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Biogás: contribuição eco-econômica

Book · March 2017

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1 author:

Iara Dreger
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC)
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Biogás: contribuição eco-econômica
Produção compartilhada ou condominial de biogás para
pequenas propriedades rurais

1
2
Resumo

RESUMO

O presente livro apresenta um Estudo de Caso sobre a microbacia hidrográfica Lajeado


dos Fragosos, situada na região do Alto Rio Uruguai, no Estado de Santa Catarina, no
Sul do Brasil. A produção econômica prevalecente na região é a suinocultura, que
produz 133.500,00 m³/ano de efluentes, armazenadas em esterqueiras abertas e
destinadas à biofertilização de lavouras. Se aplicados nos 440,50 hectares agricultáveis
da microbacia, processam 303,07 m³/ha/a de dejetos, contrapondo-se à Instrução
Normativa Estadual N-11 que estipula 50 m³/ha/a como capacidade máxima de
absorção do solo desses efluentes, também considerados como biofertilizante. Tais
práticas de armazenamento e de destino da biomassa acarretam consequências
ambientais como a emissão de metano, odores, saturação do solo, contaminação de
corpos d’água, com negativas consequências sociais e econômicas. Como solução
ecológico-econômica, o Estudo propõe uma unidade cooperada e centralizada de
biogás, ou usina, com dejetos enriquecidos com vegetais energéticos da lavoura, ou
forrageiras. A produção de biogás é suficiente para suprir 100% da demanda de
energias das propriedades envolvidas e dispõe de capacidade para exportar o excedente
de até três vezes o volume da demanda energética dessa região. Atrelada à eficiência
na produção do biogás, o Estudo identifica a composição ideal de Massa Seca para a
biofermentação. A proposta visa benefícios socioambientais e à geração de renda,
sugere destinos ecologicamente corretos e economicamente eficientes do efluente final
do processo e traça um paralelo entre as tecnologias para a biofermentação adotadas
atualmente no Brasil e na Alemanha. Avalia a relação custo x benefício destas
propostas e prevê a expansão de empreendimentos dessa natureza para a grande região
do Alto Rio Uruguai, sugerindo a criação de um polo de geração de energia renovável.

Palavras-chave: Recursos hídricos. Sustentabilidade. Dejetos suínos. Forrageira.


Biogás. Energias renováveis.

3
Abstract

ABSTRACT

The present book presents a case study about the microdrainage basin Lajeado dos
Fragosos in the High Uruguay River region in Santa Catarina. The prevalent economy
in this region is the swine breeding in confined animal feeding operation, which
produces 133.500,00 m³/a of exceeding biomass, stored in open dunghills and destined
to the bio fertilization of crops. If applied in the 440,50 hectare that are arable in the
sub-drainage basin, 303,07 m³/ha/a of waste are processed, opposing the state
legislation of 50 m³/ha/a. The storage manner and destination of the biomass results in
environmental consequences such as methane emission, scents, soil saturation and
water body contamination with negative consequences, both social and economic. As
an ecological-economic solution, the study proposes a collective and centralized biogas
production unity (factory) with waste enriched by farm (crop) energy vegetables. The
biogas production is enough to provision 100% of the energy demand in properties and
capacity of exporting the exceeding to three times its demand volume. Attached to the
efficiency in biogas production, the ideal dry mass composition for the bio
fermentation is studied. The proposal converges to socio-environmental benefits and
to the income generation. It suggests ecologically right and economically efficient
destinations to the final affluent of the process. It designs a parallel between the bio
fermentation technologies currently adopted in Brazil and Germany. It evaluates the
cost-benefit ratio of these proposals and predicts the enterprises expansion to the great
region of the High Uruguay River in the context of creating a pole of renewable energy
generation.

Keywords: Water resources. Sustainability. Swine manure. Forage. Biogas.


Renewable energy.

4
Lista de Figuras

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Bacias hidrográficas do Brasil ................................................................ 21


Figura 2 Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, com demarcação da região do
Alto Rio Uruguai..................................................................................... 21
Figura 3 Regiões do Alto e Baixo Rio Uruguai no Brasil..................................... 22
Figura 4 Área hidrográfica do rio Uruguai no Estado de Santa Catarina ........... 22
Figura 5 Regiões hidrográficas RH1, RH2, RH3 do rio Uruguai, da esquerda
para a direita do mapa ............................................................................. 23
Figura 6 Região Hidrológica RH3 | Case Lajeado dos Fragosos .......................... 23
Figura 7 Região RH2 do rio Uruguai .................................................................... 25
Figura 8 Aquífero Guarani .................................................................................... 26
Figura 9 Algas e a eutrofização das águas do Lajeado dos Fragoso ..................... 28
Figura 10 Usinas hidrelétricas do Rio Uruguai ....................................................... 28
Figura 11 Áreas de influência das principais atividades consumidoras e
poluidoras de água – à esquerda do mapa a produção intensiva de
suínos e aves............................................................................................ 34
Figura 12 Mapa topológico indicativo da qualidade dos recursos hídricos em
Santa Catarina ......................................................................................... 34
Figura 13 Distribuição de dejetos em área de lavoura em Lajeado dos Fragosos,
2006 ......................................................................................................... 36
Figura 14 Capim-elefante ........................................................................................ 39
Figura 15 Mapa fisiográfico com a localização das propriedades rurais da
microbacia hidrográfica Lajeado dos Fragosos ...................................... 49
Figura 16 Topografia e hidrologia........................................................................... 50
Figura 17 Uso do solo.............................................................................................. 50
Figura 18 Vista panorâmica..................................................................................... 51
Figura 19 A contaminação do solo .......................................................................... 52
Figura 20 Esterqueira desprovida de material construtivo ou de proteção ............. 54
Figura 21 Esterqueira de pedra sem reboco ............................................................ 54
Figura 22 Esterqueira protegida com manta plástica .............................................. 55
Figura 23 Esterqueira de alvenaria .......................................................................... 55
Figura 24 Situação I para a localização da unidade de biogás: áreas adjacentes
do lajeado ................................................................................................ 63
Figura 25 Situação II para a localização da unidade de biogás: áreas adjacentes
do lajeado ................................................................................................ 63
Figura 26 Mapa fisiográfico com as situações I e II para a localização da
unidade de biogás .................................................................................... 64

5
Lista de Tabelas

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Compilação de dados – produção pecuária e solos da microbacia


Lajeados dos Fragosos ............................................................................ 52
Tabela 2 Volume de substrato e produção de biogás segundo cálculo da
empresa brasileira Avesuy ...................................................................... 68
Tabela 3 Volumes de biomassa x produção de biogás segundo cálculo da
Empresa alemã ........................................................................................ 70



6
Lista de Abreviaturas e Siglas

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCS Associação Brasileira dos Criadores de Suínos


ACCS Associação Catarinense de Criadores de Suínos
ACSURS Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul
Aid Setor de informações para a proteção do consumidor,
alimentar e agricultura, Alemanha
Infodienst Verbraucherschutz, Ernährung, Landwirtschaft
e.V.
ANA Agência Nacional das Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social.
CC Ciclo completo da produção de um animal suíno
CELESC Centrais Elétricas de Santa Catarina
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CEPEN Centro de Pesquisas Eco-Naturais
CIRAM Centro de Informações de Recursos Ambientais e
Hidrologia de Santa Catarina da EPAGRI
CH4 Metano
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CO2 Dióxido de Carbono
D Diâmetro
DBO (BSB5) Demanda bioquímica de Oxigênio
EEG Legislação alemão para a comercialização de energias
renováveis
Eletrosul Centrais Elétricas S.A.
EMBRAPA, CNPSA Empresa Brasileira de Pesquisa, Centro Nacional de
Pesquisa sobre Suínos e Aves
EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina S/A
Et al E outros
EURO (€) Moeda dos países membros da União Européia
FAL Instituto de Pesquisa Agrária, Alemanha
Bundesforschungsanstalt für Landwirtschaft
FATMA Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina
FAZ Jornal impresso Frankfurter Allgemeine Zeitung,
Alemanha
FNR Agência para Vegetais Energéticos da Lavoura,
Alemanha
Fachagentur Nachwachsende Rohstoffe e.V.
GTZ (GIZ) Agência de Cooperação Técnica Alemã

7
Lista de Abreviaturas e Siglas
Deutsche Gesellschat fuer Technische Zusammenarbeit
Deutsche Gesellschaft fuer Internationale
Zusammenarbeit GmbH
GWh Giga Watt por hora
H Altura (h)
Input Entrada
Hectare 10.000 m² de área de solo
H2S Ácido Sulfídrico
LBG Liquefied Biogas: biogás liquefeito
Lemnas sp. Macrófitas aquáticas
L-Gas Low Gas: gás com baixo poder de queima
LNG Liqued Natural Gas: gás natural liquefeito
LPG Liquefied Petroleum Gas: gás liquefeito de petróleo
IBERÊ Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública e Cidadania
I.E. Instituto para Energia e Meio Ambiente, Alemanha.
Institut für Energetik und Umwelt
No prelo Em processo de editoração
Kg Quilograma
KW Kilowatt
KWh Kilowatt hora
M Metro
M² Metro quadrado
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA Ministério do Meio Ambiente do Governo Federal do
Brasil
MDL (CDM) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
Clean Development Mechanism
MJ Megajoule
MS (TS) Teor de Matéria Seca ou Massa Seca
Trocken Substanz
MW Megawatt
M3 Metro cúbico
N2 Nitrogênio
NPK Nitrogênio | Fósforo | Potássio
S/d Sem data
OMS Teor Orgânico da Massa Seca
ONU Organização das Nações Unidas
pH Potencial Hidrogeniônico
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A., Empresa
PNMA II Programa Nacional do Meio Ambiente II
PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica
Reais (R$) Moeda brasileira
SO2 Dióxido de Enxofre
8
Lista de Abreviaturas e Siglas
RGE Rio Grande Energia, Empresa
SADIA Empresa Brasileira de Produção de Alimentos
Terminação Fase final de engorda do animal (55 a 115 kg de peso
vivo)
UE (EU) União Européia
Europaeische Union
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UPL Unidade de produção suína (peso por animal vivo entre 6
e 25 kg)


9
10
Prefácio

PREFÁCIO

O conteúdo deste livro é a dissertação de mestrado da autora, cuja pós-graduação foi


realizada na Universidade de Ciências Aplicadas da cidade de Colônia, na Alemanha.
Já a pesquisa de campo foi feita no Brasil, em uma região de pequenos produtores
rurais, no Estado de Santa Catarina, característica da produção suína estadual. Seu
título original é Biogasgewwinung aus Biomassen der Agrarwirtschaft als
Oekologisch-Oekonomische Loesung fuer die Region des Oberen Uruguai Flusses in
Suedbrasilien, o que traduzido significa “A produção de biogás através de substratos
da agropecuária como solução ecológico-econômica para a região do Alto Rio Uruguai
no Sul do Brasil”. A autora concorda com Buainain e Garcia (2012), quando enfatizam
que „a viabilidade econômica dos pequenos estabelecimentos rurais depende de
múltiplos fatores, mas em especial, do papel das inovações, estimuladas pela ampliação
do investimento“. Inovação de arranjo sustetável e econômico em sistema
compartilhado ou condominial de produção de biogás é a proposição desta pesquisa de
2006/2007, somados à avaliação de tecnologias e de eficiência de produção. Por se
tratar de uma análise de caráter estrutural, a autora entende que os dados dessa obra
podem ser considerados atuais (2017), o que justifica a sua publicação no seu contexto
original. É igualmente precursora à homologação da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), de 1° de março de 2016, quando aprimorou a Resolução Normativa
nº 482/2012 que criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica. A atualização
estabeleceu a figura da Geração Compartilhada, possibilitando que diversos
interessados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma micro
(até 75 quilowatts/KW) ou minigeração distribuída (menor ou igual a 5 MW) e utilizem
a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados. Outra
inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de Geração Distribuída
em condomínios (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa
configuração, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em
porcentagens definidas pelos próprios consumidores.

11
Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Prof. Dr.-Ing. Jackson Roehrig Professor do Instituto para Tecnologias e


Gerenciamento Ambiental nos Trópicos e
Subtrópicos da Universidade de Ciências
Aplicadas de Colônia (FH-Koeln), Alemanha
Prof. Dr.-Ing. Christof Wetter Professor do Departamento de Energia,
Construção e Meio Ambiente da Universidade
de Ciências Aplicadas de Muenster (FH-
Muenster), Alemanha
Dr. Paulo Armando de Oliveira Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa.
Centro Nacional de Pesquisa sobre Suínos e
Aves (EMBRAPA/CNPSA), Concórdia/SC,
Brasil
Dra. Adriana Marques Rossetto Professora do Departamento de Arquitetura e
Urbansimo da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Florianópolis/SC, Brasil

12
Sumário

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1.1 PROBLEMA ................................................................................................. 17
1.2 OBJETIVO DO TRABALHO ...................................................................... 18
1.3 HIPÓTESE .................................................................................................... 19
1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................... 19

2 ESTUDO DA REGIÃO DO ALTO RIO URUGUAI .............................. 20


2.1 REGIÃO DO ESTUDO ................................................................................ 20
2.2 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS........................................................ 24
2.3 TOPOGRAFIA ............................................................................................. 24
2.4 VEGETAÇÃO .............................................................................................. 24
2.5 TEMPERATURA ......................................................................................... 25
2.6 PERÍODOS DE SECAS ............................................................................... 25
2.7 AQUÍFERO GUARANI: ARMAZENAMENTO DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA NA REGIÃO DA SERRA GERAL E ENTORNO ........ 26
2.8 ÁGUA E SANEAMENTO ........................................................................... 26
2.9 USINAS HIDRELÉTRICAS ........................................................................ 27
2.10 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO ESTADO DE SANTA
CATARINA .................................................................................................. 29
2.11 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA EM ÁREAS RURAIS DO
ALTO RIO URUGUAI ................................................................................. 29
2.11.1 O consumo de energia na produção de aves ................................................. 30
2.12  LEVANTAMENTO DEMOGRÁFICO E ECONÔMICO NA REGIÃO
RURAL ......................................................................................................... 31

3 A ECONOMIA AGRÍCOLA NA REGIÃO DO ALTO RIO


URUGUAI .................................................................................................... 32
3.1 SUINOCULTURA ........................................................................................ 32
3.2 A POLÍTICA AMBIENTAL PARA O DESTINO DOS DEJETOS
SUÍNOS EM SANTA CATARINA ............................................................. 34
3.3 ADUBO ORGÂNICO A PARTIR DE DEJETOS DE SUÍNOS ................. 35
3.4 RELATO DE EXPERIÊNCIA BRASILEIRA: MÉTODOS
SUSTENTÁVEIS DE TRATAMENTO DE SUBSTRATOS DA
SUINOCULTURA ........................................................................................ 36
3.5 CULTURAS AGRÍCOLAS – VEGETAIS ENERGÉTICOS DA
LAVOURA ................................................................................................... 37
3.5.1 O capim-elefante como vegetal energético ................................................... 38
3.5.2 A cana-de-açúcar ........................................................................................... 40
3.5.3 O sorgo .......................................................................................................... 40

4 ESTRATÉGIA NACIONAL BRASILEIRA PARA A PRODUÇÃO


ENERGÉTICA NO CAMPO..................................................................... 41
13
Sumário
4.1 OFERTA E DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA ................................. 41
4.2 PESQUISA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA NA ÁREA DE
AGROENERGIA .......................................................................................... 41
4.3 AGENDA BIOGÁS DO GOVERNO BRASILEIRO .................................. 42
4.4 PRIORIDADES DE PESQUISA PARA A PRODUÇÃO DE BIOGÁS..... 42

