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Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Aulas Práticas Processo Civil – Drª Maria Lucinda

1ª Aula Prática - 14/03/2014

Caso Prático 1:

António celebrou com Bernardo um contrato de arrendamento para fim habitacional de prédio urbano de
que o primeiro é proprietário sito no Porto. Bernardo,o inquilino encontra-se em incumprimento do dever de
pagamento das rendas, ante o que António propôs contra aquele acção em que requer: a resolução do contrato de
arrendamento e a condenação do réu a pagar o valor das rendas em dívida, bem como um valor correspondente a
50% total do montante a título de compensação pela mora.

1. Em que sentido se pronunciaria relativamente à petição oferecida por António se fosse o juíz de tanto
incumbido?
2. Em sede de contestação Bernardo arguiu a falta de interesse processual de António bem como a prescrição
do direito de crédito do autor invocando que quando foi proposta a acção já havia decorrido o prazo de
prescrição. Quid iuris?

1. António invoca como causa de pedir o não pagamento de rendas e pretende que lhe sejam pagas as rendas
devidas até agr e pede tb mais 50% devido à mora no pagamento. Para além disto, como esta é uma falta
grave aos deveres do arrendatário, António vem requerer tb a resolução do contrato de arrendamento. Há
aqui contradição entre pedidos,entre o pedido de uma quantia pela mora e a resolução do contrato. Como
senhorio é possível exigir o pagamento das rendas e do 50% pela mora ou então a resolução do contrato,não
sendo possível cumular os dois pedidos. No entanto,se o senhorio optar pela resolução do contrato o
arrendatário pode evitar este efeito se se propuser a pagar as rendas mais o 50% relativo à mora –art 1041º
CC. Estando em causa pedidos que sejam substancialmente incompatíveis há um fundamento de ineptidão
da petição inicial,fundamento esse que se integra no 2º grupo de ineptidões,no grupo em que não são
supríveis as falhas da petição–art 186º nº2 al) c 2ª parte CPC. Mesmo que o réu não invoce a excepção
dilatória o tribunal pode conhecer dela oficiosamente no termos do art 268º CPC. A consequência da
procedência da invocação desta excepção é a nulidade de todo o processo no termos do art 186º nº1 CPC e
consequentemente haverá absolvição do réu da instância nos termos do art 577º CPC.

 Podemos olhar para o Processo de duas formas:


 De uma forma distanciada e analisar alguns dos seus principais aspectos –em que consiste o processo,análise das
várias formas de processo,dos vários tipos de acções e consideração dos pressupostos processuais (1º Semestre)
 Olhar próximo sobre o processo,percorrendo cada uma das fases que medeia o momento em que a acção
começa e o momento em que a acção termina.

A primeira fase é uma fase de andamento,em que as partes praticam actos processuais. Esta é a fase destinada
a possibilitar ao autor e ao réu a exposição da sua versão dos factos e de seguida há um momento de paragem: o
momento em que é lançado o despacho saneador,com as primeiras conclusões que se pode tirar da análise do
processo. Inicia-se outra fase seguidamente,a fase de produção de prova, um momento de absorção de informação
para o processo,tentando resolver as dúvidas que restaram. Seguidamente segue-se outra fase de paragem: ....
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

A acção começa com a apresentação de um pedido (direito de acção é exercido neste momento,em que se dá
início ao processo). O primeiro acto do processo toma a forma de petição inicial e com este primeiro pedido dá-se
inicio à instância,ao processo, é neste momento que se considera proposta a acção –art 259º nº1 CPC. A relação
jurídica processual é bilateral e é neste momento que se verifica esta contraposição e é aqui que se inicia a relação
processual,distinta da relação jurídica material. A petição inicial é apresentada pelo autor e esta peça processual é
articulada o que significa que tem que ser reconhecida sob a forma de artigos. É a propósito da petição inicial que
surge a questão dos pressupostos processuais (rever). É na petição inicial que o autor dirige o pedido a um
tribunal,que deve ser competente; quem apresenta a petição inicial é parte do processo e tem que ter personalidade
judiciária; tem que propôr uma acção contra um réu que seja parte legítima e tenha personalidade e capacidade
judiciária; para além disto tudo o autor tem de ter interesse processual –articular o art 552º CPC com a questão dos
pressupostos. A petição inicial com o articulado deve ser apto a iniciar acção e o melhor cenário é que a petição
inicial é perfeita: sem qualquer irregularidade. Pode acontecer que a petição incial sofra alguns vícios mas pouco
graves,menores de tal forma que podem ser objecto de controlo por um funcionário judicial,por quem não tenha
conhecimentos profundos de Direito e nesse caso esta é entregue na secretaria e o funcionario procede a uma
análise e se se aperceber de alguma irregularidade prevista no art 552º CPC deve comunicá-lo. Há no entanto um
cenário em que a petição sofre de um vício de tal forma grave que não se revela apta a poder servir de base à acção
e portanto não veste as qualidades necessárias para que o processo comece. Porque lhe falta esta aptidão essencial
diz-se que esta é inepta a cumprir a sua função. A petição inicial e os seus requisitos estão previstos no art 552º CPC
mas as circunstâncias em que a petição inicial não é apta encontram-se previstos no art 186º CPC.

Regime de inaptidão da petição inicial –existem dois tipos de situações:

 Grupo de casos em que não existe ou é ineligivél o pedido ou a causa de pedir –corresponde à hipótese do art
186º nº2 al) a CPC – esta causa é suprível no termos do art 186º nº3 na medida em que se salvaguarda que se
verificar que o réu apesar de tudo percebeu o que o autor queria transmitir,então é apta.
 Hipótese em que o pedido estar em contradição com a causa de pedir –autor alega que o réu pagou as rendas e
depois quer a condenação do pagamento das rendas. Há tambem a hipótese em que as causas de pedir sejam
incompatíveis ou em que os pedidos sejam incompatíveis –autor alegava em simultaneo que o contrato que
celebrou é um contrato de arrendamento e tb um contrato de comodato- art 186º nº4 CPC

 Quem tem interesse em invocar a inaptidão? É o réu e irá fazê-lo na contestação e com a convocação da
inaptidão o réu pretende a sua absolvição da instância. Neste caso o réu põe mão a uma excepção dilatória –
situações em que há factos que obstam ao conhecimento do mérito do pedido pelo tribunal previstas no art
577º CPC  é nulo todo o processo quando for inepta toda a petição inicial –art 186º nº1 CPC. Como excepção
dilatória que é a inaptidão da petição inicial é de conhecimento oficioso segundo o art 578º CPC. Sendo invocada
a inaptidão da petição inicial dá-se a absolvição do réu da instância o que resulta no art 576º nº2 CPC.

