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Guia de

Especialidades
Clínica Cirúrgica
Organizadores
Atílio G. B. Barbosa - Débora de Alencar Soranso -
Fernanda Antunes Oliveira - Victor Ales Rodrigues

Produção Editorial: Fátima Rodrigues Morais - Viviane Salvador


Coordenação Editorial e de Arte: Martha Nazareth Fernandes Leite
Projeto Gráfico: SONNE - Jorlandi Ribeiro
Diagamação: Jorlandi Ribeiro - Diego Cunha Sachito
Criação de Capa: Larissa Câmara
Assistência Editorial: Tatiana Takiuti Smerine Del Fiore
Revisão Final: Henrique Tadeu Malfará de Souza
Revisão: Marcela Zuchelli Marquisepe - Mariana Rezende Goulart
Serviços Gráficos: Thaissa Câmara Rodrigues
Organizadores
Débora de Alencar Soranso
Graduada em Medicina pela Universidade Anhembi-Morumbi.

Fernanda Antunes Oliveira


Graduada em Medicina pela Universidade Santo Amaro (UNISA).

Victor Ales Rodrigues


Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Atualização
Viviane Aparecida Queiroz
Graduanda em Medicina pela Universidade Anhembi-Morumbi.
ÍNDICE

A Arte da Medicina....................................................................... 5
O recém-formado......................................................................... 6
Residência Médica no exterior................................................. 7
1. Angiologia e Cirurgias Vascular e Endovascular............ 9
2. Cirurgia Cardiovascular.......................................................... 13
3. Cirurgia de Cabeça e Pescoço ............................................. 16
4. Cirurgia do Aparelho Digestivo........................................... 18
5. Cirurgia Oncológica.................................................................. 21
6. Cirurgia Pediátrica................................................................... 24
7. Cirurgia Plástica........................................................................ 27
8. Cirurgia Torácica....................................................................... 30
9. Coloproctologia......................................................................... 32
10. Urologia..................................................................................... 35
A Arte da Medicina

A Medicina tem, como uma de suas raízes mais conhecidas, a desenvolvida


por Hipócrates, considerado o “pai da medicina”. Na Grécia Antiga, onde
viveu, desenvolveu inúmeras teorias e teve vários discípulos, alguns dos
pioneiros na arte de entender os sintomas causados pelas patologias.
A partir de então e à medida que os séculos passavam, surgiam mais ques-
tionamentos sobre as práticas médicas e a necessidade delas à população.
Na Idade Média, era comum o médico procurar curar praticamente todas
as doenças utilizando o recurso da sangria, principalmente com a utiliza-
ção de sanguessugas. Porém, nesse período, os conhecimentos avançaram
pouco, pois havia uma forte influência da Igreja Católica, que condenava as
pesquisas científicas e as considerava práticas demoníacas.
No período do Renascimento Cultural, nos séculos XV e XVI, a Medicina vi-
veu um notável avanço. Movidos por uma intensa vontade de descobrir o
funcionamento do corpo humano, médicos buscaram explicar as doenças
por meio de estudos científicos e testes de laboratório. Posteriormente se
descobriu o funcionamento do sistema circulatório, e mais ensinamentos
foram desenvolvidos com base na anatomia e na fisiologia.
No século XIX, todo o conhecimento ficou mais apurado com a invenção
do microscópio acromático, pela qual Louis Pasteur alcançou um enorme
avanço ao descobrir que as bactérias são responsáveis por grande parte
das doenças.
Atualmente temos uma Medicina moderna e em constante renovação
por meio das pesquisas, nada comparável a tantos séculos de acúmulo
de conhecimento. É uma Medicina que proporciona maiores técnicas de
diagnóstico e medicamentos mais potentes e capazes de melhor combater
inúmeras doenças. Os procedimentos cirúrgicos contam com instrumen-
tos mais delicados e técnicas cirúrgicas menos invasivas que propiciam
melhoras mais rápidas no pós-operatório.
Trata-se de uma ciência mutável, que se constrói a cada descoberta. É com
estudos de décadas e a prática médica diária que a Medicina se renova e
quebra tabus. Mas, mesmo com os diversos progressos, muito ainda há
de ser descoberto ou reestruturado. São as infinitas doenças que acome-
tem o homem que permanecem precisando de tratamento ou mesmo de
diagnóstico. Muito se fez, mas muito ainda se fará por uma ciência tão no-
bre e enriquecedora, que representa a arte de curar.

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O recém-formado

A Medicina é uma profissão construída após 6 anos de estudo integral,


passando por suas cadeiras básicas e avançadas e pelo internato. São
muitos anos de dedicação e abdicação, mas sempre em busca do propó-
sito de ser um estudioso da arte médica, entender a base das doenças e,
a partir disso, poder desenvolver técnicas de diagnóstico e tratamento,
curativo ou paliativo.
Após esse embasamento, o recém-formado e agora jovem médico deve
escolher e se dedicar ao estudo de uma das várias subdivisões da Medi-
cina – seja ela a Clínica Médica, a Cirurgia Geral, a Ginecologia e muitas
outras. Essa especialidade será alcançada por meio de um estudo na Re-
sidência Médica, que terá duração de acordo com o programa escolhido.
É durante a Residência Médica que o jovem médico se tornará apto a exer-
cer plenamente uma área com mais dedicação e ensinamento mais apro-
fundado, deixando de ser generalista. Para isso, ele deve estar consciente
de suas escolhas e de que a área que escolheu o preencherá como pro-
fissional e pessoalmente, para que possa estar satisfeito com as próprias
escolhas.
Já ao concluir a especialidade, novos desafios surgem a esse jovem pro-
fissional, novas dificuldades se apresentam na carreira e outras tantas
devem ser ultrapassadas para só então se firmar, em um emprego em
serviço público ou privado, abrindo o próprio consultório ou realizando
procedimentos mais invasivos.
Para o jovem médico, o que permanece são os ensinamentos de construir
aos poucos sua carreira, em bases sólidas e com decisões precisas, as
quais se refletirão no seu futuro mais distante.

