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21 de janeiro de 2018
A Superioridade de Jesus em relação a Moisés
Hebreus 3.1-19
Jesus é maior que Moisés
1. Portanto, irmãos santos que participam do chamado celestial,
considerem atentamente a Jesus, que declaramos ser Apóstolo
e Sumo Sacerdote.
2. Pois ele foi fiel àquele que o designou, assim como Moisés
serviu fielmente quando lhe foi confiada toda a casa de Deus.
3. Jesus, no entanto, é digno de muito mais honra que Moisés,
assim como a pessoa que constrói uma casa merece mais
elogios que a casa em si.
4. Pois toda casa tem um construtor, mas Deus é o construtor
de todas as coisas.
5. Por certo, Moisés foi fiel como servo na casa de Deus, e seu
trabalho ilustrou verdades que seriam mais tarde reveladas.
6. Mas Cristo, como Filho, é responsável por toda a casa de Deus;
e nós somos a casa de Deus, se nos mantivermos corajosos e
firmes em nossa esperança gloriosa.
7. Por isso o Espírito Santo diz: “Hoje, se ouvirem sua voz,
8. não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião,
quando me puseram à prova no deserto.
9. Ali seus antepassados me tentaram e me puseram à prova,
apesar de terem visto meus feitos durante quarenta anos.
10. Por isso fiquei irado com aquela geração e disse: ‘Seu
coração sempre se desvia de mim; vocês se recusam a andar em
meus caminhos’.
11. Assim, jurei em minha ira: ‘Jamais entrarão em meu
descanso’”.
12. Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha
coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo.
13. Advirtam uns aos outros todos os dias, enquanto ainda é
“hoje”, para que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado e
fique endurecido.
14. Porque nos tornaremos participantes de Cristo, se de fato
mantivermos firme até o fim a confiança que nele depositamos
no início.
15. Lembrem-se do que foi dito: “Hoje, se ouvirem sua voz, não
endureçam o coração como eles fizeram na rebelião”.
16. E quem foram os que se rebelaram mesmo depois de terem
ouvido? Não foram aqueles que saíram do Egito conduzidos por
Moisés?
17. E quem deixou Deus irado durante quarenta anos? Não foi
o povo que pecou e cujos corpos ficaram no deserto?
18. E a quem Deus se dirigiu quando jurou que jamais entrariam
em seu descanso? Não foi ao povo que lhe desobedeceu?
19. Vemos, portanto, que não puderam entrar no descanso por
causa de sua incredulidade.
Introdução:
Nos dois capítulos anteriores, o autor de Hebreus
demonstrou, pelo uso do Antigo Testamento, que Jesus é
superior aos anjos. Entre aqueles que receberiam a epístola,
alguém poderia perguntar se Jesus é maior do que Moisés. Os
judeus pensavam que ninguém era maior do que Moisés, pois
ele havia dado ao povo de Israel duas tábuas de pedra nas quais
Deus tinha escrito a lei (Êx 34). Os anjos, em contraste, eram
somente intermediários quando a lei fora dada (At 7.38,53).
No capítulo anterior o escritor descreveu Jesus como sumo
sacerdote (Hb 2.17), mas não o tinha comparado com Arão. A
comparação entre Jesus e Moisés, nesse capítulo, num sentido
corresponde à comparação de Jesus com os anjos.
A analogia da casa
Em 2Samuel 7, somos informados de que o Filho de Davi
construirá uma casa para o nome de Deus (7.13), e que a casa
do filho durará para sempre. O termo oikos é proeminente
nesse capítulo, utilizado catorze vezes pelo autor em referência
à Casa do Senhor, à casa de Davi e à casa do herdeiro de Davi.
Além disso, o capítulo proclama que o Senhor construirá a casa
do filho e que o filho construirá uma casa para o Senhor (7.13).