A prescrição tem que ver com o tipo de efeitos que a lei atribui ao decurso do tempo e a lei atribui-lhe quer
efeitos positivos,quer efeitos negativos; quer efeitos extintivos,quer efeitos aquisitivos. Quando prevê efeitos
favoráveis para um sujeito implica efeitos desfavoráveis para outro sujeito. Quando prevê um efeito extintivo,está
com isso a conceder um benefício a outro sujeito. Isto acontece no que diz respeito aos direitos de crédito,sendo
esta prescrição sempre uma forma de punir a negligência de um sujeito,a sua falta de diligência. Depois da
prescrição o direito de crédito torna-se num direito natural,em que o credor não pode continuar a exigir do devedor
nada. Outro exemplo de prescrição é o instituto do usucapião,que se traduz na aquisição de um direito por decurso
do tempo. Se alguém durante mais de 20anos praticar actos próprios de dtos reais sobre um bem que não é seu e
verificados os pressupostos legais,adquire o direito sobre o bem.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

A petição tem também outro prazo a cumprir,o prazo de caducidade e o credor não pode ficar descansado por
apresentar a petição inicial antes do prazo,tendo que ser apresentada antes do prazo a citação. A citação é um tipo
especial de notificação por dois motivos: por um lado pqe é uma notificação que é feita a pessoa determinada, ao
réu mas,mais do que isso, é a primeira notificação feita ao réu e é através desta que contra ele foi proposta uma
acção e de que este se pode defender. É a notificaçaõ atraves da qual se propociona ao réu a possibilidade de
contestar. A noção de citação resulta do art 219º nº1 CPC e aqui estão previstas as normas que regulam a citação no
seu conjunto. A citação por norma é feita pela secretaria e é feita sem que para isso tenha que haver qualquer
decisão do juíz –art 562º CPC

Situações de falta de citação: esta é a falha mais grave mas a noção legal de falta de citação é uma noção mais
ampla do que a ausência de citação; e todas as hipóteses previstas no art 188º CPC. Não havendo citação há que
considerar 2 hipóteses relativas às consequências: a primeira possibilidade é a de a falta de citação ser considerada
suprida,sanada e verifica-se quando apesar de não ter havido citação o réu aparece no processo e o fim que se
pretendia com a citação foi cumprido –art 189º CPC. Se houver falta de citação mas ela não for suprida,ou seja, se o
réu não comparecer na acção então há uma nulidade processual nos termos do art 191º nº1 CPC. Esta nulidade é de
tal modo grave que é de conhecimento oficioso,ou seja,se não for invocada e se o tribunal se aperceber dela pode
actuar oficiosamente nos termos do art 196º CPC e, pode conhecer desta nulidade em qualquer momento
processual, o que resulta do art 198º CPC. Esta nulidade é conhecida nos termos do art 300º nº1 CPC.

Nulidade da citação: Art 191º nº1 CPC –quando no acto da citação haja desconformidade com o previsto na lei.
O réu pode invocar esta nulidade até à constestação nos termos do art 191º nº2 CPC. No entanto, por força do art
191º nº4 CPC, só serão retiradas consequências negativas desta nulidade se houverem consequências negativas do
citado ou do réu. Se na citação estiver indicado um prazo para contestar superior ao legal é esse prazo que vale –art
191º nº3 CPC.

2ª Aula Prática - 21/03/2014

Citação – a sua falta,nulidade e efeitos


Admitindo que a citação é válida a petição inicial dá início à instância e inicia-se a constituição da relação processual
–tem carácter triangular e trilateral.

Com a citação o réu passa a integrar a relação jurídica processual :

1. impedem sobre ele deveres,ónus e também direitos.


2. Há certos prazos,por exemplo, o prazo para o ónus de contestar que se iniciam com a citação
3. Existem prazos de prescrição que iniciam a sua contagem com a citação –a citação pode ter efeito
extintivo ou aquisitivo

Art 323º/1 CC – o que é que o credor pode fazer? Pode exigir o cumprimento da obrigação. O prazo interrompe-se
com o acto da citação,é um efeito interruptivo da citação.

Para evitar que o prazo de prescrição se esgote concede-se ao autor a possibilidade de requerer a citação urgente,
citação prévia à distribuição (quando existe mais do que um juíz).

Trata-se de um acto aleatório, que assegura a neutralidade, a imparcialidade –art 203º,204º e 206º CC

 Princípio do juíz natural


 Igual distribuição de serviço entre os juízes
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Antes efectuava-se duas vezes por semana, agora é diariamente. Antes a citação urgente era requerida em
momento anterior à distribuição e actualmente pede-se que se proceda os demais actos praticados pela secretaria.
O momento para fazer o pedido é na petição inicial –art 552º/5 CC.

Litispendência = Pendência na lide. Quando há duas acções iguais propostas num mesmo momento. Recorre-se ao
critério dos sujeitos, pedido e causa de pedir. Coloca-se qual o problema de saber qual foi proposta em segundo
lugar (momento da citação do réu –art 564º al. c) CC)

Caso Prático:

A sociedade Q,Lda. adquiriu, no âmbito da actividade comercial,desenvolvido no âmbito da restauração, à sociedade


G S.A. ,três máquinas de café no valor de 30.000€ em dezembro de 2011. Desde as primeiras semanas de Fevereiro
de 2012 as máquinas começaram a evidenciar problemas de funcionamento,tendo sido solicitada e prestada à
sociedade Q Lda., assistência técnica. Verificaram-se avarias de toda a ordem,face ao que Q Lda. denunciou a G. S.A.
a falta de qualidade dos bens em causa bem como os defeitos verificados em 12 de Março de 2012. A 11 de Março
de 2014, Q. Lda propôs acção declarativa de condenação contra G S.A. , em que requereu a resolução do contrato de
compra e venda,a devolução do preço pago e a condenação da ré no pagamento de 10mil €,a título de indemnização
pelos danos patrimoniais sofridos pela autora em consequência da falta de conformidade dos bens adquiridos à ré.
Esta contestou invocadndo a caducidade dos direitos invocados pela autora na acção.

1. Pronuncie-se relativamente à forma da processo a observar.


2. Admita que, proposta a acção houve lugar a recusa da aceitação da petição inicial na secretaria. Pronuncie-
se relativamente aos efeitos que este acto poderá ter no que diz respeito à procedência ou improcedência
do argumento produzido pela ré,em sede de contestação.
3. Admita agora que G.S.A. invoca tb em sede de contestação a irregularidade da citação em virtude de esta ter
obedecido à formalidade da citação com hora certa mas só ter tido lugar com envio da carta registada.

Resolução:

1. Com a nova lei, para além da bipartição entre a forma de processo comum e especial, no que respeita à
forma de processo comum deixaram de existir 3formas de processo para passar a existir uma única forma de
processo –art 546º nº1 e 2 CC. assim,é irrelevante o valor da acção,sendo aqui uma acção declarativa de
condenação.

