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Faculdade FATESP

Cursos: Enfermagem/ Estética & Cosmética


Disciplina: Biologia Celular e Genética
Profa.: Keyla Christianne
Nome: _________________________________________

Texto II: Potencial de Ação da Membrana


Uma voltagem elétrica, ou diferença de potencial, sempre existe entre o interior e o exterior de uma célula.
Algumas células, tais como as células nervosas (neurônios) e musculares são “excitáveis”, isto é, capazes de gerar,
rapidamente, variações nos impulsos eletroquímicos em suas membranas. Na maioria dos casos esses impulsos
podem ser usados para a transmissão de sinais ao longo das membranas dessas células.

Potencial de Repouso da Membrana


A membrana celular em repouso possui uma diferença de potencial de aproximadamente –70mV, o interior
da célula é mais negativo em relação ao exterior. Essa diferença de potencial é conhecida como Potencial de
Repouso da Membrana ou PRM, e é causado pela distribuição desigual de íons carregados (carga positiva ou
negativa) na membrana celular. Quando há diferença de cargas através da membrana, considera-se que a membrana
se encontra polarizada.
As proteínas, os grupos fosfatos e outros nucleotídeos são carregados negativamente (ânions) e mantidos
no interior da célula, pois não podem ultrapassar a membrana celular. Essas moléculas atraem íons carregados
positivamente (cátions) do líquido extracelular. Isso acarreta um acúmulo de carga positiva na superfície externa da
membrana e uma carga negativa na superfície interna.
O potencial de repouso da membrana é mantido por dois fatores: a permeabilidade da membrana plasmática
aos diferentes íons e a diferença de concentração iônica dos líquidos intra e extracelular. Tomamos como exemplo
um neurônio, ele possui uma alta concentração de íons de potássio (K+) no seu interior e uma alta concentração
de íons de sódio (Na+) no seu exterior. A permeabilidade da membrana neural ao potássio, sódio e outros íons é
regulada pelas proteínas da membrana, que funcionam como canais reguladores.
A membrana celular é muito mais permeável ao íon potássio K+ do que ao íon sódio Na+. Como os íons
tendem a se mover para estabelecer um equilíbrio, parte dos íons de potássio movem-se para uma área onde a sua
concentração é menor: fora da célula. O sódio, move-se em menor quantidade para dentro da célula (cerca de 100
vezes menos que o potássio). Devido a essa difusão os gradientes de concentração desses íons devem diminuir,
isso acarretaria uma perda do potencial de membrana negativo. Para impedir que isso ocorra, a membrana celular
possui uma bomba de sódio/potássio que utiliza energia da ATP para manter as concentrações intra e extracelular,
bombeando três íons de sódio para fora da célula e dois íons de potássio para seu interior. O resultado final é que
mais íons carregados positivamente encontram-se fora da célula do que no seu interior, mantendo o potencial de
repouso da membrana.

Impulso Nervoso
Impulso nervoso é o sinal elétrico transmitido ao longo do axônio. Esse sinal elétrico é iniciado por algum
estímulo, que causa uma alteração da carga elétrica do neurônio, sua direção é dos dendritos para os terminais
axônicos. Esse sinal passa de um neurônio ao seguinte, ou termina num órgão efetor, como um grupo de fibras
musculares, ou retorna ao sistema nervoso central.

Despolarização e Hiperpolarização
Se o interior da célula se tornar menos negativo em relação ao exterior, a diferença de potencial através
da membrana diminui: a membrana estará despolarizada. Isso ocorre em qualquer momento em que a diferença de
carga torna-se inferior ao PRM de –70mV. Isso resulta numa alteração da permeabilidade da membrana ao sódio.
Se a diferença de carga através da membrana aumentar, passando de um PRM para um valor ainda mais negativo a
membrana estará hiperpolarizada.

Potenciais Graduados
Os potenciais graduados são alterações localizadas de potencial de membrana. A membrana contém canais
iônicos que se abrem com a estimulação, permitindo que os íons se movam do exterior para o interior da célula e
vice-versa, alterando a polarização da membrana. Embora um potencial graduado possa produzir despolarização de
toda a membrana celular, geralmente ele é um fenômeno local e a despolarização não se dissemina ao longo do
neurônio. Para percorrer a distância total, um impulso deve gerar um potencial de ação.

