmico
a questão de pertinência sempre foi pouco fundamental em comum: acreditamos na do Curso de Ciências Sociais da USP
abordada. prioridade do direito à educação publica (Ceupes). De março de 1994 a feverei-
O que acontece é que, no século XXI, como sendo um fator fundamental, tanto ro de 1995 foi presidente do Grêmio
com a dispersão gerada pela máfia de de respeito aos direitos humanos, como Estudantil XXVIII de Março da Escola
informações, um currículo menos interes- também como promoção do desenvolvim- Técnica Estadual de São Paulo (ETESP).
sante é um currículo menos atrativo para ento sócio econômico do Brasil. •

Janeiro de 2015 • Escola Particular 9


Inclusão

INCLUSÃO E APRENDIZAGEM:
NOVOS RUMOS
office.microsoft.com

A s dificuldades de aprendizagem
começaram a ter destaque com a A capacitação dos anos houve um aumento significativo
da inclusão nas escolas. Entretanto, a
universalização do ensino no Brasil. A par-
tir da década de 1990 com a LDB9394/96
professores para capacitação dos professores para este
atendimento específico e os concursos
a educação para todos e a inclusão no
ensino ganham força com os avanços al-
este atendimento de mediadores, professores de Libras e
Braile não acompanhou este ritmo de
cançados quanto aos índices de matrícu-
las e a inclusão de alunos portadores de
específico e os crescimento.
Desde a Declaração de Salamanca
necessidades educacionais especiais na
rede regular de ensino.
concursos de (1994), surgiu o termo necessidades edu-
cativas especiais, que veio a substituir o
O atendimento de alunos portadores mediadores não termo criança especial, anteriormente
de deficiência e/ou necessidades edu- utilizado em educação para designar
cacionais especiais em classes comuns acompanhou a criança com deficiência. Porém, este
no Brasil evoluiu de 1998 a 2002 em novo termo não se refere apenas à pes-
151%. Passamos de um total de 43.923 este ritmo de soa com deficiência, pois engloba toda e
matrículas em 1998 para 110.536 em 2002. qualquer necessidade considerada atípica
Isto significa que no período de quatro crescimento e que demande algum tipo de abordagem

10 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 11
Inclusão

office.microsoft.com

específica por parte das instituições, seja


de ordem comportamental, social, física, Temos uma
emocional ou familiar.
Atualmente, temos uma demanda
demanda de 7% a
de 7% a 10% da população em idade es-
colar com necessidades educacionais
10% da população
especiais. As principais são: distúrbio e
dificuldades de aprendizagem, discal-
em idade escolar
culia, dislexia e disgrafia. Há também
as Síndromes, os Transtornos Globais
com necessidades
do Desenvolvimento (incluem-se nessa educacionais
definição estudantes com Autismo In-
fantil, Síndrome de Asperger, Síndrome especiais
de Rett e Transtorno Desintegrativo da
Infância), os TDAH (Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade) e as Altas
habilidades/ Superdotação. Além da educação para todos deve prever o aten-
Deficiência Física, Deficiência Auditiva, dimento à diversidade de necessidades
Deficiência Visual, Deficiência Mental e a e características da demanda escolar.
Deficiência Múltipla. Assim, além de se investir no processo de
Uma premissa muito importante no desenvolvimento do indivíduo, busca-se a
trabalho com a inclusão é a luta pelo aten- criação imediata de condições que garan-
dimento ao princípio da igualdade de tam o acesso e a participação da pessoa
direitos e, portanto, de oportunidades na vida comunitária, através da provisão
de escolarização junto aos demais alunos. de suportes físicos, psicológicos, sociais
Diante disso, são necessárias as ações e instrumentais;
abaixo, no âmbito das unidades escolares • Realizar atividades que ampliem os
e para professores. canais de comunicação com o objetivo
• Garantir a elaboração, execução de atender as necessidades comunica-
e avaliação do projeto pedagógico da tivas de fala, leitura ou escrita. Alguns
escola em consonância com princípios e exemplos são pranchas de comunicação
objetivos maiores da educação, previstos com símbolos, pranchas alfabéticas e de
em legislação nacional. Neste projeto, a palavras, vocalizadores ou o computador,

12 Escola Particular • Janeiro de 2015


A ampliação dessas
estratégias para o
desenvolvimento dos processos
mentais possibilita maior
interação entre os estudantes
quando utilizado como ferramenta de voz • Promover atividades que ampliem
e comunicação; as estruturas cognitivas facilitadoras da
• Organizar práticas pedagógicas aprendizagem, em diversos campos do
exploratórias suplementares ao cur- conhecimento, para desenvolvimento
rículo comum, que objetivam o apro- da autonomia e independência do estu-
fundamento e expansão nas áreas do dante frente às diferentes situações no
conhecimento. Tais estratégias podem contexto escolar.
ser efetivadas por meio do desenvolvi- • A ampliação dessas estratégias para
mento de habilidades, da articulação o desenvolvimento dos processos men-
dos serviços realizados na escola, na tais possibilita maior interação entre os
comunidade, nas instituições de educa- estudantes, o que promove a construção
ção superior, da prática da pesquisa e coletiva de novos saberes na sala de aula
desenvolvimento de produtos. comum. •
• Utilizar métodos e estratégias do
Braile para que o estudante se aproprie
desse sistema tátil de leitura e escrita;
• Ensinar técnicas e desenvolvimento Bianca Acampora
Especialista em dificuldades de
de atividades para a orientação e mobi- aprendizagem. Graduada em
lidade, proporcionando o conhecimento Pedagogia. Pós-Graduada em
Educação Infantil. Pós-Graduada
dos diferentes espaços e ambientes para em Psicopedagogia. Doutoranda
em Ciências da Educação.
a locomoção do estudante.

Janeiro de 2015 • Escola Particular 13


Drogas

freeimages.com
A cocaína é a principal droga estimulan-
te existente. Trata-se de um alcalóide
obtido das folhas da planta Erythroxylon A utilização de
sangramento nasal, sinusite, destruição
do septo nasal e atrofia da mucosa interna
do nariz.
coca e é administrada, principalmente, sob
a forma inalada (pó), podendo também ser cocaína provoca no No usuário da cocaína fumada, o crack,
quadros de pneumonias, bronquite, fibrose
injetada quando diluída em água. O crack é
outra apresentação da cocaína, sob a forma
usuário uma série pulmonar, tosse crônica e edema pulmonar
podem ser encontrados, enquanto que
de pedra e produzido a partir da sobra do
refinamento da cocaína ou da pasta não
de alterações físicas no usuário de cocaína injetada quadros
infecciosos, pela utilização de seringas
refinada misturada ao bicarbonato de sódio
e água. O crack é fumado com a utilização
e comportamentais contaminadas, são comuns. Endocardites,
infecções de pele, abcessos na região da
de cachimbos, assim como a merla, uma injeção, absessos pulmonares e cerebrais,
outra forma de apresentação da cocaína, visuais e táteis (a pessoa vê e sente a pre- septisemia, além de infecções pelo vírus
também chamada de mel, mela ou me- sença de objetos que não existem, como HIV e vírus de hepatite B e C também estão
lado. Trata-se também de uma pasta não bichos e insetos andando pelo seu corpo, associados à via de administração injetável.
refinada da cocaína. por exemplo) normalmente acompanham A cocaína é uma droga capaz de pro-
A utilização de cocaína provoca no o quadro de intoxicação por cocaína. Pes- duzir dependência química, sendo carac-
usuário uma série de alterações físicas e soas com história na família de transtor- terizada principalmente pelo desejo do
comportamentais que inviabilizam a vida nos psicóticos, como esquizofrenia, por consumo da substância e pela síndrome
da pessoa ao longo do tempo. Aumento exemplo, apresentam maiores chances de de abstinência, relacionada basicamente
dos batimentos cardíacos, da pressão arte- desenvolverem a doença caso façam uso com o surgimento de sintomas depres-
rial, da frequência respiratória, associado à de cocaína. sivos como tristeza, falta de motivação,
dilatação das pupilas, tremores e sudorese As emergências dos hospitais também negativismo, irritabilidade, diminuição da
são algumas das alterações físicas facil- recebem com frequência, adolescentes concentração, ansiedade, inquietação,
mente observadas. vítimas de infarto do coração, arritmias cansaço e insônia. •
Mudanças comportamentais como cardíacas e acidente vascular encefálico
agitação motora, inquietação, insônia, (derrame cerebral) provocados pelo con-
euforia, grandiosidade, irritabilidade, sumo da droga.
impulsividade, perda do apetite, delírios Algumas peculiaridades podem chamar Dr. Gustavo Teixeira
Médico psiquiatra da infância e
persecutórios (alteração do pensamento a atenção na diferenciação das vias de ad- adolescência. Professor visitante
em que a pessoa acredita que está sendo ministração da droga pelo usuário. Quando da Bridgewater State University.
Mestre em Educação, Framingham
perseguida pela polícia, traficantes ou a cocaína é inalada, frequentemente State University.
comportamentoinfantil.com
outras pessoas, por exemplo), alucinações podem ser observados quadros de rinite,

14 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 15
Educação Sexual

O que acontece com a


Aids no Brasil?

N freeimages.com
o início de julho a UNAIDS (Pro- Porquê? As causas ainda não foram
grama das Nações Unidas para HIV estudadas, mas uma das hipóteses levan-
e AIDS) divulgou um relatório com notícias tadas é a desinformação entre jovens. Na
animadoras em relação à Aids no mundo: minha opinião é muito mais do que isso:
diminuição em 13% de novas infecções por existe ainda uma dificuldade para aceitar
HIV nesse século e nos últimos três anos. a sexualidade na adolescência. É preciso
Segundo o documento, estima-se que
em 2013, em todo o mundo, 35 milhões
A prevenção pela vencer o desafio de modificar o comporta-
mento dos indivíduos quando estes fazem
de pessoas viviam com HIV. As mortes
relacionadas com a AIDS atingem agora os
educação parte da privacidade e intimidade dos pares
e envolvem valores ligados à afetividade.
seus menores números desde o pico em é considerada A prevenção pela educação é conside-
2005: caíram 35%. E não é só isso, as novas rada a chave para reduzir o índice de novas
infecções, entre crianças, despencaram a chave para infecções pelo HIV. E a escola ainda é o
58% desde 2001. principal espaço para se fazer este trabalho.
No entanto, para a nossa tristeza, o reduzir o índice Para tanto, meus queridos professores,
mesmo documento revelou que o número
de novas infecções pelo o HIV aumentou de novas infecções precisamos deixar de olhar os nossos alu-
nos, sob o ponto de vista da sexualidade,
11% no Brasil e o índice de mortes no país
atribuídas à doença subiu 7% entre 2005 pelo HIV como gostaríamos que eles fossem, e pas-
sar a enxerga-los como de fato eles são. É
e 2013. Aproximadamente um terço das preciso dar aos jovens a principal arma de
novas infecções ocorrem entre jovens de proteção – a informação – mas também
15 a 24 anos. ouvir e atender suas necessidades, interes-