2. Neste caso existirá caducidade e absolvição do pedido. Trata-se de uma excepção peremptória à semelhança
do que sucede com a prescrição. Com o DL 84/2008 de 21 de Maio o art 5º que se refere aos bens de
consumo estipula o prazo de caducidade como sendo de 2anos após a denúncia dos defeitos. Quando a
acção é proposta o prazo de caducidade interrompe-se –art 383º CC. Aqui,depende do direito que está em
causa: se for um direito disponível, não é de conhecimento oficioso. Se for indisponível, é de conhecimento
oficioso. Neste caso é um dto disponível. Existe um controlo formal pela Secretaria –art 558º CC
relativamente aos Sujeitos Processuais: identificação, mandatários,motivos de índole formal (vg. Não se
indique o valor da causa ou quando não se indique a forma de processo).

Em face da recusa o autor:

 Ou se conforma com a não aceitação


 Reclama para o juíz
o Este ou lhe dá razão
o Ou considera improcedente –art 559º/2 CC (pode haver recurso,para a relação)
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

O autor tem 10 dias após a recusa para apresentar nova petição –art 560º CC.o tribunal pronuncia-se no sentido a
improcedência da excepção dilatória.

 Quem pode efectivar?


 Os funcionários da secretaria
 mandatários judiciais (art 237º e 238º CC).

 Como é feita?
 Pessoal
o Envio por carta registada (art 228º nº1 e 2 CC)  domicílio convencionado –art 289º CC
o Citação por funcionário judicial ou agente de execução (art 231º CC
 Citação com hora certa renova-se com a citação –art 232º. Há duas possibilidades:
 Réu ausente em parte certa: neste caso o tribunal decidirá o que fazer -art 235º CC
 Réu ausente em parte incerta :art 236º CC
 Réu residente no estrangeiro :art 239º CC
o Citação Edital –arts 240º e ss; art 225º CC
 Edital

3ª Aula Prática -Dr.ª Maria José Capelo - 31/03/2014

Caso Prático:

A intentou uma acção de impugnação de paternidade presumida. Os réus estavam ausentes em parte
incerta. Antes de decorrido o prazo foi outorgada procuração do advogado.

1) Pressuponha que o juíz indeferiu liminarmente a petição pois já tinha decorrido o prazo da propositura da
acção. O autor recorreu,alegando que o juíz não intervém nesta fase liminar e que,além disso,a caducidade
não é de conhecimento oficioso. Concorda?
2) Admita que no acto de citação não foi indicado o prazo da defesa. Identifique o vício da citação.
3) Pressuponha que os réus não contestaram. Quais seriam os efeitos da falta de contestação?

Resolução:

1) Este é um prazo de caducidade. O juíz intervém liminarmente, no processo civil,quando a lei o diz ou quando
existe a sua determinção legal ou pelo próprio juíz –art 590º/1 CPC
Art 226º/4 CPC (al. c)  art 240º CPC) –são os casos em que o juíz intervémm liminarmente por força da lei

Citação edital (“os réus estavam ausentes em parte incerta”) .art 225º/6 CPC. É anunciada a propositura da
acção no caso do réu estar ausente em parte incerta art 226º/1 CPC
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Uma citação depende de despacho prévio pelo juíz  antes do despacho da citação o juíz perante a petição
inicial vai lê-la e averiguar se a petição tem vícios graves. A atitude mais grave que ele pode ter é o indeferimento
liminar (o juíz recusar a citação)

Pode citar a petição se tiver tudo bem. Mas também pode proferir um despacho de aperfeiçoamento (que
aparece logo nesta fase inicial).

A fase seguinte, dos articularos, é a fase de saneamento e condensação.

Petição
Quais as atitudes do juíz quando intervém liminarmente?

 Despacho de citação
 Despacho de aperfeiçoamento
 Despacho de indeferimento liminar (em situações de vícios muito graves)

Art 590º/1 CPC – é um dos fundamentos que origina um indeferimento liminar?

Art 333º/1 CC – prazos de caducidade são de conhecimento oficiosamente –art 1842º CC

 A acção constitutiva pressupõe o exercício de um direito substantivo potestativo –tem um prazo curto de vida.
Quando o decurso do prazo já ocorreu,significa que a acção é manifestamente improcedente. O direito do autor
extingue-se pelo decurso do prazo Improcedência do pedido que é manifesta,que está relacionada com
excepções peremptórias e origina absolvição do réu do pedido.
 As excepções dilatórias originam decisões processuais.

Existe aqui uma relação triangular entre o tribunal,o autor e o réu. A relação processual coincide com a relação
material controvertida.

Como a caducidade é de conhecimento oficioso manifesta a improcedência do pedido do autor –art 333º/1 CC

4ª Aula Prática- Dr.ª Maria José Capelo- 2/04/2014

Continuação Resolução Caso Prático:

2) temos sempre que analisar a modalidade da citação num CP (pessoal ou edital)

O vício que se aplica será o da nulidade da citação –art 191º CPC ( Falta de citação –casos taxativos do art
188º CPC)

Quais as formalidades que têm de ser observadas? Art 227º CPC  no acto da citação há que ser indicado o
prazo da defesa  art 241º al) c CPC –citação edital

Não está em falta nenhum dos requisitos da citação do art 188º CPC mas sim uma nulidade da citação –art
191º CPC.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

O regime desta nulidade está presente no art 191º nº2 CPC,sendo que o citado pode arguir a nulidade da
citação quando intervir pela primeira vez no processo. + art 191º/4 CPC

Segundo o art 196º CPC o tribunal pode conhecer oficiosamente desta nulidade

3) Não é uma revelia absoluta (quando o réu não intervém de qualquer modo no processo) mas sim relativa.

Art 566º a 568º CPC

Primeiro há que ver se é uma excepção,uma revelia inoperante e assim,consultar o art 568º CPC. Pode ser
também operante (opera sobre efeitos normais do art 567º CPC). Estamos no domínio de direitos
indisponíveis,integrando-se esta hipótese na alínea c) do art 568º CPC,não operando os efeitos normais da
revelia,não se considerando confessados os factos alegados. Termina aqui a fase dos articulados e o processo
continua para as fases subsequentes.

Com o novo código apesar da audiência prévia ser tendencialmente obrigatória a lei prevê a sua dispensa em
certas acções-art 592º nº1 al) a CPC.

Caso Prático 2:

A solicitou a condenação de B alegando que é seu credor no montante de 40.000€,dívida emergente de um


contrato de prestação de serviços. Na contestação B alegou que lhe tinha vendido um veículo automóvel pelo preço
de 42.000€ e que este não lhe tinha pago pelo que solicitou a compensação de créditos e a condenação do A no
montante que extravasava a compensação.

Caracterize a contestação e pronuncie-se sobre a admissibilidade da pretensão de B.

