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Ucrânia

Geografia
País da Europa Oriental. Situado no Sudeste da Europa, é o segundo maior país do continente, depois
da Rússia, com uma área de 603 700 km2. Faz fronteira com a Bielorrússia e a Rússia, a norte, com a
Moldávia e a Roménia, a sul, a Hungria, a sudoeste, e a Eslováquia e a Polónia, a oeste, sendo
banhado, a sul, pelos mares Negro e de Azov.
As principais cidades da Ucrânia são Kiev, a capital, com 2 598 000 habitantes (2004), Kharkov (1 420
100 hab.), Dnipropetrovsk (1 009 100 hab.), Odessa (1 012 600 hab.) e Donetsk (969 800 hab.).
A Ucrânia Ocidental é formada pelo fértil planalto da Volínia, enquanto no Norte dominam as bacias
dos rios Dniepre e Donetz, com boas terras agrícolas e pântanos; é aqui que se situa a capital. As
planícies situadas a ocidente de Kirovograd têm um solo negro designado chernozem; as da parte
oriental, embora menos férteis, sustentam muitas comunidades rurais. Estes solos foram em grande
parte contaminados por radioatividade, após o acidente da central nuclear de Chernobyl, em 1986. No
extremo Sul da Ucrânia, situam-se as planícies secas das costas dos mares de Azov e Negro. A Crimeia
é uma das mais afamadas regiões turísticas do país e situa-se mais a sul.

Clima
O clima é temperado continental, com invernos rigorosos.

Economia
Os principais produtos mineiros e energéticos do país são o ferro, o carvão, o manganês, o petróleo e o
gás natural. A produção agrícola inclui trigo, cevada, centeio, milho, beterraba açucareira, semente de
girassol, algodão, batatas e legumes. Na indústria, merecem referência os ramos alimentar, de produtos
metálicos, de construções mecânicas e químico. Os principais parceiros comerciais da Ucrânia são a
Rússia, a Alemanha e a China.
Indicador ambiental: o valor das emissões de dióxido de carbono, per capita (toneladas métricas,
1999), é de 7,5.

População
Esta república da antiga União Soviética tinha, em 2006, 46 710 816 habitantes. As taxas de natalidade
e de mortalidade são, respetivamente, de 8,82%o e 14,39%o. A esperança média de vida é de 69,98
anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,766 e o valor do Índice de
Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,761 (2001). Estima-se que, em 2025, a população
diminua para 43 293 000 habitantes. Etnicamente, a população compõe-se de ucranianos (73%) e
russos (22%), entre outros povos de países vizinhos. Em termos de religião, destaca-se a ortodoxa
ucraniana (do patriarcado russo, do patriarcado de Kiev e autocéfala), com cerca de 60% da população,
a católica ucraniana (7%) e a protestante (4%). A língua oficial é o ucraniano.