16 Escola Particular • Janeiro de 2015


ses e ideias para desenvolver o exercício de não têm consciência disso. Isso representa
práticas preventivas. 19 milhões das 35 milhões de pessoas que
atualmente vivem com HIV.
Como iniciar essa conversa?
Um bom caminho para dar a par-
Eles acham que No entanto, segundo a médica infec-
tologista e pesquisadora do Laboratório
tida nesse assunto é apresentar fatos a
eles, e esses resultados do relatório da
a Aids é uma de Pesquisas Clínincas DST/AIDS da Fiocruz,
Brenda Hoagland, o diagnóstico tardio
UNAIDS pode ser um excelente inicia- doença do passado aumenta o risco de transmissão e também
dor. (http://www.bbc.co.uk/portuguese/ de óbitos. Ela explica que o tratamento é
noticias/2014/07/140716_aids_relatorio_ ou de pessoas importante na política de prevenção, uma
rb.shtml) vez que “estudos mostram que quando a
Hoje, com o tema da Aids cada vez me- mais velhas pessoa realiza o tratamento corretamente,
nos em pauta nas mídias, e o fato da Aids só o vírus pode se tornar indetectável e ter
se manifestar de fato após 10 anos de sua sua capacidade de transmissão reduzida
infecção, o jovem tem uma visão equivo- em até 96%”.
cada sobre a Aids. É diferente da gravidez, Portanto, um outro tema para se con-
em que a cada dia se percebe uma barriga ele com outras pessoas fora do seu grupo versar com nossos alunos é a importância
crescendo entre suas amigas. Eles acham e anotar as opiniões, e, por fim, apresentar do diagnóstico precoce e da adesão ao
que a Aids é uma doença do passado ou de aos colegas suas experiências e conclusões tratamento. No Brasil ele é gratuito, e já
pessoas mais velhas e que usar camisinha é do grupo. Ao final de cada apresentação, existem testes rápidos que também são
uma mão de obra desnecessária. se for necessário, o professor complemen- realizados, sem custo, pelas unidades
Problematize com seus alunos a tará as informações importantes à prática básicas de saúde. Para mais informações
questão e abra a discussão perguntando preventiva. e locais para fazer o teste, entre no site do
se essa é também a opinião deles e dos Ministério da Saúde: http://www.aids.gov.
seus colegas? Durante o debate, anote na Outra causa importante br/pagina/onde-fazer •
lousa as situações que exigiram que você Quando se considera a prevenção, é
complementasse as informações. E para natural pensar na primária, aquela que se
ir mais fundo nas questões, experimente utiliza para não se infectar com o HIV. Mas
orientar os alunos a assumirem o papel de também é igualmente importante a pre-
educador sexual por um dia. Divida a turma venção secundária, que deve ser adotada Maria Helena Vilela é educadora
sexual e diretora do Instituto
em grupos e entregue a responsabilidade pelos portadores do vírus. O documento Kaplan.
de um tema para cada grupo. Eles devem da UNAIDS revela um dado importante: kaplan.com.br

pesquisar sobre o assunto, conversar sobre 54% das pessoas infectadas no mundo todo

Janeiro de 2015 • Escola Particular 17


Gestão Operacional

A importância e o cuidado
na escolha de um
Sistema de Gestão Educacional

freepik.com
Com um sistema de gestão é possível obter, de forma rápida e
segura, informações que auxiliem a escola na melhor tomada de
decisão e obtenção de resultados positivos
N o contexto atual da tecnologia, em
meio a tantas siglas, como: bytes,
bits, entre outras, o tempo de resposta à
Dentro deste cenário de transforma-
ções tecnológicas no universo educacional,
as instituições de ensino têm reavaliado
assim maior agilidade e flexibilidade nas
operações diárias.
Dentre as vantagens da utilização de
informação tornou-se um diferencial cada sua gestão atual e, mais do que nunca, um sistema de gestão integrada para uma
vez mais importante para a tomada de percebem o quanto é importante integrar- escola, temos:
decisões e as instituições de ensino não se a esse novo panorama. Assim, torna-se • Eliminação do uso de controles
fogem a esta realidade. indispensável a utilização de um sistema manuais;
Até pouco tempo, pais e alunos pre- de gestão. • Redução de custos com melhor
cisavam ir à escola para ter acesso a in- Hoje em dia, há diversas empresas aproveitamento dos recursos;
formações, como: boletins, ocorrências, que oferecem soluções específicas para a • Eficiência no fluxo da informação e
históricos escolares e segunda via de bole- área educacional – os chamados sistemas qualidade dentro da organização;
tos. Atualmente, com o desenvolvimento de gestão educacional, que possuem uma • Otimização de processos para to-
de soluções tecnológicas cada vez mais variedade de recursos tecnológicos, módu- mada de decisão;
práticas e modernas, essas informações los e diversas funcionalidades, mas todos • Eliminação de redundância das
podem ser acessadas de forma rápida e com o mesmo objetivo: oferecer à escola atividades;
fácil através da internet, a qualquer hora e a otimização dos processos acadêmicos, • Padronização e documentação das
de qualquer lugar. financeiros e administrativos, garantindo operações

18 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 19
Gestão Operacional

Antes da implantação de um sistema


de gestão educacional é comum mantene-
dores fazerem os seguintes comentários: Uma tomada de
“Em um processo de matrícula eu abro
a turma e depois vejo o quanto me vai decisão errada pode
custar”, “Não sei dizer ao certo quanto é
minha inadimplência” e “Tenho tudo sobre comprometer todo
controle dentro de planilhas”. Sabe-se que
a concorrência é acirrada e uma tomada de
o andamento de
decisão errada pode comprometer todo o
andamento de uma escola.
uma escola
Com um sistema de gestão é possível
obter, de forma rápida e segura, informa-
ções que auxiliem a escola na melhor to- • Flexibilidade: Ao escolher um sistema
mada de decisão e obtenção de resultados é preciso levar em consideração os recursos
positivos. Ter uma ferramenta de gestão que se adequem, ou seja, flexíveis às suas
para o planejamento escolar é uma neces- particularidades. A escolha por um sistema
sidade primordial para o crescimento e a “engessado” pode dificultar muito sua
manutenção da instituição de ensino. utilização, pois não refletirá a realidade da
A escolha de um sistema de gestão instituição.
requer por parte da instituição algumas • Compromisso: Na escolha do for-
considerações importantes para o sucesso necedor que tenha como objetivo não ape-
do projeto: nas vender o produto, mas o compromisso
• Diagnóstico: Identificar e conhecer quanto a sua evolução, seja de melhoria
suas reais necessidades, além de suas prio- contínua no sistema ou tecnológica.
ridades. Uma RFP (Request-for-Proposal) • Metodologia: Verificar os critérios
pode ajudar no momento de selecionar aplicados pelo fornecedor no processo
os fornecedores, que se enquadram nas de implantação. Considere a implantação
necessidades específicas da instituição. de um sistema como a construção de uma
• Visão: Integrar os processos operacio- casa, onde o alicerce é fundamental para
nais e gerenciais, evitando realizar o mesmo sua sustentação. Construir as paredes e no
trabalho, otimizando assim, a utilização de meio da obra derrubá-las impacta tempo e,
recursos humanos e tecnológicos. consequentemente, custos. Assim funcio-

20 Escola Particular • Janeiro de 2015


freepik.com
O sucesso de um projeto está
diretamente vinculado à integração entre
processos, recursos e ferramentas
nam os sistemas, se a implantação não for integração entre processos, recursos e fer-
planejada, as definições claras e objetivas, ramentas, ou seja, o sucesso existe quando
consequentemente, terão prazos e custos se agrega valor.
maiores do que os previstos. É importante ressaltar que a implan-
• Avaliação: Verificar sua atual in- tação de um sistema de gestão deve
fraestrutura para adequação e conformi- proporcionar à instituição uma ferra-
dade a fim de atender as recomendações menta para aprimorar a qualidade das
mínimas realizadas pelo fornecedor, ga- informações, e garantir maior controle e
rantindo assim o desempenho esperado segurança dos dados e documentações
na utilização da ferramenta. escolares.
• Envolvimento: Adquirir por parte da Tenha sempre em mente que o sistema
equipe o comprometimento, a disponibi- escolhido deve agregar total apoio ao
lidade e a dedicação para o sucesso do negócio. Boas soluções sempre oferecem
projeto. algo mais do que realmente é esperado. •
O processo de implantação e utilização
de um sistema integrado deve ser tratado
com muito cuidado. Comprar e instalar um
sistema não se configura numa solução
para os problemas existentes em uma Aline Mello da Costa
Executiva da Advice System -
“empresa” que não tem seus processos Sistemas de Gestão Educacional,
empresa parceira da Meira
bem definidos. Ao contrário, nesta situa- Fernandes Consultoria e
ção, certamente, o sistema só trará novos Assessoria, Bacharel em Análise
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de Sistemas. Profissional com 14


problemas e nenhuma solução. O sucesso anos de experiência voltada a soluções tecnológicas.
comercial@advicesystem.com.br
de um projeto está diretamente vinculado à

Janeiro de 2015 • Escola Particular 21


Motivação

LUZ, DESEJOS E EMOÇÕES

A física nos ensina que quando uma


onda eletromagnética, luz por exem- Se você emite coisas Isto é, apenas parte do que desejam
para nós pode realmente “mexer conosco”,
plo, incide sobre um objeto, uma parte dela
será absorvida e outra refletida. O percen-
boas, absorverá tendo “frequências” que conseguem fazer
“vibrar nossas estruturas”. Do mesmo
tual depende do material do objeto, ou do
“corpo”. Por outro lado, qualquer corpo,
coisas boas. modo, as frequências que conseguimos
emitir são diretamente relacionadas com
estando a uma determinada temperatura,
também emite energia eletromagnética
Se emite coisas a nossa estrutura natural. Normalmente,
absorvemos bem na mesma frequência
em determinadas frequências.
Uma comparação simples com a dinâ-
ruins, absorverá que emitimos. Se você emite coisas boas,
absorverá coisas boas. Se emite coisas
mica dos nossos desejos e emoções, mos- coisas ruins ruins, absorverá coisas ruins.
tra semelhanças interessantes. Primeiro, Agora, é interessante notar que, dife-
vamos considerar aquilo que desejamos rentemente da maioria dos objetos e
para outras pessoas como “ondas eletro- timos “ondas de desejos”. No dia-a-dia, corpos da física, nós podemos modificar
magnéticas” e as nossas emoções como apenas parte dessas ondas emitidas por as características de nossas estruturas
as vibrações das nossas “estruturas bási- outras pessoas são absorvidas por nós, o básicas! Isso significa que podemos “apren-
cas”. Essas “ondas de desejo” podem ter restante é refletido de volta ao emissor ou der” a refletir de volta uma grande parte
diferentes “frequências”. Aliás, podem ter para as outras pessoas que estão ao nosso dos desejos ruins que incidem sobre nós
uma única frequência (monocromática), ou redor. Assim, essa parte refletida não nos e reagir com apenas a melhor parte das
ser uma composição de muitas frequências causa nenhuma alteração, mas pode afetar “ondas de desejo” que absorvemos. Mais
diferentes. Consideremos a “frequência” outras pessoas. Da parte absorvida, uma ainda, podemos “treinar” para emitir
da onda como um parâmetro relacionado parcela nos fará reagir, fazendo as nossas apenas desejos bons, ondas com boas
diretamente ao tipo de desejo embutido estruturas básicas vibrarem. Outra parcela frequências! Melhor ainda, emitir coisas
naquela “onda”. simplesmente não irá “sincronizar” com as boas de forma independente do tipo de
Assim como os “corpos” da física, nós característias naturais da nossa “estrutura” “ondas de desejo” que estejam incidindo
também emitimos, absorvemos e refle- e será atenuada rapidamente. sobre nós. Esse é o princípio básico: o que

22 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 23
Motivação

Absorva o que há de melhor no mundo


ao seu redor e cresça cada vez mais
como ser humano.
Tenha desejos de luz, e ilumine caminhos
você absorverá, o que você refletirá de o para a margem. O discípulo, indignado
volta e o que você emitirá depende apenas com a atitude do escorpião, perguntou ao
de sua natureza... e esta, com o tempo, de- monge: “Mestre, por que não deixastes
pende da sua escolha pela atitude positiva. o escorpião na água para se afogar? O
Tenha uma atitude boa e, assim, absorva senhor tentou salvá-lo e ele retribuiu com
e emita apenas coisas boas. Nada de ruim uma picada!”
poderá alterar a sua paz interior, e as suas Calmamente o monge respondeu: “Ele
ações deverão sempre ser ditadas pela sua agiu conforme a sua natureza má. Eu agi
natureza boa. conforme a minha.”
Conta-se da fábula do monge que, ao Assim deveria ser a nossa atitude com
caminhar com o seu discípulo à beira de relação a tudo que nos desejam. Retribua
um rio, viu um escorpião se debatendo na o mal com a bondade e alimente com
água e prestes a morrer afogado. O monge amor a sua natureza do bem. Deixe que a
esticou o braço e apoiou o escorpião na maldade, e tudo de ruim que ela traz junto,
palma da mão. Assim que teve os pés reflita de volta aos corações daqueles com
firmes, o escorpião picou o monge. Com natureza ruim. Absorva o que há de melhor
a dor o monge deixou o escorpião cair na no mundo ao seu redor e cresça cada vez
água. Imediatamente pegou um graveto e mais como ser humano. Tenha desejos de
novamente salvou o escorpião, trazendo- luz, e ilumine caminhos. •

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, embaixador
da ONU para o Desenvolvimento Industrial, de família humilde, começou como eletricista aprendiz
da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB),
piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e
Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval PostgraduateSchool (NPS
USNAVY, Monterey - CA).

