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1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
3. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 13
Neste trabalho, far-se-á uma breve reflexão sobre esta temática com o principal objectivo de
discorrer sobre o actual sistema de fiscalização de constitucionalidade moçambicano, revelando
as suas principais características e modo de funcionamento.
Vale ressaltar que não é o propósito deste trabalho esgotar o tema sob apreciação, mas apenas
aguçar o interesse dos leitores ou colegas para que se intensifiquem estudos de direito
constitucional, os quais, em matéria de fiscalização de constitucionalidade, revelam-se de suma
importância, seja para ressaltar aspectos positivos do sistema, seja para fundamentar críticas ao
mesmo, motivando mudanças necessárias.
Apesar do tema deste estudo ser um trabalho de avaliação, não se deixará de emitir juízos de
valor, afinal o propósito de qualquer trabalho científico não é apenas dar a conhecer, mas,
sobretudo, dar a pensar.
1
1.1. Objectivo do estudo
1.2. Metodologia
Para a efectivação deste trabalho, usar-se-á pesquisa bibliográfica, que consistiu na consulta dos
registos disponíveis, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros,
artigos e materiais específicos referentes ao tema “Fiscalização da Constitucionalidade das
normas”. E também na pesquisa bibliográfica utiliza-se dado de categorias teóricas já trabalhadas
por outros pesquisadores e devidamente registados.
2
2. REVISÃO DA LITERATURA
Esta situação durou até finais de 1990, altura em que, por via de uma transição constitucional,
Moçambique adoptou o modelo de Estado Social e Democrático de Direito. Em consonância
com os fundamentos deste modelo de Estado, a Constituição de 1990 (CRM/90) proclamou a sua
supremacia formal e material na ordem jurídica interna, definindo-se desde logo no preâmbulo
como “...a lei básica de toda a organização política e social da República de Moçambique”.
1
Artigo 109 da CRM/90.
2
Artigo 180 da CRM/90.
3
Paralelamente, a Constituição confiou também aos tribunais em geral a missão de garantir a
constitucionalidade dos actos normativos, vinculando- os ao dever de não aplicar, em nenhum
caso, leis ou princípios contrários à ordem constitucional estabelecida.
O período transitório prolongou-se até Novembro de 2003, altura em que, pela primeira vez, foi
aprovada e entrou em vigor a Lei Orgânica do Conselho Constitucional, ao abrigo da qual
procedeu-se à designação dos membros que inauguraram o exercício da jurisdição constitucional
no país.
Com efeito, o texto de 2004 manteve o núcleo essencial da Constituição material de 1990. O
sistema constitucional estabelecido a partir de 1990, é actualmente desenvolvido e reforçado
pela Constituição vigente cujo texto foi aprovado em 20043. Com efeito, o Estado de Direito
Democrático e a separação dos poderes apareciam na Constituição anterior como princípios
3
Neste sentido, a seguinte declaração do preâmbulo da Constituição de 2004: “A Constituição de 1990 introduziu o
Estado de Direito Democrático, alicerçado na separação e interdependência dos poderes e no pluralismo (...). A
presente Constituição reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios fundamentais do Estado moçambicano,
consagra o carácter soberano do Estado de Direito Democrático, baseado no pluralismo de expressão,
organização partidária e garantia dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos”.
4
políticos conformadores da organização do Estado e do poder político, mas de forma implícita,
sendo então apreensíveis a partir da interpretação e compreensão sistémica do texto
constitucional. Já na Constituição actual, os mesmos princípios aparecem expressamente
consagrados em disposições específicas (artigos 3 e 134).
Neste último domínio, a Constituição de 2004 (CRM/2004) veio a tornar explícito o princípio de
que o Estado subordina-se à Constituição, tendo igualmente reafirmado e reforçado o princípio
da constitucionalidade dos actos normativos do poder público4.
4
Artigo 2, nºs 3 e 4 da CRM/2004.
