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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL

BRUNA GUILHERME DO NASCIMENTO

Políticas públicas e formação de uma cooperativa de catadores em Fortaleza

FORTALEZA
2018.1
BRUNA GUILHERME DO NASCIMENTO

Políticas públicas e formação de uma cooperativa de catadores em Fortaleza

Monografia apresentada à disciplina de


Trabalho Final de Curso de Engenharia
Ambiental, na Universidade Federal do
Ceará, como parte dos pré-requisitos para
obtenção do Título de Engenheiro
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Ronaldo. Stefanutti.

FORTALEZA

2018.1
BRUNA GUILHERME DO NASCIMENTO

Políticas públicas e formação de uma cooperativa de catadores em Fortaleza

Monografia apresentada à disciplina de


Trabalho Final de Curso de Engenharia
Ambiental, na Universidade Federal do
Ceará, como parte dos pré-requisitos para
obtenção do Título de Engenheiro
Ambiental.

Aprovado em: ___ / ___ / _____.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Stefanutti (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental

_______________________________________________________
Dra. Geísa Vieira Vasconcelos Magalhães
Universidade Federal do Ceará – UFC
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental

_______________________________________________________
Dr. Ari Clecius Alves de Lima
Universidade Federal do Ceará – UFC
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, acima de tudo, por ter tudo que me foi concedido, em especial
minha vida e minha família.

Agradeço aos meus pais, Fátima e José Maria, por todo o suporte, cuidado,
paciência e, principalmente, por acreditarem em mim. Sem eles a trajetória seria
muito mais difícil e eu não seria a pessoa da qual eu me orgulho de ser.

Agradeço aos meus avós, por todo o amor e fé em mim.

Agradeço à minha irmã, Carolina, por não ter deixado que eu brincasse com as suas
medalhas, o que me levou a ir conquistar as minhas, e por ter me dado minha
melhor amiga, Maria Eduarda.

Agradeço ao meu padrinho e à minha madrinha de coração, Helder Medeiros e


Aglaís Costa, por terem sido anjos que me ajudaram a trilhar este caminho e por
todo o amor e torcida que me dedicam.

Agradeço ao meu namorado, que sempre faz o possível e o impossível para me


ajudar e que me ajuda a ter forças.

Agradeço aos meus amigos, que estiveram presentes em minha trajetória e me


deram apoio. Especialmente, Thaís, Kílvia, Liliana, Marcus, Cláudia, Ana e João.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Ronaldo Stefanutti, por ser mais que um
professor e ter se tornado uma pessoa amiga, por me ajudar a enfrentar as
dificuldades e por todo o suporte.

Aos professores que contribuíram verdadeiramente para minha formação e por se


importarem, Prof. Marisete Aquino, Prof. Raimundo de Souza, Prof. Fernando José,
Prof. Silvrano e Prof. Kennedy, todos do Departamento de Engenharia Ambiental e
Hidráulica.

À Universidade Federal do Ceará pela minha formação acadêmica e profissional.


SUMÁRIO

RESUMO i
ABSTRACT ii
LISTA DE GRÁFICOS iii
LISTA DE TABELAS iv
LISTA DE FIGURAS v
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Justificativa 3
2. OBJETIVOS 4
2.1. Gerais 4
2.2. Específicos 4
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5
3.1. Cooperativismo no Brasil 6
3.2. Cooperativismo X Associativismo 7
3.3. Cooperativas de catadores de materiais recicláveis 9
3.4. Embasamento legal 12
4. Metodologia 18
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 21
6. CONCLUSÃO 31
7. REFERÊNCIAS 25
“Estude, porque você não tem nada a
perder, só a ganhar. O conhecimento é a
única coisa que ninguém pode lhe tirar.”
(Francisco da Silva)
Resumo

O presente trabalho trata da descrição do perfil socioeconômico dos catadores


de materiais recicláveis do Planalto do Pici, Fortaleza – CE e do levantamento
de uma discussão quanto às políticas públicas vigentes no que concerne à
inclusão social dos catadores de materiais recicláveis e à implantação de coleta
seletiva. O trabalho busca ainda demonstrar a viabilidade, a necessidade e a
importância do fomento da criação de cooperativas de catadores de materiais
recicláveis como alternativa aos modelos e propostas de coleta seletiva
vigentes. Além de fundamentar o processo de formação de uma cooperativa de
catadores no supracitado bairro na legislação ambiental e cooperativista
vigente, a fim de que possa garantir que haja total amparo legal para as ações
e pleitos decorrentes. Busca-se, ademais, expor os enfrentamentos apontados
no caso da CATPICI – Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Recicláveis
do Pici LTDA., cooperativa formada pelos catadores de materiais recicláveis do
bairro Planalto do Pici, com o apoio da Universidade Federal do Ceará.

Palavras chave: cooperativa; catadores de materiais recicláveis; geração de


trabalho.

i
ABSTRACT

The present work deals with the description of the socioeconomic profile of
recyclable material pickers in the Pici Plateau, Fortaleza - CE and the
discussion of the current public policies regarding the social inclusion of
collectors of recyclable materials and the implementation of selective collection .
The work also seeks to demonstrate the feasibility, necessity and importance of
promoting the creation of cooperatives of recyclable waste pickers as an
alternative to the current models and selective collection proposals. In addition
to informing the process of forming a cooperative of waste pickers in the
abovementioned neighborhood in the current environmental and cooperative
legislation, so that it can guarantee that there is full legal protection for the
actions and lawsuits arising. In addition, it seeks to expose the clashes
identified in the case of CATPICI - Cooperativa de Trabalho dos Catadores de
Recicláveis do Pici LTDA., A cooperative formed by collectors of recyclable
materials from the Pici Plateau neighborhood, with the support of the Federal
University of Ceará.

Keywords: cooperative; waste pickers; generation of work.

ii
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Quantitativo de catadores de materiais recicláveis por gênero. 21

Gráfico 2 – Idade dos Catadores. 22

Gráfico 3 – Idade x Tempo de profissão. 23

Gráfico 4 – Tempo de profissão por idade e gênero. 24

Gráfico 5 – Número de horas trabalhadas. 25

Gráfico 6 – Cooperativismo/Associativismo e qualidade de vida. 27

iii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Diferenças entre Associativismo e Cooperativismo 9

Tabela 2 – Preços de materiais recicláveis em Fortaleza. 21

iv
1. INTRODUÇÃO

Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são termos que tem


sido utilizados de forma recorrente pelas mais diversas áreas de conhecimento e
tem, gradativamente, sido integrados ao cotidiano, tanto no ensino como nos
ambientes de trabalho.

Conjuntamente, eles pregam, no âmbito ambiental, um consumo


consciente, com o mínimo possível de degradação dos recursos naturais que
dispomos, afim de não afetar as necessidades das futuras gerações.