24 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 25
Alerta Digital

CAIA NA REDE JUNTO COM SEUS FILHOS!


ORIENTAÇÕES SOBRE
REDES SOCIAIS

A era virtual transformou-se num


desafio para as famílias. Aos pais, É responsabilidade Não se trata de apenas “vigiar”, é funda-
mental orientar sobre comportamento
cabe aprender o que as crianças parecem
já nascer sabendo: lidar com as novas
dos pais monitorar prudente e ético e apontar os riscos e
perigos a que estão sujeitos.
tecnologias para estarem aptos a acom-
panhá-las e protegê-las da melhor forma.
constantemente o É necessário que haja ambiente aco-
lhedor e muito diálogo para entrar em
E, aos pequenos, cabe a tarefa bem difícil
de “navegar” com mais segurança nesse
comportamento sintonia com seu filho de forma saudável,
onde ele não sinta sua liberdade cerceada,
ambiente atraente, mas cheio de armadi-
lhas que são as redes sociais.
dos filhos e se eles mas sim cuidada. Para isso, é importante
que regras e acordos sejam estabelecidos
É responsabilidade dos pais monitorar estão utilizando com transparência e que os pais estejam
constantemente o comportamento dos empenhados em orientar, mais do que
filhos e se eles estão utilizando devida- devidamente as proibir ou punir.
mente as ferramentas de comunicação de
que dispõem. As precauções virtuais são ferramentas de Conversas importantes sobre redes
bem parecidas com as da vida real: “não sociais – você já orientou o seu filho sobre:
fale com estranhos”, “avise aonde vai”, comunicação de • Uso ético e responsável das redes –
“quero conhecer seus amigos” e “tome
cuidado”, também se aplicam nas redes. que dispõem consciência de que são responsáveis por
tudo o que é postado?

26 Escola Particular • Janeiro de 2015


Criar um bom ambiente e uma • Não acreditar em tudo o que lêem ou
assistem nas redes – na dúvida, perguntar
boa imagem virtual, pois servirá aos pais?
• Se receber ameaças, comentários
para agora e para o futuro (como maliciosos, perseguições ou cyberbullying,
que devem comunicar aos pais?
referência na busca de cursos, • O uso de falsos perfis ou navegação
de forma “anônima?
emprego ou um novo cargo) • O recebimento de mensagens suspei-
tas: não apagar, mostrar aos pais e copiar
para preservar a prova?
Da mesma forma, pais devem resistir
a tentação e evitar curtir ou comentar
todas as postagens de seus filhos ou dos
amigos. Apenas compartilhe o status
ou fotos dos seu filhos com permissão;
o mesmo vale para marcações que fizer
deles e dos amigos. Deixe que contem
primeiro na rede as coisas interessantes
que acontecem com eles. Se for sepa-
rado, jamais poste comentários irônicos
ou maldosos direcionados ao ex-cônjuge
na página do seu filho.
O perfil do seu filho diz muito sobre
ele, portanto, esteja sempre atento
ao que acontece em suas vidas on line,

freepik.com
acompanhe com quem os filhos se rela-
cionam, observe os conteúdos acessados
e preste atenção aos comentários. Essa é
uma boa forma de conhecer como eles se
comportam socialmente. A forma como
se expressam na rede, suas amizades e
os assuntos de interesse podem servir
como indicadores de como eles estão
no momento. O objetivo é conhecer e
orientar, antes de criticar.
Por ultimo, é imprescindível que
os pais fiquem alertas acerca da idade
mínima permitida para determinados
acessos. Estes, com discernimento e
capacidade de compreensão, devem
considerar e, inclusive, compartilhar com
os filhos que tal medida visa protege-los,
já que, possivelmente, aqueles acessos
não indicados para sua idade, poderão
expô-los a situações alheias à sua com-
preensão, para as quais certamente não
• A importância de criar um bom ambi- metedoras? Manter desativado o serviço estão preparados. Importante lembrá-los
ente e uma boa imagem virtual, pois servirá de geolocalização dos dispositivos que está é uma situação temporária que,
para agora e para o futuro (como referência móveis é uma importante medida de muito em breve, será superada tão logo
na busca de cursos, emprego ou um novo proteção. alcance a respectiva idade.
cargo etc.)? • Cuidados ao adicionar “amigos Como exemplo podemos citar a regra
• Controle de Privacidade limitado a virtuais” que não conhece, nem enviar dos 13 anos do Facebook, que segue uma
“amigos”: lembrar que “amigos dos ami- informações a estranhos? lei federal dos Estados Unidos – o Ato de
gos” podem compartilhar? • Não marcar encontros com desco- Proteção a Privacidade Online Infantil,
• O que não pode expor: vida priva- nhecidos ou “amigos virtuais”, sempre ou COPPA, de 1998. Muito embora seja
da, informações pessoais, fotos compro- explicando os motivos? americana, sua aplicabilidade é universal. •

Alessandra Borelli, advogada, Dra. Márcia Limongi Regina Stefano


CEO da Nethics - Educação Digital Psicóloga e membro efetivo do Pedagoga e membro efetivo do
e Coordenadora do Núcleo de Núcleo de Combate aos Crimes Núcleo de Combate aos Crimes
Combate aos Crimes Contra a Contra a Inocência da Comissão Contra a Inocência da Comissão
Inocência da Comissão de Direito de Direito Eletrônico e Crimes de de Direito Eletrônico e Crimes de
Eletrônico e Crimes de Alta Alta Tecnologia da OAB/SP Alta Tecnologia da OAB/SP
Tecnologia da OAB/SP

Janeiro de 2015 • Escola Particular 27


Comportamento

A importância do limite
U ma das maiores dificuldades na educa-
ção de uma criança consiste na tarefa
de saber dosar amor e permissividade com
gera crianças apáticas, desinteressadas e
rigidamente bem comportadas. A neces-
sidade de tocar, mexer, destruir e tentar
Culpa e castigo
Desde cedo, a criança percebe que
seu comportamento impulsivo, em vez de
limite e autoridade. Todos têm consciência reconstruir objetos são atividades impor- satisfação, acarreta uma censura por parte
da importância de impor limites, mas o fato tantes e fazem parte de sua forma de entrar do mundo externo. Como, acima de tudo,
de saber disso não é suficiente para fazer em contato com o mundo externo. a criança deseja o apoio e a aprovação dos
desta uma tarefa fácil. Os pais frequente- A partir dos 18 meses, a criança começa adultos e necessita muito deles, especial-
mente se deparam com muitas dúvidas: a se opor para afirmar-se e existir por si mente dos pais, começa a compreender
Estou agindo certo? Onde eu errei? mesma. É o início da fase do não, tão temida que precisa controlar melhor seus desejos
A criança, até o fim do primeiro ano de pelos pais, e que termina, na melhor das e impulsos. Ao conformar-se gradualmente
vida, obedece ao princípio do prazer. Por hipóteses, por volta dos três ou quatro com as imposições do meio ambiente
isso procura apenas fazer o que lhe causa anos. Nessa fase, trata-se de uma oposição (educação), controlando os desejos que
satisfação e tenta fugir do que é vivido sistemática. Para uma criança, dizer “não” não podem ou não devem ser satisfeitos,
como algo desmotivador. Nesse estágio, significa apenas: “Eu acho que não! E vai se estruturando o sistema moderador
ela age por impulso instintivo. Esse é o você?” Ela quer uma resposta dos pais que, ou filtrador, o ego.
primeiro sistema de funcionamento mental favoráveis ou não, terão o mérito de indicar A parte moral da personalidade se ma-
e é denominado pela psicologia de id. Ao os limites. A partir dos três ou quatro anos, nifesta quando julgamos nossos atos como
mesmo tempo, essa impulsividade é uma a criança passa do “não” sistemático para bom ou mau. Isso depende de um sistema
das necessidades mais prementes em seu o “não” refletido, que afirma seus gostos de autocensura, denominado superego. O
desenvolvimento, que, quando reprimida, e escolhas. superego desenvolve-se a partir do ego,

28 Escola Particular • Janeiro de 2015


É fundamental
que os adultos
tenham
clareza de suas
Saber dizer “não” convicções e
sejam fiéis a
é um dos aspectos elas, pois, para
os pequenos,
importantes e saudáveis eles são modelos
vivos a serem
seguidos
da educação de crianças
e adolescentes. cia essas crianças são confundidas com
as que têm a síndrome da hiperatividade
verdadeira, porque, de fato, iniciam um
processo que pode assemelhar-se a esse
distúrbio neurológico. Na verdade, muito
provavelmente trata-se da hiperatividade
situacional, pois, de tanto poder fazer
tudo, de tanto ampliar seu espaço sem
aprender a reconhecer o outro como ser
humano, essa criança tende a desenvolver
características de irritabilidade, instabili-
dade emocional, redução da capacidade
mediante a internalização dos modelos É fundamental que os adultos tenham de concentração e atenção, derivadas,
externos, das advertências e censuras. clareza de suas convicções e sejam fiéis a como vimos, da falta de limite e da inca-
O superego passa a atuar sobre a crian- elas, pois, para os pequenos, eles são mo- pacidade crescente de tolerar frustrações
ça da mesma maneira que os pais: punindo- delos vivos a serem seguidos. É por meio do e contrariedades.
a quando se comporta mal e dando-lhe a convívio com essas fontes de referências O pediatra e psicanalista britânico
sensação de bem-estar quando age cor- que eles vão estruturando a sua própria Donald Winnicott dizia: “É saudável que
retamente. A punição assume um aspecto personalidade. um bebê conheça toda a extensão da sua
de sentimento de culpa ou de inferioridade, A criança que não aprende a ter limite raiva. Na vida, existe o princípio do desejo
ou de angústia. A recompensa proporciona cresce com uma deformação na percep- e o princípio da realidade. Uma criança a
orgulho, realização ou sensação de cum- ção do outro. As consequências são muitas quem se cede em tudo imediatamente, ‘a
primento do dever, ou seja, uma virtude. e, frequentemente, bem graves como, por quem nunca se recusou nada’, como dizem
Até dois ou três anos, a noção do exemplo, desinteresse pelos estudos, falta os pais, suporta mal a frustração. Muitos
proibido não faz ainda muito sentido. Será de concentração, dificuldade de suportar desses pais que cedem sempre vêem o
preciso repetir-lhe muitas vezes o que ela frustrações, falta de persistência, desres- filho no presente, ao passo que aqueles
pode ou não pode fazer, explicando-lhe em peito pelo outro – por colegas, irmãos, fa- que sabem dar sem mimar vêem o filho no
poucas palavras a razão dessa proibição. miliares e pelas autoridades. Com frequên- tempo e no futuro”. •
Somente após essa idade, a criança passa
a compreender, cada vez melhor, as ordens
dadas, começando a entender as noções de
bem e de mal.
As crianças, ao contrário do que se Ana Paula Magosso Cavaggioni
Psicóloga da Clia Psicologia e Educação, Psicóloga Clínica - Universidade Metodista de São Paulo
pensa, são muito preocupadas com regras. (UMESP), Especialização RAMAIN - Cari Psicologia e Educação, Especialização DIA-LOG - Cari
Psicologia e Educação, Pesquisadora convidada do IPUSP - Departamento de Aprendizagem, do
Agir dentro de limites, oferece-lhes uma es- Desenvolvimento e da Personalidade e Diretora da Clia Psicologia e Educação
trutura segura para lidar com uma situação www.cliapisicologia.com.br
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nova e desconhecida.