5 GASES DE EFEITO ESTUFA .................................................................. 45


5.1 LICENÇAS DE EMISSÃO DE CO2 E CERTIFICADOS ........................... 45
5.2 CONSTRUÇÃO DE USINAS DE BIOGÁS NO SUL DO BRASIL
APÓS A RESOLUÇÃO DA ONU DO PROTOCOLO DE QUIOTO ........ 47

6 ESTUDO DE CASO.................................................................................... 48


 ESTUDO DA MICROBACIA DO LAJEADO DOS FRAGOSOS............. 48
 DADOS SOBRE A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NA MICROBACIA
HIDROGRÁFICA LAJEADO DOS FRAGOSOS ...................................... 51
6.3 SUMÁRIO DE DADOS DA PRODUÇÃO PECUÁRIA E DO SOLO ...... 52
6.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO AMBIENTAL ................................................. 52
6.5  SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL .......................... 56
 DEJETOS SUÍNOS NA REGIÃO DO ESTUDO DE CASO, SEGUNDO
A EMBRAPA/CNPSA ................................................................................. 56
6.7 QUANTIDADE/VOLUME DE DEJETOS EM LAJEADO DOS
FRAGOSOS .................................................................................................. 56
 CÁLCULO DOS SUBSTRATOS E COSSUBSTRATOS .......................... 56
6.8.1 Cáculo da quantidade/volume de vegetal energético da lavoura a 18% MS
para correspondência a 133.506 t/a de dejetos e 12% MS no biorreator...... 58
6.9 O DIMENSIONAMENTO DO BIORREATOR .......................................... 58
6.9.1 Capim-elefante e dejetos suínos: relação da produção energética e áreas
agricultáveis na microbacia ........................................................................... 59
6.10 POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS DE DEJETOS SUÍNOS E
POR ANIMAL .............................................................................................. 59

7 ANÁLISE E CÁLCULO ............................................................................ 61


7.1 UNIDADE CENTRALIZADA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS: UMA
SOLUÇÃO ECOLÓGICO-ECONÔMICA .................................................. 61
7.2 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO PARA A
CONSTRUÇÃO DE UMA USINA DE BIOGÁS ....................................... 65
7.2.1 Modelos tecnológicos de biorreatores .......................................................... 65
7.3 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO DA USINA DE
BIOGÁS, DE ACORDO COM PROJETO DE EMPRESA BRASILEIRA 67
7.3.1 Dimensionamento da unidade, dos biorreatores e custo segundo sistema
brasileiro ........................................................................................................ 68
7.4 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO DE UM
BIORREATOR, DE ACORDO COM PROJETO DE EMPRESA
ALEMÃ......................................................................................................... 69

14
Sumário
7.4.1 Dimensionamento da unidade, dos biorreatores e do custo segundo
sistema alemão .............................................................................................. 69
7.5 RESUMO SOBRE AS ESTIMATIVAS DE CUSTOS DAS
TECNOLOGIAS ALEMÃ E BRASILEIRA ............................................... 71
7.5.1 Custo da tecnologia alemã ............................................................................ 71
7.5.2 Custo da tecnologia aplicada no Brasil ......................................................... 71
7.6 RESUMO NUMÉRICO SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA EM
LAJEADO DOS FRAGOSOS ...................................................................... 72
7.6.1 Demanda de energia elétrica e gás para combustão ..................................... 72
7.6.2 Consumo residencial de energia elétrica (ee) nas propriedades rurais ......... 73
7.6.3 Consumo de energia elétrica (ee) na produção de aves ................................ 73
7.6.4 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) na produção de aves ...... 73
7.6.5 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) da fábrica de laticínios .. 74
7.6.6 Consumo de lenha no matadouro .................................................................. 74
7.6.7 Relação demanda x produção de biogás através de dejetos suínos .............. 74

8 TRATAMENTO DOS EFLUENTES FINAIS BIODIGERIDOS ......... 76


8.1 ENERGIA TÉRMICA TRANSFORMA EFLUENTES BIODIGERIDOS
EM BIOFERTILIZANTE NA ALEMANHA .............................................. 76
8.2 DESTINAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE
ESGOTO NA ALEMANHA ........................................................................ 76
8.3 TRATAMENTO DE SUBSTRATOS DA SUINOCULTURA E
EFLUENTES BIODIGERIDOS ................................................................... 77
8.3.1 Substratos ...................................................................................................... 78
8.3.2 Produção dos substratos ................................................................................ 78
8.3.3 Coleta dos substratos ..................................................................................... 79
8.3.4 A retenção dos substratos .............................................................................. 79
8.3.5 Tratamento dos substratos ............................................................................. 79
8.3.6 Separação das fases sólida e líquida de efluentes ......................................... 79
8.3.7 Lagoas anaeróbias ......................................................................................... 80
8.3.8 Lagoa facultativa ........................................................................................... 81
8.3.9 Lagoas com plantas aquáticas para a remoção de minerais de efluentes ..... 81
8.3.10 Utilização de substratos biodigeridos ........................................................... 81
8.3.11 Distribuição e aplicação de biofertilizante semisseco .................................. 82
8.4 RELATÓRIO DE EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NO TRATAMENTO
DE ÁGUAS RESIDUAIS EM LAGOAS .................................................... 82

9 PERSPECTIVAS ........................................................................................ 84

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 85

ANEXOS ...................................................................................................... 93


ANEXO 1 – PROJETO E CUSTOS DA TECNOLOGIA APLICADA
NO BRASIL .................................................................................................. 94
ANEXO 2 – PROJETO E CUSTOS DA TECNOLOGIA ALEMÃ............ 97
15
16
Capitulo 1 - Introdução

1 INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMA

A mudança climática global é causada, entre outros, pelo aumento da concentração de


gases de efeito estufa na atmosfera. Um desses gases é o metano, advindo, dentre
outros, da decomposição in natura de dejetos suínos ou substratos da suinocultura.
Na década de 70, do século XX, as produções pecuária e agrícola foram altamente
subsidiadas pelo Governo Federal, no Brasil, o que impulsionou uma nova dinâmica
econômica no país (Cepen, 2006). Em Santa Catarina e mais especificamente na região
hidrográfica do Rio Uruguai ocorreu um significativo desenvolvimento econômico,
baseado na produção pecuária de suínos e na indústria de carne. Desde o início desse
processo, entretanto, são relatados números alarmantes quanto a poluição dos recursos
naturais, os quais apontam o armazenamento inadequado de dejetos para suprir as
exigências ambientais nacionais e estaduais como um dos vilões dessa poluição
(Oliveira, PAV e Mendes, AS, 2003). As legislações referenciais para a proteção
ambiental são a Resolução CONAMA nº 357/2005 que dispõe sobre a a classificação
dos corpos d’água e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes
(CONAMA, 2005) e o Decreto e FATMA nº 14.250/1981 que regulamenta a proteção
e a melhoria da qualidade ambiental (FATMA, 1981).
Uma das possibilidades para contribuir para uma solução ambiental do problema é a
produção de biogás1. A partir da fermentação anaeróbia2 dos substratos3 da
suinocultura faz-se possível a geração de energias renováveis4 do biogás. Estas, por
sua vez, em sendo fontes econômicas, poderão vir a alavancar o custo financeiro do

1
Gás combustível composto por metano, gas carbônico e outros gases, gerado pela fermentação anaeróbica
de matéria orgânica úmida de origem vegetal ou animal (p.ex. esterco, lixo orgânico, forrageiras).
2
Fermentação, biodigestão ou digestão anaeróbia ou anaeróbica é um processo de conversão enzimática de
comporto orgânico pela ação de microorganismos, que se desenvolvem sem a presença de ar e que
permite a degradação de resíduos orgânicos.
3
Biomassas orgânicas.
4
Biogás, eletricidade, energia térmica, biometano.

17
Capitulo 1 - Introdução
tratamento do efluente final5 da unidade de produção de biogás6, ou usina de biogás,
visando o resíduo zero.
Parte do biogás produzido poderá ser destinado, ainda, para suprir a demanda
energética (aquecido, resfrigeração, ventilação e iluminação) da produção pecuária e
agrícola em propriedades rurais local, bem como, da indústria regional agrária e de
alimentos.
O biogás pode substituir fontes convencionais de energia, tais como a madeira, o gás
liquefeito do petróleo ou a própria eletricidade de hidrelétricas. O uso de biorreatores7
em ambientes rurais contribui, também, para a qualidade da saúde humana, evitando a
emissões de odores, a proliferação de moscas e de mosquitos, a contaminação do solo
e das águas.
O efluente final biodigerido, rico em minerais, se em excesso no meio ambiente,
continua sendo um potencial poluidor. Entretanto, se manejado corretamente, pode vir
a ser um adubo orgânico de alto teor nutritivo e substituir o fertilizante químico em
culturas agrícolas e pastagens (Oliveira, PAV, Higarashi, MM e Matei, RM, s/d).

1.2 OBJETIVO DO TRABALHO

O objetivo da pesquisa é contribuir com a redução da poluição ambiental da região


hidrográfica do Alto Rio Uruguai, propondo um arranjo físico para a unidade de
produção de biogás, em larga escala, que permita o controle da entrada da biomassa e
a correta destinação do efluente final do sistema. Em outras palavras, propor o manejo
centralizado dos dejetos suínos para uma boa gestão e controle desses através da
produção de biogás e a geração de energias. Como residual do processo tem-se o
efluente final biodigerido que pode ser aproveitado como biofertilizante8 in natura ou
processado ou, ainda, dependendo do processo de tratamento, como água de reuso ou
água de beber.

5
Subproduto da biodigestão com alta concentração de mineirais como, Nitrogênio, Fósforo e Potássio.
6
Complexo construído para a biodigestão, a produção de biogás e biofertilizante e a geração de energias
elétrica, térmica ou biometano.
7
Biorreator, também denominado de biodigestor, biofermentador, digestor ou fermetador é usualmente um
tanque no qual são cultivados microorganismos para a aplicação da biotecnologia.
8
Adubo orgânico rico em minerais como Nitrogênio, Fósforo e Potássio.

18
Capitulo 1 - Introdução

1.3 HIPÓTESE

A utilização de substratos animais para a geração de energias renováveis do biogás vai


contribuir para a redução da poluição de águas, solo e ar na região. Igualmente, através
da produção de biogás em larga escala, a região poderá vir a ser promovida a polo
econômico nesse setor.
O biogás e seus derivados podem, por sua vez, serem utilizados na própria produção
agrícola, pecuária e alimentíssia, possibilitando o fechamento de um ciclo entre a
produção rural e industrial e o consumo de energia.
Para que uma unidade de biogás com dejetos suínos seja energetica e economicamente
viável, entretanto, faz-se necessário otimizar a produção, adicionando outros substratos
à biodigestão, denominados de cossubstratos. Esses podem ser, por exemplo, vegetais
energéticos da lavoura, ou forrageiras.
Pergunta: Qual o melhor arranjo construtivo, ambientalmente correto e
economicamente interessante para a implantação de unidades de produção de biogás
na região hidrográfica do Alto Rio Uruguai?

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA

O trabalho é baseado em entrevistas realizadas na Alemanha e no Brasil, bem como,


no levantamento de dados científicos e físicos, a campo, no Brasil.
A orientação científicado do Professor Dr. Christof Wetter, na Alemanha, foi
impressindível para o resultado da pesquisa.

19
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

2 ESTUDO DA REGIÃO DO ALTO RIO URUGUAI

2.1 REGIÃO DO ESTUDO

O rio Uruguai banha uma representativa área geográfica dos Estado de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul e deságua no estuário do Rio da Prata, entre os países Argentina
e Uruguai (Figura 1).
A extensão total do rio é de cerca 2.000 km e sua abrangência é de 384.000 km².
Desses, 177.494 km² encontram-se em território brasileiro, dos quais 46.000 km² no
Estado de Santa Catarina (Figura 2).
O rio Uruguai apresenta uma vazão anual média de 3.600 m³/segundo e um volume
anual médio de 114 km² (ANEEL, 2006). Relacionado à geografia e ao relevo, é
dividido, no Brasil, em duas grandes regiões hidrográficas: do Alto e do Baixo Rio
Uruguai (CEPEN, 2006), (Figura 3).
O Estudo de Caso, aqui desenvolvido, concentra-se na Região do Alto Rio Uruguai, a
qual se estende a noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e a sudoeste do Estado de
Santa Catarina (Figura 4). No Estado de Santa Catarina é subdividida em quatro regiões
hidrográficas denomidas RH4, RH3, RH2 e RH1 (Figura 5) - classificação
EPAGRI/Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - de
geologia pedregosa, acidentada e de terras vermelhas (Engemix, 2006).
O objeto de Estudo é a microbacia9 hidrográfica Lajeado dos Fragosos (classificação
Oliveira, P.A., 2006, EMBRAPA/CNPSA), localizada na região hidrográfica
catarinense RH3. O Lajeado dos Fragosos é um afluente do rio Jacutinga que, por sua
vez, é um afluente do rio Uruguai (Figura 6).
Os perfis social, econômico, ambiental e geográfico da microbacia Lajeado dos
Fragosos são típicos das regiões do Meio-Oeste e do Oeste do Estado de Santa
Catarina. Entende-se, desta forma, que as análises e as propostas desenvolvidas para
esta área podem vir a ser replicadas em toda a Região do Alto Rio Uruguai.

9
Microbacia hidrográfica é uma área geográfica delimitada por divisores de água, drenada por um rio ou
córrego, para onde escorre a água da chuva e que alimenta uma sub-bacia e, essa, uma bacia hidrográfica.
20
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

Figura 1 – Bacias hidrográficas do Brasil (Geocities, s/d)

Figura 2 – Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai (iadb, s/d), com demarcação da região do Alto Rio
Uruguai

21
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

Alto Rio Uruguai: cor verde (vales e planalto)


Baixo Rio Uruguai: cor bege (planícies)


Figura 3 – Regiões do Alto e Baixo Rio Uruguai no Brasil (EPE, 2006)

Figura 4 – Área hidrográfica do rio Uruguai no Estado de Santa Catarina (BHSC/EPAGRI, 1997) –
cor verde escuro

22
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

RH3

Figura 5 – Regiões hidrográficas RH1, RH2, RH3 do rio Uruguai, da esquerda para a direita do
mapa (BHSC/EPAGRI, 1997)

Figura 6 – Região Hidrológica RH3 | Case Lajeado dos Fragosos (FATMA/GTZ, 2003)

23
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

2.2 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS

A geologia de superfície da região foi formada principalmente por erupções vulcânicas


que ocorreram a cerca de 119 milhões de anos. Tais erupções produziram a Serra Geral
e territórios vizinhos (Engemix, 2006).
Os rios da bacia hidrográfica são cinuosos e cercados de vales. Devido à sua natureza
inerente, o rio Uruguai apresenta baixa capacidade de armazenamento de águas no solo
e as águas das chuvas escoam muito rapidamente (ANEEL, 2006).

2.3 TOPOGRAFIA

A Região do Alto Rio Uruguai corresponde a uma secção do rio Uruguai, no sul do
Brasil, composta por um sistema hidrológico rico em córregos e rios, acentados em
vales estreitos e emoldurados por encostas escalonadas, com diferenças de níveis de
até 300 metros (Engemix, 2006).

2.4 VEGETAÇÃO

A vegetação predominante na bacia do rio Uruguai foi a Mata Atlântica. Contudo,


como o desmatamento das florestas para a exportação de madeira e os programas de
insentivo ao desenvolvimento econômico do setor pecuário e agrícola, nos anos
sessenta e setenta do século XX, as reservas naturais da Mata Atlântica foram quase
inteiramente desimadas, remanescendo apenas pequenas áreas desta vegetação (Cepen,
2006). Com o advento de novas tecnologias e máquinas agrícolas, entretanto, essa
região geográfica, de condições topográficas desfavoráveis, passou a ser
desinteressante aos agricultores e, como consequência, uma parcela significativa da
floresta pode recuperar-se naturalmente (Engemix, 2006), (Figura 7).