Contudo, tais termos se tornam mais abrangentes à medida que


agregam aspectos sociais, econômicos, dentre outros. Para alcançar os objetivos
trazidos pelos conceitos acima, alguns instrumentos legais, políticos e educacionais
são de suma importância.

Dentre os instrumentos da sustentabilidade, podemos citar a coleta


seletiva e a reciclagempor serem os mais conhecidos pela população e por
proporcionarem resultados a curto prazo.

O ato de reciclar está intimamente ligado à questão da


sustentabilidade, uma vez que se propõe a transformar resíduos convertendo-os em
matéria prima para processo, trazendo impactos positivos do ponto de vista
econômico, social, e ambiental. Ademais, a reciclagem também se mostra
importante por trazer benefícios como a diminuição do uso do espaço em aterros
sanitários. E a coleta seletiva, além de ter uma associação com a Educação
Ambiental, proporciona a execução da reciclagem à medida que os resíduos
utilizados na reciclagem devem ser anteriormente separados e tratados de forma
adequada.

É válido frisar também que com a reciclagem há uma diminuição da


extração de matéria prima e, para alguns materiais, menor gasto energético com a

1
aplicação da mesma. Sendo tais efeitos benéficos para os mais diversos segmentos
da indústria e possibilitando a aplicação da logística reversa de diferentes produtos.

Ademais, além do viés ambiental e econômico, os benefícios da


reciclagem e da coleta seletiva tem ainda representatividade na área social. Tendo
em vista que a catação surge como uma oportunidade de trabalho que é capaz de
captar uma mão de obra que, se não estivesse alocada nesta opção de trabalho,
possivelmente estaria ociosa, devido à falta de capacitação profissional para outras
atividades.

Contudo, tal atividade apesar de proporcionar uma fonte de renda a


estes indivíduos, ainda não é capaz de possibilitar a inclusão social dos mesmos,
devido ao gargalo envolvendo a aceitabilidade da sociedade em relação a esta
atividade. Tendo em vista que a sociedade adota critérios específicos para os
padrões de aceitabilidade social, a condição financeira e as condições de trabalho
destes indivíduos não os permitem serem aceitos, os tornando marginais à
sociedade e dificultando o alcance de melhores condições de vida.

Neste contexto e incluindo a vulnerabilidade social presente em todo


o país, a proposição de desenvolvimento da economia solidária, que se caracteriza
por ser um modo de produção e distribuição destinada à trabalhadores que se
encontram afastados do mercado de trabalho formal mostra-se uma opção viável
para geração de renda e desenvolvimento de condições dignas de vida e trabalho,
possibilitando a quebra do ciclo vigente de exclusão – pobreza - exclusão. E,
fortalece não apenas o indivíduo catador de materiais recicláveis, mas a sociedade e
o meio ambiente.

Deste modo, o presente trabalho busca caracterizar sócio e


economicamente os catadores de materiais recicláveis do Planalto do Pici, Fortaleza
– Ceará e analisar as políticas públicas ligadas ao processo de constituição de uma
cooperativa de trabalho de catadores de materiais recicláveis de acordo com a
legislação pertinente.

2
1.1. JUSTIFICATIVA

O presente trabalho é embasado na Lei 12.305 de 2 de Agosto de


2010 – na qual é instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, PNRS -, que
estimula a criação deste elo, assim como a inclusão social dos catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis e na necessidade de criação de artifícios que
executem a coleta seletiva nas cidades brasileiras.

O trabalho, que foi elaborado e executado pela UFC, surgiu de uma


observação da conjuntura geral da cidade de Fortaleza-CE no que concerne à
situação dos resíduos sólidos, das políticas voltadas ao meio ambiente e das
condições de trabalho e vida dos profissionais que trabalham com coleta seletiva
autonomamente.

Com isto, foi percebida a necessidade de uma ação que pudesse vir
a demonstrar a aplicabilidade da implantação de um mecanismo de fortalecimento
para a classe dos catadores de materiais recicláveis, que, na prática, são os agentes
de maior impacto para a aplicação da coleta seletiva e, que, consequentemente,
também fomenta a coleta seletiva, conforme está previsto na legislação.

3
2. OBJETIVOS

2.1 Gerais

Discutir as políticas públicas de inclusão social dos catadores em Fortaleza-CE.

2.2 Específicos

 Caracterizar socioeconomicamente os catadores de materiais recicláveis do


Planalto do Pici, Fortaleza –CE.
 Demonstrar o processo de formação de uma cooperativa de materiais
recicláveis.
 Analisar a implantação das políticas públicas relativas à resíduos sólidos, no
que concerne à coleta seletiva e catadores de materiais recicláveis.

4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O Cooperativismo é um movimento social que considera as


cooperativas como forma ideal de organização da humanidade, baseado na
democracia, participação, direitos e deveres iguais para todos, sem discriminação de
qualquer natureza, para todos os sócios.

O mesmo teve origem na organização dos trabalhadores na Inglaterra, no


período da Revolução Industrial, diante do desemprego e dos baixos salários. Na
ocasião, os trabalhadores se uniram para conseguir capital para aumentar o poder
de compra coletiva. Surgiu então, a ideia de criar uma organização formal chamada
de cooperativa, onde regras, normas e princípios próprios seriam praticados com o
intuito de garantir o direito a um trabalho digno para a obtenção de condições de
vida adequadas ao ser humano.

A experiência dos trabalhadores da Inglaterra difundiu-se em outros


países, tornando-se uma experiência global. Parte dessa adesão foi possível pela
possibilidade que o cooperativismo tem de articular noções de cidadania, com a
ideia da inserção real na geração de trabalho e renda, negando-a enquanto uma
ação filantrópica ou econômica strictusensu. (Ponte & Osterne, 2016)

Diante de tamanha aceitabilidade, os princípios adotados pelo


cooperativismo foram regulamentados em Congressos promovidos pela Aliança
Cooperativa Internacional, em Paris (1932), Viena (1966), Tóquio (1992) e
Manchester (1995).

Tais princípios, que permanecem até hoje, são baseados na Adesão


Livre e Voluntária; na Gestão Democrática; na Participação Econômica; na
Autonomia e Independência; na Educação; na Intercooperação e no Interesse pela
Comunidade. E, desta forma, o cooperativismo tem a possibilidade de atingir seu
objetivo e agregar mais valor aos produtos e serviços com a finalidade de dividi-lo
proporcionalmente ao trabalho de cada cooperado, além de proporcionar melhorias
das condições de vida e trabalho aos participantes da empresa.