Janeiro de 2015 • Escola Particular 29


Reflexão

Que em 2015 a escola


possa manifestar todo
o seu potencial
O processo de escolarização contribui
efetivamente com a transformação
do homem, portanto a escola como insti-
Entretanto, ainda se vê no interior das
escolas, tanto públicas como da iniciativa
privada, a prática do “ensino bancário”,
tuição social tem um papel fundamental no qual o conhecimento é “depositado”
na formação humana. A sua função estaria no indivíduo e depois “sacado” de acordo
relacionada a problematizar e incentivar a com a necessidade, conforme refere o
investigação nas diversas áreas do conhe- eminente educador Paulo Freire. E o pior é
cimento, bem como oferecer suporte para que esta necessidade, em muitos casos, é
cada indivíduo desenvolver plenamente a “bendita” prova – ou seria maldita – que,
suas potencialidades físicas, morais e nós, educadores, estamos cansados de
psíquicas. saber: não prova nada. E digo isso com toda
a convicção porque há anos a avaliação da
aprendizagem tem sido tema de discussões
em congressos, seminários, simpósios,
colóquios, enfim, encontros científicos
mundo afora.
Aqui no Brasil, grandes pesquisadores,
dentre os quais estão Cipriano Luckesi,
Jussara Hofman, Tereza Penafirme, Maria
Helena de Sousa Pato, Vitor Paro têm
trazido uma enorme contribuição, descre-
denciando incansavelmente este sistema
de avaliação falido, no qual o aluno tem
de responder a perguntas, muitas vezes,
ambíguas e mal formuladas, em um deter-
minado período de tempo, como se fosse
possível mensurar o que de fato aprendeu.
Para muitas crianças e jovens a escola,
que poderia ser um espaço de aprendiza-
gem atrativo e envolvente, torna-se uma
verdadeira tortura, um real martírio. Há
uma fala de Comenius (1592-1670), peda-
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gogo, considerado o fundador da didática


moderna, que já no século 16 anunciava o
despropósito desse sistema educacional.

Embora o livro não seja a única


fonte de informação, ele ainda
carrega grande relevância no
processo de aprendizagem

30 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 31
Reflexão

Para o aluno aprender é preciso,


entre outras coisas, motivação, ou seja,
motivos para a ação

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Disse ele: [...] “eu próprio mísero homún- dizer, de adultos, afinal eles são referência
culo, sou um desses milhares que passaram de conduta. Mas o que se observa é que a
e gastaram miseravelmente a amicíssima leitura de livros está longe de ser unanimi-
primavera da vida e os anos florescentes dade, e o pior, inclusive para os profissionais
da juventude nas banalidades da escola. da área.
Ah, quantas vezes, mais tarde, quando Apesar de tudo, felizmente, o conheci-
comecei a ver as coisas um pouco melhor, mento nunca esteve tão democrático. Com
a recordação do tempo perdido me arran- o quase infinito repertório que a rede de
cou suspiros do peito, lágrimas dos olhos e compartilhamento chamada internet traz
gritos de dor do coração [...]” (COMENIUS, consigo é possível, com base em fontes
apud COVELLO, 1992, p.19). com total credibilidade, levantar pesquisas
É frequente nos depararmos com estu- e experiências capazes de possibilitar às
dantes memorizando textos e mais textos escolas promover grandes transformações
para conseguir uma boa nota no dia da em seu cotidiano.
prova, mas odiando este ritual sem sentido Para o aluno aprender é preciso, entre
e completamente descolado do contexto outras coisas, motivação, ou seja, motivos
do seu cotidiano. Aí vem a pergunta: a para a ação, no sentido de “ir em busca
prova acaba e sobra o que? Será que se de”. Assim, o meu desejo para este ano
respondêssemos que sobra um distan- que se inicia é que a escola encontre muitos
ciamento cada vez maior entre o aluno e o motivos que a transforme em um espaço
conhecimento estaríamos sendo levianos? de grande interesse para todos e que ali se
O que temos observado em alguns alunos aprenda não só a matemática e as línguas,
que frequentam o ensino superior é que o mas a cultura em sua plenitude: repleta de
ritual continua, estudam para não serem re- arte, música e movimento. •
provados. O interesse pelo conhecimento
está bem distante.
Embora o livro não seja a única fonte
de informação, ele ainda carrega grande
Lucy Duró
relevância no processo de aprendizagem Pedagoga, Psicopedagoga
e membro do Laboratório
porque responde, sobremaneira, o desve- Interinstitucional de Pesquisa em
lar do conhecimento. Portanto, deveria Psicologia Escolar do Instituto
de Psicologia da Universidade de
ocupar um lugar de destaque na cabeceira São Paulo.
evoluireducacional.com.br
da cama de crianças e jovens, e, porque não

32 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 33
Aprendizagem

O CÁLCULO MENTAL E A
APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

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Q ual o valor e o papel do cálculo mental
nas séries iniciais do Ensino Funda- O ensino da cálculo mental venha recebendo destaque
em diversos programas curriculares e em
mental? Baseado em pesquisas, busquei
identificar quais as concepções de cálculo
Matemática tem pesquisas acadêmicas, ainda há neces-
sidade de se ampliar a discussão tanto em
mental e a sua importância no contexto
educacional, com maior ênfase do 2º ao
se tornado objeto relação ao seu papel na construção dos
conhecimentos matemáticos, quanto às
5º ano do Ensino Fundamental. Durante
muitos anos busquei principalmente com-
de reflexão formas ou metodologias envolvidas no seu
desenvolvimento.
preender tal contexto junto a alunos e
professores, bem como junto às propostas
constante entre O ensino da Matemática tem se tor-
nado objeto de reflexão constante entre
curriculares e aos cursos de formação, os os estudiosos os estudiosos e pesquisadores sobre o
quais tive oportunidade de ministrar, tanto assunto. Grande parte das minhas pes-
no ensino público e também no Sieeesp São vai ao encontro das tendências recentes da quisas e dos estudos por mim realizados
Paulo. Para tanto, analisei questionários psicologia do desenvolvimento cognitivo, sobre o tema me revelaram que a grande
respondidos por alunos e professores. que nos apontam para a importância de dificuldade dos alunos está em relacionar
Particularmente considero cálculo uma aprendizagem com significado e do o que lhe é ensinado na escola com o que
mental como um conjunto de procedi- desenvolvimento da autonomia do aluno. é necessário para o enfrentamento das
mentos de cálculo que podem ser analisa- Desse modo, paralelamente, outras dificuldades no seu cotidiano.
dos e articulados diferentemente por cada perguntas foram sendo traçadas e surgiu É com essa visão que pretendo oferecer
indivíduo para a obtenção mais adequada a necessidade de buscar perceber quais as a escolas e professores, projeto de apoio
de resultados exatos ou aproximados, com concepções de ensino-aprendizagem es- pedagógico para a aplicação de atividades
ou sem o uso de lápis e papel. Os procedi- tariam por trás das estratégias de ensino de de cálculo mental nas séries iniciais do
mentos de cálculo mental devem se apoiar cálculo mental quando aplicadas. Minhas Ensino Fundamental. Assim, esse meu
nas propriedades do sistema de numeração pesquisas se apoiaram em discussões trabalho procura contribuir para a reflexão
decimal e nas propriedades das operações, acerca da exploração e resolução de pro- da importância do cálculo mental para a
colocando em ação diferentes tipos de blemas, da relação professor-saber-aluno construção dessa autonomia discente e
escrita numérica, assim como diferentes e da aprendizagem com compreensão, traçar um olhar sobre o seu valor e papel no
relações entre os números. principalmente as suscitadas por Piaget, campo da educação matemática. •
A prática do cálculo mental permite Kamii e Charnay. Percebi que tanto por
maior flexibilidade de calcular, bem como parte dos documentos quanto dos profes-
maior segurança e consciência na realização sores há o reconhecimento da importância
e confirmação dos resultados esperados, do cálculo mental no ensino-aprendizagem Aguinaldo R. de Miranda
guinacalculo@uol.com.br
tornando-se relevante na capacidade de de matemática, mas, na prática, é pouco 11 3974-9970 e
enfrentar problemas. Tal desenvolvimen- usado em sala de aula e sua concepção 11 99800-5037 (Vivo)

to de estratégias pessoais para se calcular gera diversas interpretações. Embora o

34 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 35
Disciplina

DISCIPLINA E INDISCIPLINA
NO CENÁRIO EDUCACIONAL
Conversando, Refletindo e Vivenciando a disciplina e a
indisciplina no cenário educacional

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E nsinar é complexo e, por isso, impos-
sível de controlar inteiramente as
muitas dúvidas e muitas inquietudes. Estou
na sala de aula or mais de de 22 anos, tanto Temos que
relações na sala de aula, de circulação de
diferentes vivências, saberes e conhe-
na rede de ensino particular como pública,
atuando em todas as etapas de ensino
despertar em
cimentos, de interação e diálogo, de
diferentes práticas, de múltiplos olhares,
fundamental, ensino médio e superior.
Atualmente percebo como é necessário
nossos alunos
linguagens e histórias.
Quando refletimos a questão da dis-
nos percebermos como sujeitos de nossa
própria história, atuarmos com responsabi-
vínculos de afeto,
ciplina e a falta da mesma no cenário lidade, buscarmos interagir conhecimento, cumplicidade e
educacional, se faz necessário identificar saber e vivências. Sempre notei grandes
os motivos da indisciplina. Pois educar, ne- resultados interagindo educação e afetivi- respeito
cessita antes de tudo, conhecer o entorno dade, grandes ganhos, pois alcançamos
cultural e social onde o aluno está inserido. nossos objetivos enquanto professores,
Esse contexto faz parte da história do de- mas também ganhamos amigos para a sejei e lutei por esta realização profissional.
senvolvimento e das relações por meio das vida inteira. Hoje, ao entrar em sala de aula, encarar
quais o sujeito se constitui, é um processo Não é possível dissociar educação e os problemas atuais, a realidade social em
que acontece de forma subjetiva em cada afeto, história e memórias, como saber e que estamos inseridos, enquanto sujeito,
indivíduo de acordo com interferências fazer, disciplina e indisciplina,alegria e desen- utilizo metodologias que me proporcionem
sociais e culturais. Tenho consciência que cantos; percebo que temos, como profes- dinâmicas e práticas educativas, em que eu
essa discussão é fonte inesgotável e que sores, que praticar uma pedagogia cotidiana possa conhecer meus alunos, para assim
são muitas as reflexões e a necessidade de do afeto, da humanização, da cidadania, mediar educação e vida em suas histórias,
compreendê-la. da democracia, para contribuirmos na for- memórias, imagens e vivências que trazem
Trago minha experiência, como pro- mação de cidadãos responsáveis, críticos e consigo, que fazem parte de sua leitura de
fessora, historiadora e pesquisadora em afetuosos.Comprometidos com o lugar em mundo. Com essa prática, a cumplicidade na
História, Educação e Cultura. Em minha que vivem, transformando-os caso se faça relação aluno e professor, permite uma in-
memória afetiva há marcas dos momentos necessário. O ofício de ser mestre é para teração maior entre os objetivos que desejo
em que aprendi com meus alunos a ter mim, antes de tudo vocacional, sempre de- alcançar em minhas aulas, sejam também

