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Iara Dreger
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC)
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2
Resumo
RESUMO
3
Abstract
ABSTRACT
The present book presents a case study about the microdrainage basin Lajeado dos
Fragosos in the High Uruguay River region in Santa Catarina. The prevalent economy
in this region is the swine breeding in confined animal feeding operation, which
produces 133.500,00 m³/a of exceeding biomass, stored in open dunghills and destined
to the bio fertilization of crops. If applied in the 440,50 hectare that are arable in the
sub-drainage basin, 303,07 m³/ha/a of waste are processed, opposing the state
legislation of 50 m³/ha/a. The storage manner and destination of the biomass results in
environmental consequences such as methane emission, scents, soil saturation and
water body contamination with negative consequences, both social and economic. As
an ecological-economic solution, the study proposes a collective and centralized biogas
production unity (factory) with waste enriched by farm (crop) energy vegetables. The
biogas production is enough to provision 100% of the energy demand in properties and
capacity of exporting the exceeding to three times its demand volume. Attached to the
efficiency in biogas production, the ideal dry mass composition for the bio
fermentation is studied. The proposal converges to socio-environmental benefits and
to the income generation. It suggests ecologically right and economically efficient
destinations to the final affluent of the process. It designs a parallel between the bio
fermentation technologies currently adopted in Brazil and Germany. It evaluates the
cost-benefit ratio of these proposals and predicts the enterprises expansion to the great
region of the High Uruguay River in the context of creating a pole of renewable energy
generation.
4
Lista de Figuras
LISTA DE FIGURAS
5
Lista de Tabelas
LISTA DE TABELAS
6
Lista de Abreviaturas e Siglas
7
Lista de Abreviaturas e Siglas
Deutsche Gesellschat fuer Technische Zusammenarbeit
Deutsche Gesellschaft fuer Internationale
Zusammenarbeit GmbH
GWh Giga Watt por hora
H Altura (h)
Input Entrada
Hectare 10.000 m² de área de solo
H2S Ácido Sulfídrico
LBG Liquefied Biogas: biogás liquefeito
Lemnas sp. Macrófitas aquáticas
L-Gas Low Gas: gás com baixo poder de queima
LNG Liqued Natural Gas: gás natural liquefeito
LPG Liquefied Petroleum Gas: gás liquefeito de petróleo
IBERÊ Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública e Cidadania
I.E. Instituto para Energia e Meio Ambiente, Alemanha.
Institut für Energetik und Umwelt
No prelo Em processo de editoração
Kg Quilograma
KW Kilowatt
KWh Kilowatt hora
M Metro
M² Metro quadrado
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA Ministério do Meio Ambiente do Governo Federal do
Brasil
MDL (CDM) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
Clean Development Mechanism
MJ Megajoule
MS (TS) Teor de Matéria Seca ou Massa Seca
Trocken Substanz
MW Megawatt
M3 Metro cúbico
N2 Nitrogênio
NPK Nitrogênio | Fósforo | Potássio
S/d Sem data
OMS Teor Orgânico da Massa Seca
ONU Organização das Nações Unidas
pH Potencial Hidrogeniônico
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A., Empresa
PNMA II Programa Nacional do Meio Ambiente II
PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica
Reais (R$) Moeda brasileira
SO2 Dióxido de Enxofre
8
Lista de Abreviaturas e Siglas
RGE Rio Grande Energia, Empresa
SADIA Empresa Brasileira de Produção de Alimentos
Terminação Fase final de engorda do animal (55 a 115 kg de peso
vivo)
UE (EU) União Européia
Europaeische Union
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UPL Unidade de produção suína (peso por animal vivo entre 6
e 25 kg)
9
10
Prefácio
PREFÁCIO
11
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
12
Sumário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1.1 PROBLEMA ................................................................................................. 17
1.2 OBJETIVO DO TRABALHO ...................................................................... 18
1.3 HIPÓTESE .................................................................................................... 19
1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................... 19
14
Sumário
7.4.1 Dimensionamento da unidade, dos biorreatores e do custo segundo
sistema alemão .............................................................................................. 69
7.5 RESUMO SOBRE AS ESTIMATIVAS DE CUSTOS DAS
TECNOLOGIAS ALEMÃ E BRASILEIRA ............................................... 71
7.5.1 Custo da tecnologia alemã ............................................................................ 71
7.5.2 Custo da tecnologia aplicada no Brasil ......................................................... 71
7.6 RESUMO NUMÉRICO SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA EM
LAJEADO DOS FRAGOSOS ...................................................................... 72
7.6.1 Demanda de energia elétrica e gás para combustão ..................................... 72
7.6.2 Consumo residencial de energia elétrica (ee) nas propriedades rurais ......... 73
7.6.3 Consumo de energia elétrica (ee) na produção de aves ................................ 73
7.6.4 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) na produção de aves ...... 73
7.6.5 Consumo de gás LPG (Liquefied Petroleum Gas) da fábrica de laticínios .. 74
7.6.6 Consumo de lenha no matadouro .................................................................. 74
7.6.7 Relação demanda x produção de biogás através de dejetos suínos .............. 74
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA
1
Gás combustível composto por metano, gas carbônico e outros gases, gerado pela fermentação anaeróbica
de matéria orgânica úmida de origem vegetal ou animal (p.ex. esterco, lixo orgânico, forrageiras).
2
Fermentação, biodigestão ou digestão anaeróbia ou anaeróbica é um processo de conversão enzimática de
comporto orgânico pela ação de microorganismos, que se desenvolvem sem a presença de ar e que
permite a degradação de resíduos orgânicos.
3
Biomassas orgânicas.
4
Biogás, eletricidade, energia térmica, biometano.
