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partir da Proclam ação da República. Não será objeto da m atéria o estudo de com o
afirm ar que, durante esse período, as eleições eram censitárias, ou seja, só se podia
dinheiro. Adem ais, som ente poderia ser candidato aquele indivíduo que auferisse
conjunto da população, já que grande parte das pessoas estava longe de ganhar o
suficiente para votar ou ser votado. Além disso, as eleições nesse período eram
eleições indiretas: o titular do Im pério (Monarca) não era eleito, sendo observada essa
distinção. Apenas no plano m ais básico (eleições paroquiais) é que havia o voto direto,
onde os eleitores elegiam os deputados. O s senadores, por sua vez, eram escolhidos
organização do eleitorado e das eleições era feita de um a m aneira que hoje nos
Após a Proclam ação da República, passou a vigorar a ideia do voto direto: não
m ais se votava em alguém que, por sua vez, escolheria os representantes. Adem ais, o
voto deixou de ser censitário. C ontudo, isso não significa que a votação passou a ser
votavam , sendo o voto reservado exclusivam ente para os hom ens. O s analfabetos, os
tais restrições, nas prim eiras eleições para a Presidência da República, em 1894,
apenas 3% da população votou.
Nas eleições da República Velha, o voto era distrital e a lista dos eleitores era
organizada pelas lideranças políticas locais (hoje denom inadas, de form a pejorativa,
exem plo.
Nesse cenário, a lista das pessoas aptas a votar era organizada pelas lideranças
locais, o que acarretou o cham ado "voto de cabresto". As lideranças eram pessoas ricas
decisões.
Para am pliar a influência dessas lideranças locais, o voto não era secreto. O
proclam ava o voto em voz alta, perante a m esa receptora dos votos. Isso trazia várias
im plicações: a com pra de votos, por exem plo, era m uito com um e facilitada. C om o o
voto era aberto, a pessoa que com prou o voto poderia saber se a com pra havia sido
efetivada de fato, ou seja, se o eleitor havia votado no candidato que prom etera votar.
Um outro problem a do voto não ser secreto é que os eleitores que proclam avam
o voto dependiam dos m esários para registrar a votação. Não se tinha com o saber qual
era efetivam ente aquele registro, o que acabava configurando um a fraude eleitoral
conhecida com o "votação do bico de pena". Ao proclam ar o voto, o eleitor não sabia se
aquela pessoa ia efetivam ente anotar, registrar o voto que havia sido concedido.
terceira prática conhecida por "m apism o". Era com um a fraude nos m apas eleitorais:
que esse m apa poderia ser facilm ente fraudado, burlado. Por essas razões, as eleições,
ao longo da República Velha, eram eleições m arcadas pela fraude. O sistem a eleitoral
poderes". O responsável por hom ologar o resultado das eleições, afirm ando quem
havia sido eleito ou não, era o Poder Legislativo. Era justam ente esse Poder que
proclam ava quem tinha sido eleito e que seria, portanto, diplom ado. Muitas vezes, por
m ero arranjo político, era recusada a proclam ação de quem tinha sido efetivam ente
eleito. Essa prática era conhecida por "degola": os candidatos, m esm o eleitos, eram
Pode-se concluir que as eleições na República Velha eram m arcadas pelo voto
e a degola. As eleições não eram , assim , confiáveis. Todo esse cenário chegou ao
paroxism o nas eleições de 1930: o candidato paulista Júlio Prestes supostam ente
obteve m ais de um m ilhão de votos, ao passo que seu adversário, Getúlio Vargas,
O candidato Getúlio Vargas curiosam ente teria obtido 100% dos votos no Rio
Grande do Sul. Perceba que, apesar desse prestígio local, os núm eros diziam que
aparentem ente Júlio Prestes é que havia sido eleito. Essas eleições não chegaram a
serem reconhecidas, tendo sido form ado um m ovim ento revolucionário que acabou
Atribui-se a Assis Brasil, um dos intelectuais que apoiaram essa revolução, um a frase
que dizia o seguinte: nas eleições que se organiza até então, não se sabia qual era o
voto desses que eram eleitores. Um a vez realizado o voto, não se sabia se ele seria de
fato confirm ado, e tam bém não se sabia se os candidatos eleitos, afinal, seriam de fato
em possados.