História
Diferentes partes da Ucrânia foram ocupadas antes da era de Cristo. No primeiro milénio depois de
Cristo, este território também não escapou às invasões. Godos, Hunos, Búlgaros e Magiares foram
alguns dos povos que invadiram esta região. O povo que mais contribuiu para o seu desenvolvimento,
neste período, foi o ucraniano (Rutenos), eslavos orientais, nos séculos V e VI. A Ucrânia foi o berço
do Estado medieval de Kievan Rus, que emergiu no século IX e teve o seu apogeu nos séculos X e XI,
governado por Vladimir I e pelo seu filho Yaroslav I. Os ucranianos, em conjunto com russos
moscovitas e bielorrussos, tornaram-se líderes da Europa Oriental.
Os séculos XII e XIII viram o declínio de Kiev. O poder de Kievan Rus foi destruído pela invasão
mongol no século XIII, embora o principado de Galicia, no Oeste da Ucrânia, que surgiu em 1200,
tenha continuado a existir até ao século XIV. Em meados do século XIV a Lituânia anexou grande
parte das terras da Ucrânia e o principado da Galicia passou para o reino da Polónia. O Sul do país foi
governado pela Horda de Ouro. Depois da União de Lublin em 1569, a Ucrânia foi transferida da
Lituânia para a Polónia. Em 1596 os ucranianos foram divididos entre católicos e ortodoxos pela união
de Brest-Litovsk. Em 1648 houve uma revolta de escravos fugidos contra a opressão polaca
encabeçada pelos cossacos.
Durante o século XVIII o Império Russo obteve a zona oeste do Dniepre, à exceção da Galicia que
passou a pertencer à Áustria. O movimento nacionalista ucraniano desenvolveu-se no século XIX mas
foi alvo de repressão e de restrições, por parte dos russos, devido ao facto de os nacionalistas
continuarem a usar a língua ucraniana. Durante este século e até aos primeiros anos do século XX,
houve um rápido desenvolvimento económico e urbanístico.
Após a Revolução Russa, em 1918, a Ucrânia proclamou a independência. De seguida as forças
ucranianas e bolcheviques lutaram pelo controlo do país até 1921, altura em que o governo soviético se
consagrou vitorioso. Em 1924 a República Socialista Soviética da Ucrânia passou a fazer parte das
repúblicas da União Soviética. Nos anos trinta o governo soviético empreendeu uma política de rápida
industrialização e coletivização da agricultura na República da Ucrânia. O processo de coletivização
encontrou resistência por parte dos agricultores. As autoridades soviéticas confiscaram cereais e como
resultado o povo passou fome, levando à morte cinco milhões de pessoas. Ainda neste década o regime
soviético passou a controlar totalmente a vida cultural do país e todas as manifestações foram
suprimidas.
O Tratado de Não Agressão germano-soviético (1939) fez com que os territórios que ainda se
encontravam sob o domínio polaco passassem para as mãos da República Soviética da Ucrânia. A
Alemanha nazi atacou a União Soviética em 1941 quebrando assim o tratado, e rapidamente
conquistou a Ucrânia. Inicialmente encontrou algum apoio mas depressa os agricultores ucranianos se
deram conta de que estavam a ser explorados e formaram uma guerrilha de resistência. Depois da
derrota dos alemães em 1945, as terras que tinham feito parte da Polónia, Roménia e Checoslováquia
entre as duas Grandes Guerras passaram a fazer parte da República Socialista da Ucrânia.
Só com o líder soviético Mikhail Gorbachev e a introdução das reformas da glasnost e da perestroika
na política nacional nos anos oitenta, os nacionalistas ucranianos despertaram. O sistema político
ucraniano mudou no início dos anos noventa quando o país obteve a independência, após o colapso da
União Soviética em 1991. Depois de obter autonomia, a legislação do Supremo Soviético foi
convertida num sistema parlamentar democrático, cujos membros são eleitos por quatro anos em
eleições livres e multipartidárias, uma decisão tomada por referendo. A Ucrânia e a Bielorrússia foram
as únicas repúblicas soviéticas a ter voto independente nas Nações Unidas para além do voto da ex-
URSS no seu todo. A partir da independência, no início dos anos noventa, a Ucrânia foi reconhecida
internacionalmente.

Como referenciar este artigo:


Ucrânia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-03-24].

Depois de um brevíssimo período de independência (1917 - 1921), o país foi invadido em 1922 pela Rússia e
anexado para formar a URSS. Nos anos 30, mais de sete milhões de pessoas morreram de fome em decorrência
de uma medida do ditador soviético Josef Stalin, que bloqueou o acesso da Ucrânia à comida em represália à
resistência dos ucranianos em aderir à sua proposta de coletivização agrícola.

Ucranianos prestam homenagem aos mortos nos confrontos que acabaram por derrubar o presidente Viktor
Yanukovych - Bulent Kilic/AFP