Mas isso não é tudo. Em 2Samuel 7.16,25, Deus promete
“confirmar” ou se “mostrar fiel” à casa do filho de Davi, e o autor
utiliza o verbo pistoõ, o mesmo que é usado em Salmos 77.8,37
LXX para retratar a infidelidade dos viajantes do deserto. Em
2Samuel 7.25,26, lemos: “E agora, ó meu Senhor, o Senhor
altíssimo, Deus de Israel, mostra ser fiel a palavra para sempre,
a qual proferiste em relação ao teu servo e a esta casa; e agora,
com o disseste, seja o teu nome engrandecido para sempre”.
Esse fato é notável, se levarmos em conta a ênfase na fidelidade
em Hebreus 3.1-6. Além disso, na passagem paralela, 1Crônicas
17.23, encontram os a expressão epi tou oikon autou, que é
refletida com exatidão em Hebreus 3.6. À luz do contexto mais
amplo de Hebreus 3 e 4, também é interessante notar que
2Samuel 7 fala do descanso prometido ao povo de Israel, em
7.11. Além disso, D’Angelo (1979, p. 65-93) vê aqui um a alusão
a 1Samuel 2.35, em que Deus promete suscitar u m sacerdote
fiel, a quem edificará u m a casa.
A TRANSFIGURAÇÃO
H. Gese, lê todo o texto sobre o pano de fundo do Livro do
Êxodo, capítulo 24 — a subida de Moisés ao monte Sinai.
Decididamente, é este capítulo, no qual é descrita a conclusão
da aliança de Deus com Israel, uma chave de explicação
essencial para a história da transfiguração. Nele se diz: "A glória
do Senhor desceu sobre o Sinai e a nuvem cobriu o monte
durante seis dias. No sétimo dia o Senhor chamou Moisés do
meio da nuvem" (Ex 24,16).
À ELE OUVI
Depois desta visão panorâmica, voltemos à história da
transfiguração. "Veio então uma nuvem e envolveu-os com a
sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: Este é o Meu
Filho muito amado, deveis escutá-l'O" (Mc 9,7). A nuvem
sagrada, a shekhina, é o sinal da presença do próprio Deus. A
nuvem sobre a tenda da revelação mostrava a presença de
Deus. Jesus é a tenda sagrada, sobre a qual está a nuvem da
presença de Deus e a partir daí "cobre os outros com a sua
sombra". Repete-se a cena do batismo de Jesus, no qual o
próprio Pai, a partir do interior da nuvem, proclamou Jesus
como Filho: "Tu és o meu Filho muito amado. Em Ti pus a minha
complacência" (Mc 1,11).
Mas a esta solene proclamação da filiação acrescenta-se agora
o imperativo: "A Ele deveis escutar". Aqui se torna evidente a
relação com a subida de Moisés ao Sinai, que vimos no princípio
como pano de fundo da história da transfiguração. Moisés tinha
recebido sobre o monte a Tora, a palavra de Deus. Agora nos é
dito acerca de Jesus: "Deveis escutá- l'O". Gese comentou esta
cena de um modo muito preciso: "Jesus tornou-se Ele mesmo a
divina palavra da revelação. Os Evangelhos não podem
representar isto de um modo mais claro, mais imponente: Jesus
é a Tora mesma" (p. 81). A aparição está assim terminada, o seu
sentido mais profundo está resumido nesta palavra. Os
discípulos devem descer outra vez com Jesus e aprender
sempre: é a Ele que deveis escutar.
CONCLUSÃO
Ao mostrar a superioridade de Jesus sobre Moisés, o autor da
Carta aos Hebreus não tencionava exaltar o primeiro e
desprezar o segundo, mas pôr em relevo a obra do Calvário,
bem como esclarecer como os crentes devem valorizá-la. Ora,
se Moisés que não era divino, que não se deu sacrificalmente em
lugar de ninguém, merecia ser ouvido, então por que Jesus, o
Filho do Deus bendito, Senhor da Igreja e superior aos anjos,
não merecia reconhecimento ainda maior?