17
Capitulo 1 - Introdução
tratamento do efluente final5 da unidade de produção de biogás6, ou usina de biogás,
visando o resíduo zero.
Parte do biogás produzido poderá ser destinado, ainda, para suprir a demanda
energética (aquecido, resfrigeração, ventilação e iluminação) da produção pecuária e
agrícola em propriedades rurais local, bem como, da indústria regional agrária e de
alimentos.
O biogás pode substituir fontes convencionais de energia, tais como a madeira, o gás
liquefeito do petróleo ou a própria eletricidade de hidrelétricas. O uso de biorreatores7
em ambientes rurais contribui, também, para a qualidade da saúde humana, evitando a
emissões de odores, a proliferação de moscas e de mosquitos, a contaminação do solo
e das águas.
O efluente final biodigerido, rico em minerais, se em excesso no meio ambiente,
continua sendo um potencial poluidor. Entretanto, se manejado corretamente, pode vir
a ser um adubo orgânico de alto teor nutritivo e substituir o fertilizante químico em
culturas agrícolas e pastagens (Oliveira, PAV, Higarashi, MM e Matei, RM, s/d).
5
Subproduto da biodigestão com alta concentração de mineirais como, Nitrogênio, Fósforo e Potássio.
6
Complexo construído para a biodigestão, a produção de biogás e biofertilizante e a geração de energias
elétrica, térmica ou biometano.
7
Biorreator, também denominado de biodigestor, biofermentador, digestor ou fermetador é usualmente um
tanque no qual são cultivados microorganismos para a aplicação da biotecnologia.
8
Adubo orgânico rico em minerais como Nitrogênio, Fósforo e Potássio.
18
Capitulo 1 - Introdução
1.3 HIPÓTESE
19
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
O rio Uruguai banha uma representativa área geográfica dos Estado de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul e deságua no estuário do Rio da Prata, entre os países Argentina
e Uruguai (Figura 1).
A extensão total do rio é de cerca 2.000 km e sua abrangência é de 384.000 km².
Desses, 177.494 km² encontram-se em território brasileiro, dos quais 46.000 km² no
Estado de Santa Catarina (Figura 2).
O rio Uruguai apresenta uma vazão anual média de 3.600 m³/segundo e um volume
anual médio de 114 km² (ANEEL, 2006). Relacionado à geografia e ao relevo, é
dividido, no Brasil, em duas grandes regiões hidrográficas: do Alto e do Baixo Rio
Uruguai (CEPEN, 2006), (Figura 3).
O Estudo de Caso, aqui desenvolvido, concentra-se na Região do Alto Rio Uruguai, a
qual se estende a noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e a sudoeste do Estado de
Santa Catarina (Figura 4). No Estado de Santa Catarina é subdividida em quatro regiões
hidrográficas denomidas RH4, RH3, RH2 e RH1 (Figura 5) - classificação
EPAGRI/Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - de
geologia pedregosa, acidentada e de terras vermelhas (Engemix, 2006).
O objeto de Estudo é a microbacia9 hidrográfica Lajeado dos Fragosos (classificação
Oliveira, P.A., 2006, EMBRAPA/CNPSA), localizada na região hidrográfica
catarinense RH3. O Lajeado dos Fragosos é um afluente do rio Jacutinga que, por sua
vez, é um afluente do rio Uruguai (Figura 6).
Os perfis social, econômico, ambiental e geográfico da microbacia Lajeado dos
Fragosos são típicos das regiões do Meio-Oeste e do Oeste do Estado de Santa
Catarina. Entende-se, desta forma, que as análises e as propostas desenvolvidas para
esta área podem vir a ser replicadas em toda a Região do Alto Rio Uruguai.
9
Microbacia hidrográfica é uma área geográfica delimitada por divisores de água, drenada por um rio ou
córrego, para onde escorre a água da chuva e que alimenta uma sub-bacia e, essa, uma bacia hidrográfica.
20
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
Figura 2 – Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai (iadb, s/d), com demarcação da região do Alto Rio
Uruguai
21
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
Figura 4 – Área hidrográfica do rio Uruguai no Estado de Santa Catarina (BHSC/EPAGRI, 1997) –
cor verde escuro
22
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
RH3
Figura 5 – Regiões hidrográficas RH1, RH2, RH3 do rio Uruguai, da esquerda para a direita do
mapa (BHSC/EPAGRI, 1997)
Figura 6 – Região Hidrológica RH3 | Case Lajeado dos Fragosos (FATMA/GTZ, 2003)
23
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
2.3 TOPOGRAFIA
A Região do Alto Rio Uruguai corresponde a uma secção do rio Uruguai, no sul do
Brasil, composta por um sistema hidrológico rico em córregos e rios, acentados em
vales estreitos e emoldurados por encostas escalonadas, com diferenças de níveis de
até 300 metros (Engemix, 2006).
2.4 VEGETAÇÃO
24
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
2.5 TEMPERATURA
25
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
Cerca de 3,8 milhões de brasileiros vivem na Região do Alto Rio Uruguai. Das quatro
regiões hidrogáficas de abrangência do rio Uruguai, no Estado de Santa Catarina, a
região do rio Chapecó (RH2) é a mais densamente povoada por seres humanos e
animais.
O abastecimento de água potável para a maioria da população está abaixo da média
nacional de 81,5%. Na área rural, a água chega praticamente exclusivamente de poços.
A rede de saneamento básico alimenta de 6% a 42% as necessidades da população,
26
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
bem abaixo da média nacional de 47,2%. Apenas 6% do total de águas residuais são
tratadas, enquanto a média nacional é de 17,8% (Cepen, 2006).
27
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
A Figura 9 apresenta a foz do Lajeado dos Fragosos no rio Jacutinga que, por sua vez,
tem suas águas represadas pelo reservatório da usina hidrelétrica de Itá no Rio Uruguai
(outubro de 2006).