5
3.1. COOPERATIVISMO NO BRASIL

No Brasil o movimento iniciou-se em 1889, na cidade de Ouro Preto


(MG), com a criação da primeira cooperativa de consumo de que se tem registro no
Brasil, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos
de Ouro Preto. Em seguida, novas cooperativas foram sendo constituídas pelo país,
com ênfase para as cooperativas de crédito e rurais.

Em 1969, foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras


(OCB) com o objetivo de fomentar e fortalecer o cooperativismo no Brasil. E em
1971, foi promulgada a Lei 5.5764/71- a Política Nacional de Cooperativismo- que
trata da criação de cooperativas.

Tal legislação mostra-se de grande impacto por regularizar e


oficializar a situação das cooperativas, porém se mostra deficiente por restringir a
autonomia dos cooperados, interferindo na criação, funcionamento e fiscalização do
empreendimento cooperativo. Limitação esta reparada pela Constituição de 1988,
que proibiu a interferência do Estado nas associações e cooperativas, possibilitando
assim a autogestão do cooperativismo.

Contudo, apenas em 1995, o cooperativismo no Brasil obteve


reconhecimento internacional e fortalecimento das cooperativas no país, com a
eleição de Roberto Rodrigues para a Aliança Cooperativista Internacional (ACI),
sendo o primeiro não europeu a ocupar o cargo.

No Brasil, as cooperativas são reconhecidas legalmente como uma


das formas de organização de empreendimentos coletivos.

Na primeira metade do século XX, a maioria das cooperativas estava


ligada à agricultura. Contudo, atualmente, as cooperativas urbanas estão se
expandindo para outros setores, devido, especialmente, ao êxodo rural, e
consequentemente ao aumento da população, e a maior emergência de problemas

6
sociais nas cidades. Proporcionando assim, um meio favorável ao surgimento e à
constituição de cooperativas.

Assim, pela diversidade de possibilidades de atuação, as


cooperativas se apresentam como alternativa para resolução de problemas
decorrentes do desemprego. Como instrumento de geração de emprego e renda, as
cooperativas podem atuar desde os processos de produção, industrialização,
comercialização, crédito (serviços financeiros) e prestação de outros serviços.

No Brasil, em 2016, havia 6.685 cooperativas com cerca de 13


milhões de associados, segundo dados da OCB (2017).

3.2. COOPERATIVISMO X ASSOCIATIVISMO

Uma dúvida recorrente quando o tema é cooperativismo é relativa à


diferenciação de cooperativismo e associativismo.

Segundo Cardoso (2014), a cooperativa é um meio para que um


determinado grupo de indivíduos atinja objetivos específicos, por meio de um acordo
voluntário para cooperação recíproca, o que podemos chamar de finalidade.

As cooperativas tem como objetivo primário melhorar a situação


econômica de determinado grupo de indivíduos, buscando enfrentar as dificuldades
e gerar benefícios a este grupo, proporcionando assim a possibilidade de alcance
destes objetivos.

Para tanto, a cooperativa atua no mercado desenvolvendo


atividades de consumo, produção, crédito, prestação de serviços e comercialização
para seus cooperados, com fins lucrativos, gera remuneração, tem poder de
comercialização, dentre outros itens específicos.

7
Enquanto que o associativismo designa a prática de associação,
enquanto processo não lucrativo de livre organização de pessoas para a obtenção
de finalidades comuns.

Deste modo, o associativismo, enquanto forma de organização


social, caracteriza-se pelo seu caráter, normalmente, de voluntariado, por reunião de
dois ou mais indivíduos usado como instrumento da satisfação das necessidades
individuais humanas tendo caráter social. Ou seja, possibilita a reunião de indivíduos
que tenham um objetivo social comum, sem, entretanto, gerar benefício financeiro.

Em associações a definição legal é que deverá ser uma Sociedade


Civil sem fins lucrativos, não geradora de remuneração, com responsabilidade
exclusiva dos administradores por sua gestão, dentre outros itens.

A diferença essencial está na natureza dos dois processos.


Enquanto as associações, capituladas no artigo 53 e seguintes do Código Civil
Brasileiro, são organizações que têm por finalidade a promoção de assistência
social, educacional, cultural, representação política, defesa de interesses de classe,
filantrópicas, as cooperativas têm finalidade essencialmente econômica, seu
principal objetivo é viabilizar o negócio produtivo de seus associados junto ao
mercado.

Sendo assim, tem-se que para grupos de indivíduos, como


catadores de materiais recicláveis, que tenham como interesse o crescimento e
fortalecimento profissional, o cooperativismo se mostra a resolução mais aplicável ao
tema.

8
Tabela 1 – Diferenças entre Associativismo e Cooperativismo
Diferenças entre Associativismo e Cooperativismo
Associativismo Cooperativismo
Definição Sociedade Civil sem fins Sociedade civil e
lucrativos. comercial, sem fins
lucrativos (LTDA).
Objetivos Prestar serviços de Prestar serviços de
interesses econômico, interesse econômico e
técnico, legal, cultural e social aos seus
político de seus cooperados, viabilizando e
associados. desenvolvendo sua
atividade produtiva.
Mínimo de constituintes 02 7
Patrimônio Formada por taxas pagas Possui capital social.
pelos associados, Formados por
doações, fundos e quotasintegralizadas pelos
reservas. Não possui associados, podendo
capital social. receber doações,
empréstimos e processos
de capitalização.
Observação Não gera excedente. Retorno do excedente
proporcional ao volume
das operações.
Fonte: Autor

3.3. COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLAVEIS

Considerando-se que a crescente mecanização dos processos de


trabalho extingue cargos que antes eram desempenhados por pessoas sem
qualificação e cria oportunidade apenas para os profissionais qualificados, excluindo,
portanto, uma parcela significativa da população (Ponte & Osterne, 2016). A figura
do catador surge como uma decorrência da conjuntura político-econômica do país e
que se atrela, automaticamente, a conjuntura social. Tendo em vista que, a questão
dos catadores de materiais recicláveis envolve refletir sobre as dualidades da
9
sociedade contemporânea: ao mesmo tempo em que o lixo é um problema que
necessita de solução, os catadores, agentes fundamentais na triagem deste lixo,
estão à margem de uma sociedade que não lhes oferece oportunidades de inclusão.
O que mostra a falta de reciprocidade em uma relação na qual há um
beneficiamento da sociedade, mas esta não fornece a contrapartida para estes
trabalhadores.

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos - estudo feito pela


Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe), foi coletado no Brasil 195.452 t/dia em 2016.

Deste total, a região Nordeste foi responsável por gerar 55.056


toneladas/dia de RSU, das quais 79% foram coletadas e destinadas por agentes do
governo, o que a fez figurar como a segunda maior produtora dos resíduos do país,
ficando atrás apenas da região Sudeste, maior polo de concentração econômica e
social do país.