24
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

Figura 7 – Região RH2 do rio Uruguai (AARUA, 2006)

2.5 TEMPERATURA

A temperatura média anual da Zona Agroecológica 2B - Vale do Rio Uruguai


(Classificação EPAGRI) varia de 17,9 a 19,8°C. A temperatura média das máximas
varia de 25,8 a 27,5°C, e das mínimas de 12,9 a 14,0°C (EPAGRI, s/d).

2.6 PERÍODOS DE SECAS

No início desse século ocorreram, excepcionalmente, três longos períodos de estiagem


no oeste de Santa Catarina, que exigiu novos cuidados dos pecuaristas para com a
produção de suínos, aves e gado leiteiro (situação 2007). No caso das aves, criadas em
galinheiros com até 14.000 animais e que consomem até 10 mil litros de água por dia,
houve a necessidade de transporte de águas de longas distâncias até as propriedades
rurais, organizado pela administração pública dos municípios atingidos pela seca.
Silvia Valdez, diretora do programa Iberê, na região hidrográfica RH3, comenta, em
maio de 2006, que um zoneamento sobre a disponibilidade de água na região, para
superar períodos de estiagem, é uma prioridade e uma necessidade, visando uma
produção responsável (ACSURS, s/d).

25
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

2.7 AQUÍFERO GUARANI: ARMAZENAMENTO DE ÁGUA


SUBTERRÂNEA NA REGIÃO DA SERRA GERAL E ENTORNO

Uma representativa área do aquífero Guarany, de dimensões internacionais na América


Latina, está localizada na região da Serra Geral e no oeste do Estado de Santa Catarina
(Figura 8). Devido a sua extensão territorial de águas subterrâneas é considerado um
importante reservatório hidrológico, também presente na região desse Estudo. Trata-
se de águas infiltradas através de rachaduras em rochas e armazenadas dentre essas
(Engemix, 2006).

Figura 8 – Aquífero Guarani (Machado, J.L.F, 2006)

2.8 ÁGUA E SANEAMENTO

Cerca de 3,8 milhões de brasileiros vivem na Região do Alto Rio Uruguai. Das quatro
regiões hidrogáficas de abrangência do rio Uruguai, no Estado de Santa Catarina, a
região do rio Chapecó (RH2) é a mais densamente povoada por seres humanos e
animais.
O abastecimento de água potável para a maioria da população está abaixo da média
nacional de 81,5%. Na área rural, a água chega praticamente exclusivamente de poços.
A rede de saneamento básico alimenta de 6% a 42% as necessidades da população,
26
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
bem abaixo da média nacional de 47,2%. Apenas 6% do total de águas residuais são
tratadas, enquanto a média nacional é de 17,8% (Cepen, 2006).

2.9 USINAS HIDRELÉTRICAS

Ao longo do rio Uruguai foram construídas, em escalonamento, várias usinas


hidrelétricas, incluindo a usina hidrelétrica de Itá (Figura 10) que se localiza na região
hidrográfica RH3 (Figura 5), igualmente berço da microbacia hidrográfica Lajeado dos
Fragosos.
A hidrelétrica de Itá apresenta uma capacidade de geração de eletricidade de 1.450
MW, sendo que a média é de 720 MW. Essa energia é suficiente para cobrir 61% da
demanda de eletricidade em Santa Catarina (Boamar, P.F. de A., 2002).
Entretanto, em períodos de seca, o nível de água do reservatório é capaz de diminuir
consideravelmente, enquanto a demanda por eletricidade cresce, consequente da
climatização de ambientes humanos e animais, evidenciando a necessidade de um
programa de emergência para a geração de eletricidade, por parte do governo federal.
É a partir dessa avaliação que a produção descentralizada e em pequena escala, como
é o caso da geração de eletricidade a partir do biogás, passa a ser relevante e pode vir
a contribuir positivamente para o cenário apresentado.
Além da seca, os rios e reservatórios das hidrelétricas da região sofrem com o
elevado teor de matéria orgânica, consequente dos dejetos suínos dispersos no meio
ambiente, impulsionando à baixa concentração de oxigênio nas águas e a eutrofização
das águas (Figura 9). Igualmente, contribui para a corrosão do concreto armado da
parede dos reservatórios. Com a eutrofização dissipam-se as algas que, além de
impedir a penetração da luz solar na água, são capazes de danificar as turbinas de
hidrelétricas, como ocorre com a hidrelétrica de Itaipu Binacional (Rede Globo,
2006).

27
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

Figura 9 – Algas e a eutrofização das águas do Lajeado dos Fragoso

A Figura 9 apresenta a foz do Lajeado dos Fragosos no rio Jacutinga que, por sua vez,
tem suas águas represadas pelo reservatório da usina hidrelétrica de Itá no Rio Uruguai
(outubro de 2006).
A Figura 10 apresenta a situação dos empreendimentos hidrelétricos na bacia
hidrográfica do rio Uruguai.

Figura 10 – Usinas hidrelétricas do Rio Uruguai (O Eco s/d)

28
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

2.10 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO ESTADO DE SANTA


CATARINA

De acordo com dados preliminares da empresa Centrais Elétricas de Santa Catarina


(CELESC), responsável pela distribuição de energia elétrica no Estado, o consumo de
energia em Santa Catarina, no ano de 2006, foi de 15.537 GW/h. Isso representa um
aumento de 3,9% em relação a ano anterior de 2005, quando o consumo acumulado foi
de 14.955 GW/h.
O consumo de eletricidade no estado é assim dividido: 77,6% são clientes privados,
seguidos pelos consumidores rurais com 10,5%, depois os clientes comerciais com 8%
e, por fim, os clientes da indústria com 3,9%.
A média de consumo de energia por habitante, em 2006, foi de 180 kWh/mês, o que
equivale a um consumo anual de 2.160 kWh/ano. Para os gestores da CELESC, os
dados apontam para um aumento da demanda por energia elétrica, o que poderia
significar uma ameaça ao setor elétrico, a partir do ano de 2009, se nenhum
investimento for feito nesta área (O Momento, 2007).

2.11 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA EM ÁREAS RURAIS DO


ALTO RIO URUGUAI

Dados sobre o consumo de eletricidade na área rural, segundo a Secretaria Regional de


Chapecó/SC do projeto-piloto “Alto Rio Uruguai”, da Eletrosul/2006 (Empresa
Transmissora de Energia Elétrica do Sul do Brasil):
ƒ O valor médio de consumo é de 1.114,93 kWh/mês por unidade de produção
rural;
ƒ O valor da energia elétrica em área rural é subsidiado pela CELESC e
diferenciado por consumo de até 500 kWh/mês ou superior a 501kWh/mês:
− Até 500 kWh/mês o custo é de R$ 0,227410 por kWh ou, no máximo, R$
113,705/mês, o equivalente a 40,60 Euro/mês10;

10
Taxa de câmbio de acordo com o FAZ em 11/2006: 1 R$=0,357 Euros.
29
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai

− Acima de 501 kWh/mês o custo é de R$ 0,269770 por kWh ou, no


mínimo, R$ 135,15477/mês, o que equivale a 48,00 Euro/mês.
Considerado extensivo, o consumo de energia elétrica em área rural tem como vilão,
de acordo com os dados do arquivo do programa PNMA II/2004 (Programa Nacional
de Meio Ambiente) da EMBRAPA/CNPSA, a produção de aves, que demanda
significativo consumo de eletricidade e de calor.

2.11.1 O consumo de energia na produção de aves

Em pequenas propriedades, de dimensões entre 10 a 50 hectares, a avicultura


desempenha um papel proeminente junto da suinocultura. A produção de aves vem
aumentando gradativa e rapidamente. Este crescimento é consequente da tecnificação
de equipamentos para a produção animal, o que significa uma maior dependência do
fornecimento de energia para esses sistemas.
O atual modelo de produção de aves e de aviários, somados às condições climáticas no
sul do Brasil, requerem um consumo significativo de energia: no inverno para aquecer
e, no verão, para refrigerar.
Os sistemas de aquecimento funcionam à base de gás liquefeito de petróleo (GLP) ou
de eletricidade, esse último através de lâmpadas infravermelhas ou lâmpadas
incandescentes.
Até o momento, nenhum tipo de energia renovável está senda usado no setor, podendo
a cogeração11, a partir do biogás, vir a ser uma alternativa economica e ambiental
interessante.
Os aviários têm uma grandeza física padrão de 12 m x 100 m para a produção de 14.000
a 16.000 aves por ciclo.
O consumo médio de energia elétrica de um aviário com 14.000 animais é de 2.169
kWh/mês, segundo Relatório CEMIG/MG (Companhia Energética de Minas Gerais
S.A.), de 2005, não incluso o consumo de energia para a climatização do aviário.

11
Geração de enegia elétrica e térmica através de um único equipamento mecânico.
30
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
Para o aquecimento do ambiente de produção animal, o consumo médio de GLP é de
546 kg por aviário, ou seja, 42 cilíndros de 13 kg a R$ 34,00 a unidade (valor de
mercado em 10/2006), totalizando um custo aproximado de R$ 1.400,00/ano, ou cerca
de 500,00 Euros12.

2.12 LEVANTAMENTO DEMOGRÁFICO E ECONÔMICO NA


REGIÃO RURAL

Em média, 36% da população rural concluí o ensino fundamental, 21% o ensino médio,
19% frequentam universidades e 2% concluiem o ensino superior.
13
A renda familiar é, em média, de R$ 350,00 ou 125,00 € por mês (Eletrosul, Projeto
Rio Alto Uruguai, 2006).

12
Taxa de câmbio a 1,00 EUR = R$ 2,80, FAZ, 12/2006.
13
(EUR 1,00 = R$ 2,80 – FAZ, 12/2006).
31
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai

3 A ECONOMIA AGRÍCOLA NA REGIÃO DO ALTO RIO


URUGUAI

3.1 SUINOCULTURA

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, em especial, de carne


suína (Silva, M., 2004). Se feita uma comparação entre o consumo de tipo de carnes
pela sociedade humana, a carne suína é a mais consumida no planeta. De acordo com
o Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, o consumo de carne suína equivale a
44% do consumo de carne internacional, enquanto 29% são de carne de bovino e 23%
de carne de aves. No Brasil, a demanda por carne é distribuida segundos as seguintes
proporções: 52% para o consumo de carne bovina, 34% de carne de aves e 15% de
carne de suínos. Aumentar o consumo de carne suína no Brasil é o principal objetivo
da Associação de Suínocultores (ComCiência, 2004).
De acordo com Berenice Martins da Silva da FATMA (Fundação do Meio Ambiente),
em outubro de 2006, o aumento do consumo de carne tende a forçar os produtores a
aumentarem seus rebanhos.
Em 2004, a produção suína no Brasil foi de 34 milhões de animais, desses, 34,21%
produzidos no sul do Brasil e 45% manufaturados no Estado de Santa Catarina
(ComCiência, 2004). A busca por novos mercados é o foco da indústria da carne e a
exportação de carne suína tem aumentado gradativamente, nos últimos anos. De acordo
com pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves da EMBRAPA,
o volume de exportações é exponencial e cresceu entre 1999 e 2002 cresceu 7%, em
2003 aumentou para 12% e, em 2004, para 19%. A pecuária, juntamente com a
indústria da carne, é o segundo setor da economia de Santa Catarina (Figura 11). A
indústria da carne emprega cerca de 74.000 pessoas e tem vendas anuais de 2,9 bilhões
de reais. No oeste de Santa Catarina encontra-se 70% da produção animal e 90% da
indústria da carne suína do Estado.
A forma da produção suína no Estado é causadora de significativa poluição do ar, das
águas e do solo (Pereira, ER, s/d) (Figura 12) e a maioria das pequenas e médias

32
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
propriedades de produção agropecuária encontra-se acentadas na bacia hidrográfica do
rio Uruguai (ACCS, 2004).
Trata-se de uma estrutura de produção e de economia familiar, distinta da estrutura
econômica do país que, por sua vez, promove e fortalece o crescimento econômico da
região. De acordo com Herbert Hepp, diretor do Programa de Meio Ambiente 3S para
produção de biogás da empresa Sadia de Alimentos (2006), no sul do Brasil cada
agricultor produz cerca de 500 animais por período de crescimento, sendo que essas
operações são administradas principalmente por homens. As mulheres trabalham, em
sua maioria, na criação de vacas leiteiras e no processamento de leite, que serve como
uma fonte adicional de renda. Apenas 15% das propriedades suinícolas têm um sistema
de reciclagem para os dejetos excedentes da produção animal. Acontece desses
substratos serem direcionadas para o sistema hídrico ou, ainda, serem utilizados em
larga escala, e em grandes quantidades, como biofertilizante (Cepen, 2006).
Segundo normatização da EMBRAPA e da EPAGRI, o número de animais deveria
condizer, e não exceder, a equação entre o volume de dejetos produzido e o percetual
de biofertilizante possível de ser assimilado pelas áreas agrárias da propriedade,
evitando, assim, a supersaturação de solos com os sais minerais contidos
nessesefluentes, dentre eles o Nitrogênio. Considerando que a tendência é o aumento
do cartel de animais, nos próximos anos, e que este é conflitante com as pequenas áreas
agrícultáveis das propriedades, Berenice da Silva Martins sugeriu, em entrevista em
10/2006, que o Estado invista em novos métodos de reciclagem para os dejetos.
Já o professor Dr. Belli Filho, do Departamento da Engenharia Sanitária e Ambiental
da Universidade Federal de Santa Catarina, está implantação unidades de produção de
biogás, no sul do Brasil, visando à proteção dos recursos hídricos. Suas pesquisas
visionam a Lei 9.433 sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos. São sistemas que
servem à Pesquisa e utilizam-se de tecnologia simplificada com biorreatores sem
aquecimento e sem agitação controlada.

33
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai

Figura 11 – Áreas de influência das principais atividades consumidoras e poluidoras de água – à


esquerda do mapa a produção intensiva de suínos e aves (EPAGRI - BHSC, 1997)

Figura 12 –Mapa topológico indicativo da qualidade dos recursos hídricos em Santa Catarina
(EPAGRI - BHSC, 1997)

3.2 A POLÍTICA AMBIENTAL PARA O DESTINO DOS DEJETOS


SUÍNOS EM SANTA CATARINA

Em abril de 2002, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Projeto Criação de Suínos


em Santa Catarina, que resultou em um modelo ecologicamente correto para a
produção agropecuária, segundo Paulo Armando de Oliveira da EMBRAPA/CNPSA.

34
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
Ainda, segundo Armando, a meta, a partir dos resultados desse projeto, é uma
reestruturação radical do atual sistema de produção de suínos. Tanto o sistema de
produção e de funcionamento quanto o de tratamento e de eliminação de dejetos devem
ser alterados. O projeto é a base para o controle da poluição e tem sua aplicação através
do Programa Nacional de Meio Ambiente (PNMA II) e a Gestão Integrada de Ativos
Ambientais.

3.3 ADUBO ORGÂNICO A PARTIR DE DEJETOS DE SUÍNOS

O uso de dejetos da produção suína como biofertilizante para o solo agrícola é a forma
mais comum de reciclagem dessa biomassa (Figura 13). O pesquisador da EPAGRI,
Eloy Scherer, em sua tese de doutorado na Alemanha, dissertou sobre o transporte dos
dejetos como biofertilizante para a aplicação em lavouras e, sobre a viabilidade
econômica do procedimento. Se transportado de A para B, a viabilidade economica
dos dejetos, como biofertilizante, está diretamente relacionada ao percentual de Massa
Seca14 (MS) desses. Em considerando que este percentual atinge no máximo 3% na
região do Estudo de Caso, a distância máxima para o transporte desse substrato é de 30
km. No entanto, se o teor de Massa Seca aumentasse de 3 para 6%, a distância para o
transporte poderia aumentar de 30 para 84 km (Scherer, EE, 2004).