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Residência Médica no exterior

Existe a possibilidade de o recém-formado realizar a sua Residência Médica


fora do Brasil, mas esse é um processo bastante complexo e varia de país
para país.
Aqui abordaremos o tema apenas de maneira geral. Como exemplo, expli-
caremos os passos gerais para o ingresso nos Estados Unidos.
O fato de haver uma avaliação e de ser um processo extenuante não é regra
só para aqueles que partem do Brasil. Se um profissional de outro local de-
seja ingressar na carreira médica em terras brasileiras, deve se submeter
a uma validação de seu diploma, processo sabidamente muito complicado.
Para se ter uma ideia, o Revalida, que revalida os diplomas de médicos for-
mados fora do país, já teve 1.184 candidatos, com apenas 67 aprovados
(cerca de 5%).
O consenso para atuar em outros locais são as avaliações de conhecimento bá-
sico, clínico e prático, bem como o conhecimento aprofundado do idioma local.
Além disso, existem as peculiaridades da Medicina em cada região, nas condu-
tas propriamente ditas ou nos aspectos legais e culturais.
Nos Estados Unidos
O médico formado fora dos Estados Unidos e interessado em fazer Resi-
dência nesse país deve submeter-se a alguns exames a fim de se qualificar.
Eles constam de um conjunto de provas concentradas nas áreas de Ciências
Médicas e Ciências Clínicas (o chamado United States Medical Licensing Ex­
amination – USMLE).
As avaliações são dividas em etapas, os chamados steps, e funcionam da
seguinte forma:
--Step 1: é a 1ª etapa do processo e tem como objetivo avaliar se o candi-
dato tem a capacidade de compreender e aplicar conceitos importantes
das ciências básicas para a prática médica. De maneira geral, abrange os
seguintes temas: Anatomia Humana, Fisiologia, Bioquímica, Farmacologia,
Patologia, Microbiologia, Epidemiologia e Tópicos Interdisciplinares, como
Nutrição, Genética e Envelhecimento. Os resultados, então, são relatados
com uma pontuação de 3 e outra de 2 algarismos. A pontuação mínima
para ser aprovado é de 189, no escore de 3 algarismos. Teoricamente, a
pontuação máxima é de 300;
--Step 2: essa é a 2ª etapa do processo. Visa avaliar se o candidato pos-
sui conhecimentos, habilidades e compreensão da ciência clínica essencial
para a prestação de assistência ao paciente, sob supervisão. O Step 2 é
subdividido em 2 exames:
• Step 2 CK (do inglês, Clinical Knowledge) é um exame de múltipla escolha
com o intuito de avaliar a clínica por meio de um conhecimento tradicio-
nal. O exame dura 9 horas e é constituído de 8 blocos de 46 perguntas
cada. Uma hora é destinada a cada bloco de perguntas. Os temas inclu-
sos nesse exame são as Ciências Médicas, como Clínica Médica, Cirurgia,
Pediatria, Psiquiatria, Ginecologia e Obstetrícia;
• Step 2 CS (do inglês, Clinical Skill) é um exame prático que pretende ava-
liar habilidades clínicas simuladas com pacientes por meio de interações,
em que o examinando interage com doentes padronizados retratados
por atores. Cada examinando enfrenta 12 casos clínicos e tem 15 minutos
para concluir a anamnese e o exame clínico de cada paciente, além de 10
minutos para escrever uma nota descrevendo os resultados, o diagnós-