Muito embora no Ceará não existam dados oficiais divulgados,


segundo projeções, o estado produz mais de 9.575,88 ton/dia. E, não obstante,
conte 280 lixões, sabe-se que apenas 5.800 ton/dia são destinadas corretamente.
Desse montante, 61,39%, perfazendo 5.876,69 ton/dia de resíduos sólidos são
gerados apenas pela capital.

Ainda segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos,do total de


resíduos sólidos gerados no país, apenas 58.4% foi destinado à aterros sanitários.
Enquanto que no Estado do Ceará, do montante total, apenas 35.6% foram
destinados à aterros sanitários, enquanto que 33% foram destinados à aterros
controlados e 31.6% foram destinados à lixões. E, na cidade de Fortaleza, não foram
fornecidos dados quanto à destinação dos resíduos. Bem como, nem em esfera
federal, estadual e municipal foram divulgados dados relativos à quantidade de
resíduos que são coletadas por cooperativas de materiais recicláveis.

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Concomitantemente, tem-se que desde a segunda metade do século
XX as cidades estão ficando cada vez mais povoadas, gerando assim uma super
lotação e, por conseguinte, uma diminuição na oferta de empregos, tendo em vista
que a procura por empregos é superior à oferta dos mesmos. Deste modo, com altos
índices de desemprego proporcionalmente cresce a marginalização e a busca por
outras alternativas para a geração de renda.

Dadas tais circunstâncias, o aumento e fortalecimento de


profissionais denominados “Catadores de Materiais Recicláveis” tornou-se
decorrente, bem como a sua organização em grupos, tendo em vista que tais
profissionais tendem a serem marginalizados e sofrerem com a exploração dos
atravessadores, ou como são chamados popularmente, os “deposeiros” – indivíduos
responsáveis pela compra dos resíduos dos catadores e venda para as indústrias
que utilizam os materiais recicláveis – se encontram-se individualizados.

Embora o trabalho como catador remonte o século XIX, ainda hoje, a


sociedade não admite o valor e importância do exercício da atividade, especialmente
no que concerne à questão ambiental, que tem como grande alicerce a reciclagem e
que, por vezes, deve sua viabilidade à atuação destes profissionais.

Desta feita, ao longo dos anos, no intuito de retroceder essa


situação de exclusão social, os catadores de material reciclável vêm buscando se
articular coletivamente com base em diferentes formatos organizacionais, visando a
superação de gargalos estruturais que lhes impedem de se apropriarem de um
maior valor por seu trabalho.

A primeira cooperativa formada por catadores registrada no Brasil é


a Cooperativa dos Catadores de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis
(Coopamare), fundada em 1989, em São Paulo.

Desde então, o país tem tido um aumento substancial no número de


cooperativa de catadores. De acordo com o IPEA (2011), em 2008, existiam, pelo
menos, 1.175 cooperativas ou associações de catadores, distribuídas em 684

11
municípios brasileiros e totalizando 30.390 trabalhadores. Já o Compromisso
Empresarial pela Reciclagem (2009) credita 500 mil catadores, enquanto que
Movimento Nacional dos Catadores (2012) estima que existam no Brasil mais de
800 mil catadores de materiais recicláveis e o Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (2011), defere entre 300 mil e 1 (um) milhão.

Na cidade de Fortaleza e Região Metropolitana, de acordo com a


Prefeitura de Fortaleza (2016), em 2015, são 16 (dezesseis) cooperativas e
associações especializadas em materiais recicláveis ligadas à Rede de Catadores
de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará, para atender 3.615.767
habitantes. Enquanto que no bairro em estudo, o Pici, apresenta 42.494 habitantes
e, como o dado apenas mostra as cooperativas e associações ligadas à Rede de
Catadores, nenhuma cooperativa especializada.

Ainda tem-se que, a profissão de catador é reconhecida como categoria


profissional oficializada na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações- desde
2002, sob registro nº 5192-05. E que, passados quinze anos de tal reconhecimento,
muitos catadores ainda são marginalizados e buscam, visando uma valorização
maior do seu trabalho perante a sociedade e o poder público, se articular
coletivamente organizando cooperativas e associações como forma de
reconhecimento (IPEA, 2013).

3.4. EMBASAMENTO LEGAL

O cooperativismo teve sua primeira previsão legal em 1971, com a


Lei nº 5.764/71, conhecida como Lei do Cooperativismo. Referida lei se propôs a
traçar diretrizes para a Política Nacional de Cooperativismo, trazendo em seu bojo
conceitos e objetivos essenciais.

A promulgação dessa lei foi considerada na época um grande


avanço no que concerne ao desenvolvimento e fortalecimento do cooperativismo no
país.

12
Posteriormente, com o crescimento do movimento cooperativista no
país, além da citada lei, o ordenamento jurídico pátrio, através da Constituição
Federal de 1988, elevou ao status de garantia fundamental, em seu inciso XVIII do
art. 5º, o direito a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independetemente de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento. E em seu art. 146, inciso III, alínea “c” e § 2º do art. 174 garantiu o
apoio do Estado ao estimulo ao cooperativismo e outras formas de associativismo.

Contudo, apesar do avanço histórico ocorrido, este tema manteve-se


sem modernizações por 41 anos, quando a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
o Novo Código Civil, em seus artigos 1.093 a 1.096 caracterizou e regulou o
funcionamento das cooperativas em um Capítulo específico sobre o tema, tratando
de pontos como o capital social, número de sócios, valores de cotas,
responsabilidades, dentre outros tópicos relevantes.

Ademais, em 19 de Julho de 2012, foi sancionada a Lei 12.690/12, a


Nova Lei do Cooperativismo, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das
Cooperativas de Trabalho, além de instituir o Programa Nacional de Fomento às
Cooperativas de Trabalho – PRONACOOP e revogou o art. 442 da Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT – que previa em seu parágrafo único que “Qualquer que
seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício
entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela.”

Tal legislação, contudo, não revoga o que regulamenta as Leis nos


5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -Código
Civil, apenas legislando sobre os temas que não colidem.

Desta feita, pode-se resumir os principais avanços legislativos


através dos seguintes direitos:

13
I – retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e, na
ausência deste, não inferiores ao salário mínimo, calculadas de forma proporcional
às horas trabalhadas ou às atividades desenvolvidas;
II – duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias
e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, exceto quando a atividade, por sua
natureza, demandar a prestação de trabalho por meio de plantões ou escalas,
facultada a compensação de horários;
III – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
IV – repouso anual remunerado;
V – retirada para o trabalho noturno superior à do diurno;
VI – adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou
perigosas;
VII – seguro de acidente de trabalho.

Além de diferenciar as cooperativas de trabalho em cooperativas de


produção e de serviço.

