Professional Documents
Culture Documents
DE LITERATURA
CANNABIS IN THE MANAGEMENT OF PATHOLOGIES- LITERATURE
REVIEW
Rafael Maciel de Paulo1 Breno Silva de Abreu2
Como citar:
Paulo RM, Abreu BS. Cannabis no gerenciamento de patologias. REVISA. 2015; 4(2): 136-45.
RESUMO
O declínio medicinal da Cannabis veio com o aparecimento de
outras substâncias e a dificuldade de isolar seu princípio ativo. O
professor israelense, Raphael Mechoulan, conseguiu identificar e isolar
os principais componentes desta planta, permitindo um maior
conhecimento sobre uma Cannabis. A Cannabis possui cerca de
quatrocentas substâncias. Entre essas substâncias, as que mais
despertaram o interesse foi o delta-9-tetraidrocanabinol e o canabidiol,
um responsável pelos efeitos psicoativos e o outro por não ter efeitos
psicoativo, respectivamente. Em estudos, foi possível perceber que
existem diferentes espécies de maconha, sendo que a Cannabis sativa
é caracterizada por possuir um grande teor de THC, a Cannabis indica
por ter um baixo teor de THC e a Cannabis ruderalis que não possui
nenhuma substancia psicoativa. Outra descoberta que chamou muito
atenção foi a dos receptores canabinoides. Sendo o CB1, que possui
grande concentração no cérebro e são responsáveis pela maioria dos
efeitos psicoativos, o CB2, que são encontrados no sistema imunológico,
e por fim, o CB3 que é a maneira que chamam os outros receptores
canabinoides não CB1/CB2. Com o avanço da medicina e todas essas
descobertas foi possível realizar estudos com a Cannabis e comprovar
que ela possui efeitos farmacológicos. Hoje, está planta é utilizada no
tratamento de esclerose múltipla, doença de Parkinson, Alzheimer,
epilepsia, AIDS, glaucoma, esquizofrenia, ansiedade, redução de peso e
insônia.
Descritores: Cannabis; Canabinóides; Canabidiol; Maconha.
REVISÃO
ABSTRACT
The medicinal decline of Cannabis came with the appearance of other
substances and the difficulty of isolating its active principle. The Israeli
professor, Raphael Mechoulan, was able to identify and isolate the main
components of this plant, allowing a greater knowledge about a
Cannabis. It has about four hundred substances. Among these
substances, delta-9-tetrahydrocannabinol and cannabidiol, one
responsible for psychoactive effects and the other for not being
psychoactive, were the most interesting ones. In studies, it was possible
to perceive that there are different species of Cannabis, and Cannabis
sativa is characterized by a high THC content, Cannabis indica having
a low THC content and Cannabis ruderalis that has no psychoactive
substance. Another finding that drew much attention was that of
cannabinoid receptors. Being CB1, which has great concentration in the
brain and are responsible for most of the psychoactive effects, CB2,
which are found in the immune system, and finally CB3 which is the
way they call the other non-CB1 / CB2 cannabinoid receptors. With the
advancement of medicine and all these discoveries it was possible to
carry out studies with Cannabis and to prove that it has
pharmacological effects. Today, this plant is used in the treatment of
multiple sclerosis, Parkinson's disease, Alzheimer's, epilepsy, AIDS,
glaucoma, schizophrenia, anxiety, weight reduction and insomnia.
Descriptors: Cannabis, cannabinoids, cannabidiol, marijuana.