Depois, durante a II Guerra Mundial, o país foi invadido por nazistas e palco de muitas batalhas violentas. Em
seu livro Pós-Guerra, Uma História da Europa desde 1945, o historiador Tony Judt explica que ―os
ucranianos, em particular depois de 1941, de tudo fizeram para se beneficiar da ocupação alemã, na busca da
tão esperada independência, e as regiões do leste da Galícia e do oeste da Ucrânia registraram sangrento
conflito civil entre ucranianos e poloneses, tanto sob o patrocínio da guerrilha antinazista quanto da
antissoviética. (...) Ucranianos lutaram ao lado da Wehrmacht, contra a Wehrmacht, contra o Exército
Vermelho e entre si, dependendo do momento e do local‖.
Em 1946, logo após do fim da guerra, o país estava destroçado e, com safras deficientes, passaria por outro
longo período de fome até se recuperar. Durante a Guerra Fria, a Ucrânia era o mais importante dos países
soviéticos depois da própria Rússia e, por isso, era acompanhada atentamente pelos comunistas – dos mais de
10 milhões de pessoas conduzidas para morte nos Gulags siberianos (campos de concentração comunista), mais
de 20% eram ucranianos.

Com o colapso do comunismo em 1991, Leonid Kravchuk — ativo membro da burocracia comunista e ex-
secretário de ‗Questões Ideológicas‘ do partido na Ucrânia – fez uma leitura rápida da situação e, num passe de
mágica, abandonou a foice e o martelo para se transformar no primeiro presidente da Ucrânia independente.

Como todas as empresas eram estatais, o país deu início a um processo de privatização e, assim como aconteceu
em outros ex-membros da URSS, a antiga oligarquia comunista dominante foi beneficiada. Com isso, boa parte
das grandes empresas ucranianas está nas mãos de ex-políticos e empresários ligados a Moscou. Em 2004,
a Kryvorizhstal era uma das maiores usinas de aço do mundo – com 42 mil empregados e lucro bruto anual de
300 milhões de dólares –, e foi posta à venda, tardiamente. Ninguém em Kiev se surpreendeu com a notícia de
que o comprador era Viktor Pinchuk, um dos empresários mais ricos do país e genro do então presidente da
Ucrânia, o também comunista convertido Leonid Kuchma – um títere acusado de corrupção e comandado pelos
russos.

Ucrânia
Revolução Laranja – Em dezembro de 2004, ucranianos foram às ruas para protestar contra as eleições
fraudadas que deram a vitória a Viktor Yanukovich (sim, o mesmo mandatário atual). De origem russa, ele era
o homem de confiança do presidente Kuchma. Os manifestantes queriam que Viktor Yushchenko, um político
reformador e favorável à aproximação com o Ocidente, fosse declarado vitorioso – um episódio de sua
campanha ficou bastante conhecido: o envenenamento por uma substância chamada dioxina, que lhe causou
sérios problemas de saúde e lhe desfigurou o rosto.

Apenas treze anos após a independência, a pesada mão de Moscou ainda se projetava sobre Kiev e os
ucranianos não perdoavam os russos pelas barbáries e arbitrariedades do passado. Também não toleravam a
imposição do idioma russo e, é claro, o desastre de Chernobyl. Em 26 de abril de 1986, um dos reatores da
usina nuclear de Chernobyl explodiu, liberando na atmosfera uma carga radioativa mais de cem vezes superior
à provocada em Hiroshima e Nagasaki, somadas. Além dos trinta operários mortos no local, aproximadamente
30 000 ucranianos viriam a morrer em consequência de problemas causados pela exposição à radiação da usina
russa.

Os ucranianos sustentavam que o serviço secreto russo era responsável pela fraude eleitoral de 2004 e foram às
ruas vestidos de laranja – a cor do partido de Yushchenko. Os protestos forçaram uma recontagem de votos e
Yushchenko venceu. Depois dele, em 2010, Viktor Yanukovch disputou um apertadíssimo segundo turno
com Yulia Tymoshenko (ex-primeira-ministra, a das tranças) e elegeu-se – desta vez sem fraude.

Dias atrás, Yanukovich viajou à China e deixou seu país em crise, numa aparente manobra para esperar
‗abaixar a poeira‘ em Kiev após sua criticada recusa em assinar o acordo com a UE. Sua manobra parece ter
dado resultado, pois o governo, o povo descontente e oposição já estão dialogando. Yanukovich ocupará a
presidência até 2015 e até lá os ucranianos têm de aprender a lidar com a democracia recém-adquirida. E sobre
a atual situação do país, cabe pegar emprestada uma frase da ucraniana mais famosa do Brasil, a escritora
Clarice Lispector: ‗Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar‘.

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