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tico diferencial e a solicitação de exames complementares. O Step 2 CS
é aplicado desde 2004 e, ao contrário do Step 1 e do Step 2 CK, deve ser
feito obrigatoriamente nos Estados Unidos. O exame é oferecido em 5 ci-
dades americanas: Filadélfia (PA), Chicago (IL), Atlanta (GA), Houston (TX)
e Los Angeles (CA);
--O Step 3 é a última etapa do processo e se destina a avaliar se o candi-
dato é capaz de aplicar desacompanhado o conhecimento e a compreen-
são da Ciência Biomédica e clínica essencial para a prática da Medicina. Os
diplomados em escolas médicas americanas normalmente realizam esse
exame no final do 1º ano de Residência. Médicos estrangeiros recém-licen-
ciados poderão fazê-lo antes de começarem a Residência, em cerca de 10
estados americanos.
O Step 3 ocorre em 2 dias de exame. Cada dia deve ser concluído dentro de
8 horas. O 1º dia de testes de múltipla escolha inclui 336 itens divididos em
blocos, cada qual constituído de 48 itens. Examinandos devem preencher
cada bloco dentro de 60 minutos. O 2º dia de testes de múltipla escolha
inclui 144 itens, divididos em blocos de 36 itens. E os examinandos devem
completar cada bloco dentro de 45 minutos.
Por fim, é fundamental ter cartas de recomendação de professores de uma
universidade americana, inclusive específica da área em que está pres-
tando. Isso é importante para o momento “colocação” (placement), em que
o candidato finalmente irá tentar ingressar nas universidades escolhidas,
o que é possível por contato direto do médico com os hospitais. Para sa-
ber dos hospitais em determinada área de especialização, o médico deve
consultar o The Directory of Residency Training Programs. Além de contato
direto, uma maneira de pleitear uma Residência é o serviço nacional com-
putadorizado de colocação em Residências, o National Resident Matching
Program (NRMP).
Após esses procedimentos, o candidato aplica-se para algumas universida-
des e aguarda ser chamado para entrevistas. Ele, então, deve ranquear as
universidades, as quais fazem o mesmo. Os dados são, dessa forma, cruza-
dos, obtendo-se o resultado final.
Fellowship
Fellowship é uma especialização realizada após a Residência Médica, que
tem por objetivos a atuação clínica e/ou a pesquisa. O fellowship clínico (clin­
ical fellowship) de modo geral pressupõe uma Residência Médica feita nos
Estados Unidos. Esse tipo de fellowship, por envolver contato clínico com o
paciente, requer que o candidato siga as mesmas normas estabelecidas para
uma Residência, submetendo-se, inclusive, às provas.
Observação e pesquisa
Médicos com Residências completas podem passar uma temporada de obser-
vação e/ou pesquisa em hospitais ou clínicas, em programas menos formais
do que o fellowship, sem contato clínico com pacientes. A possibilidade disso,
no entanto, depende de vários fatores: primeiro, a entidade precisa dispor de
tempo e pessoal para acomodar o observador e/ou pesquisador. Segundo, é
necessário saber onde existe a possibilidade de fazer um desses programas.
Geralmente, é preciso conhecimento pessoal com um profissional envolvido
nos projetos. Sempre que o médico estrangeiro pede permissão para se in-
cluir nesses projetos, ele deve esclarecer muito especificamente suas qualifi-
cações e objetivos profissionais. Para o médico que não tenha conhecimentos
pessoais com profissionais de destaque, pedidos de orientação podem ser
feitos diretamente para as faculdades de Medicina.
Esse foi o exemplo de Residência Médica nos Estados Unidos. Para maiores
detalhes sobre outros lugares do mundo, devem-se procurar informações
nos programas de Residência Médica do país em questão. Diversas organi-
zações trabalham apenas com programas de intercâmbio e podem auxiliar
os candidatos nos diversos trâmites do processo.

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1
Angiologia e
Cirurgias Vascular e
Endovascular
1. Introdução
O médico angiologista e o cirurgião vascular e endovascular têm, muitas vezes, suas áreas confundi-
das e consideradas um mesmo tipo de especialidade. Mas, apesar da semelhança existente entre eles,
há diferenças importantes. O angiologista é um médico que fez primeiramente Residência em Clínica
Médica e, posteriormente, Angiologia, sendo responsável por cuidar clinicamente das doenças vascu-
lares que não necessitam de intervenção cirúrgica. Porém, é muito difícil separar uma especialidade
da outra, pois as doenças vasculares, quando mais graves, geralmente necessitam de uma abordagem
cirúrgica e o paciente que procurou um angiologista terá de ser encaminhado a um cirurgião vascular
para solucionar sua patologia. O que temos na prática é que um angiologista pode tratar clinicamente
e o cirurgião vascular está apto a tratar clínica e cirurgicamente.
O cirurgião vascular é o médico responsável por abordar patologias dos vasos arteriais, venosos e lin-
fáticos. Esse mesmo médico pode atuar também em procedimentos endovasculares, pois o que era
antes uma subespecialidade da cirurgia vascular já está sendo incluída no preparo dos residentes du-
rante a Cirurgia Vascular. Com a melhoria das técnicas minimamente invasivas, esta tem ampliado sua
atuação em muitos procedimentos anteriormente realizados em grandes cirurgias abertas. As novas
técnicas têm sofrido aprimoramento a cada ano e têm melhorado a morbidade e mortalidade dos pa-
cientes frente a problemas como aneurismas de aorta e doenças tromboembólicas, pois o tempo de
recuperação é mais rápido, as incisões são menores e a internação em UTI tem seu tempo reduzido.
Todo o sistema circulatório é objeto de atenção da Cirurgia Vascular, com exceção do coração, que é
tratado pela Cirurgia Cardíaca, e os vasos dentro do crânio, que são de responsabilidade da Neuro-
cirurgia. O cirurgião vascular atua na circulação das pernas, do abdome, do pescoço e dos membros
superiores, além de corrigir artérias estreitadas ou dilatadas, veias ocluídas ou dilatadas e obstruções
dos vasos linfáticos. A sua missão é zelar pela saúde vascular dos pacientes, proporcionando bem-es-
tar, qualidade de vida e praticando Medicina com excelência.