No que concerne a cooperativas de trabalho formadas por catadores


de materiais recicláveis, a Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, a Política Nacional de
Resíduos Sólidos cita em diversos pontos o apoio e fomento que deve ser dado à
estas.

Em seu art. 7º, a PNRS traz como objetivo a integração dos


catadores nas ações que envolvam responsabilidade compartilhada no ciclo de vida
dos produtos.

Por sua vez, o art. 8º, o incentivo à criação e ao desenvolvimento de


cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis é caracterizado como instrumento da PNRS.

A PNRS prevê também, em seu art. 18, inciso II, que no Plano
Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos deve ser implantada a coleta
seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de

14
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda. Além de apresentar, em seu art. 19, inciso X, como conteúdo mínimo
para o PMGIRS, a promoção de programas e ações para a participação dos grupos
interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda e, estabelecer em regulamento, de acordo com o art. 21, § 3º, normas
sobre a exigibilidade e o conteúdo do plano de gerenciamento de resíduos sólidos
relativo à atuação de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis.

Para o setor empresarial, a legislação estipula que deverá ser


adotada a logística reversa, e, para assegurar a implementação e operacionalização,
deve haver a parceria com cooperativas ou outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, como pode ser constatado em seu
art. 33, inciso III, cujo teor, transcrevo em parte:

“Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida


dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos:
(...)
III - articular com os agentes econômicos e sociais medidas para viabilizar o
retorno ao ciclo produtivo dos resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis
oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;”

Por seu turno, o legislador não esqueceu o Poder Público, à medida que
conferiu a ele o poder de instituir medidas e linhas de financiamento com vistas à
implantar infratestrutura física, bem como fomentar formas de associação de
catadores de materiais recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. No
mesmo sentido, a União e os demais entes da federação poderão. É forçoso
salientar que não somente a União, mas também os Estados e os municípios
figuram como agentes dessa política, como pode se ver na legislação estadual.

15
No Estado do Ceará, a Lei nº 16.032, de 20 de junho de 2016,
institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos, que dispõe sobre os princípios,
objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada
e ao gerenciamento de resíduos sólidos.

Nesta legislação, que segue fielmente os moldes da PNRS, há


adoção como um de seus objetivos, conforme art. 7º, inciso XIV, a promoção da
integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que
envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, e, inciso
XXIV, o estimulo a organização, por meio de incentivos financeiros, dos catadores e
catadoras em cooperativas e associações, de modo a contribuir para o seu
desenvolvimento econômico e inclusão social.

Bem como, de acordo com o art. 8º, inciso VI, a adoção como um de
seus instrumentos as cooperativas ou outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis.

Ainda seguindo o padrão, em seu art. 18, o Plano prioriza para o


recebimento de recursos relativos à limpeza urbana e ao manejo de resíduos
sólidos, os municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de
cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis
e recicláveis, formadas por pessoas físicas de baixa renda.

É possível ainda citar outros pontos nos quais há correlação entre a


legislação federal e a estadual, como a adoção de conteúdo mínimo no PMGIRS
contemplando programas e ações de exigibilidade, inclusão e parcerias com
cooperativas e associações de catadores, conforme art. 19, inciso XI, art. 21, § 3º e
art. 33, inciso III; o estabelecimento da coleta seletiva priorizando a inclusão de
catadores, inclusive, responsabilizando-se pela implantação de Centros de Triagem,
no art. 36, inciso II e, por fim, a instituição de medidas indutoras e linhas de
financiamento, bem como incentivos fiscais, financeiros ou creditícios ,
respectivamente para a implantação de infraestrutura física, aquisição de
equipamentos para cooperativas ou outras formas de associação de catadores de

16
materiais reutilizáveis e recicláveis e para indústrias, entidades e projetos
relacionados à reciclagem e responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos que
sejam parceiros de cooperativas e associações de catadores.

Contudo, apenas em seu art. 65, a legislação apresenta uma


inovação: o Programa "Bolsa Catador", que consiste em incentivos financeiros
periódicos prestados pelo Estado às cooperativas e associações de catadores com o
objetivo de incentivar as atividades de reutilização, reciclagem e tratamento dos
resíduos sólidos, bem como promoção da inclusão social da categoria.

Entretanto, ainda este avanço vem com ressalvas quanto à


periodicidade e valor do benefício, critérios para repasse, dotação orçamentária e
demais regulamentações do Programa que dependem do Poder Executivo e até o
ano de 2018, ainda não havia sido executada, seja pela morosidade do processo,
seja por entraves jurídicos.

17
4. METODOLOGIA

A fim de compreender analiticamente as condições de trabalho e


vida dos catadores de resíduos recicláveis, na fase inicial do projeto, foi elaborado
um questionário quantitativo do tipo aberto abordando diversos pontos, como: carga
horária de trabalho, renda semanal, escolaridade, dentre outros, que foi implantado
no bairro Planalto do Pici.

Contudo, a adoção de tal metodologia, que teve início no final do


ano de 2011, não obteve os resultados esperados. Devido à dificuldade de aceitação
dos catadores em participar da pesquisa não havia um grupo de amostragem
suficiente. Portanto, no ano de 2013, houve uma alteração na metodologia buscando
corrigir tal problema.

Além do questionário quantitativo elaborado previamente, foi


adicionada a utilização de um questionário qualitativo, permitindo assim uma
pesquisa exploratória. Tal questionário não continha perguntas preestabelecidas,
havendo, portanto, uma abordagem social, na qual o entrevistado falava o que se
sentia confortável para expor e assim procurava-se estabelecer um perfil dos
catadores, buscando semelhanças nas histórias contadas e tentando integrar tais
informações com as obtidas através do questionário quantitativo.

Através desta abordagem foi possível estabelecer um vínculo de


confiança e credibilidade e compreender aspectos mais subjetivos do seu dia a dia,
a fim de analisar o modo mais viável de trabalho, tendo em vista que tais
profissionais, por serem comumente marginalizados, tendem a não interagirem,
especialmente com os de diferentes classes sociais.

Após o período de coleta de dados, que durou 1 (um) ano, teve


início a segunda fase do projeto, a análise dos dados obtidos. Durante este período,
foi importante a manutenção do contato com os catadores, para que estes não
perdessem a confiança que haviam adquirido.

18
Conforme os resultados obtidos apontaram, o grupo tinha interesse
na formação de uma cooperativa ou associação de trabalho. Sendo assim, após a
análise e organização dos dados, teve início a terceira fase do projeto. Fase na qual
os catadores foram convidados para reuniões a fim de se estabelecer uma ligação
entre eles e verificar se havia o real interesse em se mobilizarem e buscarem
crescer em grupo. Tendo em vista que para o trabalho em cooperativas ou
associações deve haver um sentimento de grupo e um companheirismo que não é
presente no cotidiano dos catadores devido ao caráter solitário da atividade.