A Figura 10 apresenta a situação dos empreendimentos hidrelétricos na bacia
hidrográfica do rio Uruguai.
28
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
10
Taxa de câmbio de acordo com o FAZ em 11/2006: 1 R$=0,357 Euros.
29
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
11
Geração de enegia elétrica e térmica através de um único equipamento mecânico.
30
Capítulo 2 - Estudo da Região do Alto Rio Uruguai
Para o aquecimento do ambiente de produção animal, o consumo médio de GLP é de
546 kg por aviário, ou seja, 42 cilíndros de 13 kg a R$ 34,00 a unidade (valor de
mercado em 10/2006), totalizando um custo aproximado de R$ 1.400,00/ano, ou cerca
de 500,00 Euros12.
Em média, 36% da população rural concluí o ensino fundamental, 21% o ensino médio,
19% frequentam universidades e 2% concluiem o ensino superior.
13
A renda familiar é, em média, de R$ 350,00 ou 125,00 € por mês (Eletrosul, Projeto
Rio Alto Uruguai, 2006).
12
Taxa de câmbio a 1,00 EUR = R$ 2,80, FAZ, 12/2006.
13
(EUR 1,00 = R$ 2,80 – FAZ, 12/2006).
31
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
3.1 SUINOCULTURA
32
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
propriedades de produção agropecuária encontra-se acentadas na bacia hidrográfica do
rio Uruguai (ACCS, 2004).
Trata-se de uma estrutura de produção e de economia familiar, distinta da estrutura
econômica do país que, por sua vez, promove e fortalece o crescimento econômico da
região. De acordo com Herbert Hepp, diretor do Programa de Meio Ambiente 3S para
produção de biogás da empresa Sadia de Alimentos (2006), no sul do Brasil cada
agricultor produz cerca de 500 animais por período de crescimento, sendo que essas
operações são administradas principalmente por homens. As mulheres trabalham, em
sua maioria, na criação de vacas leiteiras e no processamento de leite, que serve como
uma fonte adicional de renda. Apenas 15% das propriedades suinícolas têm um sistema
de reciclagem para os dejetos excedentes da produção animal. Acontece desses
substratos serem direcionadas para o sistema hídrico ou, ainda, serem utilizados em
larga escala, e em grandes quantidades, como biofertilizante (Cepen, 2006).
Segundo normatização da EMBRAPA e da EPAGRI, o número de animais deveria
condizer, e não exceder, a equação entre o volume de dejetos produzido e o percetual
de biofertilizante possível de ser assimilado pelas áreas agrárias da propriedade,
evitando, assim, a supersaturação de solos com os sais minerais contidos
nessesefluentes, dentre eles o Nitrogênio. Considerando que a tendência é o aumento
do cartel de animais, nos próximos anos, e que este é conflitante com as pequenas áreas
agrícultáveis das propriedades, Berenice da Silva Martins sugeriu, em entrevista em
10/2006, que o Estado invista em novos métodos de reciclagem para os dejetos.
Já o professor Dr. Belli Filho, do Departamento da Engenharia Sanitária e Ambiental
da Universidade Federal de Santa Catarina, está implantação unidades de produção de
biogás, no sul do Brasil, visando à proteção dos recursos hídricos. Suas pesquisas
visionam a Lei 9.433 sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos. São sistemas que
servem à Pesquisa e utilizam-se de tecnologia simplificada com biorreatores sem
aquecimento e sem agitação controlada.
33
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
Figura 12 –Mapa topológico indicativo da qualidade dos recursos hídricos em Santa Catarina
(EPAGRI - BHSC, 1997)
34
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
Ainda, segundo Armando, a meta, a partir dos resultados desse projeto, é uma
reestruturação radical do atual sistema de produção de suínos. Tanto o sistema de
produção e de funcionamento quanto o de tratamento e de eliminação de dejetos devem
ser alterados. O projeto é a base para o controle da poluição e tem sua aplicação através
do Programa Nacional de Meio Ambiente (PNMA II) e a Gestão Integrada de Ativos
Ambientais.
O uso de dejetos da produção suína como biofertilizante para o solo agrícola é a forma
mais comum de reciclagem dessa biomassa (Figura 13). O pesquisador da EPAGRI,
Eloy Scherer, em sua tese de doutorado na Alemanha, dissertou sobre o transporte dos
dejetos como biofertilizante para a aplicação em lavouras e, sobre a viabilidade
econômica do procedimento. Se transportado de A para B, a viabilidade economica
dos dejetos, como biofertilizante, está diretamente relacionada ao percentual de Massa
Seca14 (MS) desses. Em considerando que este percentual atinge no máximo 3% na
região do Estudo de Caso, a distância máxima para o transporte desse substrato é de 30
km. No entanto, se o teor de Massa Seca aumentasse de 3 para 6%, a distância para o
transporte poderia aumentar de 30 para 84 km (Scherer, EE, 2004).
14
Percentual de massa orgânica remanescente em uma biomassa, depois de extraída a água.
35
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
36
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
fornecimento de energia térmica (calor) nos aviários, além de outras aplicações. O
resíduo semisseco do biorreator, rico em nutrientes, especialmente o Fósforo, deverá
vir a ser convertido em adubo orgânico seco. Já o resíduo líquido deverá vir a ser
armazenado em tanques para o cultivar de algas, visando a remoção de sais minerais
desse efluente e a devolução da água à natureza ou, preferencialmente, para o cultivo
de produtos hortícolas e pomares.
O sistema biodinâmico será monitorado para avaliar a produção de biogás, a qualidade
do biofertilizante e seus nutrientes para a produção de peixes e cultivo de culturas.