Residência Médica
- Cirurgias Vascular e Endovascular – Pré-requisito: Cirurgia Geral;
Entrada
- Angiologia – Pré-requisito: Clínica Médica.
Duração 2 anos
201:
- Norte: 3;
Média de vagas no país - Nordeste: 34;
- Centro-Oeste: 8;
- Sudeste: 122.
10 guia de ESPECIALIDADES

2. Áreas de atuação
Dentro de uma visão prática, temos a atuação desse profissional em doenças venosas, encabeça-
das pelas varizes dos membros inferiores, tromboses, úlceras e as telangiectasias ou microvarizes.
As doenças das artérias têm sido motivo de muito estudo, como a arteriosclerose nas suas diver-
sas formas e localizações, recebendo grande atenção nesse contexto. Outras enfermidades que
merecem muita atenção são as angiológicas, como a isquemia cerebral; dos membros inferiores,
como gangrenas, úlceras isquêmicas, a claudicação intermitente e, por fim, as consequências des-
sas condições angiológicas, que são as amputações de membros.
O cirurgião vascular e o angiologista, este com exceção dos procedimentos cirúrgicos, tendem a
atuar nas patologias arteriais, como:
--Aterosclerose, arteriosclerose e arteriolosclerose;
--Úlceras arteriais;
--Acidente vascular encefálico decorrente de estenose e oclusão da artéria carótida;
--Pé diabético;
--Claudicação intermitente;
--Aneurismas de aorta e outras localizações;
--Tromboses arteriais;
--Isquemias dos membros inferiores;
--Obstrução arterial aguda;
--Debridamentos, amputações e fasciotomias;
--Arterites e vasculites.
Patologias venosas como:
--Varizes, microvarizes e telangiectasias;
--Varicorragia;
--Úlceras venosas;
--Tromboflebites e tromboses venosas;
--Acessos venosos profundos para diálise e quimioterapia;
--Correção de fístulas arteriovenosas.
Assim como nas patologias dos vasos linfáticos:
--Linfangites;
--Linfedema;
--Celulite;
--Erisipela.
Essa é uma área que também permite a atuação para realização de exames de imagem como ultras-
sonografia com Doppler, laser e vários outros procedimentos de angiorradiologia e hemodinâmica.
Portanto, a Angiologia e a Cirurgia Vascular têm tido, nos últimos anos, um papel importante como
a ciência e a arte na vanguarda das pesquisas inerentes à circulação, o que tem traduzido melhora
no tratamento dessas enfermidades e, como consequência, na melhora da qualidade da vida das
pessoas.

Remuneração (média) – Angiologista


De R$5.000,00 a R$9.500,00

Remuneração (média) – Cirurgião Vascular


De R$11.000,00 a R$21.500,00
ANGIOLOGIA E CIRURGIAS VASCULAR E ENDOVASCULAR 11

3. Vantagens e dificuldades
A vantagem proporcionada pela Angiologia e pelas Cirurgias Vascular e Endovascular é a oportuni-
dade de atuação em diversas frentes de trabalho, onde o profissional pode atuar em consultórios
particulares voltados para os cuidados estéticos ou patológicos de varizes e microvasos. Ele pode
trabalhar em prontos-socorros de trauma onde realiza abordagem nos grandes vasos para estan-
car sangramentos profusos. E, se preferir uma atuação mais tranquila, pode realizar exames de
imagem em ambientes distantes das correrias de situações emergenciais; ou seja, é um profissional
que tem um campo de trabalho mais abrangente.
Muitos profissionais, principalmente mulheres, têm buscado essa especialidade cirúrgica justa-
mente pela sua diversidade de campo de atuação, onde podem conciliá-la com a família e o lazer
com mais flexibilidade.
As dificuldades encontradas nessa especialidade se encontram em seu início, pois o profissional
deve buscar contatos e se associar às sociedades de vasculares para buscar melhores empregos e,
com isso, obter maior tranquilidade em sua atuação médica.

O que o tornará um bom cirurgião vascular?


- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Ter uma ótima destreza manual;
- Ter um olhar estético;
- Ter atenção redobrada diante dos casos mais graves;
- Ficar atento às patologias vasculares;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Angiologia e as Cirurgias Vascular e Endovascular têm caminhado para uma junção em suas
áreas de atuação, e o cirurgião vascular deve se mostrar um profissional mais completo para
auxiliar o paciente adiante da sua comorbidade, clínica ou cirurgicamente. Isso é observado
pela maior busca na área cirúrgica do que na área clínica. Outra mudança, ainda em andamento,
mas que marca a especialidade, é a realização cada vez mais frequente de procedimentos en-
dovasculares e minimamente invasivos. O que antes eram cirurgias extensas e dramáticas de
correção de aneurismas têm dado abertura a procedimentos sem cicatrizes e guiadas por ví-
deos e imagens quase em tempo real. E quem ganha são os pacientes, que tendem a se sub-
meter a procedimentos com menos riscos e recuperação mais rápida, aumentando, portanto,
sua sobrevida.