5
De acordo com Francisco Domíngez, at al, deinem-se como órgãos de soberania “... aqueles que são elemento
necessário e indefectível de um determinado Estado, participando, enquanto tais, de forma imediata e decisiva, na
formação da vontade estatal, de forma que a sua desaparição ou transformação radical implicaria uma mudança
na estrutura mista do Estado. Estes órgãos, pela sua significativa relevância, são estabelecidos e configurados
directamente pela Constituição, que determina a sua composição, o modo e a forma de designação dos seus
membros, seu status institucional e o seu feixe competências”. (Jurisdición e Procesos Constitucionales, 2ª Edição.
Madrid: McGRAW-HILL, 2000, p. 2).
5
jurídico-constitucionais” para “...órgão de soberania, ao qual compete especialmente
administrar a justiça em matérias de natureza jurídico- constitucional” (art. 241, n.º 1).
Esta concepção sofreu uma alteração fundamental no actual texto constitucional que define o
Conselho como “o órgão de soberania ao qual compete administrar a justiça em matérias de
natureza jurídico-constitucional”.
6
2.3. Processo de Fiscalização da Constitucionalidade das normas
A constituição da república de 2004, manteve, no essencial, o já referido modelo misto de
fiscalização da constitucionalidade e da legalidade oriundo da Constituição de 1990, continuando
assim a pertencer ao Conselho Constitucional o exercício, em exclusivo, da fiscalização
sucessiva abstracta6 e aos tribunais o controlo sucessivo concreto por via incidental7. Contudo,
foram introduzidas duas inovações de capital importância, designadamente, a fiscalização
preventiva das leis a cargo do Conselho Constitucional e o controlo por este mesmo órgão das
decisões dos tribunais que recusem a aplicação de normas com fundamento na sua
inconstitucionalidade.
A Constituição, por ser o já referido fundamento do Estado, necessita de garantias, para que se
salvaguardem os seus ideais, e que se mantenha inalterável a sua hegemonia na ordem jurídica,
isto é, «meios que assegurem a observância, aplicação, estabilidade e conservação da lei
fundamental8»
6
Artigo 245 da CRM/2004.
7
Artigo 214 da CRM/2004.
8
GOMES CANOTILHO, J.J., "Direito Constitucional", Coimbra, Livraria Almedina, 1991.
7
De entre elas, surge-nos, precisamente a fiscalização/controlo da Constitucionalidade. As duas
expressões foram alvo de discussões doutrinárias, as quais nos dias que correm já não fazem
grande sentido, portanto, vamos desde já, usá-las indiscriminadamente (com preferência da
primeira) e deverão ser consideradas como tendo sentido sinónimo.
Por ora, e antes mesmo de entramos para o cerne da questão, vamos deixar ficar o sentido e
alcance da expressão Fiscalização da Constitucionalidade, as suas ramificações (análise não
muito exaustiva), para depois, nos focarmos na Fiscalização Concreta da Constitucionalidade.
9
Artigo 244, nº 1, alínea a), da CRM/2004.
8
Governador do Banco de Moçambique10. Nestes termos, embora também vinculados à
Constituição e à lei, não estão abrangidos pelo sistema de fiscalização da constitucionalidade e
da legalidade previsto, nomeadamente os actos de natureza política, jurisdicional e
administrativa
10
Artigos 143 e 148 da CRM/2004.
9
palavras, a Fiscalização Preventiva significa todo o acto preventivo, accionado antes da
promulgação de determinada lei ou acto normativo.
No nosso sistema jurídico-constitucional, como se pode depreender da conjugação dos n.ºs 1, dos
artigos 246 e 54, respectivamente, da Constituição da República e da Lei Orgânica do Conselho
Constitucional, a faculdade de requer a apreciação preventiva da constitucionalidade das leis, é
reservada (salvo melhor entendimento) ao Presidente da República, isto é, sempre que a ele
sejam submetidos, diplomas legais para promulgação, poderá, solicitar a fiscalização prévia da
conformidade dos mesmos com a Constituição.
