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Reeducação Funcional

Aula -1
Treino de Marcha com Dispositivos
Auxiliares

Prof. Andréa Ferian


Ciclo de Marcha
O que é a marcha?
Sequência de repetições de movimento
dos membros para mover o corpo para frente
enquanto mantém a estabilidade no apoio.
O corpo humano integra os movimentos
dos vários segmentos e controla a atividade
muscular, de modo que o gasto energético
seja mínimo.
• Ciclo da marcha = Passada = Intervalo entre 2 toques
com o mesmo pé no solo.
• 1o. Toque = 0% CM (ciclo da marcha)
• 2o. Toque (mesmo pé)= 100% CM
Divisão do Ciclo
• O ciclo é dividido em 2 fases:
• Apoio: período durante o qual o pé está no solo.
• Balanço: período em que o pé está no ar para
proporcionar o avanço do membro.
Fase de Apoio
• Corresponde a 60% do ciclo de marcha.
• Subdividido em 3 intervalos de acordo com a
presença de um ou dos dois pés no solo.

- Início: presença dos 2 pés no solo (1º duplo apoio)


- Porção média: presença de apenas um pé (apoio simples)
- Porção final: presença dos 2 pés no solo (2º duplo apoio)
1º Duplo Apoio 2º Duplo
Apoio Simples Apoio

FASE DE APOIO
Fase de Apoio
- Início: presença dos 2 pés no solo (1º duplo apoio)
. CONTATO INICIAL
. RESPOSTA À CARGA

- Porção média: presença de apenas um pé (apoio simples)


. APOIO INTERMEDIÁRIO

- Porção final: presença dos 2 pés no solo (2º duplo apoio)


. APOIO TERMINAL
. PRÉ BALAÇO
Fase de Balanço

• Subdividido em 3 intervalos:
- Balanço inicial
- Balanço médio
- Balanço terminal

A fase de balanço de um membro corresponde à


fase de apoio simples do membro contralateral
Ciclo de Marcha - Balanço

BI BM BT
60% 100%
DISPOSITIVOS AUXILIARES PARA
A MARCHA
Definição Geral
Dispositivo auxiliar é todo item, peça de
equipamento ou sistema, que seja adquirido
no comércio, modificado ou feito sob medida,
que se destina a aumentar, manter ou
melhorar as capacidades funcionais do
indivíduo portador de limitação ou deficiência
Ex. projetos arquitetônicos acessíveis, recursos de
comunicação, órteses, próteses, assentos, dispositivos
para órgãos sensoriais, cadeira de rodas, etc
Dispositivos Auxiliares Para a Marcha
• Barras e corrimãos
• Andadores
• Muletas
• Bengalas

Podem ter a indicação de uso temporário ou


permanente
Indicações
1. Eliminar o apoio do peso em um membro inferior
completa ou parcialmente

Ex: - pós-operatório de cirurgias de joelho ou


quadril
- entorse de tornozelo
- diminuir dor (artrose de joelho, artrose
de quadril, fascite plantar, etc)
Indicações
2. Auxiliar o equilíbrio (ex. pacientes idosos,
déficits neurológicos)

3. Auxiliar a mobilidade (como nos casos de


paralisias, fraquezas musculares e amputações)
Por que antecipar a deambulação?
– Melhorar a circulação;

– Evitar descalcificação óssea;

– Auxiliar a função pulmonar;

– Promover independência;

– Evitar atrofia músculos membros inferiores.


CUIDADOS INICIAIS
• A seleção de um desses auxiliares deve ser
individualizada, seguindo uma avaliação global
e funcional do paciente (avaliar ADM, FM,
equilíbrio, compreensão, patologia de base)

• Paciente  segue as instruções?


• O que considerar?
– Quantidade de apoio que será necessária;

– Incapacidade do paciente;

– Coordenação;

– Estabilidade;
TIPOS DE DISPOSITIVOS
AUXILIARES
BARRAS PARALELAS

• Para apoio e estabilidade máximos.


• Ótimo para fases iniciais do treino de marcha.
• Altura - Paciente em pé: 15° a 20° de flexão de
cotovelo.
ANDADOR
• Estabilidade e apoio máximos;
• 4 pernas: 2 ou 4 podem ser rodas;
• Podem ser dobráveis;
• Desvantagens:
– Incômodos e difíceis de guardar e
transportar;
– Uso prejudicado em escadas;
–  Velocidade da deambulação;
– Padrão de marcha anormal;
• Altura:
– 15° a 25° de flexão do cotovelo ou
– Altura do processo estilóide da ulna (c/ pcte
em pé).
MULETAS AXILARES
• Muito indicadas quando há restrição ao apoio de peso
na marcha . Geralmente prescritas para uso temporário

• Deambulação mais rápida;