Potencial de Ação
Potencial de ação é uma despolarização rápida e substancial da membrana do neurônio. Dura
aproximadamente 1ms, e é tão forte após percorrer a extensão do axônio quanto era no ponto inicial do estímulo.
O PRM de –70mV altera para um valor de +30mV e, em seguida, retorna rapidamente ao seu valor de repouso.

Limiar e Princípio do Tudo ou Nada


Quando ocorre uma estimulação suficiente para causar uma despolarização de pelo menos 15 à 20 mV, há
a produção de um potencial de ação. Essa despolarização mínima necessária para a produção de um potencial de
ação é denominada Limiar. Qualquer despolarização inferior ao valor do limiar de 15 a 20 mV não produzirá um
potencial de ação.

Sequência de Eventos de um Potencial de Ação

1. Aumento da permeabilidade ao sódio e despolarização, consequência da abertura das comportas que


controlam o movimento dos íons sódio. A quantidade de sódio que entra na célula excede a quantidade de
potássio que sai. A diferença de potencial da membrana altera de –70mV para +30 mV.

2. Diminuição da permeabilidade ao sódio quando as comportas se fecham. Quando o potencial de membrana


passa a ser 0mV, ocorre uma resistência ao movimento de cargas positivas para o interior da célula.

3. Abertura das comportas que controlam o movimento do potássio. Os íons de potássio se movem em
direção a uma área mais negativa localizada no exterior da célula, ocorrendo a repolarização, retornando a
diferença de potencial ao PRM de –70mV.

Após o termino da repolarização, deve ocorrer um evento final antes que o neurônio retorne
verdadeiramente ao seu estado de repouso normal. Durante um potencial de ação, o sódio entra na célula. Em
seguida para reverter a despolarização, o potássio deixa a célula. A concentração intracelular de sódio é então
elevada, assim como a concentração extracelular de potássio – o oposto do estado de repouso. Para reverter isso,
quando a repolarização estiver completa, a bomba de sódio-potássio é ativada para fazer com que retornem os íons
ao lado correto da membrana.
Quando um determinado segmento de um axônio gera um potencial de ação e as comportas que controlam
o sódio estão abertas, ele é incapaz de responder a outro um estímulo. Isso é denominado período refratário
absoluto. Quando as comportas de sódio estão fechadas, as de potássio estão abertas e ocorre a repolarização, o
segmento do axônio pode então responder a um novo estímulo. No entanto, este deve ser de uma magnitude
substancialmente maior para desencadear um potencial de ação. Isso é denominado período refratário relativo.

Propagação do Potencial de Ação


Duas Características do neurônio tornam-se particularmente importantes ao considerarmos quão
rapidamente um impulso pode passar pelo axônio: a mielinização e o diâmetro.

Bainha de Mielina
Os axônios da maioria dos neurônios motores são mielinizados, significando que são recobertos por uma
bainha composta por mielina, uma substância gordurosa que isola a membrana celular. O sistema nervoso periférico,
essa bainha de mielina é formada por células especializadas denominadas células de Schvann. A bainha não é contínua.
Ao longo do axônio, a bainha de mielina apresenta espaços entre células de Schvann adjacentes, deixando o axônio
não isolado nesses pontos. Esses espaços são denominados nódulos de Ranvier. O potencial de ação salta de um
nódulo ao nódulo seguinte quando ele percorre uma fibra mielinizada. Esse fenômeno é denominado condução
saltatória, um tipo de condução muito mais rápido do que os das fibras não-mielinizadas. A velocidade da
transmissão do impulso nervoso nas fibras mielinizadas grandes pode ser elevada, de até 100m/s, ou 5 a 50 vezes
mais rápida do que a das fibras não-mielinizadas do mesmo tamanho.

Diâmetro do Neurônio
A velocidade da transmissão do impulso nervoso também é determinada pelo tamanho do neurônio. Os
neurônios de tamanho maior conduzem impulsos nervosos mais rapidamente do que aqueles de diâmetro menor,
por apresentarem menor resistência ao fluxo de corrente local.

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