Resolução:

Estamos perante uma contestação-reconvenção,um pedido que B formula contra A,um contra-ataque
através de uma pretensão nova. Foi formulada correctamente segundo o art 583º CPC (art 266º CPC). Na alíena c)
do art 266º CPC o legislador optou pelo caminho de que seja qual for o valor do crédito do reconvinte isso origina
sempre um pedido reconvencional e não uma excepção perentória.

Compensação de créditos -Art 847º ss CC

Estamos simultaneamente perante uma compensação de créditos e uma compensação do excedente. A


dedução da compensação pressupõe à alusão de uma nova relação contratual controvertida,um novo contrato.

5ª Aula Prática- Dr.ª Maria José Capelo - 7/04/2014

Resolução do último Caso Prático:

A 40000€ B

42000€
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Se sair um pedido reconvencional no exame  Quais podem ser obstáculos à admissibilidade reconvencional ?

 Reporta-se à competência –art 93º CPC


 Relativos à forma de processo

Quando é que exstem obstáculo porque ambas as pretensões seguem a forma de processo comum:

1) Pedido de A para c/b


2) Pedido de B para C/A

Art 546º CPC

Art 548º CPC  Processo comum

Art 878º ss CPC  Processos especiais

É admissível réplica? Sim porque houve um pedido reconvencional. O prazo é de 30 dias porque aqui a
réplica vai funcionar como se fosse uma contestação. O autor pode então impugnar os factos e pode defender-se –
art 584º e 585º CPC

Caso Prático:

A intentou uma acção contra B,solicitando que este fosse condenado a cumprimir uma obrigação pecuniária
sem prazo certo emergente de um contrato celebrado em 2012. Na contestação, o réu alegou a falta de causa de
pedir uma vez qe o autor não identificou de forma correcta qual era o contrato em causa. Invocou tmabém a
violação de uma claúsula compromissória e a preterição de litisconsórcio necessário passivo.

1) Caracterize a defesa
2) Qual devia ser o conteúdo do despacho do juíz no caso de se verificarem no vício da petição?
3) Admita que o réu alegou que a obrigação ainda não era exigível pois não se tinha vencido,concorda?

Resolução:

1) Vício da petição inicial  alegação da falta da causa de pedir  Ineptidão –art 186º nº1 e nº 2 al. a) CPC.
Gera a nulidade de todo o processo. É um excepção dilatória pqe leva à nulidade de todo o processo –art
577º CPC. O juíz deve proferir uma absolivaçã do réu da instância. Violação de uma claúsula compromissória
– caso de incompetência absoluta do tribunal judicial –art 577º al) b CPC  art 96º CPC

O tribunal não pode conhecer oficiosamente de uma violação de uma preterição de um tribunal arbitral. Tem de
ser invocada pela parte.

Preterição de litisconsórcio necessário –art 33º CPC  excepção dilatória: caso de legitimidade plural –art 577º
al) c CPC – é sanável por uma intervenção principal provocável.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

2) Se o juíz intervier liminarmente por força da lei  o despacho deve ser indeferimento liminar –
determinação do próprio juíz ou por determinação legal
3) Tratando-se de obrigações puras sem prazo definido,a partir da interpelação esta torna-se exigível,através
da citação –art 805º CC; art 564º CPC (não esgota todos os efeitos,principalmente as
substantivas,nomeadamente este efeito relativo às obrigações puras)

6ª Aula Prática –Dr.ª Maria José Capelo -9/04/2014

Intervenção do juíz:

 Liminar (art 590º nº1)–ocorre nas hipóteses do art 226º nº4 ou por determinação do juíz (processo concluso
ao juíz)  Qual deve ser o despacho do juíz se ocorrer uma intervenção liminar e verificar uma ineptidão
processual? despacho de indeferimento liminar
 Ocorrer só na fase de saneamento e condensação  Despacho saneador com solução de absolvição do réu
da instância (despacho saneador).

Caso Prático:

A propôs uma acção de indemnização contra B,director de um jornal afirmando que este tinha publicado um
artigo no qual se relatavam factos que violavam o seu direito à privacidade. Alega que é candidato a um cargo
público e que deste facto adiveram danos. Suponha que na contestação B afirmou que os factos descritos se
limitaram a retratar um episódio da vida pública de um político muito conhecido. Invocou ainda o facto de A ter sido
declarado interdito antes da propositura da causa,assim como a pendência de acção idêntica.

1) Caracterize a defesa do réu

Há a defesa por impugnação (de facto e de direito) e defesa por excepção dilatória (recordar falta de
pressupostos processuais e sua sanação)–art 571º nº2 CPC. Neste caso existe uma defesa por impugnação de direito
visto que estes factos não cobstanciam uma violação do direito de privacidade do autor,estando estes limitados
devido à posição do autor.

O reú defende-se tb por excepção dilatória quando invoca falta de capacidade judiciária do autor –art 577º al) c
 arts 15º CPC. A falta de capacidade judiciária é uma excepção dilatória sanável e se o juíz tivesse conhecimento
desta na fase de saneamento e condensação profereria despacho pré-saneador.

Se o juíz providenciar a sanação da falta de capacidade e tal não for possível até ao despacho pré-saneador pode
“fechar os olhos” à falta de pressuposto processual e profere uma decisão de mérito no despacho pré-saneador –art
278º nº3 CPC

Invocou que estava pendente uma acção idêntica, sendo esta uma expcação dilatória (art 577º al) i CPC) –
litispendência (art 580º e 581º CPC) –acção é idêntica quando são os mesmo sujeitos,causa de pedir e pedidos.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

7ª Aula Prática - 23/04/2014

Audiência Prévia e suas finalidades –art 591º CPC

Art 522º

28/04/2014 – Prática Suplementar

Caso Prático:

A intentou uma acção de reivindicação de um prédio alegando que este lhe foi doado pelos anteriores proprietários
encontrando-se três pessoas a possuí-lo. A ré contestou invocando o faco de a doação ter sido simulada e solicitando
ao tribunal a invocação da nulidade da doação.

1. Caracterize a contestação.
2. Era admissível réplica?
3. Admita que o tribunal considerou que ocorria preterição de litisconsórcio necessário natural,do lado passivo,
do pedido reconvencional. Que despacho devia proferir na fase de saneamento e condensação?
4. Pressuponha que o juiz já tem elementos suficientes para conhecer o mérito da causa na fase de
saneamento e condensação.
a. Deve convocar audiência prévia?
b. Em que despacho vai conhecer do mérito da causa?