14
Percentual de massa orgânica remanescente em uma biomassa, depois de extraída a água.
35
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai

Figura 13 – Distribuição de dejetos em área de lavoura em Lajeado dos Fragosos, 2006

3.4 RELATO DE EXPERIÊNCIA BRASILEIRA: MÉTODOS


SUSTENTÁVEIS DE TRATAMENTO DE SUBSTRATOS DA
SUINOCULTURA

O município de Toledo, no sudoeste do estado do Paraná, foi palco para a implantação


de um sistema inovador no Brasil, no início desse milênio: a criação do primeiro
sistema biodinâmico para o tratamento dejetos da suinocultura. Trata-se de um sistema
em que a totalidade dos efluentes do ciclo produtivo são convertidos em novas fontes
de energia, que podem vir a ser o biogás, ou alimento para peixes ou biofertilizante
para plantas, visando a elinação da poluição ambiental nesta região. O sistema de
conversão dos efluentes em fonte energética vem de encontro à sustentabilidade das
atividades de suinocultura e favorece o tratamento e destino adequado dos dejetos.
O Estado do Paraná possui uma população aproximada de 4 milhões suínos (2006),
uma das maiores do país, com representativos efeitos multiplicadores de emprego e
renda.
Para a produção de biogás, os dejetos são decompostos por digestão anaeróbica em
biorreatores de complexidade simples, sem aquecimento nem agitação. Estima-se a
redução até 60% das substâncias nocivas contidas nos dejetos (AmbienteBrasil). O
biogás produzido poderá vir a substituir o gás combustível fóssil, responsável pelo

36
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
fornecimento de energia térmica (calor) nos aviários, além de outras aplicações. O
resíduo semisseco do biorreator, rico em nutrientes, especialmente o Fósforo, deverá
vir a ser convertido em adubo orgânico seco. Já o resíduo líquido deverá vir a ser
armazenado em tanques para o cultivar de algas, visando a remoção de sais minerais
desse efluente e a devolução da água à natureza ou, preferencialmente, para o cultivo
de produtos hortícolas e pomares.
O sistema biodinâmico será monitorado para avaliar a produção de biogás, a qualidade
do biofertilizante e seus nutrientes para a produção de peixes e cultivo de culturas.
Pretende-se, com a implantação do programa, favorecer a criação de novos empregos
e a aceleração da economia regional. Espera-se que dentro de um curto espaço de
tempo uma grande parte dos 30 mil produtores de suínos na região seja capaz de criar
sistemas biológicos biodinâmicos em suas propriedades (Perdomo, CC, et al, s/d).

3.5 CULTURAS AGRÍCOLAS – VEGETAIS ENERGÉTICOS DA


LAVOURA

Para a produção de biogás a partir de dejetos faz-se necessário a otimização do processo


de biodigestão, com base na da tecnologia alemã atual, visando aumentar o teor de
Massa Seca (MS) no biorreator, através da adição de cossubstratos ou biomassa da
agricultura (Wetter, C., 2007).
Com base nesta concideração, faz parte deste Estudo de Caso o levantamento de
possíveis vegetais energéticos da lavoura regional, visando a adição desse(s) na
biodigestão dos dejetos. As principais culturas de inverno são o centeio, a aveia, o trigo
e a cevada; as culturas de verão são o feijão, a soja, o arroz e o milho.
Na Alemanha, o vegetal comumente usado como cossubstrato para a biodigestão
composto (ou codigestão) é o pé de milho, incluso a espiga verde, em forma de
silagem15.
A cultura agrícola do milho, na Região do Alto Rio Uruguai, tem um rendimento de
2.700 kg/ha (Alves, AC, 2006), considerado baixo. A baixa produção agrícola por

15
É um método de conservação de forragem vegetal, a qual é cortada em pequenos fragmentos e
armazenadas em silos verticais, trincheiras ou compactados em fardos, revestidos por um filme de
plástico hermético.
37
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
hectare não consegue atender às necessidades excenciais imediatas de alimentação
animal na região, fator este que pode vir a provocar uma resistencia social para novas
possibilidades de uso da cultura do milho. Outros fatores desfavoráveis à utilização
desse vegetal para a produção de bioenergia remontam às estiagens de verão e a
incorreta ou insuficiente fertilização dos solos.
O cultivo do feijão preto é uma das principais fontes de renda para os produtores da
agricultura familiar. Entretanto, são várias as dificuldades encontradas no manejo desta
cultura agrícola como, a insuficiência de fertilizantes (em consequencia de altos custos
dos insumos), a baixa qualidade das sementes ou, ainda, as condições climáticas
adversas como, estações do ano antecipadas ou atrazadas, estiagens recorrentes e
períodos de chuvas intensas.
Já a soja e o trigo são cultivados principalmente em solo fértil, sobre áreas planas ou
ligeiramente ondulada, já que são cultura mecanizadas. Esse tipo de topografia acorre
em terrenos com cotas de níveis mais altas, distantes dos rios. Cada vez menos,
entretanto, é investido nessas culturas devido aos altos custos dos investimentos
necessarios à fertilização do solo, que exige grandes quantidades de adubo. Como
consequencia ocorre a substituição da agricultura de grãos pela pecuária pastoril e a
recomposição da vegetação nativa (Engemix, 2006) que, somadas ao plantio de
forrageiras poderiam propiciara a conteção de erosão de solos, a alimantação de
animais e de unidades de produção de biogás.

3.5.1 O capim-elefante como vegetal energético

O capim-elefante adotado para este Estudo de Caso é o Pennisetum purpureum,


Schumach, bastante familiar dos produtores rurais da Região Sul. Características
fundamentais desse vegetal dizem respeito às exigências insignificantes quanto à
qualidade do solo e à irrigação (Figura 14).
Como fornecedor de biomassa, o capim-elefante é especialmente interessante por sua
produtividade por hectare/ano, muito além da produtividade de cereais ou outras
plantas energéticas. É avaliado como uma cultura permanente, como uma vida útil
entre 15 a 20 anos (EPAGRI, 2006), (Elefantegras, s/d).

38
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
Considerando que, quanto maior o volume de biomassa colhido por hectare mais
eficiente é a produção, tem-se aqui um excelente vegetal à produção de Massa Verde
(MV). Ademais, em tempos de altos preços dos combustíveis fósseis, vem sendo
discutido se a energia deveria ser produzida a partir de grãos e/ou de vegetais
energéticos da lavoura, podendo vir a ser a folhagem do capim-elefante um desses
vegetais energéticos, assim como os talos desse vegetal podem vir a ser transformados
em carvão vegetal.
Hugo Gosmann, engenheiro da Empresa de Pesquisa EPAGRI cita, em entrevista em
10/2006, que o capim-elefante é um vegetal perene de crescimento continuado.
O hectare com capim-elefante pode ser colhido até quatro vezes ao ano e produz cerca
de 200 toneladas de massa verde/ano, com 18% a 42% de Massa Seca. (CARVALHO,
M. M., et al., 1994; CASTILHOS, Z.M.S., 1987).
Apresenta-se como uma alternativa de cossubstrato para a biodigetão com dejetos
suínos na região e vem, assim, substituir a silagem de milho usada na Alemanha.

Figura 14 – Capim-elefante (Urquiaga, S., Alves, B., Boddey, R., s/d)

Se usado na produção de energia renovável, o capim-elefante poderá vir a ser um


produto de valor agregado à agropecuária regional. Poderá vir a contribuir para a
expansão do negócio agrícola e à criação de novos postos de trabalho.

39
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai

3.5.2 A cana-de-açúcar

Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum, Saccharum spp) tem um alto teor energético


e cerca de 26% de Massa Seca (MS). Utilizada como alimento para o gado, pode ser
igualmente manufaturada em açúcar, ethanol e cachaça, ou ainda, como silagem para
a biodigestão. No entanto, é um vegetal que sofre com as temperaturas do inverno
subtropical na região do Estudo de Caso, quando suas folhas são "queimadas”, devido
ao frio.
Dependendo das condições de produção, a produção anual pode variar entre 50 e 100
toneladas por hectare/ano. A média, no Brasil, é de 60 toneladas por hectare/ano,
inferior à média do estado de São Paulo, de 74 toneladas por hectare/ano. A cana pode
ser colhida a cada 12 meses e um campo de cana-de-açúcar pode ser colhido até oito
vezes. O teor de açúcar varia entre 9 e 12% por tonelada, capaz de produzir cerca de
70 litros de álcool/ethanol (Geocities, s/d) ou, ainda, por hectare são produzidos 6.000
litros de álcool ethanol (Crispim e Vieira, s/d).

3.5.3 O sorgo

Conhecido como sorgo (Sorghum bicolor, da família Poaceae), é o vegetal mais


importante da família das gramíneas, rico em açúcares e em Matéria Seca (MS),
possível de ser cultivado durante o ano todo (Globo Rural, s/d). Neste Estudo de Caso
será reservada a alternativa de uso do sorgo para eventualmente substituir o capim-
elefante para a produção de biogás, em biorreatores.
O sorgo assemelha-se, em suas propriedades, ao milho. Diferencia-se, excencialmente,
na forma física da floração, que ocorre no topo da planta e em ramas. As sementes (ou
grãos) são redondas ou ovais e podem ter as cores amarelo, branco ou vermelho. O
sorgo contém cerca de 28% de Matéria Seca (MS).
Em condições de clima ameno e quente, com solo fértil e água abundante durante o
ciclo de crescimento da planta, todas as quatro variedades são prósperas e lucrativas.
Seu ciclo de crescimento, do plantio à colheita, é de 100 a 120 dias. Quando maduros
os grãos têm um teor de 20 a 25% de humidade ou 75 a 80% de MS.

40
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo

4 ESTRATÉGIA NACIONAL BRASILEIRA PARA A


PRODUÇÃO ENERGÉTICA NO CAMPO

O Plano Nacional de Energia Agrícola (MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento, 2006) tem seu foco no apoio à pesquisa e à transferência de tecnologia
para a geração de energia renovável.
Já o objetivo desse Plano relacionado ao setor agrícola é o desenvolvimento de
conhecimentos e de tecnologias que contribuam para a produção sustentável de energia
renovável, visando reforçar a competitividade do Brasil no setor. De acordo com as
diretrizes do programa de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), baseado no
Protocolo de Kyoto e que vigorou de 1997/2005, a conversão de substratos
provenientes da agricultura, no Brasil, deve ser sustentável, incluso a produção de
etanol, biodiesel, biomassa florestal e biogás (agro Energia, s/d).
Segundo Gerald Marunde, engenheiro de negócios da empresa alemã Aufwind
(08/2006), a legislação para a promoção da energia renovável no Brasil é uma
ferramenta imprescindível, sem a qual é impossivel avançar neste setor.

4.1 OFERTA E DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA

Nas próximas décadas a produção agrícola mundial será compartilhada com três
segmentos: alimentar, biomassa, vegetal energético e uma possível combinação dos
três segmentos. A biomassa vai ser a matéria prima base para a geração de energia
renovável. Os especialistas prevêem que a partir de 2050, a produção agrícola de
energia renovável será a maior indústria mundial, já que os combustíveis fósseis, como
petróleo, gasolina e gás, estão se esgotando.

4.2 PESQUISA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA NA ÁREA


DE AGROENERGIA

Visando o desenvolvimento de pesquisa e a transferência de tecnologia em


agroenergia, o governo brasileiro elaborou uma Agenda com o objetivo de estimular a
concorrência no agronegócio. Nesse contexto foram definidas, também, as diretrizes
para a produção de biogás, parte integrante da Agenda (Ritter, D. 2006).

41
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo

4.3 AGENDA BIOGÁS DO GOVERNO BRASILEIRO

Os módulos de pesquisa para a produção de biogás são:


a) Desenvolvimento de estudos e modelos de biorreatores;
b) Resultados para os sistemas de produção de biogás;
c) Aplicação e avaliação de biofertilizantes como fertilizantes orgânicos;
d) Desenvolvimento de equipamentos para a utilização de fontes de calor (energia
térmica) a partir da produção de biogás;
e) Desenvolvimento de equipamentos para o transporte e distribuição de
fertilizantes orgânicos;
f) Desenvolvimento de dispositivos para a geração de energia elétrica a partir do
combustível biogás;
g) Desenvolvimento de sistemas para a compressão e armazenagem de biogás;
h) O desenvolvimento de processos para a purificação de biogás.

4.4 PRIORIDADES DE PESQUISA PARA A PRODUÇÃO DE


BIOGÁS

a) Desenvolvimento de tecnologia para a recuperação de energia a partir de


resíduos da produção agrícola, pecuária, agroindústria e da silvicultura;
b) Desenvolvimento de tecnologias para a recuperação de material orgânico
excedente da produção agrícola e pecuária, que apresentam risco para a higiene
e a saúde;
c) O desenvolvimento de tecnologias para a recuperação de resíduos orgânicos,
assim como, para melhorar e ajustar a acidez de solos e de biofertilizantes;
d) Subvenções à agroenergia e à comercialização do carbono;
e) Utilização do lodo residual de estações de tratamento urbanas para a geração
de energia.
Após definidas as prioridades de investigações para o biogás, mais pesquisas devem
ser desenvolvidas.
Outras pesquisas no contexto da produção de biogás são:
a) Decomposição anaeróbia da biomassa em diferentes modelos de biorreatores;
42
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo
b) Desenvolvimento de novos biorreatores com isolamento térmico, a agitação e o
aquecimento da biomassa, a fim de aumentar a produção de biogás e a melhorar
a remoção das substâncias orgânicas;
c) A utilização de biorreatores para o tratamento de substratos excedentes da
produção de suínos e de aves, visando eliminar riscos de contaminação
ambiental e humana;
d) Tratamento de substratos biodigeridos;
e) Avaliação das propriedades quantitativas e qualitativas do biogás relacionadas
às flutuações climáticas e aos sistemas de produção animal;
f) Avaliação e desenvolvimento de modelos matemáticos para a produção de
biogás;
g) Avaliações sobre a aplicação de adubo orgânico em sistemas de cultivo de
cereais e pastagens visando substituir os fertilizantes químicos pelos
biofertilizantes;
h) Avaliação dos riscos ambientais em sistemas de águas superficiais e
subterrâneas pelo uso intensivo de fertilizantes orgânicos no cultivo de cereais
e pastagens;
i) Desenvolvimento de dispositivos para uso do biogás como uma fonte de calor
para o sistema de aquecimento de aviários e chiqueirões, de modo a substituir
as atuais fontes energéticas para esse fim: o gás liquefeito do petróleo (GLP) e
a madeira;
j) O desenvolvimento de equipamentos para a secagem de grãos alimentados pelo
biocombustível biogás;
k) Desenvolvimento de dispositivos para a compressão e transporte do biogás sob
baixa pressão;
l) Desenvolvimento de máquinas, motores e/ou equipamentos para o transporte e
distribuição de fertilizantes orgânicos movidos a biogás;
m) Desenvolvimento e adaptação de motores e geradores para geração de energia
com o biogás;

43
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo
n) Desenvolvimento de geradores de energia utilizando membranas de interação
iônica para o biogás;
o) O desenvolvimento de sistemas de armazenamento de biogás sob baixa pressão
para utilização em instalações de produção animal;
p) O desenvolvimento de sistemas de tratamento e de purificação do biogás, com
o objetivo de reduzir a humidade e a corrosão provocada por gases adicionais,
bem como, aumentar o teor de metano e a sua capacidade calorífica do biogás
(biodieselbr, s/d).