Pretende-se, com a implantação do programa, favorecer a criação de novos empregos
e a aceleração da economia regional. Espera-se que dentro de um curto espaço de
tempo uma grande parte dos 30 mil produtores de suínos na região seja capaz de criar
sistemas biológicos biodinâmicos em suas propriedades (Perdomo, CC, et al, s/d).
15
É um método de conservação de forragem vegetal, a qual é cortada em pequenos fragmentos e
armazenadas em silos verticais, trincheiras ou compactados em fardos, revestidos por um filme de
plástico hermético.
37
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
hectare não consegue atender às necessidades excenciais imediatas de alimentação
animal na região, fator este que pode vir a provocar uma resistencia social para novas
possibilidades de uso da cultura do milho. Outros fatores desfavoráveis à utilização
desse vegetal para a produção de bioenergia remontam às estiagens de verão e a
incorreta ou insuficiente fertilização dos solos.
O cultivo do feijão preto é uma das principais fontes de renda para os produtores da
agricultura familiar. Entretanto, são várias as dificuldades encontradas no manejo desta
cultura agrícola como, a insuficiência de fertilizantes (em consequencia de altos custos
dos insumos), a baixa qualidade das sementes ou, ainda, as condições climáticas
adversas como, estações do ano antecipadas ou atrazadas, estiagens recorrentes e
períodos de chuvas intensas.
Já a soja e o trigo são cultivados principalmente em solo fértil, sobre áreas planas ou
ligeiramente ondulada, já que são cultura mecanizadas. Esse tipo de topografia acorre
em terrenos com cotas de níveis mais altas, distantes dos rios. Cada vez menos,
entretanto, é investido nessas culturas devido aos altos custos dos investimentos
necessarios à fertilização do solo, que exige grandes quantidades de adubo. Como
consequencia ocorre a substituição da agricultura de grãos pela pecuária pastoril e a
recomposição da vegetação nativa (Engemix, 2006) que, somadas ao plantio de
forrageiras poderiam propiciara a conteção de erosão de solos, a alimantação de
animais e de unidades de produção de biogás.
38
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
Considerando que, quanto maior o volume de biomassa colhido por hectare mais
eficiente é a produção, tem-se aqui um excelente vegetal à produção de Massa Verde
(MV). Ademais, em tempos de altos preços dos combustíveis fósseis, vem sendo
discutido se a energia deveria ser produzida a partir de grãos e/ou de vegetais
energéticos da lavoura, podendo vir a ser a folhagem do capim-elefante um desses
vegetais energéticos, assim como os talos desse vegetal podem vir a ser transformados
em carvão vegetal.
Hugo Gosmann, engenheiro da Empresa de Pesquisa EPAGRI cita, em entrevista em
10/2006, que o capim-elefante é um vegetal perene de crescimento continuado.
O hectare com capim-elefante pode ser colhido até quatro vezes ao ano e produz cerca
de 200 toneladas de massa verde/ano, com 18% a 42% de Massa Seca. (CARVALHO,
M. M., et al., 1994; CASTILHOS, Z.M.S., 1987).
Apresenta-se como uma alternativa de cossubstrato para a biodigetão com dejetos
suínos na região e vem, assim, substituir a silagem de milho usada na Alemanha.
39
Capítulo 3 - A Economia Agrícola na Região do Alto Rio Uruguai
3.5.2 A cana-de-açúcar
3.5.3 O sorgo
Nas próximas décadas a produção agrícola mundial será compartilhada com três
segmentos: alimentar, biomassa, vegetal energético e uma possível combinação dos
três segmentos. A biomassa vai ser a matéria prima base para a geração de energia
renovável. Os especialistas prevêem que a partir de 2050, a produção agrícola de
energia renovável será a maior indústria mundial, já que os combustíveis fósseis, como
petróleo, gasolina e gás, estão se esgotando.
41
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo
43
Capítulo 4 - A estratégia brasileira para a produção energética no campo
n) Desenvolvimento de geradores de energia utilizando membranas de interação
iônica para o biogás;
o) O desenvolvimento de sistemas de armazenamento de biogás sob baixa pressão
para utilização em instalações de produção animal;
p) O desenvolvimento de sistemas de tratamento e de purificação do biogás, com
o objetivo de reduzir a humidade e a corrosão provocada por gases adicionais,
bem como, aumentar o teor de metano e a sua capacidade calorífica do biogás
(biodieselbr, s/d).
44
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ
16
5 GASES DE EFEITO ESTUFA
16
São substâncias gasosas que contribuem para a levação de temperatura ambiental na superfície terrestre e
existem em estado natural. Entretanto, o teor desses gases tem aumentado largamente, atribuído às
atividades humanas.
17
Constitui um tratado da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Criado em 1997,
definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança
atual do clima. O Protocolo de Quito regulamenta os seguintes gases como gases de efeito estufa: dióxido
de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nítrico (N2O) hidrofluorcarbonos (H-FKW/HFCs), hexafluoreto
de enxofre (SF6).
45
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ
situação social e econômica do Brasil, através da promoção de transferência de
tecnologia e da contribuição para o desenvolvimento sustentável.
A matriz energética do Brasil, baseada na geração de eletricidade via hidrelétricas, com
turbinas a água, é considerada sustentável. Ainda assim, o país tem outras várias opções
para a geração de eletricidade através de fontes alternativas de energia, como o biogás
de aterros sanitários e de biomassas orgânicas da pecuária, da indústria de alimentos,
do residual da produção de etanol e do biodiesel, de carcaças de animais, da indústria
de alimentos e da agricultura, ou ainda, a geração com turbinas a vapor pela queima da
casca de arroz, do bagaço seco de cana-de-açúcar, entre outros. Segundo estimativas
do Centro Nacional de Biomassas, das 267.000 toneladas da produção nacional de cana
de açúcar podem ser gerados hoje cerca de 3.8 MW (megawatts) de eletricidade via
combustão (Negócios, 2006).