Resolução:

1. Pedido reconvencional alicerçado num facto impeditivo do dto de autor (excepção peremptória impeditiva).
Passam a existir duas acções cruzadas –art 571º nº2 –defesa por excepção peremptória  art 576º.
Simulação –facto impeditivo –facto contemporâneo à celebração que impedia a validade do negócio.
Reconvenção –art 266º nº2 al) a CPC

Requisitos relativos à reconvenção:


 Competência absoluta
 Não podem existir obstáculos à forma de processo-art 266/3 – ela só pode existir quando as
tramitações são manifestamente incompatíveis, o que actualmente é muito difícil que
aconteça.
2. Temos que ir ao art 584º CPC e ver quais são as situações em que é admissível a réplica. No nosso caso seria
admissível.
3. Este não está previsto na lei,sendo imposto pela pp natureza da relação jurídica. Seria no despacho pré-
saneador,sendo ela uma excepção de litisconsórcio de conhecimento oficioso: ilegitimidade plural –suprir a
excepção regularizar a instância –provar a invocação dos sujeitos –art 590º/2 al. a).

Esta excepção é sanável –art 6º/2

Excepções dilatórias –art 577º al) e.

Qual é o mecanismo que permitiria sanar esta excepção? Intervenção principal provocada do sujeito ausente
–ar 316º CPC
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

4.
a. Sim,deve –art 591 al. b) parte final. Ele deve convocar as partes e discutir com elas as questões
principais ligadas ao mérito da causa,de forma a evitar surpresas (cooperação)
b. Art 591º nº1 als. c) e d)  remissão para o art 595º al. d) –despacho saneador –CORRIGIR SUMÁRIO

2/05/2014 –Aula Prática Suplementar

Caso Prático:

A celebrou com B um contrato de prestação de serviços nos termos do qual assegura (B,a agência de viagens) se
compromete a organizar um safaria a realizar no Senegal de acordo com um programa de que constavam 5dias de
expedição e mediante garantia do prestador de que no preço pago se incluíam todas as despesas enunciadas.
Durante a viagem porem foi surpreendido pela circunstância da viagem incluir apenas 4dias,sendo que o 5º
implicaria o pagamento de uma quantia suplementar relativamente ao preço a pagar. Inconformado,A intentou uma
acção condenatória contra B sendo que nesta acção B arrolou como testemunha um funcionário seu que tinha
estado presente nas reuniões realizadas entre A e B no período pré-contratual,fase em que se acertaram todos os
pormenores da viagem a realizar e o contrato a celebrar. Durante a inquirição desta testemunha quando ele foi
perguntado se de acordo com o conhecimento que tinha dos factos tinha sido acordado entre as partes que a
viagem ocorreria por um período de 5dias,envolvendo o preço acordado a totalidade de tal período, a testemunha
respondeu afirmativamente.

Em sede de alegações, B invocou a impossibilidade de consideração deste depoimento, atenta a circunstância de


assumir teor desfavorável à parte que havia requerido a produção de prova.

Em que sentido decidiria se fosse o juiz de tanto incumbido?

Resolução:

Estamos aqui no âmbito da produção de prova,mais especificamente de factos alegados pelas partes. Existe
aqui uma barreira entre os factos, e a realidade é superada pela prova.

O autor tinha feito uma alegação de facto: tinha sido combinado que a viagem seria de 5dias e que o preço
acordado envolveria todas as despesas. No entanto, a agência vem dizer que são apenas 4dias e que para o 5 teria
que pagar mais. Admite-se como testemunha um funcionário da agência e segundo o Princípio da aquisição
processual,o seu depoimento é válido.

Prova
A prova destina-se a testar a veracidade das alegações finais e o legislador quer que a prova seja um espelho da
realidade. Com base na prova o juiz vai responder aos factos controvertidos, e depois da prova se assentes
determinados factos, e se tais se provarem verdadeiros, aplicasse a estatuição.

A função da prova é verificar se as alegações são verdadeiras. a alegação sobre os factos pode ser falsa pois nem
sempre os meios de prova transmitem a verdade ao tribunal. Estima-se que seja a melhor base.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Para os factos é necessário ter prova deles. Há certos factos, pela sua evidência, que nunca assumem carácter
duvidoso,não recai sobre eles a dúvida- factos notórios- e não carecem,ptt de prova nem de alegações. O juiz dá os
factos como assentes e tanto podem ser as partes ou o juiz a trazê-las ao processo.

Associado à prova está a instrução – associa-se à informação.  Acumular prova.

Momento essencial de reunião de informação de forma extensa e intensa –sentença final (audição das testemunhas,
dos peritos, inspeção por parte do tribunal)  momento alto da instrução.

Casos excepcionais: produção antecipada da prova- pode ser antecipada e acontecer ainda antes do
processo começar (valor extra-processual da prova). Embora tenha o epicentro na audiência final pode acontecer a
qualquer momento do processo. O legislador chama instrução a todo o processo,pois este não tem que se verificar
obrigatoriamente num único momento (sentença final).

Toda a actividade instrutória pode acontecer em qqr momento do provesso –decorrer ao longo d etodo o processo e
não se circunscreve a uma única fase –art 410º ss CPC

Aspectos gerais da instrução:

 Tratamento especial dos vários meios de prova


 Tratamento geral

A prova é matéria processual,destina-se a verificar quais os factos processuais verdadeiros.

Conjunto das normas probatórias:

 Dto probatório material:


 Normas processuais
 Normas adjectivas
 Dto probatório formal

Princípios processuais que dizem respeito a todo o processo/ a toda a prova:

 Princípio do inquisitório – atribuição de poderes ao juiz ≠ P. do dispositivo –atribuição de poderes às partes


o No domínio da prova: atribuição de poderes probatórios ao juiz. Reconhece-se ao juiz o dever de
produzir/ordenar a produção de prova para a factualidade da matéria controvertida.
o Manifestações do princípio do inquisitório na prova pericial: Arts 411º  436,452,467,490,494,526º
CPC
 Princípio da aquisição processual –art 413º CPC: há produção de prova quando a testemunha
 Princípio do contraditório – na admissão e na produção de prova

Prova constituenda –aquela que é produzida no processo (a constituir)

Prova constituída –quando aparece no processo já vem produzida como por exemplo, a prova documental.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

5/05/2014 – Aula Prática Suplementar

Caso Prático:

A propôs contra B uma acção pedindo a condenação deste a pagar-lhe a quantia de 40.000€. Alegou que
celebrou com o réu um contrato de mútuo, tendo este ficado obrigado a restituir este valor até 20 de Abril de 2014.
Na contestação B invocou o facto de o contrato não ter sido celebrado por escrita pública (art.º 1143º CC).

1. Caracterize a defesa.
2. Na fase de saneamento e condensação o juiz apercebeu-se do facto de o não ter constituído advogado. Que
despacho deve proferir?
3. Pressuponha que após ter apresentado a contestação, B conversou com A e este acordou em lhe perdoar
10.000€ do montante da dívida em falta. O réu quer invocar esse facto nos autos. Qual o expediente
adequado?