Nestes encontros, que ocorriam noCentro de Desenvolvimento


Familiar – CEDEFAM – da UFC, foi dado início à consolidação do grupo de
catadores nos quais buscava-se proporcionar uma troca de conhecimentos e
opiniões acerca do mercado, das condições de trabalho e das opções que existiam
para que a realidade dos mesmos fossem alteradas.

O resultado foi a tomada de decisão da implantação de uma


cooperativa de trabalho dos catadores de recicláveis no bairro supracitado, tendo em
vista que uma associação teria não garantiria todos os direitos e benefícios que lhes
eram de interesse.

Passou-se então para a fase na qual os catadores, nas reuniões


quinzenais, eram capacitados quanto ao cooperativismo, quanto ao gerenciamento
de uma cooperativa e quanto às necessidades e métodos de trabalho mais seguros,
a fim que a mesma adotasse o modelo de autogestão. Concomitantemente, foi dado
início a busca por apoio e parcerias que contribuíssem para o fortalecimento da
cooperativa.

Para auxiliar no estabelecimento e fortalecimento do grupo a


Incubadora de Cooperativas Populares e de Autogestão – ICPA – foi convidada a
participar do processo e, posteriormente, para auxiliar nos trâmites da legalização da
cooperativa.

19
Posteriormente, a cooperativa foi oficializada e teve-se início a fase
de estabelecimento de parcerias e busca de terreno para a estrutura física. Neste
período, foram articuladas reuniões com diversos órgãos que pudessem auxiliar
neste processo.

A cooperativa ainda não obteve êxito nesta fase, não podendo


seguir adiante, com a fase de organização do espaço, licenciamento da cooperativa,
implantação de novas metodologias de coleta de resíduos, a fim de se extinguir o
método de coleta adotado atualmente, dado o seu caráter nocivo à saúde e
dignidade do catador, e a adoção de métodos mais seguros de catação e separação
dos recicláveis, buscando atender às normas de saúde e segurança do trabalho.

20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da elaboração do Questionário de Perfil Socioeconômico dos


Catadores do Planalto do Pici, na fase inicial do projeto, foram obtidas informações
pessoais, sociais e econômicas dos entrevistados.

Foram encontrados 69 catadores de materiais recicláveis, contudo,


só aceitaram participar e fornecer dados 61 catadores.

É válido salientar que os 8 catadores que se rejeitaram a participar


da pesquisa alegaram que já haviam tido contato com a Universidade anteriormente
através de pesquisas do gênero, contudo, não obtiveram retorno, por isso não
davam mais credibilidade e não tinham interesse de se aproximarem novamente.

Dentre as de valor significativo temos as seguintes informações na


Gráfico 1. Quantitativo de catadores de materiais recicláveis por gênero obtido
através doQuestionário de Perfil Socioeconômico dos Catadores do Planalto do Pici.

Gráfico1 – Quantitativo de catadores de materiais recicláveis por gênero.

Quantitativo de Catadores por


Gênero
40
35
Número de Catadores

30
25
Mulheres
20
Homens
15
10
5
0

Fonte: Autor.

21
Através da análise do gráfico, tem-se que existem mais homens que
mulheres na profissão. Ainda através da análise gráfica, tem-se pelo Gráfico 2 –
Idade dos catadores de materiais recicláveis- que a maior parte dos catadores
encontram-se na faixa dos 60 anos de idade, representando mais 50% da
quantidade total de entrevistados. Conforme pode ser visto abaixo.

Gráfico 2: Idade dos Catadores

Idade dos Catadores


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0

Idade dos Catadores

Fonte: Autor.

No Gráfico 3 – Idade por tempo de profissão - pode-se observar as


variáveis idade por tempo de profissão, e inferir que a maior concentração de
catadores de materiais recicláveis encontra-se no ramo há menos de 15 anos.

22
Gráfico 3: Idade x Tempo de profissão

Fonte: Autor.

Contudo, através do Gráfico 4 – Tempo de profissão por Idade e


Gênero- , pode-se observar que mesmo as mulheres representadas apresentem-se
em menor número, são estas que possuem maior amplitude na variação de idade,
isto é, tem-se mulheres de diferentes faixas etárias. Enquanto que os homens
concentram-se na idade acima de 60 anos. E ainda, que são estas que atuam há
mais tempo na profissão.

23
Gráfico 4: Tempo de Profissão por Idade e Gênero

Tempo de Profissão por Idade e Gênero


1900ral
1900ral 1900ral, 1900ral
1900ral
1900ral 1900ral, 1900ral
Idade ( anos )

1900ral
1900ral Mulheres
1900ral Homens
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Tempo de Profissão (anos)

Fonte: Autor.

Podem-se explicar tais dados devido a necessidade das mulheres


de terem uma ocupação para complementar a renda familiar ou, pelo menos,
possuírem sua renda própria, sem, contudo, se afastar dos cuidados com os filhos.
Situação esta dificultada no caso dos empregos formais. A ocupação de catadora
para estas mulheres mostra-se bastante atraente por permitir que elas tenham um
horário flexível de trabalho e ainda levem consigo seus filhos, durante a jornada de
trabalho.

Através do questionário obteve-se ainda dados relativos à


escolaridade, que apontaram que 73,8% dos catadores estudaram apenas até o
Ensino Fundamental, havendo,portanto catadores que não necessariamente
concluíram essa etapa, e apenas 26,2% terminaram o Ensino Médio. E deste último
valor, apenas 6,5% eram mulheres, o que, equivale a 4 mulheres. A explicação para
tal dado é unânime entre as entrevistadas, todas tiveram seus filhos muito cedo e
não puderam completar os estudos.

24
Quanto ao quesito econômico, o questionário apontou que a menor
quantidade coletada por dia é de 30 Kg e a maior é de 300 Kg, havendo um desvio
padrão de 74,36 e uma média de 198, 46 Kg.

Entretanto, apesar da quantidade significativa coletada por dia, a


pesquisa apontou que o catador recebe por dia, cerca de R$ 19,00, o que gera no
final do mês o equivalente a R$ 545,00, valor este 12,37% a menos do que o salário
mínimo vigente no período da pesquisa. Tal dado mostra-se mais alarmante ao
levarmos em conta que um catador trabalha em média 10,67 horas por dia, e, em
78,69% dos casos, todos os dias, o que faz com que sua hora de trabalho equivalha
a R$ 1,78.Na tabela abaixo, se pode observar a quantidade de horas trabalhadas
pelos catadores, em porcentagem.

Gráfico 5: Número de horas trabalhadas.

Horas trabalhadas

29% 28%
até 8h/dia
até 10h/dia
até 12h/dia
mais de 12h/dia
18% 25%

Fonte: Autor.