Angiologistas em atividade (dados em 2014)


Cerca de 1.637

Cirurgiões vasculares em atividade (dados em 2014)


Cerca de 3.541
12 guia de ESPECIALIDADES

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em uma carreira profissional, demonstrando o
quão satisfeito se está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profissão, família, viagens
e lazer. No começo de todas as carreiras profissionais, temos maior dificuldade de nos ajustar ao
mercado de trabalho e ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade tão almejada.
Com toda a abrangência de sua área de atuação, o profissional vascular tende a ficar mais satisfeito
por conseguir conciliar sua vida profissional e pessoal com mais tranquilidade do que seus outros
colegas cirurgiões. Pode, em alguns patamares da carreira, não trabalhar como plantonista e atuar
em consultórios, hospitais públicos e privados realizando interconsultas e avaliações durante o dia.
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Cirurgia
Cardiovascular

1. Introdução
Desde a época colonial, há registros sobre tentativas de intervenções cardíacas no Brasil, porém to-
das mal-sucedidas. Somente em 1927 foi constatado o 1º caso bem-sucedido de uma cirurgia cardíaca
e, a partir de então, diversos aprimoramentos e aperfeiçoamentos foram sendo feitos dentro da ca-
deira. Hoje, apresenta avanços tecnológicos incríveis, e o Brasil não está fora desse desenvolvimento,
pois se encontra em nível semelhante ao dos países desenvolvidos. Normalmente a Cirurgia Cardio-
vascular é feita para tratar as doenças isquêmicas, a doença cardíaca congênita e as doenças das vál-
vulas cardíacas, incluindo o transplante cardíaco.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 4 anos
- Ambulatório;
- Centro Cirúrgico;
- Urgência e Emergência;
- Radiologia Cardiovascular e Hemodinâmica;
Rodízio nas áreas - Estágios obrigatórios: Radiologia Cardiovascular e Hemodinâmica; Métodos
Vasculares Diagnósticos não Invasivos; Unidade de Terapia Intensiva; Pós-
-Operatório de Cirurgia Cardiovascular; Cirurgia Torácica; Angiologia e Cirurgia
Vascular; Circulação Extracorpórea; Cirurgia Experimental; Anatomia Patoló-
gica e Hemoterapia.
60:
- Norte: 1;
- Nordeste: 12;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 3;
- Sul: 12;
- Sudeste: 32.

2. Áreas de atuação
O cirurgião cardíaco pode atuar em diversos hospitais, fazendo cirurgias de pequeno, médio e grande
portes. As cirurgias podem ser abertas, fechadas, em hipotermia e minimamente invasivas, que uti-
lizam o auxílio da robótica. Algumas das cirurgias que os profissionais serão capazes de realizar são
14 GUIA DE ESPECIALIDADES

revascularização do miocárdio, valvulares, aneurisma de aorta, implante de marca-passo, implante


de desfibriladores, transplantes e cardiopatias congênitas.

Remuneração (média)
De R$11.000,00 a R$21.500,00

3. Vantagens e dificuldades
Essa é conhecida tradicionalmente como uma especialidade nobre, porém não mais a “menina dos
olhos” entre os estudantes de Medicina. Mesmo com todo o desenvolvimento e por promover a
melhora da qualidade de vida de muitas pessoas, diversos fatores ainda deixam em dúvida e afas-
tam alguns candidatos a cirurgiões cardíacos. Alguns dos problemas que afastam os recém-forma-
dos a seguirem essa carreira são o longo período de formação, o desencorajamento por outros,
colegas, informações falsas sobre o encerramento da especialidade e a baixa remuneração no
início da carreira.
Contudo, a carreira continua crescendo e se desenvolvendo, e pode-se adquirir uma sólida forma-
ção teórico-prática e se destacar no mercado. O que incentiva a optar por essa especialidade é que
a população está aumentando sua expectativa de vida e, com isso, cada vez mais precisa de inter-
venções cardiovasculares, que se tornarão mais prevalentes.

O que o tornará um bom cirurgião cardiovascular?


- Saber trabalhar em equipe;
- Suportar operações de grande porte;
- Ter ótima destreza manual;
- Conseguir lidar com cirurgias robóticas.

4. Situação atual e perspectivas


Os serviços já estão organizados, e poucos grupos se formam. Cabe ao médico recém-especiali-
zado se juntar a algum deles. Apesar de a curva de aprendizado da cirurgia ser lenta, com o tempo
o cirurgião cardiovascular ganha imensa importância dentro de uma equipe e no funcionamento
do hospital.

Cirurgiões cardiovasculares em atividade (dados em 2014)


Cerca de 2.220

5. Estilo de vida
Para o recém-formado, é importante se familiarizar com uma equipe já formada, com o objetivo
de desenvolver sua formação e viabilizar seu trabalho. E, como em qualquer profissão, essa princi-
palmente precisa de bastante dedicação e trabalho para que o profissional consiga atingir a reali-
zação profissional. A vida desse médico pode ser bastante ocupada, pois essa área permite que ele
trabalhe em diversos hospitais. Ele está mais predisposto a uma vida mais ocupada pela profissão,
o que diminuirá o tempo livre para outras áreas particulares.
CIRURGIA CARDIOVASCULAR 15

6. Subespecialidades
--Revascularização do Miocárdio;
--Valvulares;
--Aneurisma de Aorta;
--Implante de Marca-Passo;
--Implante de Desfibriladores;
--Transplantes;
--Cardiopatias Congênitas.
3
Cirurgia de
Cabeça e Pescoço