Não havia qualquer confiança nas eleições da República Velha e, por isso, um a
por isso que, vitoriosa essa Revolução, adveio o C ódigo Eleitoral de 1932.
eleições eram realizadas. A m udança m ais relevante talvez tenha sido a criação da
Justiça Eleitoral, à qual foi incum bida a tarefa de organizar o eleitorado, obter o voto e
Judiciário justifica-se pelas seguintes razões: o Poder Executivo havia se provado m al,
deixando a organização das eleições a cargo das lideranças locais. O Poder Legislativo,
por sua vez, tam bém tinha se provado m al, com o sistem a de verificação de poderes
(degola).
eleições, o que se revela algo incom um , considerando o contexto m undial. Existem três
Existe tam bém o sistem a no qual o Poder Legislativo atua com preponderância
na organização das eleições e proclam ação dos eleitos, que é o sistem a de verificação
de poderes. Adem ais, observa-se ainda o sistem a jurisdicional, que é o sistem a adotado
m uito criticado por certos setores da doutrina. Afirm a-se que o Judiciário, ao organizar
as eleições, não estaria exercendo um a atividade típica desse Poder. Esse seria, na
No caso brasileiro, essa confusão vai ainda além : desde o C ódigo de 1932,
C onclui-se que as eleições brasileiras são organizadas pelo Poder Judiciário, que
tam bém julga as controvérsias, além de norm atizar todo o processo eleitoral. A Justiça
Eleitoral, dessa form a, tem com o funções típicas a organização das eleições, o
julgam ento das controvérsias e a norm atização eleitoral. Perceba que, no contexto da
Todo esse cenário advém da experiência histórica brasileira: com o não havia
dado certo a organização pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, restava apenas
o Poder Judiciário. Ressalta-se, contudo, que o Judiciário se destacou nessa tarefa à qual
foi incum bido: a organização das eleições brasileiras é um a das m elhores do m undo,
se não a m elhor.
estrangeira. As eleições nos Estados Unidos da Am érica, por exem plo, são eleições
bastante com plexas e difíceis, até porque existem norm ativas estaduais. O sistem a
norte-am ericano gera diversas reclam ações, e às vezes não se m ostra confiável.
com o a urna eletrônica e o cadastro biom étrico, ocorreram principalm ente em nosso
país. Assim , pode-se inferir que o Poder Judiciário se destacou bastante na organização
organização das eleições, criando a Justiça Eleitoral. Essa Justiça foi criada ab initio
com o sendo do ram o federal: a Justiça Eleitoral é federal desde o com eço. Havia essa
locais, haja vista o coronelism o. Por isso, a solução foi criar o ram o federal da Justiça.
Tam bém nesse prim eiro m om ento, no C ódigo Eleitoral de 1932, houve um outro
grande avanço, que foi a previsão de que o voto deveria ser secreto. O voto passou,
assim , a ser sigiloso: o seu titular é o senhor do segredo, não podendo ser com pelido a
indicar qual foi a sua escolha política. Adem ais, no Sistem a Eleitoral de 1932 abriu-se
federais.
o voto partidário, ou seja, para qual partido se depositou o voto. A escolha do candidato
é de im portância secundária, sendo que o m ais im portante para se determ inar quem
foi ou não eleito são os votos dados ao partido, e não a votação pessoalm ente
Por fim , em 1932 foi perm itido o voto fem inino. Após 1935, esse voto tornou-se
obrigatório, juntam ente com o próprio voto m asculino. A extensão do direito de voto às
(direito de votar).
Q uanto ao direito de ser votada, contudo, ainda não se observa tal igualdade: o
Brasil ainda é um dos países nos quais se conta a m enor participação política da
m aioria dos eleitores, são m inorias nas C âm aras de Vereadores, nas Assem bleias