Há, também, quem defenda o reflorestamento de florestas para a queima em altos
fornos da indústria metalúrgica que, de acordo com um relatório de televisão da Rede
Globo, em novembro de 2006, vêm sendo alimentados com madeira da região do
Pantanal brasileiro.
Segundo o pesquisador da Embrapa, professor De-Polli, o uso de substratos da
suinocultura para a redução de CO2 e CH4 através da produção de biogás e a geração
de eletricidade é mais um campo de interesse do programa CDM. A suinocultura
brasileira, que ocupa uma posição de liderança nos rankings internacionais de
produção de carne, tem um potencial médio de produção de 0,1064 m³ de biogás/kg ou
106,4 m3 de biogás/t de substrato em biorreatores anaeróbios simples (tipo lagoa
coberta). Estabelecimentos rurais voltados à pecuária, no Sul e Centro-Oeste do país,
vêm adotando o sistema para a obtenção de créditos de carbono (Negócios, 2006).
Para negócios financeiros relacionados ao Projeto de Redução de Gases de Efeito
Estufa foi criado, no Brasil, um banco financeiro que emerge da cooperação entre a
BM & F (Bolsa de Mercadorias & de Futuros) e do Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Cofalant, 2005).
Entretanto, o Protocolo de Quioto não foi revisado pela ONU, após 2012, e não é mais
uma ferramenta disponível (2016).
46
Capítulo 5 - Gases de Efeito Estufaȱ
18
É uma aliança intergovernamental de 192 países e uma organização internacional mundial plenamente
reconhecida com direito internacional. As principais tarefas da organização são garantir a paz mundial, o
respeito pelo direito internacional, a proteção dos direitos humanos e a promoção da cooperação
internacional.
47
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
6 ESTUDO DE CASO
48
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
dessa geologia, há a ocorrência de inundações em períodos de fortes chuvas. A altitude
na região da fonte de Lajeado dos Fragoso é de 862 metros, a média é de 596 metros,
sendo que no estuário é de 320 metros acima do nível do mar, desenhando um vale
profundo, cercados de montanhas escalonadas.
Segundo a classificação Köppen-Geiger, o clima predominante é subtropical úmido,
com uma temperatura média de cerca de 15 °C nos meses mais frios do ano (junho e
julho). A precipitação pluvial anual média é de 1.500 mm.
Da floresta nativa restam somente algumas pequenas áreas isoladas junto ao lajeado,
comumente confundidas com vegetação secundária ou em regeneração. Com o
desmatamento, o ecossistema foi significativamente afetado (Figura 17 e Figura 18).
As encostas, factíveis à erosão, representam aproximadamente 70% da topografia da
microbacia do Lajeado, solo este desfavorável à disposição de efluentes (dejetos) in
natura da suinocultura (pratica exercida regularmente), já que em dias de chuvas tanto
o solo como os efluentes são literalmente escoados para os pequenos riachos e lajeado
do ecossistema.
Figura 15 – Mapa fisiográfico com a localização das propriedades rurais da microbacia hidrográfica
Lajeado dos Fragosos (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA, Concórdia/SC)
49
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
50
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
51
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
necessária para a
N° de produtores
N° de aves (total)
Dejetos (m3/ano)
Dejetos (m3/dia)
Área adicional
dias)
(m³)
(ha)
52
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
de 440,50 hectares, os 365,66 m³/dia de dejetos somam 0,83 m³/ dia ou 303,07 m³/ano
de dejetos por hectare de lavoura. Se dispostos no total das áreas de culturas, incluindo
florestas, somam 0,26 m³/ dia ou 96,40 m³/ano de dejetos por hectare.
Segundo a Instrução Normativa IN-11 (FATMA/SC, 2004), a quantidade máxima de
dejetos para a utilização em lavouras é de 50 m³/ha/ano. Para o cálculo da aplicação de
biofertilizantes em m³/ha/ano, usa-se
m³/dia • 365 / área útil (ha).
O excesso de biofertilizante em solos cultiváveis compromete a sustentabilidade dos
sistemas agrícolas adubados com dejetos, resultando em acúmulo de nutrientes, esses,
nocivos ao ambiente. Como efeitos adversos desta prática, por longos e continuados
períodos, estão a restrição à diversidade de espécies de culturas, o excesso de nitratos
nas águas de superfície e de subsolo, bem como, consequências negativas à saúde
pública e à economia (Segranfredo, M.A. s/d).
Nos modelos de edificações das pocilgas para a produção de suínos e que
correspondem a 95% das edificações existentes, os dejetos da suinocultura são
manejados na forma líquida. Nestes sistemas, o volume total dos dejetos líquidos
requer grandes estruturas para o armazenamento, considerando que os órgãos
ambientais preconizam um tempo mínimo de 120 dias de retenção, antes de sua
utilização em solos agrícolas. Requer, ainda, extensas áreas agricultáveis, suficientes
para o aproveitamento agronômico destes resíduos, além da disponibilidade de
máquinas e equipamentos para o transporte e distribuição desses. As esterqueiras, em
forma de lagoas, por serem estruturas abertas, permitem, dentre outros, a emissão dos
gases e de odores, característicos dos processos anaeróbicos que ocorrem neste sistema
de armazenagem (Oliveira, et AL. 2006). A estrutura física para o armazenamento da
biomassa é rudimentar, algumas desprovida de materiais construtivos, outras, de
alvenaria, pedra ou protegidas por manta plástica, conforme as figuras que seguem
(Figura 20, Figura 21, Figura 22 e Figura 23).