1. Introdução
A Cirurgia de Cabeça e Pescoço é uma especialidade médica que solicita como pré-requisito a especia-
lização de 2 anos em Cirurgia Geral. Essencialmente baseada em procedimentos cirúrgicos que visam
diagnosticar, prevenir, tratar e reabilitar os indivíduos que venham a desenvolver algum tipo de pato-
logia neoplásica maligna ou benigna, afecções congênitas ou inflamatórias que acometam as regiões
craniofacial e cervical, atua nas regiões facial, fossas nasais, seios paranasais, boca, faringe, laringe, ti-
reoide, paratireoide, glândulas salivares, tecidos moles do pescoço e tumores do couro cabeludo. O ci-
rurgião de cabeça e pescoço é, essencialmente, um cancerologista que lida com tumores dessa região e
os avalia individualmente para traçar um plano terapêutico ou paliativo. Como em outras doenças on-
cológicas, os tumores de cabeça e pescoço poderiam ser diagnosticados precocemente. Contudo, por
apresentar sintomas pouco específicos, somado à falta de informação da população e às dificuldades
em realizar exames periódicos, a maioria dos tumores é diagnosticada em estadios mais evoluídos.
Essa especialidade é relativamente jovem, reconhecida como tal em 1982 pelo ofício CNRM 967/82. Em
1997, foi instituída a Sociedade Brasileira de Cabeça e Pescoço, onde os especialistas dessa área pude-
ram se encontrar e discutir a evolução da especialidade, por meio de simpósios, encontros e congressos.

Residência Médica
Entrada Pré requisito: Cirurgia Geral
Duração 2 anos
55:
- Norte: 2;
- Nordeste: 10;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 1;
- Sul: 4;
- Sudeste: 38.

2. Áreas de atuação
O cirurgião de cabeça e pescoço atua em centros oncológicos, visando diagnosticar e tratar cirurgica-
mente tumores dessa aérea do corpo, e pode trabalhar em qualquer hospital que ofereça o serviço
de cabeça e pescoço, assim como em ambulatórios e consultórios médicos. Associado à sua atuação,
atualmente tende a atuar em conjunto com o cirurgião bucomaxilofacial e o otorrinolaringologista.
CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO 17

Remuneração (média)
De R$6.500,00 a R$12.500,00

3. Vantagens e dificuldades
As vantagens proporcionadas pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço estão no âmbito da sua satisfação
pessoal em poder auxiliar pessoas que sofrem de câncer a terem melhor qualidade de vida ou até
mesmo alcançarem a cura de certas neoplasias. Essa especialidade também proporciona a realiza-
ção de procedimentos e exames.
Mas não se pode deixar de mencionar que também institui uma jornada de trabalho extensa
quando as cirurgias se destinam à retirada de tumores invasores. Outra desvantagem é que mui-
tos dos procedimentos também são compartilhados por outros profissionais, como o otorrinolarin-
gologista e o bucomaxilofacial, o que muitas vezes restringe a sua atuação à retirada de tumores.

O que o tornará um bom cirurgião de cabeça e pescoço?


- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado para realizar cirurgias minuciosas;
- Ter ótima destreza manual;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados;
- Dominar a leitura de exames de imagem.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia de Cabeça e Pescoço é uma especialidade de suma importância nos centros oncológicos
do país, pois as neoplasias são uma importante causa de morbidade e mortalidade atualmente. A
cada ano temos inúmeros casos de neoplasias que acometem a cavidade oral e suas adjacências
em decorrência de fatores de risco como tabagismo e alta ingestão alcoólica.

Cirurgiões de Cabeça e Pescoço em atividade (dados em 2014)


Cerca de 929

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em uma carreira profissional, demonstrando o
quão satisfeito se está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profissão, família, viagens
e lazer. O cirurgião de cabeça e pescoço não se mostra diferente em desejar conciliar sua prática
profissional com sua vida afetiva, mas tende a extensas jornadas de trabalho, realizando grandes
cirurgias para retirada de tumores ou pequenos procedimentos como exames e biópsias.
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Cirurgia do
Aparelho Digestivo

1. Introdução
A Cirurgia do Aparelho Digestivo é a área médica que trata, por meio de procedimentos cirúrgicos, as
doenças benignas e malignas que afetam o trato gastrintestinal. Essa especialidade é subdividida em
várias subespecialidades, de acordo com o órgão ou segmento estudado.
O reconhecimento da especialidade pela Associação Médica Brasileira (AMB) permitiu a criação de
cursos de Residência Médica específicos. No seu campo de ação estão as patologias e cirurgias envol-
vendo esôfago, estômago, duodeno, pâncreas, fígado e vias biliares, intestino delgado e órgãos ane-
xos, além da cirurgia da obesidade.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral

Duração 2 anos

- Cirurgia do Esôfago;
- Cirurgia do Estômago;
- Cirurgia do Intestino Delgado;
- Cirurgia do Fígado;
- Cirurgia das Vias Biliares;
Rodízio nas áreas - Cirurgia do Pâncreas;
- UTI;
- Coloproctologia;
- Anatomia Patológica;
- Endoscopia;
- Radiologia/Ultrassonografia.

