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Aula 7 de História e Documento – Antiguidade grega entre mito e história

Introdução

O capítulo tratará de expor a constituição da história nos moldes que a entendemos


como disciplina hoje. Mostrará que ela surgiu na Grécia Antiga e se contrapunha
aos mitos, pois estes relatavam o passado sem levar em conta o tempo, isto é, faziam
um relato atemporal dos acontecimentos importantes.

Os usos do passado e a noção de documento na Antiguidade grega

Os gregos dividiam o passado em era heróica (tempo dos deuses) e era pós-heróica
(tempo dos homens).

A noção de documento varia de acordo com a historicidade, sendo assim, no


surgimento da história, os documentos eram encarados como tais de uma forma
particular; mas eles permitiam que se retratassem as experiências passadas de um povo.

A mudança na maneira de discursar sobre o passado tem haver com a mudança


política e social que se deu na Grécia do século V. A Polis, dando ênfase a
democracia e, portanto, a racionalidade do discurso, deixa para trás a narrativa de
fatos fabulosos, sem datação e cronologia para se ater ao discurso com datação,
comprovação e ligado às vivências sócio-políticas dos homens.

A época pós-heróica tratou de repetir a tradição, a qual era encarada como sendo os
mitos e lendas criados durante a era heróica. Essa volta à tradição se deu também de
forma criativa, mas se atendo mais as histórias que foram anteriormente contadas.
A necessidade de manter viva esta tradição associou-se com uma elite que controlou
a memória coletiva e manteve o controle do poder.

“Saber é poder” – Bancon – O controle do saber, da tradição gera um poder real,


possibilitando o controle real do poder dentro da sociedade. Na Grécia, se utilizava da
tradição para sustentar a idéia de aristocracia, isto é, de que famílias eram nobres e, por
isso, deviam ter privilégios e poder.

Características da era heróica – o relato é feito com o auxílio dos deuses, relata-se a
vida e obra dos deuses, relação de submissão dos homens em relação aos deuses, não
datação do passado, invenção de mitos e lendas para expressar um acontecimento.

Os historiadores gregos e a “invenção” da História

Heródoto fundou a história, no sentido que compreendemos esta disciplina hoje. Pois
os relatos eram feitos a partir daquele homem que testemunhou (o histôr). Ele era
um viajante que arrecadava dados, principalmente sobre guerras. Isso fez com que por
muito tempo a história fosse considerada com um relato cuidados das guerras.
Heródoto, no entanto, irá aceitar o testemunho indireto, ou seja, dado a ele por
alguém que viu o acontecimento.

Esta maneira de Heródoto fazer história irá gerar uma discussão com outro
historiador, Tucídides. Este considerava que Heródoto era um mitólogo, pois relatava
fatos baseados no que os outros lhe diziam e adornava-os. Tucídides irá defender uma
história do tempo presente, pois só esta poderá ser testemunhada pelo historiador.

Embora os dois divergissem quanto ao tipo de testemunho que deveria ser aceito como
comprovação, os dois viam a história como mestra, isto é, como um exemplo que
nos permitiria instruirmo-nos nas ações futuras.

Nota-se a influência que Tucídides gerou para os historiadores posteriores,


principalmente no século XIX, com a escola metódica.

Arqueologia e História

É importante que não só nos atentemos para o estudo das narrativas históricas, mas
também para o estudo da cultura material em que se produziu estas representações
históricas.

Cultura material – é o conjunto das relações materiais dentro de uma sociedade.


Relações de trabalho, relações de troca, relações sócio-econômicas. Esta idéia surgiu a
partir do materialismo histórico de Karl Marx. Os indícios materiais de uma sociedade
permitem que compreendamos a sua cultura material. O estudo da cultura material se
atenta ao coletivo e não ao específico.

A arqueologia deu uma importante contribuição à história, porque no estudo dos


objetos materiais de uma sociedade passada, está contido também um sentido. O
sentido é exatamente aquilo que não está dito, que traz uma carga de modo de ser e
pensar de uma sociedade. Portanto, permite uma melhor compreensão do passado da
sociedade que se estuda. A própria manutenção casual ou não dos monumentos
históricos trazem um significado que deve ser interpretado pelo historiador no seu
fazer história.

A arqueologia, portanto, ajuda na compreensão histórica das sociedades passadas.

Conclusão

Os gregos inventaram a história, mas isso não significa que a história é um todo
constituído que não obteve mudanças metodológicas no passar dos tempos. Isso
significa apenas que os gregos foram os primeiros a relatar o passado a partir de
testemunhos, que foram datados e tendo como expressão os acontecimentos
humanos, sem nenhuma relação com o transcendente (os deuses). Contudo, a
história que se fundou na Grécia Antiga era contemporânea e tratava basicamente dos
acontecimentos políticos e militares.

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