53
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
54
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
55
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
19
É determinado pelo percentual orgânico de uma biomassa após a remoção completa da água e de todos os
minerais.
57
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
onde
V1 = Volume da biomassa 1
MS1 = Massa seca da biomassa 1
V2 = Volume da biomassa 2
MS2 = Massa seca da biomassa 2
VG (V3) = Volume total (V1+V2)
TS3 = Massa seca no fermentador
a = Ano
20
pH é símbolo para a grandeza físico-química do potencial hidrogênico de uma solução aquosa, que indica
a acidez, neutralidade ou alcalinidade da solução.
58
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
Grandeza do tanque de fermentação (m³) = quantidade de substrato (m³/d) • tempo de
residência dos substratos no biorreator (d)
Relevando a área de lavoura de 440 hectare na microbacia, optou-se por trabalhar com
um volume menor do vegetal energético capim-elefante para que o mesmo possa ser
cultivado na região. Desta forma, serão adicionados aproximadamente 30.000,00 t/a
de silagem de capim-elefante aos 133.506,00 m³/a de dejetos da suinocultura. Esse
volume de vegetal exige cerca de 200 ha de terras cultiváveis dos 440,50 há de lavoura
disponíveis. O volume de Massa Seca no biorreator soma, assim, 6,1% MS, valor capaz
de dobrar a produção de biogás no sistema, segundo as bases de cálculo e projeto da
empresa Biogas-Nord da Alemanha, a seguir.
21
Recomendação do Programa PNMA II/Embrapa como meta a ser trabalhada junto aos produtores rurais.
59
Capítulo 6 - Estudo de Casoȱ
67SURGX] GH²WGHMHWRVDQR
67SURGX] HQWUH²PóDQRELRJiV
67SURGX] PpGLDPóDELRJiV
WGHGHMHWRVSURGX]HQWUH²PóELRJiV
)15
Assim:
365,77 m³/d dejetos • 365 d correspondem a 133.506,00 m³/a dejetos,
equivalentes a 133.506 t/a de dejetos suínos
133.506 t/a divididos por 25 t/a de dejetos (valor médio) por ST (suínos em
terminação) equivalem a 5.340,24 ST
5.340,24 ST • 450 m³/a/biogás (valor médio) produzem 2.403.000 m³/a biogás
dos dejetos suínos.
60
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
7 ANÁLISE E CÁLCULO
61
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
canalizado e conduzido por gravidade, eventualmente com o auxílio de bombas
movidas a biometano22.
A logística de fornecimento da biomassa pelas propriedades deverá ser organizada
entre os produtores rurais para evitar conflito na tubulação. O número de biorreatores
será diretamente proporcional à quantidade de dejetos suínos, de forrageiras e à
tecnologia adotada. Para o dimensionamento da unidade de produção de biogás desse
Estudo de Caso leia-se o item 7.2 do Capítulo 7 “Dimensionamento e Estimativa de
Custo para a Construção de um Biorreator Central”.
Parte do biogás produzido na usina pode ser tratado para a categoria de biometano e
disponibilizado, através de bombas de abastecimento, para veículos e máquinas
agrícolas da região. Pode, também, ser comprimido para a distribuição em garrafas ou,
canalizado, para a distribuição, via rede de gás, às propriedades da comunidade.
Igualmente, a outra parte do biogás pode ser usada como combustível para a
cogeração23 de eletricidade e energia térmica24.
O efluente final biodigerido será separado, por um separador de fases, em substância
úmida e semisseca, esta última considerada como fertilizante orgânico de relevante
teor mineral com cerca de 25% MS.
A fração líquida do biodigerido poderá ser usada como biofertilizante nas áreas
cultiváveis da região, já que sua composição é rica em minerais, observando-se que a
condicionante desse procedimento é a assimilação desses minerais pelo solo,
normatizada pela Instrução Normativa 11 (IN 11) da FATMA (situação 2006),
atualizada em 2015, com base em Recomendações Técnicas provenientes da
EMBRAPA/CNPSA e do Manual da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo
e de Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (ROLAS),
segundo informações da FATMA em 2016.
O excedente da fração líquida do processo de separação dos efluentes biodigeridos
necessita de tratamento biológico ou químico, alguns deles mencionados no capítulo 8
“Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos”, a seguir.
22
Biometano é o biogás purificado a alto teor de CH4.
23
Processo de geração combinada de eletricidade e de calor (água quente).
24
Água quente advida da troca de calor, em circuito fechado, para a refrigeração do motor.
62
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
A Figura 24, a Figura 25 e a Figura 26 mostram possíveis locais geográficos para a
instalação da unidade de biogás na microbacia Lajeado dos Fragosos.
63
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Figura 26 – Mapa fisiográfico (PNMA II, EMBRAPA/CNPSA) com a área demarcada para a
localização da unidade de biogás
66
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
aquecimento do sistema. A energia térmica restante é empregada em processos
industriais, agrícolas ou urbanos.
O biogás de uma unidade de produção pode também ser processado em biometano,
para níveis próximo ao metano e comercializado como combustível.
A empresa Avesuy dimensiona o projeto com baseada nos 375 m3/dia de dejetos
suínos, sem cossubstrato. Considera o tempo de retenção da biomassa, no biorreator,
67
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
de 30 dias. Os biorreatores são enterrados no solo e têm a forma retangular. Embora
não disponham de agitadores de biomassa internos como usual, na Alemanha, os
biorreatores são equipados com tubos de saída, junto as paredes laterais do volume
construído, que permitem a sucção e o retorno da biomassa através de bombas,
propiciando uma agitação esporádica (Projeto: Apêndice 1).
7.3.1.1 Biomassa
7.3.1.2 Biorreatores
7.3.1.3 Construção
7.3.1.4 Investimentos
25
1,00 Euro = 2,80 Reais, em 12/2006, FAZ.