116:
- Norte: 5;
- Nordeste: 19;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 5;
- Sul: 24;
- Sudeste: 63.
CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO 19

2. Áreas de atuação
O cirurgião do aparelho digestivo pode atuar em diversos serviços, como hospitais, grandes cen-
tros ou clínicas particulares. Esse profissional geralmente está ligado ou mesmo monta uma
equipe multidisciplinar, que o acompanhará nas diversas cirurgias que realizará. Ao trabalhar em
hospitais, públicos ou privados, poderá lidar com as cirurgias eletivas ou com as de urgência, além
do atendimento em ambulatórios e as visitas em enfermarias. Existe, ainda, a possibilidade dos
plantões como especialistas.
Dentre as patologias mais comuns que esses profissionais encontram, podemos citar:
- Neoplasias diversas;
- Úlceras duodenais e gástricas;
- Perfurações;
- Pancreatites;
- Divertículos;
- Apendicites;
- Hemorragias digestivas alta e baixa;
- Transplante de órgãos;
- Cirurgia bariátrica.

Remuneração (média)
De R$6.500,00 a R$12.500,00

3. Vantagens e dificuldades
A principal vantagem da área é ser muito ampla, permitindo ao especialista lidar com todo tipo de
público e idade, também com todo tipo de procedimento e atuação, desde grandes cirurgias, como
os transplantes de órgãos, até as minimamente invasivas.
Vale ressaltar a grande demanda desses profissionais, pois as afecções com que lidam são muito
prevalentes na população em geral, o que leva a grande procura.
Já as dificuldades são aquelas comuns a todos os cirurgiões, como alta carga horária de trabalho,
alto estresse em alguns procedimentos mais delicados e lidar com um sistema público deficiente
em aparelhos e condições de trabalho.
Ainda, como dificuldade, é preciso citar que, como são muito frequentes os procedimentos da es-
pecialidade, o poder econômico das operadoras de planos de saúde influencia para que estejam
entre os mais desvalorizados.

O que o tornará um bom cirurgião digestivo?


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Gostar de ver resultados imediatos;
- Ter liderança e saber tomar atitudes em momentos de pressão;
- Ter uma excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”.
20 guia de ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


É fato que existe uma enorme demanda de cirurgiões do aparelho digestivo. Se houvesse diver-
sos hospitais que só atendessem essa área da Medicina, certamente estariam sobrecarregados.
Porém, diante da precariedade de vínculos e dos salários indignos, os médicos desdobram-se em
múltiplos empregos e jornadas extenuantes, sem conseguir acompanhar os pacientes e oferecer a
assistência mais adequada.
Apesar das dificuldades, os cirurgiões do aparelho digestivo são bem vistos, tidos como bons pro-
fissionais e geralmente estão satisfeitos com a carreira.

Cirurgiões do aparelho digestivo em atividade (dados em 2014)


Cerca de 2.352

5. Estilo de vida
Como em todas as carreiras médicas, o início da vida profissional sempre é difícil. Durante os anos
de Residência, não há quase nada além da sua formação. Ao concluir a Residência, o profissional
continuará tendo dificuldades, pois provavelmente não terá um consultório particular, trabalhando
geralmente em hospitais, públicos ou privados.
Os cirurgiões do aparelho digestivo muitas vezes procuram e montam equipes de cirurgiões e,
dessa forma, podem elaborar uma agenda de atendimentos e cirurgias que melhor se encaixe no
perfil desejado.
Há também a possibilidade dos plantões de diversas formas; ao longo do tempo, podem montar
seu consultório, atendendo as diversas patologias. Geralmente esse consultório será especializado
naquilo que o profissional mais estudou e em que se dedicou. Hoje em dia, é muito procurada a
chamada cirurgia bariátrica, pois a população tem buscado resolver o problema da obesidade com
cirurgia, o que tem rendido considerável demanda pelos cirurgiões do aparelho digestivo que lidam
com essa área.
Vale lembrar que a Medicina, de maneira geral, proporciona ao médico a oportunidade de escolher
o quanto ele abdicará das atividades extramedicina para trabalhar, sempre refletindo o quanto
isso resultará financeiramente no final do mês, fato que não é diferente com a cirurgia do aparelho
digestivo.

6. Subespecialidades
--Gastroenterologia: lida com as doenças do estômago e do intestino propriamente ditas;
--Hepatologia: está relacionada às doenças do fígado;
--Coloproctologia: estuda as doenças relacionadas ao intestino grosso, também denominado cólon,
reto e ânus, porém essa é uma especialidade específica;
--Videolaparoscopia: uma via de acesso ao abdome por vídeo e por meio de pequenas incisões,
substitui as grandes incisões para a retirada ou correção de um órgão;
--Cirurgia Bariátrica: está reservada ao tratamento cirúrgico da obesidade – as conhecidas cirur-
gias para redução do estômago.
5
Cirurgia
Oncológica