• Desvantagens:
– Menos estáveis que o andador;
– Lesões neurovasculares;
– Paciente deve ter bom equilíbrio;
– Necessita de grande FM (força muscular) de MMSS;

• Altura:
– 2 ou 3 dedos abaixo da axila;
– Ponteiras - 15 cm além dos pés;
– 15° a 25° de flexão do cotovelo;
MULETAS CANADENSES
• Sinonímia: muletas de Lofstrand ou de antebraço;
• Indicação para longos períodos;
• Pctes que tenham estabilidade e coordenação;
• Fácil de transportar e guardar;
• Sem risco de lesões neurovasculares;
• Desvantagens:
– Menos estáveis que o andador;
– Necessidade de bom equilíbrio em pé e FM em
MMSS;
– Insegurança (geriátricos);
• Ajuste:
– Paralela à tíbia e ao fêmur;
– Braçadeira superior  2,5 cm a 4 cm abaixo do
olécrano;
– Mão:
• 15° a 20° de flexão de cotovelo ou
• Altura do processo estilóide da ulna.
Bengalas
Pode ser de alumínio (ajustável) ou madeira
(necessário cortar)
Bengalas
• Aumentam o equilíbrio e a estabilidade;
• Indicadas para alguns problemas articulares
(como artrose de quadril), de equilíbrio ou
combinação de ambos;
• Funcional em escadas e pequenos espaços;
• Fácil transporte;
Bengalas
• Ajustes:
– Mão  processo estilóide da ulna (bengala paralela ao fêmur)
– 15° a 25° de flexão do cotovelo

• Usar preferencialmente no lado contralateral ao membro


fraco ou lesionado, para respeitar o padrão cruzado da marcha
(membro fraco ou machucado deve avançar junto com a
bengala)

• No caso de não haver membro mais fraco ou lesionado,


como o uso da bengala apenas como equilíbrio, o paciente deve
escolher a mão de conforto
PADRÕES DE MARCHA PARA O
USO DE MULETAS
Sem descarga de peso ou
Padrão de 3 pontos
• 2 muletas ou 1 andador
• Sustentação de peso em 1 único MI
• 44,4% a 49% do peso corporal  MMSS
• Avaliar força muscular MI não acometido e
MMSS
• Gasto energético  2 x > que o normal
Padrão com sustentação parcial do peso

• 2 muletas ou 1 andador
• Sustentação de peso pelas muletas e pelo
membro afetado
• Instrução: progressão com “calcanhar-dedos
dos pés”
Padrão de 4 pontos
(canadenses)
• Assistência máxima para equilíbrio.

• Usado quando há envolvimento bilateral decorrente de pouco


equilíbrio, incoordenação e fraqueza muscular.

• Uma muleta é avançada e depois o MI oposto é avançado (Ex:


muleta E para frente e, em seguida, MID; muleta D e depois
MIE).

• Padrão da marcha:
– Cruzado (semelhante ao normal);
– Lento e estável.
Padrão de 2 pontos
• Dispositivos bilaterais;

• Mais rápido que o de 4 pontos;

• Aproxima-se muito da marcha normal;

• É menos estável, requer mais equilíbrio;


2 bengalas

• Muleta E e o MID avançam simultaneamente; depois muleta


D e o MIE avançam simultaneamente.
ATIVIDADES FUNCIONAIS
Transferências

• Levantar

• Sentar

• Subir escadas

• Descer escadas
Escadas
• Para subir: membro sem lesão (ou o mais forte)
primeiro. Bengala ou muleta acompanham a
subida do membro mais fraco que vai depois.

• Para descer: membro inferior com lesão (ou o


mais fraco) primeiro. Bengala acompanha. O
membro mais forte ou sem lesão desce em
seguida.
PROTEÇÃO AO PACIENTE

• Dar apoio físico e instruções durante o


treinamento;
• Ficar ao lado do paciente;
• Andar junto;
• Perda de equilíbrio  levar o pcte lentamente
ao chão se necessário;
• Cinto de marcha.
INSTRUÇÕES EM CASA

• Instruções por escrito e ilustradas;


• Instruir familiares ou acompanhantes
• Certifique da compreensão dos cuidados com
o apoio do peso;
• Calçados adequados;
• Ensine-o a superar as barreiras físicas;
• Evitar tapetes;
• Sem pressa!
INSTRUÇÕES SOBRE USO DE
MULETAS
Ao usar muletas, cuidado com pisos
molhados, encerados ou escorregadios, pisos
de cimento liso, tapetes pequenos
(particularmente em pisos encerados) e fios
elétricos ou cabos. Evite locais com
aglomeração de pessoas e tenha cuidado ao
andar.
Lembrar que o aprendizado motor depende
de repetição, assim é necessário muito
treinamento até o movimento com o
dispositivo tornar-se automático e natural

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