44
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ
16
5 GASES DE EFEITO ESTUFA

5.1 LICENÇAS DE EMISSÃO DE CO2 E CERTIFICADOS

O programa internacional de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ou Clean


Development Mechanism (CDM) de proteção climática e apoio ao desenvolvimento
sustentável, que tem sua âncora no Protocolo de Quioto17, tem como objetivo
incentivar a redução de emissões de gases de efeito estufa no planeta, exigindo que
países industrializados invistam em programas de proteção ambiental e climática para
além de suas fronteiras geográficas (Grzybowski, N., s/d), através de projetos de
compensação de carbono, em países em desenvolvimento (Negócios, 2006) e
(Notícias, s/n).
Esse acordo, assinado em 1997, prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa
com base nas emissões de 1990, visando a diminuição média dessas, a partir de 2008
e até 2012, em até 5,2%.
As agências internacionais de proteção ambiental fornecem certificados da captura de
CO2/toneladas dessas unidades construídas em países em desenvolvimento à indústria
internacional de países desenvolvidos, a fim de garantir uma redução da dispersão dos
gases na atmosfera.
Segundo a pesquisadora de Meio Ambiente da Embrapa, Magda Aparecida Lima,
2006, o programa MDL visa compensar o direito de emissão de CO2 de países
industrializados através da redução das emissões de gases em países em
desenvolvimento. Essa redução de gases pode ser advinda de investimentos em
tecnologias limpas, em economia no consumo de energia, em reflorestamentos e em
fontes alternativas de energia. O programa CDM não deve ser apenas um instrumento
de negociação em que o poluidor paga, mas sim, deve ter um impacto positivo sobre a

16
São substâncias gasosas que contribuem para a levação de temperatura ambiental na superfície terrestre e
existem em estado natural. Entretanto, o teor desses gases tem aumentado largamente, atribuído às
atividades humanas.
17
Constitui um tratado da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Criado em 1997,
definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança
atual do clima. O Protocolo de Quito regulamenta os seguintes gases como gases de efeito estufa: dióxido
de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nítrico (N2O) hidrofluorcarbonos (H-FKW/HFCs), hexafluoreto
de enxofre (SF6).
45
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ
situação social e econômica do Brasil, através da promoção de transferência de
tecnologia e da contribuição para o desenvolvimento sustentável.
A matriz energética do Brasil, baseada na geração de eletricidade via hidrelétricas, com
turbinas a água, é considerada sustentável. Ainda assim, o país tem outras várias opções
para a geração de eletricidade através de fontes alternativas de energia, como o biogás
de aterros sanitários e de biomassas orgânicas da pecuária, da indústria de alimentos,
do residual da produção de etanol e do biodiesel, de carcaças de animais, da indústria
de alimentos e da agricultura, ou ainda, a geração com turbinas a vapor pela queima da
casca de arroz, do bagaço seco de cana-de-açúcar, entre outros. Segundo estimativas
do Centro Nacional de Biomassas, das 267.000 toneladas da produção nacional de cana
de açúcar podem ser gerados hoje cerca de 3.8 MW (megawatts) de eletricidade via
combustão (Negócios, 2006).
Há, também, quem defenda o reflorestamento de florestas para a queima em altos
fornos da indústria metalúrgica que, de acordo com um relatório de televisão da Rede
Globo, em novembro de 2006, vêm sendo alimentados com madeira da região do
Pantanal brasileiro.
Segundo o pesquisador da Embrapa, professor De-Polli, o uso de substratos da
suinocultura para a redução de CO2 e CH4 através da produção de biogás e a geração
de eletricidade é mais um campo de interesse do programa CDM. A suinocultura
brasileira, que ocupa uma posição de liderança nos rankings internacionais de
produção de carne, tem um potencial médio de produção de 0,1064 m³ de biogás/kg ou
106,4 m3 de biogás/t de substrato em biorreatores anaeróbios simples (tipo lagoa
coberta). Estabelecimentos rurais voltados à pecuária, no Sul e Centro-Oeste do país,
vêm adotando o sistema para a obtenção de créditos de carbono (Negócios, 2006).
Para negócios financeiros relacionados ao Projeto de Redução de Gases de Efeito
Estufa foi criado, no Brasil, um banco financeiro que emerge da cooperação entre a
BM & F (Bolsa de Mercadorias & de Futuros) e do Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Cofalant, 2005).
Entretanto, o Protocolo de Quioto não foi revisado pela ONU, após 2012, e não é mais
uma ferramenta disponível (2016). 

46
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ

5.2 CONSTRUÇÃO DE USINAS DE BIOGÁS NO SUL DO BRASIL


APÓS A RESOLUÇÃO DA ONU18 DO PROTOCOLO DE QUIOTO

Em maio de 2006 ocorreu a primeira venda de direitos de emissão de CO2 no Brasil


pela captura de gases de efeito estufa no sistema de produção suína em uma das
unidades do Grupo Sadia de Alimentos. O Fundo Europeu de Carbono (ECF) comprou
2,5 milhões de toneladas de carbono na produção de biogás de dejetos suínos, previsto
e incentivado pelo programa MDL (CDM) do Protocolo de Quioto. O ECF é um fundo
criado por dois dos maiores bancos da Europa, o francês Caisse des Dépôts e o Banco
Fortis belga-alemão, em 2005.
O projeto piloto da SADIA foi lançado em 2003. Em 2004, a empresa construiu os
primeiros biorreatores em Santa Catarina e Paraná pelo Programa 3S. Em dezembro de
2005, o Grupo SADIA recebeu financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Social (BNDES), no valor de 60 milhões de reais (Akatu, 2006) para a construção de
biorreatores nas propriedades de produtores integrados à SADIA.
O Programa 3S SADIA de emissões foi aprovado em fevereiro de 2006 pela ONU,
data que marca o início de direito ao Grupo SADIA de Produção Animal e Manufatura
de Carne às negociações com créditos de carbono. A iniciativa socioambiental 3S-
ambiental, coordenado pelo Instituto SADIA para a Sustentabilidade, foi premiada pela
Câmara de Comércio dos EUA com o Prêmio Brasil Ambiental (Sadia Institute, 2006).

18
É uma aliança intergovernamental de 192 países e uma organização internacional mundial plenamente
reconhecida com direito internacional. As principais tarefas da organização são garantir a paz mundial, o
respeito pelo direito internacional, a proteção dos direitos humanos e a promoção da cooperação
internacional.
47
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

6 ESTUDO DE CASO

 ESTUDO DA MICROBACIA DO LAJEADO DOS FRAGOSOS

A microbacia hidrográfica Lajeado dos Fragosos está localizada próxima a cidade de


Concórdia, no estado de Santa Catarina, abrangendo uma área de 61,54 km². Suas
características geográficas, econômicas e ambientais referenciam a grande Região do
Alto Rio Uruguai para a implantação de unidades de produção de biogás.
As produções agrícola e pecuária são práticas predominantes na região. Em seu entorno
geográfico situam-se bairros urbanos da cidade de Concórdia, duas vilas rurais, bem
como, escolas e estabelecimentos comerciais.
No cume ocidental e divisor de águas da microbacia localiza-se a rodovia BR-283 que
liga Concórdia com outras cidades mais a oeste do Estado, como Seara e Chapecó. Ao
longo da rodovia, especialmente perto da vila rural de Santo Antônio, ocorre um
representativo comércio logista. Também estão assentadas nesta região a Escola
Agrotécnica Federal de Concórdia, a fábrica de Laticínios Batávia, uma filial da
Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia Ltda. (Copérdia) e as instalações do
Centro de Treinamento da EPAGRI de Concórdia (Cetrédia).
Na região inferior da microbacia hidrográfica Lajeado dos Fragosos, e junto ao estuário
do rio Jacutinga, encontra-se o município de Engenho Velho, parcialmente inundado
pelas águas do reservatório da usina hidrelétrica de Itá, que forçou a migração de
inúmeras famílias. Hoje, além de algumas casas, existem em Engenho Velho uma
escola, um escritório de compra e venda de produtos da Fábrica de Rações Copérdia,
uma igreja, um posto de gasolina e um pequeno restaurante. O fato de aglomerados
urbanos da cidade de Concórdia estarem avançando em direção ao Terço Superior de
Lajeado dos Fragosos (divisão geográfica figurativa, localizada no norte geográfica da
microbacia) sugere à ocupação desta região, em futuro próximo, por conjuntos
habitacionais urbanos.
Trata-se de uma região geográfica bem drenada por nascentes e pequenos afluentes do
Lajeado dos Fragosos (Figura 15), ora curvilíneo, ora retilíneo, em morfologia
acidentada e significativo declive (Figura 16), sobre solo rochoso. Como consequência

48
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
dessa geologia, há a ocorrência de inundações em períodos de fortes chuvas. A altitude
na região da fonte de Lajeado dos Fragoso é de 862 metros, a média é de 596 metros,
sendo que no estuário é de 320 metros acima do nível do mar, desenhando um vale
profundo, cercados de montanhas escalonadas. 
Segundo a classificação Köppen-Geiger, o clima predominante é subtropical úmido,
com uma temperatura média de cerca de 15 °C nos meses mais frios do ano (junho e
julho). A precipitação pluvial anual média é de 1.500 mm.
Da floresta nativa restam somente algumas pequenas áreas isoladas junto ao lajeado,
comumente confundidas com vegetação secundária ou em regeneração. Com o
desmatamento, o ecossistema foi significativamente afetado (Figura 17 e Figura 18).
As encostas, factíveis à erosão, representam aproximadamente 70% da topografia da
microbacia do Lajeado, solo este desfavorável à disposição de efluentes (dejetos) in
natura da suinocultura (pratica exercida regularmente), já que em dias de chuvas tanto
o solo como os efluentes são literalmente escoados para os pequenos riachos e lajeado
do ecossistema.

Figura 15 – Mapa fisiográfico com a localização das propriedades rurais da microbacia hidrográfica
Lajeado dos Fragosos (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA, Concórdia/SC)

49
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

Figura 16 – Topografia e hidrologia (PNMA II, EMBRAPA / CNPSA, Concórdia/SC)

Figura 17 – Uso do solo (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA, Concórdia/SC)ȱ

50
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

Figura 18 – Vista panorâmica parcial do Vale Lajeado dos Fragosos

 DADOS SOBRE A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NA


MICROBACIA HIDROGRÁFICA LAJEADO DOS FRAGOSOS 

Os dados da tabela seguintes têm como fonte a documentação da EMBRAPA/CNPSA


no contexto do programa Programa Nacional do Meio Ambiente II/2004 (PNMA II)
do Governo Federal e financiado pelo Banco Mundial (EMBRAPA, PNMA II, 2004).
A microbacia Lajeado dos Fragosos foi dividida, por ocasião do levantamento do
Programa PNMA II, em três regiões: Terço Superior, Terço Médio (Região Central) e
Terço Inferior, num total de 94 pequenas propriedades de produção rural com
economia de subsistência. O Terço Superior abriga 35 dessas propriedades, para as
quais existe um levantamento detalhado. Já o Terço Médio e o Terço Inferior
apresentam um levantamento mais genérico. Na Figura 19 é possível uma análise
cartográfica da contaminação ambiental do ecossistema, advinda da produção animal,
essencialmente da suinocultura. As áreas em cor rosa são áreas altamente poluidoras e
as em cor azul claro não poluidoras.

51
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

Figura 19 – A contaminação do solo (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA, Concórdia / SC)

6.3 SUMÁRIO DE DADOS DA PRODUÇÃO PECUÁRIA E DO SOLO


Tabela 1 – Compilação de dados – produção pecuária e solos da microbacia Lajeados dos Fragosos

Lajeado dos Fragosos


florestas e lavouras (ha)

assimilação dos dejetos


Área de lavoura (ha)
Dejetos (m3/ em 120

Lagoas com dejetos


N° de suínos (total)
Área total (ha) de

necessária para a
N° de produtores

N° de aves (total)
Dejetos (m3/ano)
Dejetos (m3/dia)

Área adicional
dias)

(m³)

(ha)

94 1.384,89 20.215 365,77 32.440,91 133.500,00 252.987 26.916,46 440,50 1.152,30

EMBRAPA/CNPSA – Arquivo PNMA II

6.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO AMBIENTAL

A produção de dejetos da suinocultura na microbacia compreende 365,77 m3/dia (Tab.


1), somando um total de 133.500,00 m3/ano, massa orgânica esta disposta em áreas de
lavoura, como adubo orgânico, supersaturando e erodindo os solos e contaminando os
corpos d’água. Se dispostos em solos de cultivo para a agricultura de grãos, num total

52
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
de 440,50 hectares, os 365,66 m³/dia de dejetos somam 0,83 m³/ dia ou 303,07 m³/ano
de dejetos por hectare de lavoura. Se dispostos no total das áreas de culturas, incluindo
florestas, somam 0,26 m³/ dia ou 96,40 m³/ano de dejetos por hectare.
Segundo a Instrução Normativa IN-11 (FATMA/SC, 2004), a quantidade máxima de
dejetos para a utilização em lavouras é de 50 m³/ha/ano. Para o cálculo da aplicação de
biofertilizantes em m³/ha/ano, usa-se
m³/dia • 365 / área útil (ha).
O excesso de biofertilizante em solos cultiváveis compromete a sustentabilidade dos
sistemas agrícolas adubados com dejetos, resultando em acúmulo de nutrientes, esses,
nocivos ao ambiente. Como efeitos adversos desta prática, por longos e continuados
períodos, estão a restrição à diversidade de espécies de culturas, o excesso de nitratos
nas águas de superfície e de subsolo, bem como, consequências negativas à saúde
pública e à economia (Segranfredo, M.A. s/d).
Nos modelos de edificações das pocilgas para a produção de suínos e que
correspondem a 95% das edificações existentes, os dejetos da suinocultura são
manejados na forma líquida. Nestes sistemas, o volume total dos dejetos líquidos
requer grandes estruturas para o armazenamento, considerando que os órgãos
ambientais preconizam um tempo mínimo de 120 dias de retenção, antes de sua
utilização em solos agrícolas. Requer, ainda, extensas áreas agricultáveis, suficientes
para o aproveitamento agronômico destes resíduos, além da disponibilidade de
máquinas e equipamentos para o transporte e distribuição desses. As esterqueiras, em
forma de lagoas, por serem estruturas abertas, permitem, dentre outros, a emissão dos
gases e de odores, característicos dos processos anaeróbicos que ocorrem neste sistema
de armazenagem (Oliveira, et AL. 2006). A estrutura física para o armazenamento da
biomassa é rudimentar, algumas desprovida de materiais construtivos, outras, de
alvenaria, pedra ou protegidas por manta plástica, conforme as figuras que seguem
(Figura 20, Figura 21, Figura 22 e Figura 23).

53
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

Figura 20 – Esterqueira desprovida de material construtivo ou de proteção

Figura 21 – Esterqueira de pedra sem reboco

54
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

Figura 22 – Esterqueira protegida com manta plástica

Figura 23 – Esterqueira de alvenaria

55
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

6.5 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL

A produção de suínos é classificada no Brasil em três sistemas, de acordo com o


pesquisador Paulo Armando de Oliveira da EMBRAPA/CNPSA, em dezembro de
2006:
CC Ciclo completo, do nascimento à terminação/ao abate
UPL Unidades de Produção leiteira, até 6 kg a 25 kg
TERMINAÇÃO 25 a 100 Kg

 DEJETOS SUÍNOS NA REGIÃO DO ESTUDO DE CASO,


SEGUNDO A EMBRAPA/CNPSA

Os dados referentes ao volume de dejetos da suinocultura para a região do Estudo de


Caso Lajeado dos Fragosos foram compilados e calculada em detalhe por
pesquisadores da EMBRAPA. O cálculo da quantidade de biomassa produzido por um
animal suíno foi determinado "por dia" e com base no processo de crescimento
denominado, no Brasil, de Ciclo Completo (CC), que envolve várias fases do
crescimento, ou seja, gestação, maternidade, creche e terminação (de Oliveira, PAV
(2007).
Na Alemanha, diferentemente, o cálculo do volume da biomassa de dejetos é feito a
partir de animais em terminação.