Por outro lado, a Fiscalização Sucessiva, que compreende a abstracta 11 e concreta, para além de
constituir uma garantia da primazia das normas constitucionais, tem a particularidade de só ser
accionada, ou seja, perante normas que já se encontram em vigor.
11
Fiscalização Sucessiva é abstracta quando, for levada a cabo independentemente de qualquer aplicação concreta
(isto é, na resolução de um caso ou litígio concreto) da norma objecto de apreciação.
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República, outros incidem sobre decretos presidenciais ou decretos do Conselho de Ministros,
que são, respectivamente, actos normativos do Presidente da República e do Governo.
A Constituição consagra a supremacia das suas normas no artigo 2, nº 4, ao dispor que “[a]s
normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico”.
Esta disposição exprime de forma inequívoca o princípio da constitucionalidade que vincula
todos os órgãos de soberania (artigo 134, in fine, da CRM), mas cuja garantia constitui tarefa
primordial e especial do Conselho Constitucional (artigo 244, n.º 1, alínea a) da CRM).
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Quer isto dizer que, não é possível o controle de actos dos poderes públicos, tais como: actos
administrativos, os quais estão sujeitos apenas ao controle de legalidade pelos Tribunais
Administrativos; e actos jurisdicionais, os quais são objecto de recurso para os Tribunais
hierarquicamente superiores. Trata-se, portanto, da competência primordial do Conselho
Constitucional12, e daquela em que mais especificamente se manifesta e avulta o papel de
"guardião" ou garante último da Constituição, que esta mesma lhe confia.
Nos termos conjugados dos artigos 214º e 247, n.°1, alínea a), da Constituição da República, e
do artigo 68 da Lei 6/2006, de 2 de Agosto, pode-se afirmar que, são conferidas aos tribunais as
competência para desencadearem o processo tendente à apreciação (pelo Conselho
Constitucional) da conformidade com a Constituição, das normas que se pretende aplicar a
determinado litígio, não obstante o facto de estarem legalmente adstritos ao dever de não aplicar
normas que considerem inconstitucionais. A competência que lhes é atribuída, permite, mais do
que deixar de aplicar determinada norma por considerá-la inconstitucional, posicionarem-se
perante a questão da inconstitucionalidade naquele caso específico.
Contudo, salienta-se o facto de, haver sempre recurso (remessa obrigatória e oficiosa) para o
Conselho Constitucional de três espécies de decisões dos Tribunais, nomeadamente: i) quando o
Tribunal se recusa a aplicar certa norma com fundamento na inconstitucionalidade ou
ilegalidade; ii) quando o tribunal aplicar norma, cuja constitucionalidade ou ilegalidade tenha
sido arguido pelas partes, no processo; e iii) quando aplique norma anteriormente declarada
inconstitucional ou ilegal pelo Conselho Constitucional.
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Órgão de soberania, ao qual compete especialmente administrar a justiça, em matérias de natureza jurídico-
constitucional
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3. CONCLUSÃO
Das abordagens feitas acima citadas, podemos afirmar que o sistema moçambicano de
fiscalização da constitucionalidade de normas apenas configurado na constituição da republica
da 1990, a qual adoptou o modelo do Estado Social e Democrático de Direito, consagrou
expressamente o princípio da constitucionalidade das normas jurídicas e instituiu o Conselho
Constitucional como órgão de soberania, de competência especializada no domínio das questões
jurídico-constitucionais.
Nesses termos, o Conselho Constitucional é definido, nos termos da Constituição vigente, como
o órgão especializado na administração da justiça constitucional, o que lhe confere natureza
jurisdicional, ainda que não seja formalmente designado por tribunal.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, 2ª ed. Tomo VI. Coimbra: Coimbra
Editora, 2005.
MOÇAMBIQUE. Constituição da República. 2004.
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