Tal situação, na qual há muito trabalho e pouca remuneração, é


facilmente explicada pela vagarosidade do processo de coleta e triagem, que geram
apenas valores simbólicos,e pela figura do deposeiro. O deposeiro é o dono do
depósito de reciclagem e é o responsável por comprar o material coletado pelos
catadores e revender para a indústria de reciclagem, sendo assim, um

25
“atravessador” do material. Este compra o material por um valor bem abaixo do valor
adotado pelo mercado e vende de acordo com as tabelas fornecidas por este. O
mesmo, em certos casos, ainda aluga o carrinho utilizado pelo catador, o que além
de proporcionar o ganho com o aluguel, ainda garante que o catador venda
exclusivamente para ele.

Na tabela abaixo é possível verificar os valores praticados no


mercado da reciclagem. Os valores obtidos são utilizados pela Prefeitura de
Fortaleza e empresas privadas para compra dos resíduos recicláveis da população
por meios de programas de reciclagem e, muitas vezes, este é o valor adotado pelos
deposeiros para a compra dos resíduos dos catadores. É válido frisar que tanto a
prefeitura, como as empresas privadas, asseguram que este é um valor apenas
simbólico, que tem como objetivo estimular a população à prática da coleta seletiva
e para fins de educação ambiental, não sendo, portanto, utilizado comercialmente
por empresas próprias do setor.
Uma observação relevante é que no período de implantação do
projeto, haviam pontos de coleta de resíduos sólidos financiados por determinada
empresa privada, contudo, tais pontos não possuíam grande impacto nas atividades
dos catadores devido aos baixos índices de adoção por parte da população.

Tabela 2 – Preços de materiais recicláveis em Fortaleza

Tabela de Preços dos Materiais Recicláveis em


Fortaleza
Preço Preço
Material Material
(por Kg) (por Kg)
Papel Metal
Papel branco R$ 0.14 Aço INOX 304 R$ 1.50
Papel misto R$ 0.06 Aço INOX 430 R$ 0.30
Papelão R$ 0.08 Alumínio R$ 2.20
Jornal R$ 0.09 Alumínio fundido R$ 1.30
Plástico Lata de alumínio R$ 1.50
Filme R$ 0.32 Lata de aço R$ 0.20
PVC R$ 0.40 Latão R$ 2.50
Garrafa PET R$ 0.40 Ferro batido R$ 0.10
Vidro Ferro fundido R$ 0.20
Litro Branco R$ 0.05 Bronze R$ 4.00
Litro Preto R$ 0.04 Chumbo R$ 0.70

Fonte: Autor.
26
Outro ponto de interesse da pesquisa, que trata dos aspectos
subjetivos, mostrou o impacto que risco aos quais estes trabalhadores são expostos
tem em seu dia a dia. A presença de vetores biológicos, químicos e físicos nos
resíduos são uma dificuldade na execução da atividade, além de demonstrar a eles
o quanto são ignorados pela sociedade, tendo em vista que não há sensibilidade da
população quanto ao cuidado que devem ter ao descartarem seus resíduos e na
atenção aos riscos que eles os expõe. É importante ressaltar também que,
por vezes, a alimentação destes trabalhadores e de seus familiares, advém destes
resíduos.

Diante de tais dados, é possível perceber as condições adversas de


vida e trabalho dos profissionais da coleta seletiva e que seu trabalho é de
importância significativa, tendo em vista a quantidade de resíduos que os mesmos
coletam.
Por fim, abordou-se a temática relativa a constituição de uma
cooperativa e melhorias na qualidade de vida foram obtidos os seguintes resultados:

Gráfico 6: Cooperativismo/Associativismo e qualidade de vida

Cooperativismo/Associativismo e Qualidade
de Vida
0% 4% 4%

Nem melhoraria, nem pioraria


Melhoraria um pouco
Melhoraria muito
Pioraria
92%

Fonte: Autor.

Com isto, após 1 ano dedicado à realização da pesquisa e


levantamento de dados, teve-se início a fase de encontros, nos quais todos os
27
catadores que demonstraram interesse na participação foram convidados a
participarem de uma reunião inaugural, na qual seria articulado em conjunto um
plano de ações e metas para amadurecimento do grupo tendo o apoio técnico da
Universidade.

Na primeira reunião, marcada para o dia 14/03/2014, às 7h,


compareceram apenas 4 catadores, os mesmos informaram que a data e o horário
não eram favoráveis, pois era o dia da coleta no bairro, e, portanto, os outros
catadores deveriam estar se adiantando para coletarem os resíduos antes da
passagem do caminhão coletor da prefeitura, tendo em vista que 85,24% dos
catadores coletavam dentro de seu próprio bairro.

Portanto, na semana seguinte, foi marcada uma reunião no dia e


horário recomendado pelos catadores, e esta contou com a participação de 17
catadores.

Foi decidido então que haveriam reuniões quinzenais, sempre aos


sábados, às 14h. E que os catadores interessados teriam capacitações quanto à
importância do seu trabalho e maiores explicações sobre o cooperativismo e
associativismo, para que estes, os interessados, pudessem escolher qual seria a
melhor opção a ser adotada.

Após o ciclo de capacitações, que durou 3 meses,o grupo foi


interrogado quanto ao interesse na formação de uma cooperativa ou de uma
associação e obteve-se a aceitabilidade de 70% do grupo de catadores para a
formação de uma cooperativa de trabalho.

Foi dado inicio então a nova fase do projeto, a fase de legalização.


Nesta fase, houveram mais capacitações para que os catadores pudessem entender
o funcionamento de uma cooperativa, os critérios a serem atendidos e o que deveria
ser feito para que eles pudessem gerenciar uma cooperativa, além de procurar
explicar didaticamente os tramites necessários para a legalização da cooperativa.
Esta fase contou com a colaboração da Incubadora de Cooperativas Populares e de

28
Autogestão – ICPA – do Núcleo de Pesquisas e Estudos Regionais – NUPER – da
UFC.

Contudo, esta fase, contou também com a ação dos deposeiros, que
ao saberem da possibilidade de criação de uma cooperativa de catadores, viu o seu
nicho de trabalho ser afetado e buscou reverter tal quadro, oferecendo aumento no
valor dos resíduos para os catadores que se desligassem do grupo, garantindo que
seria mais rentável para eles permanecer na parceria já outrora firmada.

Esta situação levou a saída de metade do grupo, restando apenas, 8


catadores.

Ainda assim, o grupo foi mantido e projeto inicial seguido, até que
em 19 de julho de 2014, a CATPICI - Cooperativa de Trabalho dos Catadores de
Recicláveis do Pici LTDA.- foi fundada, contando com 7 (sete) cooperados e 5
sócios, e tendo como sede a casa de uma das integrantes da cooperativa.