6.7 QUANTIDADE/VOLUME DE DEJETOS EM LAJEADO DOS


FRAGOSOS

365,77 m³ dejeto/dia • 365/dia ~ 133.506,05 m³/ano


1 m³ ~ 1.000 litros ~ 1 tonelada
133.506,05 m3/ano ~ 133.506 t dejetos/ano

 CÁLCULO DOS SUBSTRATOS E COSSUBSTRATOS 

A relação ótima entre a produção de biogás, o custo-benefício, a produção de gás e a


geração de energia elétrica obtêm-se com 12 % de Massa Seca no biodigestor (Wetter,
C. 2007). Considerando que os dejetos suínos da região do Alto Rio Uruguai possuem,
56
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
19
em média, 1,5 de teor orgânico de Massa Seca (oMS) , faz-se necessário, primeiro,
aumentar o teor de Massa Seca dos dejetos da região e, segundo, enriquecer esta
biomassa para a biofermentação.
Para elevar o teor de Massa Seca dos dejetos é preciso reduzir o volume de água desses.
Segundo levantamentos técnicos realizados pela EMBRAPA/CNPSA, o grande
volume de água é consequência da forma de manejo, de transferência e de
armazenamento dos efluentes. Medidas técnicas como, por exemplo, a arquitetura dos
pavilhões para a criação dos animais, o mecanismo dos bebedouros, a forma de limpeza
das baias, o sistema de canalização e a cobertura das esterqueiras podem vir a contribuir
para elevar o teor da Massa Seca deste substrato.
O enriquecimento do teor orgânicos de Massa Seca para 12% para a biodigestão se dá
através da adição de outras biomassas aos dejetos suínos, a exemplo dos vegetais
energéticos da lavoura. Para tal proceder é comumente usada, na Alemanha, a adição
da silagem do pé e da espiga de milho, ambos verdes. Considerando-se, entretanto, a
relação socioeconômica brasileira com o milho e os entraves sociais possíveis em
propor o uso desta biomassa para a geração de energia, segundo pesquisadores da
EPAGRI/Chapecó, SC, buscou-se por alternativas. Em uma análise conjunta, foram
analisadas várias culturas de lavouras no contexto econômico e social da região do Alto
Rio Uruguai como, o milho, a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum, Saccharum
spp), o capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumach) e o sorgo (Sorghum-
bicolor), mencionados no item 3.5 do Capítulo 3.
Familiar aos agricultores da região, o capim-elefante é um vegetal energeticamente
interessante, que poderá vir a ser uma alternativa à composição de biomassas no
biodigestor.
Para o cálculo do volume de silagem da forrageira, para a obtenção de 12% de MS no
biorreator, é aplicada a seguinte equação matemática:
V1 • MS1 + V2 • MS2 = VG • TS3
(Wetter, C., 2007)

19
É determinado pelo percentual orgânico de uma biomassa após a remoção completa da água e de todos os
minerais.
57
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
onde
V1 = Volume da biomassa 1
MS1 = Massa seca da biomassa 1
V2 = Volume da biomassa 2
MS2 = Massa seca da biomassa 2
VG (V3) = Volume total (V1+V2)
TS3 = Massa seca no fermentador
a = Ano

6.8.1 Cáculo da quantidade/volume de vegetal energético da lavoura a


18% MS para correspondência a 133.506 t/a de dejetos e 12%
MS no biorreator

V1 • TS1 + V2 • TS2 = VG • TS3


133.506 t/a • 4% + V2 • 18% = (133.506 t/a + V2) • 12%
534.024 + V2 • 18 = 133.506 • 12 + V2 • 12
V2 • 6 = 1.602.072 – 534.024
V2 = 178.008 t/substância verde (Massa Verde)
Também as condições físicas do biorreator são importantes, dentre elas a agitação, a
temperatura e o controle do pH20, que serão comentados adiante.
Do cálculo acima: V2 é igual a 178.008 t/a de capim-elefante a 200 t/ha/a (produção do
capim por hectare por ano) equivalem a 890,04 hectares agricultáveis, o dobro da área
agrícola disponível em Lajeado dos Fragosos.

6.9 O DIMENSIONAMENTO DO BIORREATOR

O dimensionamento teórico do biorreator com cerca de 12% de MS (Massa Seca) e


retenção de 60 dias está relacionado ao volume de substratos da unidade de produção
de biogás. Para o cálculo da grandeza do biorreator tem-se:

20
pH é símbolo para a grandeza físico-química do potencial hidrogênico de uma solução aquosa, que indica
a acidez, neutralidade ou alcalinidade da solução.
58
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
Grandeza do tanque de fermentação (m³) = quantidade de substrato (m³/d) • tempo de
residência dos substratos no biorreator (d)

V1 = 133.506 t/a /365 d ~ 365,7 m³ • 60/d = 21.942 m³/d de dejetos


V2 = 178.008 t/a / 365 d ~ 487,7 m³ • 60/d = 29.262 m³/d de capim
Sendo:
V1= quantidade/volume de dejetos suínos a 4% MS21
V2= quantidade de vegetal energético a 18% MS
1 tonelada ~ 1 m3
O dimensionamento do biorreator em metros cúbicos (m³) para uma biodigestão de 60
dias deve ser calculado para 51.204 m³/d de substratos.

6.9.1 Capim-elefante e dejetos suínos: relação da produção energética


e áreas agricultáveis na microbacia

Relevando a área de lavoura de 440 hectare na microbacia, optou-se por trabalhar com
um volume menor do vegetal energético capim-elefante para que o mesmo possa ser
cultivado na região. Desta forma, serão adicionados aproximadamente 30.000,00 t/a
de silagem de capim-elefante aos 133.506,00 m³/a de dejetos da suinocultura. Esse
volume de vegetal exige cerca de 200 ha de terras cultiváveis dos 440,50 há de lavoura
disponíveis. O volume de Massa Seca no biorreator soma, assim, 6,1% MS, valor capaz
de dobrar a produção de biogás no sistema, segundo as bases de cálculo e projeto da
empresa Biogas-Nord da Alemanha, a seguir.

6.10 POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS DE DEJETOS


SUÍNOS E POR ANIMAL

O cálculo teórico do potencial de produção de biogás/ano pode ser calculado a partir


de um suíno em terminação (ST), segundo literatura.
6HGLVSRQtYHLVPóGHMHWRVGLD
67HTXLYDOHDXPDQLPDOGHNJ

21
Recomendação do Programa PNMA II/Embrapa como meta a ser trabalhada junto aos produtores rurais.
59
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ

67SURGX]   GH²WGHMHWRVDQR
67SURGX]   HQWUH²PóDQRELRJiV
67SURGX]   PpGLDPóDELRJiV
WGHGHMHWRVSURGX]HQWUH²PóELRJiV
)15 
Assim:
ƒ 365,77 m³/d dejetos • 365 d correspondem a 133.506,00 m³/a dejetos,
equivalentes a 133.506 t/a de dejetos suínos
ƒ 133.506 t/a divididos por 25 t/a de dejetos (valor médio) por ST (suínos em
terminação) equivalem a 5.340,24 ST
ƒ 5.340,24 ST • 450 m³/a/biogás (valor médio) produzem 2.403.000 m³/a biogás
dos dejetos suínos.

60
Capítulo 7 - Análise e Cálculo

7 ANÁLISE E CÁLCULO

7.1 UNIDADE CENTRALIZADA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS:


UMA SOLUÇÃO ECOLÓGICO-ECONÔMICA

A concepção de uma unidade centralizada de produção de biogás como solução


ecológico-econômica para o problema ambiental na microbacia do Lajeado dos
Fragosos será tratada neste capítulo.
A geologia da grande região do Alto Rio Uruguai, que se estende da Região Oeste à
Região Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina, é caracterizada por numerosos
vales e rios, assentados por populações humanas que apresentam identidades próprias,
as quais refletem o comportamento ambiental e econômico nestas áreas.
Com base em publicações científicas e cerca de cinquenta entrevistas com engenheiros,
professores, agricultores e industriais, verificou-se que a centralização dos substratos
da suinocultura pode ter um impacto econômico, técnico e ambiental positivo na
comunidade.
Primeiramente porque, investimentos comunitários e/ou cooperativos têm melhor
acesso ao financiamento bancário, vinculados às políticas sociais e econômicas
nacionais e internacionais.
Segundo, por um fator ambiental, considerando-se que são mais seguros o controle e a
manufatura do biodigerido se concentrado em uma área. 
Terceiro, o fator econômico, tanto para absorver os custos de investimento na
construção da unidade de produção de biogás e da estação de tratamento dos efluentes
biodigeridos, como para negociar os produtos da usina no mercado, ou seja, as energias
e o biofertilizante.
Para cada pequena microbacia é proposto, teoricamente, uma usina de biogás
centralizada.
Considerando que a diferença de altitude entre a área superior e área inferior do
Lajeado dos Fragoso é de até 500 metros, é recomendado instalar a usina na área
inferior do território para que o sistema de transporte dos efluentes líquidos seja

61
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
canalizado e conduzido por gravidade, eventualmente com o auxílio de bombas
movidas a biometano22.
A logística de fornecimento da biomassa pelas propriedades deverá ser organizada
entre os produtores rurais para evitar conflito na tubulação. O número de biorreatores
será diretamente proporcional à quantidade de dejetos suínos, de forrageiras e à
tecnologia adotada. Para o dimensionamento da unidade de produção de biogás desse
Estudo de Caso leia-se o item 7.2 do Capítulo 7 “Dimensionamento e Estimativa de
Custo para a Construção de um Biorreator Central”.
Parte do biogás produzido na usina pode ser tratado para a categoria de biometano e
disponibilizado, através de bombas de abastecimento, para veículos e máquinas
agrícolas da região. Pode, também, ser comprimido para a distribuição em garrafas ou,
canalizado, para a distribuição, via rede de gás, às propriedades da comunidade.
Igualmente, a outra parte do biogás pode ser usada como combustível para a
cogeração23 de eletricidade e energia térmica24.
O efluente final biodigerido será separado, por um separador de fases, em substância
úmida e semisseca, esta última considerada como fertilizante orgânico de relevante
teor mineral com cerca de 25% MS.
A fração líquida do biodigerido poderá ser usada como biofertilizante nas áreas
cultiváveis da região, já que sua composição é rica em minerais, observando-se que a
condicionante desse procedimento é a assimilação desses minerais pelo solo,
normatizada pela Instrução Normativa 11 (IN 11) da FATMA (situação 2006),
atualizada em 2015, com base em Recomendações Técnicas provenientes da
EMBRAPA/CNPSA e do Manual da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo
e de Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (ROLAS),
segundo informações da FATMA em 2016.
O excedente da fração líquida do processo de separação dos efluentes biodigeridos
necessita de tratamento biológico ou químico, alguns deles mencionados no capítulo 8
“Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos”, a seguir.

22
Biometano é o biogás purificado a alto teor de CH4.
23
Processo de geração combinada de eletricidade e de calor (água quente).
24
Água quente advida da troca de calor, em circuito fechado, para a refrigeração do motor.
62
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
A Figura 24, a Figura 25 e a Figura 26 mostram possíveis locais geográficos para a
instalação da unidade de biogás na microbacia Lajeado dos Fragosos.

Figura 24 – Situação I para a localização da unidade de biogás: áreas adjacentes do lajeado

Figura 25 – Situação II para a localização da unidade de biogás: áreas adjacentes do lajeado

63
Capítulo 7 - Análise e Cálculo

Figura 26 – Mapa fisiográfico (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA) com a área demarcada para a
localização da unidade de biogás

As vantagens de uma usina centralizada de biogás são, entre outras, 1) a produção de


biogás é mais eficiente e segura; 2) a relação produção versus controle é dada através
do acompanhamento técnico continuado; 3) a concentração dos efluentes finais na
unidade garantem melhores formas de controle e destino dos efluentes,
consequentemente, menor impacto ambiental para a microbacia hidrográfica. Leia-se
ainda, 3.a) a aplicação de mecanismos para a avaliação e controle dos minerais
orgânicos (N, P, K) disponíveis nos efluentes finais da biofermentação e a sua
recondução ao ecossistema produtivo de lavouras e florestas, em forma de adubo
orgânico, é ambientalmente significativa; 3.b) a aplicação de processos de separação
de fases dos efluentes finais (fase seca e fase líquida), através de separadores e/ou
decantadores, encontram vantagens na produção de adubo orgânico semisseco em
maior escala, proporcionando retorno financeiro ao sistema; 3.c) a criação de uma
estação de remoção de nitrogênio e fósforo se faz possível; 4.d) fica disponível a água
de reuso para reaproveitamento nas pocilgas, relevando os sérios problemas de
estiagem que a região vem gradativamente sofrendo; 4) cria-se uma unidade em escala
industrial para a geração de energias; 5) na área científica, podem privilegiar-se
64
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
estudantes de Instituições de Ensino Superior da região à pesquisa em diversas áreas,
em se prevendo tecnologias futuras para a geração de energias, como, a purificação do
biogás para biometano ou a captura do hidrogênio; 6) a inserção do projeto em
programas de governo como o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC)
do Brasil, que visa alcançar os objetivos estabelecidos na Política Nacional sobre
Mudanças do Clima por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor
Rural. Trata-se de um Programa Federal de financiamento para a redução de emissão
de metano através de linhas de crédito para o produtor rural.

7.2 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO PARA A


CONSTRUÇÃO DE UMA USINA DE BIOGÁS

Para fins de comparação econômica e tecnológica, foram obtidos dois pré-


dimensionamentos e dois orçamentos para a construção de uma unidade/usina de
produção de biogás de uma empresa alemã e de uma empresa brasileira, representantes
de tecnologias e estágios tecnológicos bastante diferenciados. Entre outros, as
tecnologias diferenciam-se quanto aos biorreatores: suas estruturas físicas e mecânicas,
condições ambientais no sistema e, consequentemente, no tempo de vida útil do objeto
construído e seus custos. Não estão contemplados, no comparativo de custos dos
orçamentos, os tanques de depósito de biomassas necessários no início do sistema e no
final dele, já que a tecnologia aplicada no Brasil não faz uso destes equipamentos.
O projeto brasileiro é da empresa Avesuy, com sede em Xanxerê/SC, a qual projetou
e construiu os biorreatores no âmbito do Programa 3S da empresa Sadia de Alimentos
(Capítulo 5, § 5.3).
O projeto alemão é da empresa Biogas Nord, com sede em Bielefeld/Renânia
Westphalia do Norte.