36 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 37
Disciplina

necessidade de meus alunos enquanto ser termos humildade de reconhecer nossos


pensante, instigante, crítico na sociedade limites e falhas, procuramos enfrentar
em que está inserido. nossos desafios do dia-a-dia com discerni-
A inserção no Curso de Pedagogia na mento e sensibilidade, buscando melhores
minha vida,como professora, vitaliza as caminhos para contribuirmos na formação
práticas pedagógicas, me possibilita um de cidadãos conscientes e sensíveis a reali-
olhar múltiplo sobre a Educação, Disciplina dade em que vivem.
e Indisciplina, fortalecendo nosso ofício de O objetivo deste texto é apresentar
ser professora,priorizando um princípio uma reflexão sobre as possibilidades
democrático em que a diferença, além e necessidade de utilização de novas
de uma questão cultural, é uma questão metodologias e práticas pedagógicas na
de conteúdo ético, nos diferentes olhares sala de aula, bem como da prática de uma
e práticas. Proporciona caminhos de re- pedagogia afetuosa e humanizada entre
flexões e cria oportunidades de aulas que alunos e professores, como iniciativas
valorizem conteúdos que formem meu alu- para resolver a questão da indisciplina no
no na vida e para a vida. É desafiador, mas cenário educacional.
necessário, para o alcance de um processo A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
ensino-aprendizagem eficaz e real, pro- Nacional incentiva a escola a usar de todas
movendo a prática de valores e condutas as estratégias para buscar a recuperação
humanas importantes no desenvolvimento destes alunos que apresentam problemas
de um ser complexo. de indisciplina. Buscar apoio na família, na
Com frequência, lemos nos jornais, comunidade, com profissionais de outras
revistas e na literatura científica, assistimos áreas que poderiam vir ajudar com o seu
na mídia situações de indisciplina na atua- conhecimento, enfim, deve-se tentar de to-
lidade e o quanto nós, enquanto escola, das as maneiras garantir a este aluno o que
professores e alunos, estamos vulneráveis lhe assegura a Constituição Federal em seu
nessa questão. Por isso temos que, mais do art. 206. inciso I, o art. 53 da Lei nº 8.069/90,
que nunca, despertar em nossos alunos e ainda o art. 3º, inciso I da Lei 9.394/96 que
vínculos de afeto, cumplicidade e respeito, reserva à criança e ao adolescente o direito
para que a educação se concretize. Pois ao acesso e a permanência na escola.
educar é uma via de mão dupla, consegui- É sempre bom lembrar que quando
mos resultados positivos, mas para isso, é falamos de alunos indisciplinados, nos
importante sermos conscientes de nosso referimos àqueles alunos que, apesar de
papel como mediador neste processo, suas condutas não caracterizarem crime

38 Escola Particular • Janeiro de 2015


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professor, faz parte do cenário educacional
atual, que implica no fortalecimento da
indisciplina na sala de aula.
A respeito deste assunto, Tiba, diz que
hoje, “os grandes responsáveis pela educa-
ção dos jovens na família e na escola, não
estão sabendo cumprir bem seu papel. É
a falência da autoridade dos pais em casa,
do professor em sala de aula, do orientador
na escola. Discussões homéricas surgem
nas famílias por causa de indisciplina, difi-
cultando bastante a convivência entre as
partes”. (TIBA, 2006)
A indisciplina dos alunos, muitas
vezes,está associada aos problemas fa-
miliares, a influência dos meios de comu-
nicação, o divórcio, a droga, a pobreza, a
moradia inadequada, a ausência de valores,
a permissividade sem limites, a violência do-
méstica ou infantil, ou até a agressividade
de alguns pais com professores.
Quando a indisciplina se torna um
ponto excessivo na sala de aula, é momento
do professor refletir e analisar os fatos, e
principalmente seu papel nesse contexto. A
escola é um espaço de educação mediador
entre a família e a sociedade; a disciplina
na escola precisa ser mais rígida que as
medidas familiares.Observar os alunos
e estabelecer um diálogo, é primordial
nesses casos. Muitas vezes, a indisciplina
ocorre porque os alunos não entendem
o conteúdo ou acham as aulas cansativas.
A escola é um espaço de educação Nestes casos, o professor pode modificar
suas aulas, adotando metodologias diversi-
mediador entre a família e a ficadas e interativas. Esta atitude costuma

sociedade; a disciplina na escola gerar bons resultados.


Em outras situações, a indisciplina
precisa ser mais rígida que as ocorre a partir de uma situação de conflito
e enfrentamento entre alunos e professor.
medidas familiares O respeito é primordial, através do diálogo
com os alunos, o professor cria soluções
adequadas para melhorar as condições de
aula na escola, mas é uma prática que se
ou contravenção penal, terminam atrapa- importante, pois é norteador das ações concretiza com afetividade e humanização
lhando o bom andamento da aula ou da e reconhece na criança e no adolescente na relação aluno/professor.
escola. É importante atentarmos que na sujeito de direito, levando-os a serem en- Há que se considerar também, que a
maioria das vezes, a indisciplina é causada tendidos na condição peculiar de pessoas indisciplina pode ser vista como um dos
pela violência social, a influência da mídia em desenvolvimento, como podemos ver obstáculos para a efetivação da apren-
e o ambiente familiar, provenientes de no art. 6º da Lei 8.069/90. dizagem, e ao mesmo tempo, refletir que
questões e conjunturas sociais e familiares, É muito importante o professor conhe- algo sobre a prática pedagógica está ino-
resultado do contexto o qual está inserido cer a legislação, tanto educacional quanto perante. O pressuposto de que a prática
o aluno na sociedade, assunto de grande na ordenação jurídica, conhecer o aparato pedagógica é um instrumento fundamental
relevância e preocupação. legal, para que o processo ensino apren- para a prevenção e o trabalho efetivo com
Como podemos observar, são esses dizagem ocorra com mais facilidade. En- a indisciplina escolar; é importante que a
alunos que mais atrapalham o bom anda- tender o regimento escolar, inclusive com escola juntamente com o professor, refli-
mento das aulas, e que apesar de todo o as penalidades a serem impostas a quem tam as causas da indisciplina. A constante
seu empenho para resolver o problema, vier a descumpri-lo é imprescindível. mudança do contexto em que Educação e
os professores se sentem desamparados O tema em questão vem crescendo e Sociedade vivenciam nos dias atuais, com
e impotentes para o enfrentamento do é resultado de uma sociedade em que os implicações culturais, sociais, políticas,
problema. Podemos observar ainda, que valores humanos têm sofrido modificações econômicas, tecnológicas, éticas, com
em sua maioria os professores não têm profundas, além disso, as condições de suas influências na própria constituição do
um conhecimento mínimo sobreo ECA, ensino-aprendizagem, a relação professor/ ser e do modo de ser dos alunos e profes-
o que os leva a cometer muitos erros de aluno, a falta de motivação, tanto por parte sores, restando como suporte da prática
interpretação do mesmo. O Estatuto da do aluno quanto por parte do professor, a pedagógica o saber ouvir e respeitar estes
Criança e do Adolescente (ECA) é muito ausência de regras, a falta de autoridade do seres, aluno e professor, em constituição

Janeiro de 2015 • Escola Particular 39


Disciplina

em suas variadas e, às vezes, incômodas Percebemos que o professor quando familiar e a relação entre essa família e a
formas de expressão. É importante con- adota metodologias, práticas, que lhe pro- escola incluem-se nas ações preventivas.
siderar que estas mudanças no cenário porcionam conhecer o aluno em todos os Elaborar projetos pedagógicos in-
mundial, nacional e local os quais estamos aspectos, com quem ele vive, sua família, o terdisciplinares e preocupando-se com a
inseridos refletem na nossa sala de aula e que faz nas horas em que não está na escola realidade da comunidade em que a escola
em nossas práticas educativas. e até a profissão de seus pais, oportuniza está inserida, são propostas eficazes, que
É importante enfrentarmos os pro- margem para o surgimento de uma nova permitirá ao aluno capacidades intelec-
blemas apontados no cenário educacional, relação entre o professor e o aluno, e a tuais e afetos, e como resultado o sucesso
como a indisciplina, com afetividade, enten- comunidade escolar poderá refletir melhor escolar. Ao expor sua história de vida, seus
dendo que formação da identidade daquele uma nova forma de vivenciar o social, onde anseios, sonhos, medos, projetos de vida,
que se apresenta em nossa frente, o aluno, todos possam saber se respeitar e se fazer enfim proporcionando um ambiente aco-
dependerá da oportunidade que iremos respeitar. lhedor e revelador, o professor e a equipe
possibilitar para se expressar e de se fazer Contudo, uma boa disciplina em sala pedagógica, estarão favorecendo o diálogo
compreendido. Não pensemos que discipli- de aula não é função única e exclusiva do com seu aluno, troca de vivências, saberes,
na e limite devam ser impostos, eles devem professor. A escola é um grupo de que memórias, compartilhando histórias de vida,
ser trabalhados e internalizados. Só assim todos os envolvidos fazem parte. Antes promovendo e melhorando a qualidade de
serão compreendidos e respeitados.É um de um bom professor em sala de aula, é vida de todos na escola. E esta é uma tarefa
caminho mais seguro na tentativa de re- necessário haver uma equipe gestora e na qual a educação tem um papel relevante,
solver ou amenizar as situações-problemas pedagógica eficaz, com objetivos claros, ao qual não pode negligenciar.
causadas pela indisciplina na sala de aula. atuando com a unidade escolar e a comu- A garantia de um projeto pedagógico
Segundo Tiba (2006, p. 145), “Se os nidade. O pedagogo é a peça fundamental que possibilite resgatar a cidadania e o di-
professores e pais tivessem conhecimento que vai estabelecer a conexão entre a reito do aluno, possibilitando a construção
do que se passa com seus alunos e filhos, escola e a comunidade, entre o professor de seu projeto de vida; buscando adaptações
provavelmente muitos conflitos deixariam e a direção, que possibilitará a prática de curriculares que atendam às necessidades
de existir”. Assim, se o professor e os fa- regras e estratégias escolares, como uma e expectativas de uma sociedade em cons-
miliares se conscientizassem de observar unidade, um trabalho preventivo de boas tante mudança, assegurando uma educação
mais seus alunos e filhos, essa ação teria condutas pode ser uma excelente opção mais afetiva e de qualidade, é possível, mas
um efeito importantíssimo nos dias atuais, para turmas que apresentem dificuldade requer um trabalho coletivo e compro-
evitaria indisciplinas maiores. de comportamento, e também o apoio metido entre Escola, Família e Comunidade.