Resolução:

1. B invocou um vício de forma. O vício de forma gera a anulabilidade do contrato. O réu pode adoptar uma
defesa por excepção perentória pqe o vício de forma tem q ver com a invalidade substantiva do negócio.
Como se trata de um facto impeditivo é um facto contemporâneo à celebração do negócio, que obsta a que
ele produza os seus efeitos. Origina uma absolvição do réu do pedido. Como se trata de uma excepção
perentória originava a improcedência do pedido – art 571º e 576º CPC (indicar quais as partes dos artigos
que importam nos casos de excepções perentórias).
2. O juiz deve proferir um despacho pré-saneador – art 590º/2 al) c CPC e art 6º/2 CPC. A constituição de
advogado é obrigatória-art 40º CPC. Será sanável a falta de constituição de advogado? Estamos perante uma
excepção dilatória susceptível de ser sanada-art 577º al) h CPC.
3. Art 863º CPC – remissão = perdão da dívida. Trata-se de um facto superveniente, é uma superveniência
objectiva. Este facto aproveita o réu e este deve alegar todos os meios de defesa na contestação, ao abrigo
do princípio da concentração de todos os meios de defesa na contestação – art 573º/2 CPC Art 588º CPC.
A remissão é um facto extintivo (extinção parcial) de superveniência objectiva – art 588º/2 CPC. O réu vai ter
que alegar num novo articulado – art 588º/3 CPC
Art 588º nº3:
Al a) –o réu alega os factos novos –factos supervenientes na audiência prévia quando a mesma se
verifica
Al. b)- na falta de audiência prévia
Al. c)- quando o réu só tenha conhecimento do facto uns dias antes da audiência final.

Caso Prático:

Durante 2010, suscitadas por B sobre a natureza das funções que exerce na empresa A, esta intentou uma
acção solicitando que fosse declarado que o vínculo em causa não tinha natureza laboral. Referiu uma carta enviada
ao réu há algum tempo onde explicava o tipo de prestação de serviços que esperava que este executasse. Em
momento oportuno B,citado editalmente, requereu ao tribunal que fosse utilizado um depoimento de um antigo
gerente da empresa A,entretanto falecido, prestado na qualidade de testemunha numa outra acção em que foi
demandada a empresa A.

1. Deve o requerimento de B ser deferido?


2. Admita que o réu não contestou. quais seriam os efeitos da falta de contestação?
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

3. Na pendência da causa, o tribunal teve conhecimento que a carta deferida na petição cuja a entrega aos
actos tinha sido requerida e deferida pelo tribunal foi destruída pelo réu. Que ilações pode o tribunal tirar
dessa conduta?

Resolução:

1. O valor extraprocessual das provas: art 421º CPC  figura muito importante. Estão excluída provas por
inspeção judicial e prova documental. Segundo a alíena a) deste artigo a prova terá valor num outro
processo e neste casos é um depoimento –prova testemunhal- o gerente já tinha falecido e o seu
depoimento era importantíssimo e se este não pudesse ser aproveitado seria muito difícil fazer prova –
mesmo no que toca à celeridade processual.

A prova por inspeção judicial e a prova documental estão excluídas.

2. Estamos perante uma hipótese de revelia do réu. Quando o réu é citado editalmente, os efeitos de revelia
podem ser diferentes. Trata-se aqui de uma revelia inoperante –art 568º al)b parte final CPC. Antes de
aplicar o regime da revelia o juiz deve averiguar se a citação foi feita com todas as formalidades legais –art
566º CPC. A revelia inoperante não opera os efeitos normais do art 567º CPC (neste artigo apenas se
integram as revelias operantes). O juiz antes de passar à sentença deve potenciar a sanação de excepções
dilatórias. Sendo uma revelia inoperante os factos alegados pelo autor não se consideram confessados e a
acção segue para a fase de saneamento e condensação.

3. Existiu aqui uma violação do dever de cooperação-art 7º/1 CPC. Segundo o Dr. Manuel de andrade há um
incumprimento do dever de cooperação para a descoberta da verdade –art 417º CPC. Os art 429º e 430º
CPC concretizam o dever de cooperação quando está em causa um documento. A sua recusa é apreciada
livremente para efeito probatório –art 417º/2 CPC  art 542º/2 al) c CPC. Em situação limite a falta de
cooperação da parte pode originar uma inversão do ónus da prova –art 344º/2 CC. A carga probatória vai ter
que recair sobre ele em vez de cair sobre o autor. Além de ter uma sanção (multa) para o tribunal, terá que
indemnizar a parte. Se a conduta tornar impossível a prova,terá que indemnizar a parte. Se a conduta tornar
impossível a prover verifica-se a o ónus da prova- se houver inversão do ónus da prova a carga probatória
recai sobre o réu e não sobre o autor.

Revelia operante –art 567º al. a) CPC – os factos alegados pelo autor consideram-se confessados. Há um
encurtamento dos momentos do processo e passa-se para as alegações de direito (sobre a matéria de dto) e depois
profere-se a sentença final, que não tem de ser obrigatoriamente procedente.

Revelia inoperante –art 568º al. b) CPC – os factos não se consideram confessados e a acção prossegue para as
fases subsequentes: saneamento e condensação e depois audiência final. Não operam aqui os efeitos da revelia
operante.

19/05/2014 – Aula prática suplementar

Caso Prático:

F vendeu a A um quadro com a assinatura de um pintor célebre. A intentou uma acção de anulação do contrato de
C/V com fundamento em erro,alegando que desconhecia que se tratava de uma mera réplica. O réu foi ciado por um
mandatário judicial mas este não advertiu das cominações em que incorria que se fosse revel. Na contestação, o réu
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

invocou o decurso do prazo de propositura da causa,a incompetência do tribunal em razão do território e vício da
citação.

1. Caracterize a defesa do réu.


2. Admita que o réu alegou que o tribunal violou princípios que regem a actividade probatória pqe ordenou
oficiosamente uma perícia ao quadro sem que as partes o tivessem requerido sem dar conta às partes do
relatório. Concorda com este entendimento?
3. Admita que A quer prestar depoimento na audiência final apesar de não o ter requerido na petição. Pode
ainda fazê-lo?
4. Após a produção da prova o tribunal ficou ainda com dúvidas sobre a ocorrência do erro,como não pode
abster-se de julgar,em que sentido deve resolver esta dúvida?
5. Admita que na fase de saneamento e condensação o juiz conheceu do decurso do prazo de propositura da
acção de anulação. Que despacho proferiu?

Resolução:

1. Incompetência do tribunal em razão do território – defesa por excepção dilatória – ART.º 576º Nº2 E 577º AL)
A E 571 º Nº2 2 ª PARTE CPC.

Segundo o ART.º 237º E 238º CPC, que nos remete para o ART.º 227º o mandatário judicial tinha que indiciar
os elementos presentes no ART.º 227º. O ART.º 227º Nº2 indica que no acto da citação o citando deve tomar
conhecimento daquilo que é acusado. Existe aqui uma nulidade da citação segundo o ART.º 191º CPC.