7.2.1 Modelos tecnológicos de biorreatores

7.2.1.1 A tecnologia alemã para biorreatores

As unidades de produção de biogás projetadas e construídas na Alemanha utilizam-se


do método de fluxo contínuo para a alimentação dos biorreatores. Dimensionado para
65
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
uma alimentação continuada às bactérias, sem saturação do habitat, o biorreator é
alimentado regularmente, durante as 24 horas do dia, de forma automatizada. Os
biorreatores são contentores fixos e cilíndricos, construídos em concreto armado ou em
aço inoxidável ou galvanizado, construídos sobre o solo, especialmente para o controle
de eventuais vazamentos. O dimensionamento dos biorreatores depende dos tipos e das
quantidades e dos teores de Massa Seca das biomassas. Para a alimentação do sistema
com biomassas consideradas sólidas, como os vegetais energéticos da lavoura, são
usados equipamentos especiais, tais como rosca-sem-fim ou pisos deslizantes. No caso
de biomassas líquidas, são usadas bombas de impulsão e/ou sucção.
Os biorreatores são impermeabilizados e equipados, normalmente, com até três
misturadores. Possuem cobertura de membrana dupla para a estocagem do biogás sobre
o biorreator, cuja membrana interna tem a função de reter o biogás e a membrana
externa de proteção contra intempéries. Com o propósito de manter a temperatura da
biomassa no interior do sistema em 38°C, os biorreatores são aquecidos em períodos
de baixa temperatura através de um sistema interno, com tubulações com água quente.
Essas podem ser dispostas dentro das paredes e pisos de concreto como também junto
das paredes, revestidas externamente e protegidas por chapas trapezoidais, tendo como
propósito o isolamento térmico e a mantenança da temperatura. Biologicamente, o
aquecimento é essencial para o bem-estar dos microorganismos e, assim, a produção
continuada de biogás. O tempo de vida útil dos biorreatores é de, pelo menos, 20 anos.
As unidades de produção são equipadas com áreas de depósito para biomassas, tanto
líquidas quanto sólidas.
Para a geração de energia elétrica o biogás é tratado, removendo-se grande parte do
Ácido Sulfídrico (H2S), ainda na região de estocagem do biogás sobre os biorreatores.
Faz-se necessário, também, a remoção da umidade e o resfriado do gás, para então ser
convertido em energia elétrica e térmica (água quente) por meio de combustão, em
cogeradores. Parte da energia elétrica produzida é empregada para o funcionamento da
usina, enquanto o restante pode ser distribuído em circuito aberto (disposta em rede de
energia elétrica local) ou em circuito fechado (uso na propriedade). Igualmente, o
emprego de cogeradores gera energia térmica. Parte desta é empregada para o

66
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
aquecimento do sistema. A energia térmica restante é empregada em processos
industriais, agrícolas ou urbanos.
O biogás de uma unidade de produção pode também ser processado em biometano,
para níveis próximo ao metano e comercializado como combustível.

7.2.1.2 A tecnologia brasileira para biorreatores

O modelo de biorreatores usados no Brasil é comumente conhecido como “modelo


lagoa-coberta ou canadense”, difundido pela sua simplicidade construtiva e baixo custo
de implantação, se em solos não rochosos. De formato retangular ou quadrado, os
biorreatores são incrustados no solo, com profundidades diferenciadas, dependendo do
projeto. São construídos de pedra, de alvenaria ou simplesmente tendo a escavação no
solo coberta por uma manta plástica. Em sua maioria não são equipados com
misturadores de biomassa, nem apresentam mecanismos de aquecimento, de controle
biológico ou de bombas. Os biodigestores projetados pela Empresa Avesuy Projetos
Ambientais, a exemplo, são de alvenaria. As paredes externas do volume construído
são suportadas por vigas transversais de concreto armado para o travamento da
estrutura física. O modelo construtivo caracteriza-se por possuir uma ou mais paredes
internas que divide o biorreator em duas ou mais câmaras de fermentação. A função
das paredes é fazer com que a biomassa circule por todo o interior do biodigestor,
segundo a Empresa. O abastecimento do biorreator é contínuo e direto da pocilga. O
depósito de biogás em campânula, termo comumente usado no Brasil, é normalmente
feito com manta plástica sobre o biorreator. Por ter acesso fácil, à altura do solo, as
campânulas, quando danificadas, são reparadas sem serem removidas do sistema.
Comumente, o gás não tem um destino específico e é queimado em chaminés.

7.3 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO DA USINA


DE BIOGÁS, DE ACORDO COM PROJETO DE EMPRESA
BRASILEIRA

A empresa Avesuy dimensiona o projeto com baseada nos 375 m3/dia de dejetos
suínos, sem cossubstrato. Considera o tempo de retenção da biomassa, no biorreator,

67
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
de 30 dias. Os biorreatores são enterrados no solo e têm a forma retangular. Embora
não disponham de agitadores de biomassa internos como usual, na Alemanha, os
biorreatores são equipados com tubos de saída, junto as paredes laterais do volume
construído, que permitem a sucção e o retorno da biomassa através de bombas,
propiciando uma agitação esporádica (Projeto: Apêndice 1).

7.3.1 Dimensionamento da unidade, dos biorreatores e custo segundo


sistema brasileiro

7.3.1.1 Biomassa

Quantidade de dejetos por dia: 375 m³ / dia

7.3.1.2 Biorreatores

Total do volume cúbico construído: 11.350 m³ para 5 biorreatores a 2.270 m3 de


volume cúbico construído, cada qual, com 50,00 m de comprimento por 16,00 m de
largura e 4,00 m de profundidade, de formato retangular.

7.3.1.3 Construção

Cada um dos 5 biorreatores tipo “lagoa coberta” é capaz de produzir, segundo a


Empresa, entre 1.000 e 1.400 m³/dia de biogás, em condições favoráveis de
temperatura ambiente acima de 25°C.
A produção total de biogás oscila entre 5.000 a 7.000 m³/dia, cerca de 180.000
m3/mês ou 2.160.000 m3/ano em condições favoráveis de temperatura.

7.3.1.4 Investimentos

O custo total é R$ 428.316,00, ou cerca de €25 153.000,00.

25
1,00 Euro = 2,80 Reais, em 12/2006, FAZ.
68
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Tabela 2 – Volume de substrato e produção de biogás segundo cálculo da empresa brasileira
Avesuy
Substrato Volume t/dia t/ano MS % m³
Biogás/dia
Dejetos (135.000 t/a) 375 135.000 1,5 5.000,00-
7.000,00

O valor de investimento compreende 70,83 Euros/1.000 m3 de biogás/ano, cálculo


este nos permitirá um paralelo entre o custo das duas tecnologias, assim calculado:
[A1 / (B1 • 360 d)]
Onde,
A1 153.000,00 Euro – Custo da usina para 375 m3/d de substratos da suinocultura
sem cossubstrato.
B1 6.000 m3/d – Valor médio de produção de biogás com dejetos de suínos (Avesuy,
2007).
A produção de biogás em fermentadores com a tecnologia adotada no Brasil,
entretanto, devido às baixas temperaturas nas estações outono, inverno e primavera,
não é continuada e sofre significativas oscilações de até 50% com relação aos volumes
acima dispostos (Biogas Nord, 2008).

7.4 DIMENSIONAMENTO E ESTIMATIVA DE CUSTO DE UM


BIORREATOR, DE ACORDO COM PROJETO DE EMPRESA
ALEMÃ

De acordo com a tecnologia alemã, os biorreatores para a produção de biogás são


construídos de concreto armado, sobre o solo. São aquecidos (biofermentação
mesofílica a 38°C), equipados com agitadores internos de biomassa e automatizados
(Projeto: Anexo 2).

7.4.1 Dimensionamento da unidade, dos biorreatores e do custo


segundo sistema alemão

O dimensionamento será calculado para uma biodigestão com 6,1 de Massa Seca nos
biorreatores, conforme argumentado no Capítulo 6.

69
Capítulo 7 - Análise e Cálculo

7.4.1.1 Biomassas

Quantidade de dejetos/dia: 365,8 m³/dia.


Quantidade de dejetos/ano: 133.506 t/ano.
Quantidade de capim-elefante/dia: 81,3 t/dia.
Quantidade de capim-elefante/ano: 29.668 t/ano.

7.4.1.2 Biorreatores

Quantidade de 6 biorreatores a 2.659 m3 cada qual, de formato circular.

7.4.1.3 Dimensões de um biorreator

Diâmetro de 23 m.
Altura de 6,40 m.
Volume construído total de 15.954 m3.
O sistema é capaz de produzir, continuadamente e durante os 365 dias do ano, até 5.399
m³ de biogás/dia dos dejetos e 7.374 m³ de biogás/dia do capim, somando uma
produção total de 12.773 m³/dia de biogás.
Os fatores que garantem e asseguram essa produção continuada são: a forma física e a
agitação da biomassa nos biorreatores, a temperatura continuada de 38 °C e o controle
biológico do processo.
O custo de construção dos 6 biorreatores é de R$ 3.817.417,50 ou EUR26 1.368.250,00.

Tabela 3 – Volumes de biomassa x produção de biogás segundo cálculo da Empresa alemã


Substrato Volume t/ano % MS m³
t/dia Dados da empresa biogás/dia
Dejetos 365,8 133.506 3,3 – 4,0 5.399,00
(133.506,00 t/a)
Capim-elefante 81,3 29.668 18,0 – 20,0 7.374,00
(29.668,00 t/a)
Total 447,1 163.174 6,1 12.774,00
(Biogas Nord, 2007)

26
1,00 Real = 2,79 Euros, segundo Währung, 07.
70
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Os custos de investimento para os seis biodigestores representam 297,00 EUR/1.000
m3 de biogás produzido, onde [A / (B • 360 d)] ou, 704,00/1.000 m3 para [A / (C • 360
d)]:
A 1.368.250,00 Euro – custo dos fermentadores para biomassas compostas (dejetos
suínos e capim-elefante)
B 12.773 m3/d – produção de biogás com dejetos de suínos (365,77 t/d) e capim-
elefante (81,3 t/d)
C 5.399 m3/d – produção de biogás somente com dejetos de suínos (365,77 t/d)

7.5 RESUMO SOBRE AS ESTIMATIVAS DE CUSTOS DAS


TECNOLOGIAS ALEMÃ E BRASILEIRA

Se comparados os custos de investimentos das instalações dos biorreatores das


tecnologias alemãe brasileira, tem-se um significativo diferencial de valores, ou seja:

7.5.1 Custo da tecnologia alemã

No caso da tecnologia alemã, o custo de implantação dos biorreatores


instrumentalizados é de 297€/1.000 m³ (para biomassas compostas de dejetos e capim)
e de 704,00 €/1.000 m³ (para biomassa simples de dejetos suínos) para uma produção
diária de biogás nos valores de:
− 12.773 m³/d – correspondem à produção de biogás a partir de biomassa
composta de dejetos de suínos (365,77 t/d) e de capim-elefante (81,3 t/d);
− 5.399 m³/d – correspondem a produção de biogás a partir de biomassa simples
de dejetos de suínos (365,77 t/d).

7.5.2 Custo da tecnologia aplicada no Brasil

O custo da tecnologia aplicada no Brasil é de 70,83 EUR /1.000 m³, para uma produção
média de 6.000 m³ de biogás a partir de dejetos de suínos, para temperatura ambiente
acima de 25°C.
A tecnologia de biofermentação adotado no Brasil, se comparada com a tecnologia
alemã, é bem mais simples e exige investimentos financeiros menores. Não obstante e
71
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
segundo a empresa Avesuy, apresenta uma produção maior de biogás com biomassa
simples (dejetos suínos) que a tecnologia adotada na Alemanha.
Perante esses dados é possível afirmar que a tecnologia para a biofermetação adotada
no Brasil é a tecnologia ideal para o uso em países emergentes e em desenvolvimento,
com a temperatura ambiente de 38°C. Observa-se, entretanto, que as temperaturas
médias do Estado de Santa Catarina variam de 25,8 a 27,5°C para as máximas, e de
12,9 a 14,0°C para as mínimas (Capítulo 2, item 2.7 “Temperaturas”).
Reserva-se uma investigação mais detalhada sobre a eficiência de produção e a
viabilidade econômica, a qual viria de encontro às políticas agrícolas no Brasil, de
acordo com o Capítulo 4.3 “Agenda Biogás do Governo Brasileiro”.

7.6 RESUMO NUMÉRICO SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA EM


LAJEADO DOS FRAGOSOS

O levantamento a seguir refere ao consumo de energia de Lajeado dos Fragosos,


incluindo 94 propriedades rurais produtoras de suínos, das quais 18 dessas produzem
também aves. Incluso no levantamento estão, ainda, um matadouro e uma fábrica de
lacticínios, situados naquela região.

7.6.1 Demanda de energia elétrica e gás para combustão

Para o cálculo do volume de energia elétrica e de combustão consumida na microbacia


e, consequentemente, do volume necessário de biogás para suprir a demanda da região,
aplicam-se os seguintes fatores de conversão:
1 kWh equivalência 3,6 MJ
1 m³ biogás 5,96 kWh ou 21,48 MJ
Biogás 5.000 a 7.000 kcal/m³
1 kg de gás LPG (GLP) 2,11 m³ de biogás
1 kg madeira (gênero eucalyptus) 19,6 MJ

72
Capítulo 7 - Análise e Cálculo

7.6.2 Consumo residencial de energia elétrica (ee) nas propriedades


rurais

A demanda de energia elétrica por residência é, em média, de 1.114,93kWh/ano. O


consumo médio mensal é de 104.803,42 kWh. O valor econômico do kWh de
eletricidade no campo é de 0,227410 R$27/kWh para consumo abaixo de 500 kWh/mês
e de 0,269770 R$/kWh para consumo acima de 500 kWh/mês.
7.6.2.1 Conversão do consumo residencial de ee nas propriedades rurais em volume de biogás
104.803,42 kWh/mês (demanda) • 3,6 MJ correspondem a 377.292,3MJ/mês.
Teoricamente, para a geração de 104.803,42 kWh/mês de energia elétrica, seriam
necessários 17.584,46 m3 de biogás. Entretanto, relevando a eficiência energética de
35% de um cogerador, o volume de biogás correspondente e necessário será de
50.241,30 m³/mês.

7.6.3 Consumo de energia elétrica (ee) na produção de aves

18 aviários a 14.000 aves/a.


A média de consumo de ee por aviário, ao mês, é de aproximadamente 2.169kWh • 18
aviários = 39.042 kWh/mês.

7.6.3.1 Conversão do consumo de ee na produção de aves em biogás:

39.042 kWh/m (demanda) • 3,6 MJ/kWh representa 140.551 MJ/mês de ee • 100% ./.
35 (35% de eficiência) e significam 401.574,8 MJ/mês de consumo de ee em aviários,
correspondente ao volume de 18.695,30 m3/mês de biogás.

7.6.4 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) na produção de


aves

Para aquecer um aviário, são necessários de 43 a 45 botijões de gás LPG/mês a 13 kg.


Se 18 aviários • 45 botijões de gás LPG/mês, o número de botijões GLP/mês
corresponde a 810, totalizando 10.530 kg/mês de gás.

27
1,00 Euro = 2,80 Reais.
73
Capítulo 7 - Análise e Cálculo

7.6.4.1 Conversão do consumo de gás LPG na produção de aves em


biogás

10.530 kg de gás LPG/mês • 2,11 m3 biogás correspondem a aproximadamente


22.218,00 m3 /mês de biogás.

7.6.5 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) da fábrica de


laticínios

A fábrica de laticínio, instalada na microbacia, consome 320 kg/mês de gás.

7.6.5.1 Conversão do consumo de gás LPG da fábrica de laticínios em


biogás

320 /mês de LPG • 2,11 m3 de biogás equivalem a 675 m3/mês de biogás.

7.6.6 Consumo de lenha no matadouro

O matadouro instalado na microbacia consome cerca de 45 m³/mês de lenha (Pinus


Elliotis ou Eucalyptus).

7.6.6.1 Conversão do consumo de lenha no matadouro em biogás:

Um quilo de eucalipto equivale a 19,6 MJ/kg • 430 kg/mês (densidade) = 8.428 MJ/m3.
8.428 MJ/m3 • 45 m3/mês = 379.260 MJ/mês de lenha ./. 21,48 MJ/m3 correspondem
a 17.656 m3/mês de biogás.

7.6.7 Relação demanda x produção de biogás através de dejetos suínos

O volume total de biogás necessário para suprir a demanda de energia elétrica e de


calor na microbacia é de cerca 109.429,50 m3/mês ou 1.313.154,00 m3/a, dos quais,
cerca de 40.550,00 m3/mês para suprir a demanda de energia térmica (calor) e cerca
de 68.900,00 m3/mês de energia elétrica.
Subtraindo-se do potencial de produção de biogás (através e somente com dejetos
suínos na microbacia), calculado em 2.403.000 m³/a/biogás, a demanda de

74
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
3
1.313.154,00 m /a, conclui-se a possibilidade de suprir toda a demanda energética da
microbacia, com excedente para exportação.
Entretanto, e com base nas análises dos projetos aqui apresentados, o volume de
produção de biogás na microbacia Lajeado dos Fragosos consegue chegar a pelo
menos 4.670.000,00 m³/ano com biomassas da própria microbacia, respondendo assim
a uma produção em escala industrial.