INTRODUÇÃO
MÉTODO
REFERÊNCIAL TEÓRICO
Cannabis: A Planta
Quando falamos da Cannabis muitas vezes ligamos diretamente a droga
conhecida como “maconha”, que também é o nome popular desta planta em
alguns países, como por exemplo, no Brasil. Mas é necessário entender que a
Cannabis é uma planta conhecida a 2.700 anos antes de Cristo e que tinha seu
uso medicinal em diversas doenças na China. A planta passou a ser considerada
uma droga devido aos seus efeitos psicoativos e a dependência que causa em
seus usuários. ¹
A Cannabis é uma erva popular que recebe nomes como cânhamo,
diamba, maconha, manga-rosa, haxixe, entre vários outros. Existem três
espécies de maconha: a Cannabis sativa que contém uma grande concentração
de THC (substância psicoativa da planta) e que é cultivada em quase todo o
mundo, a Cannabis índica que possui baixo teor de THC, e a Cannabis ruderalis
que não apresenta nenhum ingredientes psicoativos. ³
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 137
Paulo RM, Abreu BS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 138
Paulo RM, Abreu BS.
Receptores canabinoides
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 139
Paulo RM, Abreu BS.
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 140
Paulo RM, Abreu BS.
pode causar até mesmo a cegueira progressiva. O tratamento para glaucoma é cirúrgico, químico
ou com o consumo da Cannabis. A erva tem a capacidade de secar os olhos gerando a redução
do humor aquoso acumulado, assim não havendo a necessidade de desobstruir os canais.6
Outra ação que essa planta oferece é no tratamento de epilepsia. A epilepsia é uma
disfunção cerebral que tem como característica convulsões e isso pode causar várias
consequências para o paciente, como problemas psicológicos, exclusão, estigmas e isolamento.
Na atualidade só existem medicamentos que tratam as crises convulsivas da epilepsia, não há
nenhum medicamento capaz de provocar a cura desta doença. O canabidiol, substância retirada
da maconha, é o primeiro canabinóide usado no tratamento de epilepsia, está substância
apresenta ação anticonvulsivante.¹
Há estudos que demonstram que o canabidiol apresenta um perfil antipsicótico, onde
esse componente é capaz de atuar no tratamento de doenças como a esquizofrenia e outros
distúrbios psíquicos. E comparada com outras substâncias, este canabinóide não apresenta
efeitos colaterais e tóxicos se administrado em doses corretas (de 10 mg a 400 mg por dia) e não
apresentou alterações nos perfis neurológico e psiquiátricos dos pacientes.8
O canabidiol apresenta eficácia também no tratamento contra ansiedade, em especial,
nos pacientes com síndrome do pânico, transtorno pós-traumático, transtorno obsessivo-
compulsivo e de ansiedade social. Sem efeitos psicoativos, essa substância apresenta resultados
positivos e com segurança ao paciente.9
Já o Δ9-THC é apontado em alguns estudos como uma substancia que aumenta o sono
profundo e pode ser utilizada no tratamento de insônia se for administrado em doses orais de 10-
30 mg/kg. Porém, não apresentou nenhuma vantagem sobre os ansiolíticos e antidepressivos já
existentes.10
Na esclerose múltipla, doença crônica e degenerativa do SNC que causa fraqueza e
inflamação nos músculos e perda da coordenação motora, a Cannabis sativa é utilizada para
tratar um dos sintomas da doença, que é a espasticidade muscular. Notou-se que pacientes que
utilizaram doses superiores a 15 mg de THC apresentaram melhoras na ataxia e no tremor
muscular. Já em doses diárias entre 100-600 mg de canabidiol durante 6 semanas, perceberam
que houve uma melhora na distonia (movimentos involuntários lentos e contorcidos de qualquer
parte do corpo, podendo ser local ou generalizada). Foi considerada leve a hipotensão arterial,
sedação, boca seca e tontura sentida pelos pacientes.10
Baseado nesses estudos, o medicamento Sativex, que é uma mistura de 1:1 de delta-9-
THC e canabidiol extraído da Cannabis sativa clonada, foi aprovado em vários países para o
tratamento de esclerose múltipla associada à espasticidade. O Sativex em spray é considerado
uma opção segura e eficaz no combate a espasticidade, tanto na forma moderada como na
grave.10 Além da esclerose múltipla, os canabinoides também demonstraram uma atividade
muito importante em patologias neurodegenerativas como na doença de Alzheimer e na doença
de Parkinson. Em estudos com animais, os canabinoides apresentaram efeitos neuroprotetores,
inibindo o excesso da síntese de glutamato, assim, diminuindo a excitotoxicidade e lesão
neuronal.10
Na doença de Alzheimer, os canabinóides sintéticos podem vir a ser uma opção para
melhorar as atividades cognitivas desta doença, como a perda da memória progressiva.10
A grande tendência da Cannabis no Brasil é deixar de ser uma droga ilegal, administrada
através do fumo, e passar a ser considerada uma planta composta por substâncias medicinais
utilizadas por outras de vias administrativas.