68
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Tabela 2 – Volume de substrato e produção de biogás segundo cálculo da empresa brasileira
Avesuy
Substrato Volume t/dia t/ano MS % m³
Biogás/dia
Dejetos (135.000 t/a) 375 135.000 1,5 5.000,00-
7.000,00
O dimensionamento será calculado para uma biodigestão com 6,1 de Massa Seca nos
biorreatores, conforme argumentado no Capítulo 6.
69
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
7.4.1.1 Biomassas
7.4.1.2 Biorreatores
Diâmetro de 23 m.
Altura de 6,40 m.
Volume construído total de 15.954 m3.
O sistema é capaz de produzir, continuadamente e durante os 365 dias do ano, até 5.399
m³ de biogás/dia dos dejetos e 7.374 m³ de biogás/dia do capim, somando uma
produção total de 12.773 m³/dia de biogás.
Os fatores que garantem e asseguram essa produção continuada são: a forma física e a
agitação da biomassa nos biorreatores, a temperatura continuada de 38 °C e o controle
biológico do processo.
O custo de construção dos 6 biorreatores é de R$ 3.817.417,50 ou EUR26 1.368.250,00.
26
1,00 Real = 2,79 Euros, segundo Währung, 07.
70
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Os custos de investimento para os seis biodigestores representam 297,00 EUR/1.000
m3 de biogás produzido, onde [A / (B • 360 d)] ou, 704,00/1.000 m3 para [A / (C • 360
d)]:
A 1.368.250,00 Euro – custo dos fermentadores para biomassas compostas (dejetos
suínos e capim-elefante)
B 12.773 m3/d – produção de biogás com dejetos de suínos (365,77 t/d) e capim-
elefante (81,3 t/d)
C 5.399 m3/d – produção de biogás somente com dejetos de suínos (365,77 t/d)
O custo da tecnologia aplicada no Brasil é de 70,83 EUR /1.000 m³, para uma produção
média de 6.000 m³ de biogás a partir de dejetos de suínos, para temperatura ambiente
acima de 25°C.
A tecnologia de biofermentação adotado no Brasil, se comparada com a tecnologia
alemã, é bem mais simples e exige investimentos financeiros menores. Não obstante e
71
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
segundo a empresa Avesuy, apresenta uma produção maior de biogás com biomassa
simples (dejetos suínos) que a tecnologia adotada na Alemanha.
Perante esses dados é possível afirmar que a tecnologia para a biofermetação adotada
no Brasil é a tecnologia ideal para o uso em países emergentes e em desenvolvimento,
com a temperatura ambiente de 38°C. Observa-se, entretanto, que as temperaturas
médias do Estado de Santa Catarina variam de 25,8 a 27,5°C para as máximas, e de
12,9 a 14,0°C para as mínimas (Capítulo 2, item 2.7 “Temperaturas”).
Reserva-se uma investigação mais detalhada sobre a eficiência de produção e a
viabilidade econômica, a qual viria de encontro às políticas agrícolas no Brasil, de
acordo com o Capítulo 4.3 “Agenda Biogás do Governo Brasileiro”.
72
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
39.042 kWh/m (demanda) • 3,6 MJ/kWh representa 140.551 MJ/mês de ee • 100% ./.
35 (35% de eficiência) e significam 401.574,8 MJ/mês de consumo de ee em aviários,
correspondente ao volume de 18.695,30 m3/mês de biogás.
27
1,00 Euro = 2,80 Reais.
73
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
Um quilo de eucalipto equivale a 19,6 MJ/kg • 430 kg/mês (densidade) = 8.428 MJ/m3.
8.428 MJ/m3 • 45 m3/mês = 379.260 MJ/mês de lenha ./. 21,48 MJ/m3 correspondem
a 17.656 m3/mês de biogás.
74
Capítulo 7 - Análise e Cálculo
3
1.313.154,00 m /a, conclui-se a possibilidade de suprir toda a demanda energética da
microbacia, com excedente para exportação.
Entretanto, e com base nas análises dos projetos aqui apresentados, o volume de
produção de biogás na microbacia Lajeado dos Fragosos consegue chegar a pelo
menos 4.670.000,00 m³/ano com biomassas da própria microbacia, respondendo assim
a uma produção em escala industrial.
75
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
O Prof. Dr. Christof Weter comenta, em 2007, que a humificação poderia vir a ser uma
interessante alternativa para aumentar o percentual de Massa Seca dos efluentes
biodigeridos para até 25%. Também aqui se pode usar um separador de fases para obter
uma fase mais seca e então proceder com a humificação.
76
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Tratamento de efluentes com junco (vegetação herbácea): a humificação de lodo de
estações de esgoto é um processo natual, que pode ser adequada à drenagem e
humificação em leitos de secagem de junco. Serve atualmente para cidades, municípios
e investidores privados.
Esse processo inovador de tratamento de esgoto convence por sua alta eficiência: os
operadores e comunidades beneficiam-se da grande capacidade de drenagem e a
drástica redução de residuais orgânicos. Além disso, apresenta um baixo custo
operacional, baixo consumo de energia e, como resultado, um produto final versátil,
de alta qualidade, que pode ser reciclado ou queimado.