40 Escola Particular • Janeiro de 2015


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Segundo Macedo,é um conjunto de deve conhecer o dia-a-dia do aluno, porque,
metas que supõe uma vontade, uma dis- segundo ele, é nessa realidade que o aluno
ponibilidade para enfrentarmos os dilemas, desenvolve seus instintos e desabrocha a
Assim os conflitos para suportarmos fazer algo que ainda não indisciplina. Para Freire, ensinar não é trans-

existentes, é, e que se tornará em função de nossa


disciplina em favor dele. Nesse sentido, a
ferência de conhecimentos e sim, “é cons-
trução”. O educador não pode esquecer
decorrentes disciplina é algo saudável, que vem de den-
tro de nós, no sentido de que a aceitamos.
que o aluno é um ser humano inacabado, e
só a partir dessa visão que ele irá entender
das diversas (MACEDO, 2005, p.147)
Pelas experiências vividas, sentidas
que o aluno precisa se desenvolver num
ambiente de liberdade. Portanto a minha
classes sociais, e percebidas, percebemos que nada que
é imposto é respeitado. A disciplina não
conclusão é de que os educadores precisam
olhar para fora da janela, esquecer um
condicionam à significa submissão, mas sim uma relação
pautada na coletividade para o bem de to-
pouco do giz e livros e se mostrarem mais
humanos, precisa procurar dentro de si
indisciplina, pois dos, no respeito e afetividade, no diálogo e
flexibilidade. É preciso desenvolver valores
mesmos e buscar respostas como se fos-
sem para si próprios, a forma que gostariam
cada um trás uma éticos, melhorar a autoestima do aluno,
prezar a diversidade, para contribuirmos
de estudar, de que maneira gostariam de
participar, pois a maioria das respostas da
bagagem que não na construção de um sujeito autônomo, pesquisa foi descartar sua própria culpa no
afetuoso e comprometido com o meio em desenvolvimento da indisciplina na escola.
é aceita pela escola que vive, ter motivos para valorizar a si Termino esta reflexão, com as palavras
mesmos e à vida. de Freire, “Gosto de ser gente porque,
ou nem se quer é Segundo Paulo Freire (1996, pág. 46), mesmo sabendo que as condições mate-
a prática educativa deve desenvolver: um riais, econômicas, sociais, políticas, cultu-
discutida por ela caráter formador, propiciar relações, trei- rais e ideológicas em que nos achamos
nar a experiência do ser social que pensa, geram quase sempre barreiras de difícil
se comunica, que tem sonhos que tem superação para o cumprimento de nossa
raiva e que ama. Baseado nessa filosofia, o tarefa histórica de mudar o mundo, sei
educando deve dar a devida importância à também que os obstáculos não se eterni-
parte social do aluno, porque é nela que ele zam”. (FREIRE, 1999:60). •
vive sua realidade dia-a-dia, é nela que ele
desenvolve seus instintos e é a partir dela Referências
que a indisciplina poder desabrochar. O • BRASIL. (1995). Estatuto da Criança e do
educador democrático não pode esquecer Adolescente. Lei no. 8.069, de 13 de julho de
que ensinar não é transferir conhecimentos, 1990. Em Oliveira, J. (Org.), 5. ed. atual. eampl.
São Paulo: Saraiva.
mas sim, criar possibilidades de construção,
pois o aluno é ser humano inacabado, ele • BRASIL. (1988). Constituição da República
Federativa do Brasil. Ministério da Educação,
A escola, a sala de aula,se tornarão nunca deve transformar a autoridade em Brasília, DF.
um desafio, pois antes de compartilhar autoritarismo. Portanto o aluno precisa de • BRASIL. Lei n. 9394/96 de 20 de dezembro
o conhecimento e o saber, estaremos estímulo para desenvolver sua transforma- de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
enquanto professores, compartilhando ção num ambiente de liberdade. Educação Nacional.
vivências, histórias, exemplos, buscas, vida. Assim os conflitos existentes, decor- • BRASIL, Conselho Nacional de Educação.
Assim os alunos irão se cansar, mas não rentes das diversas classes sociais, condicio- Câmara de Ensino Básico. Resolução 2/2001.
dormir, porque acompanhar as idas e vindas nam à indisciplina, pois cada um trás uma Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setem-
bro de 2001. Seção 1E, p. 39-40.
de seu pensamento, suas dúvidas e suas bagagem que não é aceita pela escola ou
• ______. Lei Fed. n° 9.394, de 20 de dezem-
incertezas, será desafiador. Conhecer um nem se quer é discutida por ela. A escola bro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
pouco da realidade de cada aluno, possibilita tem a função de facilitar o processo de so- da educação nacional. Diário Oficial da União,
um processo de ensino aprendizagem cialização do indivíduo e para cumprir com Brasília, 23/12/1996. Seção 1, p. 27833-27841.
acolhedor, afetuoso, harmonioso e eficaz, essa função numa sociedade democrática a • FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia,
não é tarefa fácil para o professor, mas escola tem que educar para o exercício da 33ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996;
é o ponto de partida, para se ter uma democracia. Não há como ensinar crianças • FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia.
aula prazerosa, criar laços de carinho e e adolescentes a exercer a democracia Saberes Necessários à Prática Educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1999.
respeito com o aluno. Permitir descobrir- em um processo de ensino-aprendizagem
se, aceitar-se, favorece o sentimento de autoritário, em uma vivência autoritária, a • MACEDO, Lino. Ensaios pedagógicos. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
autoconfiança entre aluno, professor e escola precisa criar um ambiente de coope-
• TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida
escola. Aprender a ser só é possível quando ração e socializador, ao professor cabe o certa. 85ª ed. São Paulo: Integrare, 2006.
existem trocas de saberes, partilha de dever de colaborar e construir um ambiente
• ______. Educar para formar vencedores.
experiências e situações instigadoras. Se com regras coerentes, para que assim se São Paulo: Integrare, 2010.
educar é humanizar, humanizar é interagir, é estabeleçam relações mais afetivas e cons-
fundamental a existência de um sentimento trutivas na relação professor aluno.
de autoestima equilibrado e saudável, que Paulo Freire, em Pedagogia da Auto-
permitirá ao aluno construir sua própria nomia, também faz uma reflexão sobre o
identidade, tornando-se sujeito de sua caráter, das relações, da experiência social, Simone da Silva Viana
Professora, coordenadora,
própria vida e história, pré-requisitos para da comunicação, dos sonhos, da raiva e do pesquisadora e historiadora pós-
se obter disciplina, trabalhar as próprias amor, que devem ser desenvolvidos junto a graduada em história moderna e
contemporânea.
frustrações e constituir-se como cidadão. prática educativa, acredita que o educador

Janeiro de 2015 • Escola Particular 41


Psicomotricidade

PROFESSOR:
ACERTE O PASSO E
BUSQUE A PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
COM BOAS
PRÁTICAS
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PSICOMOTORAS
T odo professor comprometido com
uma educação voltada para o desen-
volvimento integral da criança sabe que a
práticas que precisam ser levadas em
conta nesta análise. Assim, as explicações
podem estar ligadas à falta de formação
Psicomotricidade é base de tudo. Acres- adequada para os docentes, acrescida
centa-se a esta ideia uma constatação: da pouca falta de valorização dos pais
o ensino básico já não tem mais a incum- para com tais atividades dentro da rotina
bência de assegurar aos seus estudantes escolar. Além de desencontros entre a
apenas a aprendizagem fundamental e proposta pedagógica da escola e o fazer
conceitual, como leitura, escrita, conhe- docente ou, ainda, nas turmas superlota-
cimentos sobre natureza e sociedade e das. Todos estes aspectos são legítimos
atividades de cálculo. Textos legais e as e merecem nossa atenção. No entanto,
diretrizes nacionais determinam que a nada é mais triste do que uma escola sem
ação educativa seja mais ampla e exigem, espaço físico para os alunos se desenvol-
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dos professores, conhecimentos diversos verem. A falta de espaço físico nas escolas
nas mais diferentes áreas, onde podemos brasileiras é algo que preocupa. Espaços
destacar as atividades artísticas, físicas e adaptados, espaços pequenos, sem ven-
de estímulos, até então negadas em con- tilação e escuros, nem sempre colaboram
textos anteriores da educação. com a intenção de propiciar o desenvolvi-
Aliando os pensamentos expostos ao mento infantil de forma integral, por meio
saber erudito, aprende-se na acadêmica da Psicomotricidade.
que criança que recebe uma educação Sabemos que problemas como estes
psicomotora adequada, se esta for aliada afetam o cotidiano da educação, princi-
a manifestações de afeto, com certeza vai palmente no quesito do desenvolvimento
construir uma base sólida em seu desen- de práticas psicomotoras. Entretanto
volvimento. No entanto, estes discursos não invalidam a construção de práticas
não garantem boas práticas cotidianas inovadoras e sistemáticas que trabalhem
nas escolas. Temos visto pelo país afora, a psicomotricidade como mola propul-
um número enorme de professores da sora do desenvolvimento intelectual da
Educação Infantil e primeiras séries do criança. Desta forma, o professor deve
Ensino Fundamental desprezando concei- estar sempre atento às etapas do desen-
tos, preceitos, procedimentos e atitudes volvimento do aluno, colocando-se na
primordiais para práticas psicomotoras de posição de facilitador da aprendizagem,
sucesso e reduzindo suas rotinas a exercí- mediador de diferentes possibilidades
cios estéreis de “preparação motora” ou que permitam a ampliação das diferentes
“exercícios psicomotores”. percepções e trabalhando com a explora-
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Muitos professores, ao serem indaga- ção do esquema corporal, da lateralidade,


dos, fornecem algumas pistas sobre suas do equilíbrio, dentre outros aspectos

42 Escola Particular • Janeiro de 2015


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É preciso entender, ainda, que a
reorganização do espaço físico e a
transformação destes em ambientes
educativos são fundamentais para
a aprendizagem
necessários ao desenvolvimento psico- os desafios da leitura e da escrita e do
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motor global das crianças. raciocínio lógico, mais adiante, em sua


É preciso entender, ainda, que a reor- vida acadêmica.
ganização do espaço físico e a transfor- Professor acertar o passo e buscar
mação destes em ambientes educativos o desenvolvimento harmonioso entre o
são fundamentais para a aprendizagem. corpo, a mente e o espírito é um desafio
Assim, ações como retirar, temporaria- cotidiano na prática docente. Por fim,
mente, as cadeiras e mesas da sala de todas estas questões devem fundamen-
aula, reorganizar móveis, fazer riscos tar o seu pensar e fazer pedagógico na
no chão, amarrar cordões em portas e organização do planejamento, rotina e
janelas, propiciar o contato com argila, avaliação do processo ensino aprendiza-
com a água, bolinhas de sabão, atividades gem, tornando-o um eterno pesquisador e
em pátios, quadras, desenvolvimento aprendiz sobre o assunto. Porém, nunca se
de jogos corporais e coletivos, dentre esquecendo da singularidade infantil e da
outras ações possibilitam o início de um necessidade de um olhar compreensivo,
pensar psicomotor consciente, por parte afetuoso e sistemático sobre o saber fazer
do professor, voltando suas ações de ro- Psicomotor. •
tina para o desenvolvimento psicomotor,
afetivo e intelectual da criança. É preciso
ver com bons olhos o desenvolvimento da
psicomotricidade e entender que isso irá Denise Tinoco
Professora de Educação Básica,
oportunizar e auxiliar o desenvolvimento Pedagoga, Especialista em
Educação Infantil, Especialista
intelectual do aluno. Portanto, estimular em Psicopedagogia e Professora
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atividades corporais, desde a educação Universitária.


denise.tinoco@bol.com.br
infantil, auxiliam todos os alunos a vencer

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Nutrição

Meu filho se alimenta mal

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A nutrição durante a infância contri-
bui para o desenvolvimento físico Apresente os pratos de maneira agradável,
e intelectual adequados, além de estar
diretamente relacionada com a saúde por
coloridos e com textura própria para a idade
toda a vida.
A recomendação de alimentação in- • Ofereça sempre novos alimentos!