2. O juiz ordenou oficiosamente uma perícia e tal é possível ao abrigo do Princípio do inquisitório –ART 411º CPC
(este artigo está inserido sistematicamente na matéria da instrução).

No entanto o juiz não notificou as partes do relatório pericial estando aqui em causa o Princípio do contraditório
(art 3º CPC) , concretizado segundo o Princípio da audiência contraditória (ART 415º Nº2 1ª PARTE CPC) .O ART 485º
Nº 1 CPC refere-se à falta de notificação das partes do relatório pericial.

3. Depoimento de parte –uma parte quer que a parte contrária deponha. Está sujeito ao regime dos demais meios
de prova. Tem que ser requerido nos articulados

Declaração de parte – própria parte propõe-se a prestar declarações. Estes têm um regime especial, podendo
ser requeridos até ao inicio das alegações orais em primeira instância –ART 466º (conciliar sempre com o ART
552º/2,visto que o ART 466º é um desvio a este artigo)

4. O erro na acção de anulação funciona como se fosse a causa de pedir. O erro cobstancia o facto constitutivo do
direito do autor. As regras do ónus da prova ajudam o juiz a decidir sobre se o facto de verificou ou
não,decidindo de acordo com estas (ART.º 342º E SS CC). Se o juiz ficar em dúvida em relação ao erro vai decidir
desfavoravelmente em relação à parte em que se verificam o ónus da prova,sendo estas regras. Isto significa que
as decisões segundo as regras do ónus da prova só se aplicam em casos de dúvida.

5. O juiz deve proferir um despacho saneador segundo o ART.º 595º Nº1 AL) B CPC. O juiz vai conhecer da
caducidade segundo despacho saneador, constituindo esta caducidade uma excepção perentória que absolve o
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

réu no pedido (ART 576º/3 CPC) e existe portanto, um julgamento antecipado da lide, pondo fim à causa. Este
despacho é um despacho saneador de sentença – ART.º 595º Nº3 PARTE FINAL .
*Ao estudar as caducidades ter em atenção as caducidades de conhecimento oficioso e de conhecimento
inoficioso.

Sentença- a audiência final decorre perante um juiz singular e estão presente os seguintes princípios:

 Princípio da continuidade
 Princípio da publicidade
 Principio da última actividade probatória

O juiz que assistir à produção de prova é o que vai proferir a sentença final –art 607º ss CPC

Depois das alegações de facto é que se dá lugar à audiência final –art 607º CPC

A sentença contém:

 O relatório –é a identificação das parte e,sumariamente, o objecto do processo e as questões que se vão
resolver, por forma a evitar a omissão de pronuncia (quando não se pronuncia) ou o excesso de pronuncia
(quando se pronuncia em excesso). O art 6º/5 refere-se à nulidade da sentença (al. d))
 A fundamentação –art 5º/3 CPC com remissão para o art 607º/3 – não está vinculado ao direito invocado
pelas partes sendo que o juiz deve evitar proferir decisões surpresa evitando um enquadramento jurídico
totalmente diferente.
o Fundamentação de facto –art 607º nº 4 e 5
 Identificação da matéria de facto relevante – factos presumidos,factos provados e factos
não provados. O juiz vai selecionar o que é relevante ou não. Irá fazer uma lista de factos
provados e de factos por prova –art 607/4 –balanço de toda a matéria: prova constituenda e
prova pré-constituida.
 Motivação –justificar a sua decisão sobre o mesmo facto quando há 2 depoimentos
totalmente diferentes: terá que justificar porque deu mais importância a um depoimento do
que a outro. Tem também que justificar todos os factos provados –art 607/4 e 608 CPC. O
juiz tem flexibilidade processual de modo a antecipar determinadas fasess –art 608/3 e 609º
remissão para o art 615 CPC.
 A decisão (dispositivo da sentença) – nesta fase o juiz vai absolver ou condenar o réu no pedido e da
instância.

!!!ORAL!!! – Regras do ónus da prova

Vão ajudar o juiz a decidir se o factos se verificaram ou não. Constam do CC e serão favoráveis ou não ao réu ou
autor.

 sobre o autor recai o ónus da prova dos factos impeditivos,modificativos ou extintivos do dto do
autor.
 Regra geral do ónus da prova –art 342º CC-servem para decidr quem vai sofrer o risco,depois de
toda a produção de prova. Se o juiz fica em duvida sobre um erro o juiz vai decidir
desfavoravelmente,vai considerar o facto contrário: a não verificação do erro. Decide
desfavoravelmente sobre quem recai o ónus da prova; a sua prova terá que ser constituída de modo
a não sofrer o risco.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

Art 343º CC – nas acções de simples apreciação negativa. Sobre o réu recai o ónus da prova sobre os factos
constitutivos do dto a que se arroga.

Há determinadas acções que têm de ser mantidas num determinado prazo após o conhecimento do erro. Sobre o
réu recai o ónus da prova.

Art 343º nº2 CC – incumprimento do dever de cooperação.

Art 491º CC – presunção de culpa –era o lesado que tinha que fazer prova, se não houvesse esta norma. Passa a ser
o lesante que tem o ónus da prova.

Reclamar da nulidade da Sentença

 Não tenha a assinatura do juíz.


 Art 615º nº 4 e 5 CPC
 Art 615º nº7 – o próprio juiz pode suprir a nulidade

Se se deixar passar o prazo para a reclamação a decisão transita em julgado –art 628º com remissão para o
art 627º nº2 CPC. Quando uma decisão transita em julgado adquire a força de caso julgado:
 Material- forma-se quando há decisão que se pronuncia sobre o mérito da causa
uma vez transitada em julgado
 Formal –art 620º -relativa a decisões sobre questões processuais. Este só tem força
dentro do processo em que for proferido,daí ser também conhecido como caso
julgado interno.

Recurso  Supremo –Revista

Recursão  Relação -Apelação

23/05/ 2014 – Aula Prática Suplementar

Caso Prático:

Alberto celebrou com Bernardo um contrato de compra e venda da biblioteca de que o primeiro é proprietário.
Convencionaram as partes que o preço seria pago em 3fases. Sendo que Bernardo não procedeu ainda ao
pagamento da 2ª prestação.

Atento a este incumprimento o vendedor propôs a acção declarativa condenatória contra o comprador invocando a
celebração do contrato, o incumprimento da obrigação do pagamento do preço e requerendo a condenação do réu
na realização da obrigação em dívida. Em sede de contestação Bernardo arguiu que depois de celebrado o contrato e
paga a primeira prestação (pagamento que teve lugar no mesmo momento da referida celebração) se apercebeu
que havia sido enganado e de que muitas das espécies bibliográficas que o vendedor tinha assegurado integrarem o
espólio não se encontravam lá. Invocando dolo por parte de Alberto pretende ser absolvido do pedido.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

O tribunal, ouvida a prova apresentada (prova testemunhal) ficou na dúvida relativamente à prática por parte do
vendedor de actos consubstanciadores de dolo. Atenta a tal circunstância qual deverá ser a decisão a proferir em
sede de resposta a esta temática actual.