No tratamento do esgoto é produzido lodo, cuja destinação, na Alemanha, é prevista
por diretrizes e leis nacionais. O objetivo é que o tratamento do lodo seja sustentável e
de baixo custo. Tais diretrizes incluem um método relativamente novo: o humificação
do lodo de estações de tratamento em leitos de junco. A experiência teve início no final
dos anos 80 e, com base nos conhecimentos atuais, pode-se assegurar que o processo
alcança excelente qualidade. Os leitos podem ser aterrados e devem ser recobertos com
uma mata impermeável. A vegetação habita uma área aeróbica/anaeróbica de 20cm de
expessura, capaz de estabilizar o lodo de estações de tratamento de esgoto durante todo
o ano. A carga por área deve estar entre 30 e 60 kg de Massa Seca por m² durante 5 até
10 anos. Depois desse tempo devem ser desativados. A eficiencia do processo é
garantida pela zona de raízes da vegetação e um filtro é desnecessário. O junco
favorece o processo de aeração e de secagem do lodo, assim como, um ambiente
altamente propício para o desenvolvimento de microfauna e microflora. A utilização
do produto final deste processo é proibida na Alemanha. (IVAA, o/A).
77
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Já para as autoridades ambientais, trata-se de uma atividade potencialmente poluidora
do meio ambiente e classificada como violadora da qualidade ambiental pela Lei de
Proteção Ambiental 9.605/98. Com vistas à essa, o produtor pode ser acusado de
prejuízos ao meio ambiente e à saude humana e animal.
Até os anos 70, os substratos de suinocultura no Brasil não eram um problema
alarmante, pois o número de animais era pequeno e o solo das propriedades era sufiente
para absorver tal volume de substratos. Entanto, a ascensão econômica desse setor
trouxe com ela a produção de dejetos em larga escala. Pelo fato desses não serem
manejados adequadamente, são responsáveis pela poluição das fontes de água da
região de produção.
8.3.1 Substratos
78
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
79
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
A fase sólida representa cerca de 15% do efluente. Rica em minerais N-P-K
(nitrogênio, fósforo e potássio), é utilizada como fertilizante. No caso do lodo, a média
de minerais por m³ é de 4,98 kg de fósforo, 1,1 kg de potássio e 3,2 kg de nitrogênio,
ou seja, 9,2 kg de N-P-K por m³ de lodo. Comparada com o seu estágio bruto, significa
uma concentração 30% maior de minerais.
A principal função das lagoas anaeróbias é reduzir o teor de matéria orgânica dos
substratos. Além disso, facilita o tratamento do efluente no tanque subsequente. Outra
vantagem é que o tanque anaeróbio exige menos espaço físico, entretanto e
proporcionalmente, deve ser mais profundo para alcançar resultados padrões de sua
função.
Lagoa anaeróbia 1: A base para o cálculo do volume da lagoa é a quantidade diária de
substratos disponíveis e o tempo de retensão hidráulica de 35 dias. No caso de uma
quantidade diária de 3 m³, por exemplo, um volume estimado da lagoa é de 106 m³
(Professor Rodrigues, UFSC, Florianópolis, 2006)
A primeira lagoa anaeróbia elimina cerca de 51% do efluente, 80% do teor orgânico,
28% de nitrogênio, 70% do total de fósforo e 97,7% das bactérias, segundo literatura.
Apesar de o percentual orgânico atender aos requisitos de proteção ambiental após a
passagem pela lagoa anaeróbia, esse é ainda elevado (1.541 mg/l de DBO5; 4.888 mg/l
de substratos sólidos totais, 1.411 mg/l de nitrogênio e 120 mg/l de fósforo) e o efluente
deve, portanto, ser submetido a uma segunda lagoa anaeróbia de tratamento.
A segunda lagoa anaeróbia elimina aproximadamente de 27% dos sólidos, 64% do teor
de matéria orgânica, 29% de nitrogênio, 44% de fósforo e 97,5% de outras bactérias
do efluente proveniente da primeira lagoa. Mesmo que o conteúdo orgânico de
nutrientes, nessa fase, atenda aos requisitos de proteção ambiental, a concentração
desses e dos minerais é ainda muito alta e o efluente deve, portanto, ser submetido a
um tratamento subsequente.
80
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
Para a continuidade do tratamento é recomenda uma lagoa facultativa. Até essa fase
atual, segundo literatura, são eliminados 82% dos sólidos, 95% do teor orgânico, 58%
de nitrogênio e 91% de fósforo, considerando a peneira e as duas lagoas.
A lagoa facultativa elimina cerca de 42% de sólidos originários da segunda lagoa, 42%
do teor orgânico, 57% de nitrogênio, 29% de fósforo e 97,3% das bactérias. Mesmo
que o conteúdo orgânico de nutrientes, nessa fase, atenda aos requisitos de proteção
ambiental, a concentração desses e dos minerais é ainda muito alta: 442 mg/l de teor
de matéria orgânica, 2.097 mg/l de sólidos, 446 mg/l de nitrogênio e 44 mg/l de fósforo
e, por conseguinte, deve ser submetido à um tratamento adicional em uma lagoa com
vegetação.
As lagoas com vegetação específica para o tratamento de efluentes são uma boa
alternativa para eliminar o nitrogênio. Segundo a literatura, até essa fase final do
processo foi eliminado um total de 98% de sólidos, 99% do teor orgânico (DBO5),
94% de nitrogênio, 98% de fósforo e 99,9% das bactérias.
Até agora, de azoto e que ocorrem do total de fósforo e se um total de dos substratos
rígidos inteiros, do teor de matéria orgânica eliminado.
81
Capítulo 8 - Tratamento dos Efluentes Finais Biodigeridos
83
Capitulo 9 - Perspectivas
9 PERSPECTIVAS
84
Referências
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85
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92
Anexos
ANEXOS
93
Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasil
ȱ
ȱ
94
Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasilȱ
ȱ
ȱ
ȱ
95
Anexo 1 - Projeto e Custos da Tecnologia Aplicada no Brasil
96
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
ȱ
ȱ
97
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
ȱ
ȱ
98
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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ȱ
99
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
ȱ
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100
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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101
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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102
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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103
Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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Anexo 2 - Projeto e Custos da Tecnologia Alemãȱ
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