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fantil inicia-se com o aleitamento materno • Varie os alimentos, observando as
exclusivo até os seis meses. Depois, orienta- preferências, consistência, forma de prepa-
se uma introdução alimentar lenta, gradual ro e temperos que seu filho mais gosta.
e correta dos alimentos. A alimentação • Apresente os pratos de maneira
deve ser variada, atrativa e espessa desde o agradável, coloridos e com textura própria
início, evoluindo a frequência e consistência para a idade.
das refeições até chegar na alimentação • Sempre incentive a realização do
semelhante à do adulto. café da manhã. Quando comer pouco no
Como é melhor evitar, pois consertar é almoço e jantar, não troque por outro
mais difícil, procure oferecer uma alimenta- alimento, aguarde de 30 a 60 minutos e
ção saudável para seu filho desde cedo. No ofereça novamente.
caso da criança que já apresente rejeição • Mantenha a frequência alimentar a
por alimentos saudáveis e predileção por cada 2 ou 3 horas (sem beliscos).
alimentos ricos em açúcar e gordura, e • A criança deve participar das com-
pobre em nutrientes, vamos a algumas pras, preparo e montagem do seu prato.
sugestões de estratégias para melhorar a • Caso recuse vegetais: ofereça aqueles
alimentação: que podem ser comidos com as mãos;
inclua em preparações; os membros da Procure uma equipe multidisciplinar
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família devem comer; e persista! (nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo...)


• Caso coma muita guloseima: limite para auxiliar na busca por uma alimentação
a compra e preparo em casa; evite chan- mais saudável para seu filho. Esses profis-
tagem e recompensa; reduza o açúcar das sionais são de grande importância durante
preparações; faça a substituição por alimen- esse processo, auxiliam nas orientações
tos semelhantes, porém mais saudáveis. para os pais, trabalham a questão de forma
• A hidratação deve ser feita com água lúdica com a criança, além de tranquilizar e
e não sucos ou refrigerantes. Não ofereça diminuir a ansiedade dos responsáveis. •
líquido durante a refeição.
• Evite chantagens, pois agravarão o
problema, além de supervalorizar o prêmio
e odiar a comida que a castiga. Dominique Horta Buim
Nutricionista da Clia Psicologia,
• Não demonste irritação, ansiedade Saúde e Educação
e excessiva preocupação no momento da www.cliapisicologia.com.br
(11) 4424-1284 / (11) 2598-0732
recusa.

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Janeiro de 2015 • Escola Particular 45
Alfabetização

O QUE
VAI CAIR
NA PROVA?

N as redes sociais o que pode ser en-


contrado em abundância (além de Quando um aluno todos aqueles que estão em sala de aula,
é sinal de que essa criatura não tem ideia
preconceito e estereótipos) são postagens
sobre a postura de alunos com relação à
quer saber se é do que está fazendo ali e não percebe a
instituição Escola como uma possibilidade
aprendizagem, às aulas ou à instituição es-
cola como um todo. Alguns posts enfatizam
para responder, se de adquirir conhecimentos. Ou seja, nem
a família nem a escola construíram com
as perguntas recorrentes que os alunos
fazem em aula e que são interpretadas
é para copiar ou ele essa noção. Ele, de fato, desconhece a
função da escola e não sabe o porquê de
de diferentes formas pelos professores,
fazendo uns rirem e outros ficarem ainda
não, se vai valer precisar passar por ela durante tantos anos
de sua vida, fazendo sempre as mesmas coi-
mais irritados. O título dessa reflexão é co- nota, que dia é hoje, sas: copiando, decorando, respondendo,
letado exatamente dessas circunstâncias. repetindo exercícios sem significados
As perguntas, tidas por alguns educa- é sinal de que essa para ele, embora os mesmos façam tanto
dores como algo incabível, inconcebível e sentido para o professor.
profundamente inoportuno, trazem em criatura não tem Dito assim pode parecer um descala-
seu bojo uma triste verdade. Quando um bro! Como alguém pode ficar tantos anos
aluno quer saber se é para responder, se é ideia do que está na escola e não saber o que lá está fazendo?
para copiar ou não, se vai valer nota, que
dia é hoje, e muitas outras conhecidas por fazendo ali Há uma hipótese sobre isso: o modus ope-
randi de algumas escolas é tão tácito, e fun-

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Se hoje temos jovens e adultos que
não dominam minimamente a leitura,
é porque a escola não deu conta de
trabalhar com essas competências e
habilidades adequadamente

ciona há tantos anos no piloto automático, da Língua Portuguesa que coloca um


que ninguém mais questiona para quê fazer eixo direcional para todo o processo de
ou deixar de fazer determinadas práticas. leiturização. Esse eixo, USO – REFLEXÃO
E essas instituições não fazem isso por mal – USO, pressupunha um planejamento
ou por irresponsabilidade. Fazem porque que contemplasse práticas que requeriam
consideram que aquela forma de ensinar que os textos estudados em classe fossem
sempre deu certo. de USO social, REFLETIDOS em sua forma
José Saramago afirma que “há venenos e conteúdo (significado e conteúdos de
tão lentos que quando chegam a fazer língua portuguesa) e que, finalmente,
efeito já não mais nos lembramos de sua ori- toda leitura desaguasse no último USO do
gem”. O que ocorre na Educação em nosso referido eixo, isto é, na prática de produção
país poderia ser representado por essa textual com função social, na qual o aluno
metáfora do escritor português. Se hoje tivesse um interlocutor real.
temos jovens e adultos que não dominam Como isso tudo não foi adotado como
minimamente a leitura, não escrevem com prática pedagógica com relação à leituriza-
objetividade, clareza e coerência um texto ção de nossos estudantes na maioria das
e não percebem o poder que a literatura escolas, surge a resposta para mais uma
tem de acalmar a alma e suavizar o caráter pergunta considerada cretina por alguns
do leitor, é porque a escola não deu conta professores: O QUE VAI CAIR NA PROVA?
de trabalhar com essas competências e LÁGRIMAS!
habilidades adequadamente. Lágrimas e lástimas por não termos
As pessoas passam, no mínimo, 10.400 compreendido, ainda, o que é a aprendiza-
dias (treze anos de Educação Básica) de gem significativa. •
sua vida, fazendo atividades e resolvendo
exercícios para poderem tirar nota para ser
aprovados. Sem se preocupar com o que e
para quê estão fazendo aquilo. Quase tudo
Sandra Bozza
é “ensinado” com um fim em si mesmo. Professora, Linguista, Filósofa,
socióloga e palestrante. Em 1991,
Dificilmente se constatam práticas fez parte do grupo que produziu
sociais de LEITURA e de ESCRITA, embora a Proposta de Alfabetização para
o Currículo Básico de Curitiba. Foi
nos Parâmetros Curriculares Nacional haja considerada pelo MEC como uma
das cinco mais avançadas do país.
uma premissa metodológica de ensino

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Seminário
PSICO
MOTRICI
DADE FILAN
E-SOCIAL TROPIA
PEDOFILIA EDUCAÇÃO
DIGITAL

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PEDOFILIA
JURÍDICO

O ano de 2014 foi de algumas mudanças


na grade de seminários do Sieeesp.
No ano em que se comemorou os 82 anos
Sobre a escolha dos temas dos semi-
nários, Regina ressalta que é feita uma pes-
quisa para saber o que os mantenedores
de fundação do Sindicato dos Estabeleci- e educadores estão interessados. “Após
mentos de Ensino no Estado de São Paulo, o comunicado da diretoria de que não
o Congresso e Feira de Educação Saber que, haveria mais o Congresso Saber, fizemos
há 17 anos, reunia todo ano durante os três uma pesquisa para saber o que os nossos
dias de evento, mais de 6.000 pessoas deu gestores estavam querendo e quais as suas
espaço a vários seminários distribuídos ao necessidades”, afirma Regina.
longo de todo o ano e com público mais Ygor Jegorow
segmentado. E nesta matéria, vamos Seminário Filantropia Educacional
relembrar os eventos que tiveram mais (Campinas) – 08/05/2014
repercussão e uma prévia do que está tora trabalhista e previdenciária do grupo Em campinas, interior de São Paulo,
programado para 2015. Meira Fernandes Maria de Lourdes. Com a foi realizado o segundo seminário do ano:
Segundo a coordenadora de cursos do experiência de mais de 20 anos dedicados Filantropia Educacional. O evento contou
Sieeesp, Regina Stefano, a mudança acon- exclusivamente à legislação específica para com a participação da dra. Ana Carolina
teceu devido às constantes solicitações de estabelecimentos de ensino, apresentou Barros Pinheiro Carrenho, advogada; es-
pessoas que reclamavam do fato de que os objetivos do sistema, a preparação e pecialista em organizações do terceiro
alguns temas eram discutidos apenas uma planejamento para implantação, os even- setor e Negócios Sociais. Ela também é
vez ao ano durante o Congresso Saber. tos cadastrais para utilização do sistema, vice-presidente da comissão de direito do
“Acontece um problema na escola e só va- a adequação da tabela de incidências, os terceiro setor da OAB SP; Coordenadora
mos trabalhar isso em setembro? Não. Com eventos trabalhistas, as obrigações previ- da Comissão de direito do terceiro Setor
os seminários, os assuntos não esfriam, denciárias e as reclamatórias trabalhistas da OAB – Santo Amaro.
podemos sanar dúvidas e o mantenedor mais comuns. O advogado, Dr. Cláudio Ramos, tam-
não precisa esperar o ano todo”, diz. Marcaram presença na platéia gerentes bém marcou presença no seminário. Econo-
de recursos humanos, profissionais da área mista, Consultor, Pós-Graduado em Direito
E-social financeira e fiscal, analistas e auxiliares de Educacional, Pós-Graduado em Gestão de
Seguindo a ordem cronológica, o administração de pessoal, advogados e Instituições Educacionais, Pós-Graduando
primeiro seminário realizado, em maio outros profissionais que estavam dispostos em Direito e Tecnologia da Informação,
de 2014, foi o E-Social. O evento contou a adquirir conhecimentos sobre o conteúdo Instrutor do Marco Legal do Instituto GESC
com a presença da contadora, consul- do curso. (FIA) e Coordenador de Tecnologia da Infor-