Resolução:

Art 342º/2 CC –invocação do dto. Se o autor invoca o dto e o réu contraria este é que tem de fazer prova.

O dolo é um facto impeditivo do dto de autor,o ónus da prova fica a cargo do réu. O tribunal dá como não provada a
existência de dolo e consequentemente considera procedente o pedido do autor condenando o réu no pagamento
das prestações.

Matéria de Prova:

Forma de transportar a realidade, a que o tribunal não tem acesso e de forma a que este determine os factos e
aplique o direito a estes.

Meios de prova que podem ser utilizados em Tribunal:

 Prova testemunhal –arts 392º a 396º CC -o facto das testemunhas terem um contacto directo com a
verdade dos factos, pois a presenciaram, houve um contacto muito forte, o que leva a que o tribunal queira
ouvi-los.
 Prova documental – trata-se de um suporte físico que constitui registo da verdade controvertida.
 Prova pericial – art 467º ss CPC-os peritos são convocados dado o seu especial conhecimento com as
testemunhas e o grau técnico de que dispõem. Não se relaciona com a presença directa com os factos. A
prova pericial colegial é feita por 3juizes. Pode ser feita oficiosamente ou a pedido das partes –art 468º CPC.
Em determinados casos pode-se pedir uma segunda perícia-art 487º: art 338º e 389; 495 ss; 500º
(excepções). Cada parte,em princípio pode apresentar até 10testemunhas,salvo se o juiz autorizar-art 511º
CPC
o Contradita –art 521º CPC –a testemunha que esta a depor desfavoravelmente contra uma parte é
descredibilizada por essa mesma parte quanto ao seu depoimento
o Acareação –art 523º e 524º CPC –há duas testemunhas em completa contradição. Pede-se a
acareação,sendo em simultâneo ambas as testemunhas inquiridas,colocando em confronto as duas
partes.
 Prova por inspeção/verificação judiciais –art 494º CPC -o tribunal entra em contacto imediato com a
realidade. O juiz prescinde da mediação e vai directamente ter com a realidade. A inspeção pode decorrer
de um dos dois contextos:
o O tribunal desloca-se ao local do acidente (à realidade) –quando o tribunal manda um funcionário
judicial ao local do crime, sendo que essa delegação de inspecção não tem de ser feita a um perito
ou alguém com conhecimentos técnicos –art 390º e 391 CPC
o A realidade vai a tribunal –inspeção de uma pessoa

 Confissão

 Declarações das partes –apenas numa circunstância as partes podiam ser ouvidas-a título de confissão. O
depoimento das partes só seria válido quando a declaração fosse prejudicial ao declarante. O juiz não fica
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

vinculado ao facto das declarações que o declarante fez contra si próprio,este meio de prova apenas fica o
objecto da sua livre apreciação.
 Presunções judiciais/legais- pode implicar a inversão do ónus da prova- o que a distingue dos outros
meios é a sua fundamentação num facto. A informação já está consolidade. O tribunal não tem de trabalhar
nem comprovar a sua veracidade. O tribunal retira da presunção um facto por ilação tornando este num
facto controvertido.
o Prova por presunção legal – a inferência é feita em concreto pelo juiz de acordo com as regras
básicas.
o Prova por presunção judicial –do facto conhecido, base da presunção, retira-se um facto
desconhecido. Esta inferência é retirada pelo legislador e o juiz limita-se a organiza-la.
 Prova por apresentação das coisas móveis ou imóveis –apresentação de coisas móveis ou imóveis –art 416º
CPC

ReferÊncias normativas dos meios de prova –art 349º CC –noção de presunção.

Art 364º CPC – redução à forma escrita de determinados negócios jurídicos:

 Formalidade ad substancium: a observância da forma é um requisito da validade do negócio jurídico. A única


prova admitida é documental.
 Formalidade ad probacione: a observância da formalidade tem que se verificar para a sua validade. No
entanto, a prova só se pode fazer por confissão.

A livre admissibilidade dos meios de prova é regra geral. No entanto,o legislador por vezes limita os meios de prova:
quando se trata de prova constituenda há lugar à sua produção. Neste momento há vários princípios a observar:

 P. do contraditório
 P. da imediação -art 604º CPC nos termos do qual deve haver contacto directo entre o tribunal e a prova.
Contrato mais imediato possível com a base da resposta.
 P. da continuidade da audiência –para que o juiz forme a sua convicção deve fazer o mínimo de interrupções
possíveis para que as determinações que retire sejam o mais correctas possíveis –art 606º nº2 CPC
 P. da cooperação –as partes e os terceiros têm o dever de cooperar com o tribunal qdo a isso sejam
convocados.
 P. do inquisitório –o juiz se quiser pode inquirir testemunhas que tenham sido escolhidas pelas partes.

Decisão:
Foi requerida a produção de determinados meios de prova e agora cabe ao tribunal decidir e também aqui se
pressupõe a verificação de determinados princípios:

 P. da plenitude de assistência dos juízes –art 605º CPC – é o mesmo juiz que ouve as testemunhas e o que
deita a sentença final.
 P. da livre apreciação da prova –art 607º CPC – quem aprecia a prova deve fazê-lo de acordo com este
princípio mas existem excepções:
o Alguns casos de prova documental –o juiz só pode decidir em caso oposto quando haja documento a
comprová-lo.
o Confissão –há margens de apreciação. É um meio de prova muito circunscrito em que o juiz aprecia
livremente.
o Presunções legais – há presunções em que o juiz não tem o mínimo de livre apreciação: é o caso das
presunções inilidíveis.
Processo Civil II Aulas Práticas 2013/2014

O juiz vai decidir na sentença. Hoje o julgamento da matéria de facto é feita na própria audiência,não tem
autonomia.

O tribunal pode-se deparar com 3 situações distintas:

 O juiz pode concluir que o facto se verificou. Vai decidir de forma positiva
 O juiz pode ficar convencido mas de forma inversa e ficar provado que não se verificou tal facto.
 O juiz pode continuar na dúvida não obstante a produção de prova  dúvida insanável,incontornável e
insuperável se o juiz fica na dúvida quanto à verificação de um facto este não decide. Não foi esta a
solução adoptada entre nós e mesmo que não haja convicção formada o juiz é obrigado a decidir,nem que
seja através da regra do ónus da prova,fazendo recair o ónus,a desvantagem sobre uma das partes:
o Facto constitutivo –é favorável ao autor. Se não se conseguir fazer prova vai-se decidir contra o
autor.
o Facto impeditivo,modificativo ou extintivo.

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