75
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos

8 TRATAMENTO DOS EFLUENTES FINAIS BIODIGERIDOS

8.1 ENERGIA TÉRMICA TRANSFORMA EFLUENTES


BIODIGERIDOS EM BIOFERTILIZANTE NA ALEMANHA

Os tempos em que os campos exalavam um odor desagradável pela biofertilização são


passados, segundo Bernd Stricker, vivendo em Bakum, Münster. Na propriedade deste
foi construída uma unidade de biogás com um secador para os efluentes biodigeridos.
Trata-se de um projeto piloto, segundo da empresa ENVITEC Biogás, 2006.
Os efluentes secos apresentam uma textura similar a da serragem, têm o mesmo valor
calórico da madeira e são ricos em minerais. A indústria de fertilizantes tem apresso a
esse biofertilizante seco.
Como funciona: O efluente resultante da biofermentação e bombeado para um
separador de fases desse efluente. Este separa a fração líquida da sólida, essa última
com cerca 25% de matéria seca. A secagem ocorre em um cilindro de dois metros de
diâmetro e nove metros de comprimento. Do cogerador (máquina composta de motor
e gerador), que converte o biogás em eletricidade, é capturado o ar quente e canalizado
para a secagem dos efluentes.
O mesmo ar quente é usado para aquecer o estábulo e a residencia. No final do tunel à
duas máquinas que separam o ar quente das partículas secas, agora com 10% de
umidade - um fertilizante altamente concentrado. A combustão de substratos secos
biofermentados pode, também, gerar eletricidade e calor, caso fosse aprovado pelo
governo alemão (Envitec, 2006).
No Brasil, a combustão de efluentes secos poderia ser realizada, considerando que não
há legislação.

8.2 DESTINAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE


ESGOTO NA ALEMANHA

O Prof. Dr. Christof Weter comenta, em 2007, que a humificação poderia vir a ser uma
interessante alternativa para aumentar o percentual de Massa Seca dos efluentes
biodigeridos para até 25%. Também aqui se pode usar um separador de fases para obter
uma fase mais seca e então proceder com a humificação.
76
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Tratamento de efluentes com junco (vegetação herbácea): a humificação de lodo de
estações de esgoto é um processo natual, que pode ser adequada à drenagem e
humificação em leitos de secagem de junco. Serve atualmente para cidades, municípios
e investidores privados.
Esse processo inovador de tratamento de esgoto convence por sua alta eficiência: os
operadores e comunidades beneficiam-se da grande capacidade de drenagem e a
drástica redução de residuais orgânicos. Além disso, apresenta um baixo custo
operacional, baixo consumo de energia e, como resultado, um produto final versátil,
de alta qualidade, que pode ser reciclado ou queimado.
No tratamento do esgoto é produzido lodo, cuja destinação, na Alemanha, é prevista
por diretrizes e leis nacionais. O objetivo é que o tratamento do lodo seja sustentável e
de baixo custo. Tais diretrizes incluem um método relativamente novo: o humificação
do lodo de estações de tratamento em leitos de junco. A experiência teve início no final
dos anos 80 e, com base nos conhecimentos atuais, pode-se assegurar que o processo
alcança excelente qualidade. Os leitos podem ser aterrados e devem ser recobertos com
uma mata impermeável. A vegetação habita uma área aeróbica/anaeróbica de 20cm de
expessura, capaz de estabilizar o lodo de estações de tratamento de esgoto durante todo
o ano. A carga por área deve estar entre 30 e 60 kg de Massa Seca por m² durante 5 até
10 anos. Depois desse tempo devem ser desativados. A eficiencia do processo é
garantida pela zona de raízes da vegetação e um filtro é desnecessário. O junco
favorece o processo de aeração e de secagem do lodo, assim como, um ambiente
altamente propício para o desenvolvimento de microfauna e microflora. A utilização
do produto final deste processo é proibida na Alemanha. (IVAA, o/A).

8.3 TRATAMENTO DE SUBSTRATOS DA SUINOCULTURA E


EFLUENTES BIODIGERIDOS

A suinocultura no Brasil é desenvolvida principalmente em pequenas propriedades


rurais. Cerca de 80% da produção é desempenhada em propriedades de até 100
hectares. Do ponto de vista socioeconômico, a suinocultura agrega valor à permanencia
do homem no campo.

77
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Já para as autoridades ambientais, trata-se de uma atividade potencialmente poluidora
do meio ambiente e classificada como violadora da qualidade ambiental pela Lei de
Proteção Ambiental 9.605/98. Com vistas à essa, o produtor pode ser acusado de
prejuízos ao meio ambiente e à saude humana e animal.
Até os anos 70, os substratos de suinocultura no Brasil não eram um problema
alarmante, pois o número de animais era pequeno e o solo das propriedades era sufiente
para absorver tal volume de substratos. Entanto, a ascensão econômica desse setor
trouxe com ela a produção de dejetos em larga escala. Pelo fato desses não serem
manejados adequadamente, são responsáveis pela poluição das fontes de água da
região de produção.

8.3.1 Substratos

Cada produtor de suínos deveria desenvolver um programa de controle para o uso e


destino dos substratos para evitar a poluição. Esse planejamento exigiria cinco etapas
a serem consideradas: produção, coleta, armazenamento, tratamento, distribuição e
utilização dos substratos. Conhecer a aplicar cada etapa é fundamental para o sucesso
e a sustentabilidade do sistema.

8.3.2 Produção dos substratos

A quantidade e o grau de diluição do substrato devem ser determinados com precisão,


já que a sua consistência exige diferentes técnicas de procedimento, tratamento e
distribuição específicos. Para determinar as propriedades do subtrato é necessário
conhecer a natureza, a quantidade, a consistencia e a origem deste. O resultado é crucial
para o tratamento preciso dos substratos.
É possivel determinar a quantidade de substrato produzido em uma propriedade através
do número de suínos e por técnicas específicas. Já a consistencia do efluente é
mensurada pela Massa Seca desse.

78
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos

8.3.3 Coleta dos substratos

Trata da coleta dos substratos em vários locais de produção e a canalização desses a


uma central de coleta. Assim, a sua redistribuição é facilitada, o custo de utilização de
maquinário é reduzido e o fornecimento dos substratos controlado. Para a eficiência do
procedimento, é importante que a água da chuva não entre no sistema.
A capacidade do reservatório de coleta deve ser suficiente para conter o volume
máximo de substratos produzido na região. Igualmente, para o controle da medição do
volume de fornecimento, por hora, deve ser instalado um medidor de volume.

8.3.4 A retenção dos substratos

A retenção de substratos na zona de convergência (central de coleta) é temporária, até


que possam ser usados em culturas agrícolas e pastagens. É importante que seja
organizado um planejamento para a redistribuição desse efluente (nesse caso, o
biofertilizante in natura): determinar o período para a aplicação, o local de
armazenagem, o fluxo operacional, o impacto do armazenamento e suas consequências
na consistência e nas propriedades dos substratos. Um eventual excedente de biomassa
na região deve ser tratado adequadamente.

8.3.5 Tratamento dos substratos

O tratamento dos subtratos prevê a redução do teor de poluentes. No pré-tratamento


com uma peneira (ou prensa), a fase seca é separada da fase líquida, de modo que
possam ser subsequentemente transformadas em biofertilizantes. Em alguns casos a
fase líquida é tratada em lagoas.

8.3.6 Separação das fases sólida e líquida de efluentes

Devido ao baixo custo e a facilidade de manuseio, o separador (tipo peneira) é o


equipamento comumente usado para a separação de fases dos efluentes. Sua função é
importante também para a redução das emissões de odor e a captura de lodo.

79
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
A fase sólida representa cerca de 15% do efluente. Rica em minerais N-P-K
(nitrogênio, fósforo e potássio), é utilizada como fertilizante. No caso do lodo, a média
de minerais por m³ é de 4,98 kg de fósforo, 1,1 kg de potássio e 3,2 kg de nitrogênio,
ou seja, 9,2 kg de N-P-K por m³ de lodo. Comparada com o seu estágio bruto, significa
uma concentração 30% maior de minerais.

8.3.7 Lagoas anaeróbias

A principal função das lagoas anaeróbias é reduzir o teor de matéria orgânica dos
substratos. Além disso, facilita o tratamento do efluente no tanque subsequente. Outra
vantagem é que o tanque anaeróbio exige menos espaço físico, entretanto e
proporcionalmente, deve ser mais profundo para alcançar resultados padrões de sua
função.
Lagoa anaeróbia 1: A base para o cálculo do volume da lagoa é a quantidade diária de
substratos disponíveis e o tempo de retensão hidráulica de 35 dias. No caso de uma
quantidade diária de 3 m³, por exemplo, um volume estimado da lagoa é de 106 m³
(Professor Rodrigues, UFSC, Florianópolis, 2006)
A primeira lagoa anaeróbia elimina cerca de 51% do efluente, 80% do teor orgânico,
28% de nitrogênio, 70% do total de fósforo e 97,7% das bactérias, segundo literatura.
Apesar de o percentual orgânico atender aos requisitos de proteção ambiental após a
passagem pela lagoa anaeróbia, esse é ainda elevado (1.541 mg/l de DBO5; 4.888 mg/l
de substratos sólidos totais, 1.411 mg/l de nitrogênio e 120 mg/l de fósforo) e o efluente
deve, portanto, ser submetido a uma segunda lagoa anaeróbia de tratamento.
A segunda lagoa anaeróbia elimina aproximadamente de 27% dos sólidos, 64% do teor
de matéria orgânica, 29% de nitrogênio, 44% de fósforo e 97,5% de outras bactérias
do efluente proveniente da primeira lagoa. Mesmo que o conteúdo orgânico de
nutrientes, nessa fase, atenda aos requisitos de proteção ambiental, a concentração
desses e dos minerais é ainda muito alta e o efluente deve, portanto, ser submetido a
um tratamento subsequente.

80
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Para a continuidade do tratamento é recomenda uma lagoa facultativa. Até essa fase
atual, segundo literatura, são eliminados 82% dos sólidos, 95% do teor orgânico, 58%
de nitrogênio e 91% de fósforo, considerando a peneira e as duas lagoas.

8.3.8 Lagoa facultativa

A lagoa facultativa elimina cerca de 42% de sólidos originários da segunda lagoa, 42%
do teor orgânico, 57% de nitrogênio, 29% de fósforo e 97,3% das bactérias. Mesmo
que o conteúdo orgânico de nutrientes, nessa fase, atenda aos requisitos de proteção
ambiental, a concentração desses e dos minerais é ainda muito alta: 442 mg/l de teor
de matéria orgânica, 2.097 mg/l de sólidos, 446 mg/l de nitrogênio e 44 mg/l de fósforo
e, por conseguinte, deve ser submetido à um tratamento adicional em uma lagoa com
vegetação.

8.3.9 Lagoas com plantas aquáticas para a remoção de minerais de


efluentes

As lagoas com vegetação específica para o tratamento de efluentes são uma boa
alternativa para eliminar o nitrogênio. Segundo a literatura, até essa fase final do
processo foi eliminado um total de 98% de sólidos, 99% do teor orgânico (DBO5),
94% de nitrogênio, 98% de fósforo e 99,9% das bactérias.
Até agora, de azoto e que ocorrem do total de fósforo e se um total de dos substratos
rígidos inteiros, do teor de matéria orgânica eliminado.

8.3.10 Utilização de substratos biodigeridos

Como já descrito, os substratos são primeiramente peneirados e o efluente seco obtido


é o biofertiizante com valor agregado para a comercialização. Esse pode ser disposto
diretamente em cuturas de lavouras ou secado (embalado, transportado a longas
distâncias e comercializado).
Os agricultores geralmente preferem fertilizantes artificiais, considerados por eles
como mais fáceis de serem aplicado no solo e mais baratos.

81
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos

8.3.11 Distribuição e aplicação de biofertilizante semisseco

A substância seca do substrato biodigerido ou efluente final da biodigestão é utilizado


na agricultura como fertilizante, a fim de reduzir o custo e minimizar os riscos de
poluição ambiental. É comumente armazenado em tanques. É importante que o
biofertilizante apresente uma alta concentração de Massa Seca, para que possa ser
facilmente transportado.

8.4 RELATÓRIO DE EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NO


TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS EM LAGOAS

Professor Rodrigues, responsável pela gestão de águas no Centro de Ciências Agrarias


da UFSC, em 2006, expressou a sua convicção quanto ao tratamento de efluentes
através de lagoas anaeróbias combinado com instalações de biogás. No seu
entendimento científico, o tratamento do efluente biodigerido através do sistema de
tratamento de esgoto, em especial a fase líquida pode, sim, obter bons resultados.
A demanda bioquímica de oxigênio dos dejetos suínos, em cinco dias (DBO5), na
região de estudo é de cerca de 3.500 mg/l. A proporção de Massa Seca varia entre 1,5
e 3%. Para o Estudos de Caso, a Massa Seca é definida como 4%, de acordo com uma
recomendação do programa PNMA II/Embrapa (meta a ser trabalhada junto aos
produtores rurais).
Na segunda fase de tratamento nas lagoas de estabilização o valor da DBO5 cai para
1,500 mg/L. Na terceira lagoa o valor da DBO5 é de cerca de 600 mg/L. Um eventual
tratamento com a Lemna sp. (vegetal aquatico estudado pela UFSC na Eng. Sanitária)
na quarta lagoa rediziria a DBO5 para 150 mg/L.
Se a água residual da quarta lagoa tratada com Lemna sp. fosse tratada em uma quinta
lagoa com zona de raizes, a água final do processo estaria completamente limpa.
Ambos os vegetais são possiveis de serem utilizados na biofermentação como vegetais
energéticos e podem, desta maneira, fechar o ciclo dessa produção biológica e
energética.
Sobre licenciamento ambiental de estações de tratamento de esgoto e aterro sanitário
no Brasil, uma importante ferramenta para orientação é o Programa Nacional de
82
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Capacitação de Gestores de Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, disponível
na internet.


83
Capitulo 9 - Perspectivas

9 PERSPECTIVAS

A continuidade desse Estudo de Caso poderia considerar os seguintes itens:


• Definição do tipo e materiais construtivos para biofermentadores.
• Levantamento de custos de unidades de biogás específicas construídas com
diferentes materiais construtivos.
• Investigar terrenos e custos na região do Estudo o Caso para a construção de
uma unidade de biogás centralizada.
• Pesquisar procedimentos possíveis para a comercialização e o transporte do
biogás excedente da produção.
• Investigar sobre processos para o tratamento dos efluentes finais de uma unidade
de biofermentação.
• Estudar sobre a aplicação, o mercado e o valor do biofertilizante seco.
• Calcular o custo da produção do biofertilizante seco.
• Calcular o custo do tratamento da fase líquida biodigerida em lagoas.
• Desenhar planilhas com comparativo ecológico e econômico entre o tratamento
de efluentes biodigeridos de uma unidade centralizada e unidades individuais.
• Calcular o valor e o aproveitamento da água resultante do processo de
tratamento dos efluentes biodigeridos.
• Pesquisar e sugerir linhas de financiamento nacionais e internacionais para
projetos ambientais cooperados.

84
Referências

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92
Anexos

ANEXOS

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Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasil

ANEXO 1 – PROJETO E CUSTOS DA TECNOLOGIA APLICADA


NO BRASILȱ

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Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasilȱ
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95
Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasil

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

ANEXO 2 – PROJETO E CUSTOS DA TECNOLOGIA ALEMÃ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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101
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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102
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ

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