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mação na Comissão de Direito do Terceiro soas Desaparecidas, Maria Isabel Ribeiro, A advogada salientou as cautelas que
Setor da OAB - SP. apresentou os impactos psicológicos que devem ser tomadas durante o contrato
Os advogados citaram no seminário podem causar os abusos sofridos nas cri- de trabalho, nas contratações por coope-
mudanças que podem ocorrer por conta anças vítimas da agressão. rativas como na terceirização. Além disso,
da implementação da nova lei que regula deu dicas de como evitar reclamações
entidades filantrópicas no Brasil, além de Seminário Jurídico trabalhistas.
questões relacionadas a pagamentos de Um dos seminários que mais agradou Ela conta um caso recente de que as
impostos das instituições de ensino. os visitantes foi o Seminário Jurídico. Tanto escolas devem estar atentas às leis e nor-
O evento também contou com a pre- que ele percorreu todo o estado, sendo mas impostas. “Uma escola recebeu uma
sença do Dr. José Alberto Tozzi, adminis- apresentado em várias edições nas cidades pessoa que queria autuá-la por causa da
trador de empresas (FGV); contador; MBA do interior do Estado de São Paulo. As biblioteca. Depende do regimento escolar
Executivo Internacional na USP; Mestre cidades escolhidas foram o ABC, Santos, interno. Se estiver escrito biblioteca, ela
em Administração, com ênfase no Terceiro Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e tem que ter uma bibliotecária, mas se ela
Setor (PUC – SP); auditor licenciado pela Campinas. tem sala de leitura, aí ela não é obrigada
CVM; Palestrante e Professor sobre diver- Dividido em cinco palestras, cada a ter uma sala. Ainda não é lei. Quem po-
sos temas voltados para o Terceiro Setor. uma apresentou questões interessantes de responder por isso? Nos seminários,
aos mantenedores como questões pre- questões como esta são levantadas”, diz.
Seminário Pedofilia – 1ª edição videnciárias e trabalhistas, tributações,
– “A prevenção do abuso sexual e o pós- peculiaridades do terceiro setor, detalhes Encontro Internacional de
abuso: Como orientar alunos e lidar com da convenção coletiva e os cuidados ne- Psicomotricidade
as vítimas” – cessários nas relações trabalhistas. Realizado no dia 16/08/2014, no Au-
A primeira edição do Seminário, reali- O seminário contou com a presença dos ditório do Hospital da Face do Sacomã - São
zada no dia 30/05/2014, no colégio Maria palestrantes Maria Lourdes A. Vogelbacher, Paulo, o encontro Internacional de psico-
Imaculada, em São Paulo-SP, foi um sucesso o Gestor Fiscal da Meira Fernandes Consul- motricidade contou com a apresentação
de público. Tanto, que a cobertura do toria & Assessoria, Wagner Eduardo Bigar- do uruguaio Juan Mila.
evento foi capa da edição de maio da revista di, Vanessa Ruffa Rodrigues, advogada Ele apresentou vários exemplos de
Escola Particular. tributarista da Meira Fernandes Consultoria como a Psicomotricidade pode ajudar na
O procurador da República e Espe- & Assessoria, além das advogadas do formação da criança. Seja na questão da
cialista em Segurança Pública, Guilherme Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos nutrição e do desenvolvimento. Explicou
Schelb abriu o dia de palestras que contou de Ensino do Estado de São Paulo) Josiane também a importância do jogo e das
com mais de 120 pessoas na plateia. Sua Siqueira Mendes e Elisângela Fazzura. brincadeiras para a formação física dos
palestra abordava a prevenção do abuso A consultora trabalhista e previden- mais novos e o que o necessário o educador
sexual e do pós-abuso, além de explicar ciária Maria Lourdes A. Volgelbacher abriu saber sobre a formação corporal.
como é possível tratá-lo caso aconteça. o seminário. A primeira palestra abordou o O Psicomotricista uruguaio também
A segunda convidada do dia, Dra. tema do e-Social- Sistema de Escrituração citou as bases para a intervenção psico-
Ancilla-Dei Vega Dias Baptista Giaconi, titu- Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previ- motora na Educação, a importância da
lar da 4ª Delegacia de Polícia de Repressão denciárias e Trabalhistas. prevenção e o diagnóstico antecipado de
à Pedofilia, apresentou alguns dos casos Logo depois, o Gestor Fiscal Wagner transtornos psicomotores na escola.
em que houve pedofilia e como podem Eduardo Bigardi apresentou a segunda Além disso, citou exemplos da Educa-
ser evitados, quais os cuidados que os pais palestra que abordava a Tributação das ção Psicomotora nos diversos contextos
devem ter com os filhos na internet, além Instituições de Ensino Particulares – Pers- possíveis, explicando desde os níveis
de dados de estatísticas envolvendo os pectivas e Medidas. Finalizando a parte da preventivos, como a prática psicomotora
casos. Qual o perfil das vítimas, onde mais manhã do Seminário, a Dra. Vanessa Ruffa educativa é usada, a formação de recursos
ocorre, qual a faixa etária mais atingida e Rodrigues, advogada tributarista, que e também a supervisão. Juan reforçou a
qual o grau de parentesco mais comum explicou sobre a lei 12.868/2013 e rotinas ideia da disciplina e profissão, noções de
entre os pedófilos. envolvendo a contabilidade e também as corpo e movimento como o corpo real,
Após uma pausa para o almoço, a peculiaridades do Terceiro Setor. corpo imaginário, Tonus, gesto, atitude,
primeira palestra do período da tarde foi Após o Coffe Break, abrindo a se- diálogo tônico e também a relação entre a
apresentada pela dupla Andrea Freitas e gunda parte do seminário, Josiane Siquei- educação e a clínica.
Silvana Meneses, da Gestão de riscos e pre- ra Mendes, advogada e assessora da
venção a perdas. Em sua palestra, citaram Comissão de Tratativas Salariais do Sieeesp, Seminário Pedofilia – 2ª edição
como é feito o combate à pedofilia, como é apresentou as implicações da Convenção – “Monstro não se aproxima de criança”
o perfil do pedófilo, além de contar alguns Coletiva de Trabalho de 2014 a 2016 para – 24/10/2014
casos e mostrar como o abuso pode ser os Estabelecimentos de Ensino. Negocia- Como dito anteriormente, o público
prevenido. ção coletiva, convenção coletiva, dano recebeu tão bem o primeiro Seminário
Em seguida, foi a vez da advogada moral e material e indenizações foram os de Pedofilia que uma segunda edição foi
Juliana Abrusio se apresentar. Os assuntos assuntos abordados ao longo da quarta criada, para os que queriam obter mais in-
levantados em sua palestra foram: a porno- palestra do dia. formações. “Esse evento foi criado porque
grafia infantil, e a relação entre internet e Encerrando o dia de palestras sobre muitos professores não puderam compa-
educação digital. Quais os cuidados que os assuntos jurídicos, Elisângela Fazzura recer na primeira edição e outros queriam
pais têm que ter quando os seus filhos se abordou como tema de sua palestra, os mais informações sobre o tema que está
conectam à rede. cuidados necessários nas relações trabal- muito divulgado na mídia” diz Regina.
Sáude e sexualidade: por que abusos? histas. Citando, os aspectos relevantes na A dupla Andrea Freitas e Silvana Mene-
Foi o tema da professora Dra. Evelyn Eisen- contratação de professores e auxiliares. Os ses voltou ao seminário com a segunda
stein. E para fechar o dia de palestras sobre procedimentos de admissão e demissão parte da palestra: Perfil do pedófilo, Modus
pedofilia, a psicóloga da Delegacia de Pes- também foram citados na apresentação. Operandi, Casos e Prevenção – parte II. Nela,

Janeiro de 2015 • Escola Particular 49


Seminário

foram apresentadas situações e casos que

Arquivo Sieeesp
faltaram e não foram citados na primeira
edição do evento. Existe toda uma
Beatriz Pucci, consultora educacional,
Psicopedagoga e especialista em Alfabeti-
responsabilidade
zação e Educação Infantil, e Sandra Oliveira,
doutora em administração e mestre em
civil e criminal
Educação, administração e comunicação,
apresentaram: Monstro não se aproxima
e a escola
de criança. A palestra era um resumo do
que é abordado no livro: “Monstro não se
não pode
aproxima de criança”, nele foram discuti- compactuar
dos de forma direta e sem rodeios tudo o
que é possível fazer para orientar as crian- com isso
ças em relação ao abuso sexual, desde a
prevenção da violência sexual infantil até
a suspeita, a detecção e a denúncia.
Já no período da tarde, a médica legista
Mariana Ferreira citou em sua apresenta-
ção as repercussões psicológicas no pós-
abuso. Terapia floral foi o tema da palestra eles praticam diariamente na escola” diz a você compartilha aquela foto, você já está
de Katia Pereira. Segundo a presidente da coordenadora. também fazendo parte, pode ser autuado
Associação dos terapeutas florais do Esta- “O aluno não sabe que se ele fizer isso, e ir até a uma delegacia. Nesse seminário,
do de São Paulo, a terapia é muito eficaz na o pai pode vir a responder um processo mostramos para as escolas o que podemos
superação da dor do indivíduo, e também criminal. Existe toda uma responsabilidade fazer e o que não podemos fazer. O papel
em toda a família e até na comunidade. civil e criminal e a escola não pode compac- do coordenador é mostrar para a criança o
Para encerrar o dia de palestras so- tuar com isso. Ela tem de estar atenta aos que pode e o que não pode ser feito. Não
bre pedofilia, Guilherme Schelb marcou problemas”, diz Regina. adianta brigar com o aluno e proibir o uso
presença novamente na segunda edição No Seminário, foram debatidos vários do celular. Eles usam mesmo, é difícil proibir
do seminário. Dessa vez, o Procurador da casos onde crimes são cometidos por tudo isso”, diz. .
República citou as questões de Saúde no alunos e como um aluno pode ser autuado Regina diz que os cursos de Psicopeda-
apoio às vítimas de abuso sexual, apre- só pelo fato de compartilhar uma foto, gogia e Neuropsicopedagogia estão com
sentando a abordagem legal e prática. embora não seja o autor dela. “Um aluno lugar garantido na grade de 2015. A parceria
faz algum mal ao colega, e se o outro aluno com a Meira Fernandes Consultoria conti-
Seminário Educação Digital – 07/11/2014 filma e compartilha o vídeo nas redes so- nua e tem mais alguns seminários em fase
Um assunto que é está muito em pauta ciais, ele também está envolvido no caso. de aprovação. A coordenadora salienta
nos jornais e revistas atualmente é o uso Está compactuando com o bullying”. que existe uma preocupação com o público
de internet e redes sociais nas salas de Os advogados presentes nos semi- que vive fora da capital de São Paulo. “Eu
aulas. E o bullying, algo que já acontecia nários esclarecem isso para os visitantes. me preocupo com as pessoas que moram
no meio acadêmico, está entrando no O que pode e o que não pode ser feito nas no interior e na baixada santista, estamos
mundo digital. redes sociais. O que é considerado crime tentando fazer mais seminários em outras
“Uma parte muito séria é a da educação previsto em lei. Os advogados explicam que cidades do Estado, pois o papel do Sindica-
digital. O aluno não sabe o perigo que está se deve ter bom senso no uso da internet. to é prestar serviço para a escola. Às vezes,
correndo. Quais são os crimes digitais na in- E que isso deve ser explicado aos alunos, o educador se interessa pelo seminário,
ternet, por exemplo, falamos muito de bul- pois é quase impossível evitar o uso de mas não pode vir à capital. Espero que para
lying, mas também existe o cyberbullying. tecnologia nos dias de hoje. “Os alunos 2015, os seminários percorram mais o resto
Em aplicativos de mensagens instantâneas, usam muito as redes sociais hoje em dia. Se do Estado”, diz. •

50 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 51
Classiesp

AGENDA de obrigações • FEVEREIRO DE 2015 •


• 06/02/2015 SALÁRIOS - ref. 01/2015 • 25/02/2015 COFINS – Faturamento - ref. 01/2015
FGTS - ref. 01/2015 PIS – Faturamento - ref. 01/2015
CAGED - ref. 01/2015 • 27/02/2015 IRPJ – (Mensal) - ref. 12/2014
• 09/02/2015 ISS (Capital) - ref. 01/2015
• 13/02/2015 INSS (Individual) - ref. 01/2015
• 20/02/2015 INSS (Empresa) - ref. 01/2015 Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade
PIS – Folha de Pagamentos - ref. 01/2015 helpescola@helpescola.com.br
SIMPLES NACIONAL - ref. 01/2015 (11) 3399-5546 / 3399-4385

52 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 53
Cursos

54 Escola Particular • Janeiro de 2015


Janeiro de 2015 • Escola Particular 55
56 Escola Particular • Janeiro de 2015

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