CONCLUSÃO
É possível perceber que a maconha vem deixando de ser apenas uma droga psicoativa e
vem ganhando cada vez mais espaço nas pesquisas e estudos que tem como objetivo explorar a
capacidade dessa planta no ramo medicinal.
Com o isolamento das substâncias extraídas da Cannabis, como o canabidiol (CBD) e o
delta-9-tetraidrocanabinol (THC), tornou-se possível realizar estudos científicos e concluir que
essa planta apresenta propriedade terapêuticas. Muitos desses estudos comprovam que a
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 141
Paulo RM, Abreu BS.
REFERÊNCIA
1. Matos RLA, Spinola LA, Barboza LL, Garcia DR, França TC, Affonso RSO. Uso do Canabidiol
no Tratamento da Epilepsia. Revista Virtual de Química. 2017; Volume 9(2): 2-13.
2. Crippa JAS, Zuardi AW, Hallak JEC. Uso terapêutico dos canabinoides em psiquiatria. Revista
Brasileira de Psiquiatria. 2010; Volume 32: 1-3.
3. Coutinho MPL, Araújo LF, Gonties B. Uso da maconha e suas representações sociais: estudo
comparativo entre universitários. Psicologia em Estudo. 2004; Volume 9(3): 2-3.
4. Honório KM, Arroio A, Silva ABF. Aspectos terapêuticos de compostos da planta Cannabis
sativa. Química Nova. 2006; Volume 29(2): 318-319.
5. Iglésias FA. Sobre o vício da diamba.
6. Barreto LAAS. A maconha (Cannabis sativa) e seu valor terapêutico. Monografia [Trabalho de
conclusão de curso de Ciências Biológicas]. Brasília : Centro Universitário de Brasília - UNICEUB;
2002.
7. Oliveira KLB, Lima TPS. Cannabis sativa: potencial terapêutico. Monografia [Trabalho de
conclusão de curso de Biomedicina]. Porto Velho : Faculdade São Lucas; 2016.
8. Pedrazzi JFC, Pereira ACC, Gomes FV, Del Bel E. Perfil antipsicótico do canabidiol. Revista da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. 2014; Volume 47(2): 115-7.
9. Schier ARM, Ribeiro NPO, Silva ACO, Hallak JEC, Crippa JAS, Nardi AE et al. Canabidiol, um
componente da Cannabis sativa, como um ansiolítico. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2012;
Volume 34: 4-5.
10.Ribeiro JAC. A Cannabis e suas aplicações terapêuticas. Dissertação [Mestrado em Ciências
Farmacêuticas]. Porto: Universidade Fernando Pessoa; 2014.
11. Costa JLGP, Maia LO, Orlandi-Mattos P, Villares JC, Esteves MAF. Neurobiologia da
Cannabis: do sistema endocanabinoide aos transtornos por uso da Cannabis. Jornal Brasileiro
de Psiquiatia. 2011; Volume 60(2): 113-114.
12. Rang HP, Ritter JM, Flower RJ, Henderson G. Rang & Dale Farmacologia. 8° edição. São
Paulo: Elsevier; 2016.
13. Maconha sintética causa “zumbi” nos usuários. Revista VEJA, São Paulo, 19 de Dezembro
de 2016.
Revista de Divulgação Científica Sena Aires 2015 Jul-Dez; 4(2): 136-42. 142