É válido salientar que o cargo de presidência da cooperativa, que foi


decidido por votação, foi ocupado por uma mulher.

Após a legalização da cooperativa, iniciou-se o trabalho de


divulgação e busca por parcerias, e, concomitantemente, as negociações para
obtenção do terreno, conforme disposto no art. 42 da Lei 12.305/10, que prevê que o
poder público, como governo federal, estadual e municipal, deverá atender
prioritariamente, com linhas de financiamento, iniciativas para a implantação de
infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas ou outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas
por pessoas físicas de baixa renda.

Tais negociações incluíram o Departamento Nacional de Obras


Contra as Secas, a Secretaria de Desenvolvimento Social e do Trabalho, a
Secretaria de Urbanização e Meio Ambiente de Fortaleza, o Ministério das Cidades

29
e o Ministério Público do Estado do Ceará, sem, contudo, obterem êxito ao longo
destes anos.

Sendo assim, a CATPICI encontra-se hoje sem o seu galpão oficial


de triagem de resíduos, sendo a triagem executada em dois núcleos diferentes, sem
contar com os aparelhos necessários que se encontram guardados, esperando um
galpão adequado e sem poder ter seu licenciamento regularizado, tendo em vista
que sem estrutura física não há licenças aplicáveis.

Outrossim, a concorrência gerada pelo projeto da Prefeitura que visa


à implantação da coleta seletiva com a participação da população é outro obstáculo
a ser superado. O projeto prevê que o cidadão leve seus resíduos à determinados
pontos de coleta e, em troca, recebam bonificações simbólicas, que são
financeiramente atraentes apenas para a camada menos abastada da população.
Logo, nos bairros mais pobres da cidade, como o bairro do Pici, a quantidade de
resíduo disponível nas ruas para catação tornou-se menor, e, consequentemente, a
renda do catador também. A solução para tal contrariedade seria a busca por
resíduos em bairros mais distantes e de maior poder aquisitivo.

Contudo, tal solução não pode ser adotada devido à outra


dificuldade que surgiu ao longo do processo: a segurança pública. As condições de
trabalho dos catadores de materiais recicláveis mostram-se mais adversas que
anteriormente no quesito segurança devido ao aumento nos índices de criminalidade
na cidade,dado que a rivalidade das facções impossibilita que catadores residentes
de determinados bairros transitem em outros, o que diminui a área de abrangência
do trabalho e, consequentemente, a renda destes trabalhadores, além de os
exporem ao risco de trabalharem nas ruas.

30
6. CONCLUSAO

Com o presente trabalho pode-se perceber a dificuldade de


implantação de uma cooperativa de catadores, em um contexto que à priori se
mostra favorável, mas que, entretanto, se concretiza como árduo.

Deve-se salientar, com base neste caso, temos que embora


promissora para a resolução do problema social de necessidade de articulação de
catadores e, conjuntamente, para a resolução do problema ambiental da grande
geração de resíduos sólidos, a implantação de cooperativas de catadores de
recicláveis para execução de coleta seletiva na necessita do apoio fundamental da
Prefeitura e do Governo Estadual, por meio de suas secretarias especializadas
como a das Cidades, Infra-estrutura, Serviço Social, Saúde, Educação para tornar a
legislação viável.

No caso das cooperativas de catadores de materiais recicláveis,


deve-se salientar a importância da aplicação efetiva, conjuntamente, da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, devendo haver assim linhas de crédito para a
promoção destas cooperativas e suas expansões, bem como os órgãos ambientais
deverão adotar políticas de apoio e treinamentos para os interessados, a fim de
capacitá-los para a formação de cooperativas e conscientizá-los da importância da
execução dos seus trabalhos.

31
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IPEA: Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e


Reutilizável.www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/situacao_social/131219_r
elatorio_situacaosocial_mat_reciclavel_brasil.pdf. Acessado em 06 de Janeiro de
2018.

CARDOSO, Univaldo Coelho et al. Cooperativa. Série Empreendimentos Coletivos.


Brasília, SEBRAE: 2014.

Lei N° 5764/71, Define a política Nacional de Cooperativismo, institui o regime


jurídico das sociedades cooperativistas e dá outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5764.htm. Acessado em 07 de Janeiro de
2018.

Lei N° 12690/12, Dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas


de Trabalho; institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho
(PRONACOOP). www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011/2014/2012/Lei/L12690.htm
Acessado em 07 de Janeiro de 2018.

Lei N° 9605/98, Dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm Acessado
em 08 de Janeiro de 2018.

IBGE:Cidades. http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=230440 . Acesso


em: 08 de Janeiro de 2018.

Ministério do Meio Ambiente (MMA). Disponível em: www.mma.gov.br. Acesso em 8


de Fevereiro de 2017.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. www.ibge.gov.br. Acesso em 31


de Janeiro de 2017.

32
Lei Nº 12305/2010, Institui a Política nacional de resíduos sólidos.
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636. Acesso em: 4 de Fevereiro
de 2017.

Lei Nº 12690/2012, Das Cooperativas de Trabalho.


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12690.htm. Acesso em 5 de
Fevereiro de 2017.

CBO,Listagem das Profissões Regulamentadas. Disponível em:


www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/regulamentacao.jsf. Acesso em: 7 de Fevereiro
de 2017.

Abrelpe, Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. Disponível em:


www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf. Acesso em: 9 de Fevereiro de
2017.

Perfil socioeconômico dos catadores do bairro do planalto do Pici para a


implementação da cooperativa. Encontro Universitário da UFC, 2014.

IPEA: Catadores de Materiais Recicláveis. Disponível em:


http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/160331_livro_catad
ores.pdf. Acessao em 9 de Fevereiro de 2017.

ABRELP, Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. Disponível em:


www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf. Acesso em: 9 mar. 2017.

CBO, Listagem das Profissões Regulamentadas. Disponível em:


www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/regulamentacao.jsf. Acesso em: 7 mar. 2017.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br.


Acesso em 29 mar. 2017.

33
IPEA, Brasil Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável
reutilizável.http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/situacao_social/131
219_relatorio_situacaosocial_mat_reciclavel_brasil.pdf. Acesso em: 30 mar. 2017.

Lei Nº 12305/2010, Institui a Política nacional de resíduos sólidos. Disponível em:


www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636. Acesso em: 4 mar. 2017.

Lei Nº 12690/2012, Das Cooperativas de Trabalho. Disponível em:


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12690.htm. Acesso em 5
mar. 2017.

PONTE JUNIOR, O; OSTERNE, F.J.W. PLANO DE NEGÓCIOS PARA


EMPREENDIMENTOS ECONOMICOS SOLIDÁRIOS DE AUTOGESTÃO – EES,
COOPERATIVAS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) FORTALEZA –
CE, junho de 2016.

34

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