1. Introdução
A Cirurgia Oncológica é uma subdivisão da Cirurgia Geral e tem como objetivo o tratamento das neo-
plasias. Apesar de ser uma especialidade relativamente nova, vem tomando espaço na área médico-
cirúrgica, fazendo-se necessária diante do crescimento considerável de novos casos de câncer, ou
seja, por ser uma das patologias que mais têm acometido a população humana, ficando entre uma das
principais causas de morte atualmente, perdendo apenas para doenças cardiovasculares e acidentes
vasculares encefálicos.
A Cirurgia Oncológica é a modalidade de tratamento mais antiga contra o câncer; só posteriormente
surgiram a quimioterapia e a radioterapia. Tem como principal objetivo a cura, mas também pode
ser utilizada objetivando ganho de qualidade de vida para os pacientes e como meio de diagnóstico.
Com a crescente incorporação de tecnologia e conhecimentos, houve uma divisão natural das espe-
cialidades médicas que cuidam de neoplasias como a Cirurgia Oncológica, a Cancerologia Clínica e a
Radioterapia, que agora funcionam em conjunto com outras especialidades e áreas da saúde. São as
chamadas equipes multidisciplinares, que visam a um atendimento conjunto e à melhora da sobrevida
e da qualidade de vida dos acometidos por essa afecção.
A Cirurgia Oncológica pode ser utilizada no tratamento de tumores gastrintestinais, ginecológicos, to-
rácicos, endócrinos, sarcomas e melanomas. Além da terapia cirúrgica específica, o cirurgião oncoló-
gico é um profissional que também pode estar envolvido na prevenção, no diagnóstico, na reabilitação
e no acompanhamento dos pacientes com câncer.
Essa especialidade se apoia em 3 pilares fundamentais: o diagnóstico da neoplasia, o tratamento e o
acompanhamento. Essa metodologia a ser seguida visa não realizar iatrogenias nos pacientes, pesqui-
sando-se corretamente seu tumor para planejar o tratamento adequado, cirúrgico ou quimioterápico
e radioterápico e, posteriormente, avaliar as melhorias advindas do tratamento instituído.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 3 anos
75:
- Norte: 5;
- Nordeste: 15;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 9;
- Sul: 18;
- Sudeste: 28.
22 GUIA DE ESPECIALIDADES

2. Áreas de atuação
A Cirurgia Oncológica é exercida dentro dos grandes hospitais, públicos ou privados, sendo obje-
tivos do especialista acolher e averiguar a situação de cada paciente, para poder indicar um tra-
tamento cirúrgico ou clínico de determinada neoplasia. Para tal avaliação, o cirurgião se vale da
realização do estadiamento do câncer.
Em sua formação, esse especialista é apto a atender aqueles com diversas neoplasias como tumo-
res de cabeça e pescoço, melanoma e não melanoma, gastrintestinais, sarcomas e ginecológicos.

Remuneração (média)
De R$5.500,00 a R$11.500,00

3. Vantagens e dificuldades
A Cirurgia Oncológica permite uma área de atuação abrangente, de acordo com sua maior afini-
dade, como atuar em neoplasias gastrintestinais ou ginecológicas. Atua na realização de biópsias
para diagnóstico, assim como em cirurgias com finalidade paliativa. Sem contar a satisfação pes-
soal de se ver diante de uma pessoa em grande angústia perante um diagnóstico tão marcante e
poder realizar o acolhimento desse paciente, com uma notícia de chance de cura ou com a melhoria
dos sintomas que o afligem.
Como dificuldades encontradas nessa especialidade, citamos o fato de outros diversos especia-
listas também realizarem cirurgias oncológicas, fazendo que esse profissional perca um pouco de
sua atuação. Por exemplo, o cirurgião gástrico acaba realizando retirada de tumores quando seu
paciente está com algum câncer na cavidade abdominal. O urologista tende a realizar esse trata-
mento ao deparar com um câncer de próstata, rim ou bexiga. Não só esses especialistas, como
também outros diversos, tendem a adotar a mesma conduta em vez de encaminhar o paciente a
um cirurgião mais preparado para exercer a tarefa.

O que o tornará um bom cirurgião oncológico?


- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Ter uma ótima destreza manual;
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
- Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas perante cada caso;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Oncológica tem sido vista como uma especialidade de grande necessidade, em que o
rigor técnico e o alto conhecimento sobre cada tipo de tumor se mostram de suma importância
antes de uma conduta mais agressiva ou conservadora. Com isso, sua área de atuação tem sido
mais respeitada, e vários profissionais já tomam a conduta de encaminhar seu paciente a colegas
mais preparados para realizar o procedimento necessário, permitindo que ele seja adequadamente
abordado e não venha a sofrer danos com condutas incoerentes.
CIRURGIA ONCOLÓGICA 23

5. Estilo de vida
Como as diversas outras áreas médicas, esse profissional almeja uma qualidade de vida que lhe
proporcione lazer e a oportunidade de estar mais perto da família, sem necessitar trabalhar de
forma extenuante, por cerca de 200 horas semanais, como muitos médicos se submetem.
Contudo, esse profissional acaba deparando com a realidade de ter de trabalhar muitas horas do
seu dia, fazendo atendimentos ambulatoriais e, posteriormente, indo para o centro cirúrgico, rea-
lizando intervenções que muitas vezes duram 16 horas, dependendo da gravidade de cada caso
operado.
6
Cirurgia
Pediátrica
1. Introdução
A Cirurgia Pediátrica é uma subespecialidade da Cirurgia Geral voltada para o atendimento de indiví-
duos que estejam com patologias desde o período da vida fetal até o início da idade adulta. Os objetivos
desse profissional são realizar o diagnóstico específico e diferencial em doenças cirúrgicas pediátricas,
assim como saber definir e hierarquizar as metodologias disponíveis para o tratamento dessas afecções.
O treinamento desse especialista é específico para crianças e é único entre todas as demais espe-
cialidades cirúrgicas, por isso existe uma exigência particular e intensa a essa especialidade, pelas
características necessárias ao seu aprendizado. Sua área de atuação tende a abranger as patologias
neonatais, gastrintestinais, torácicas, de cabeça e pescoço, urológicas, oncológicas, de trauma, vídeo
e na realização de transplante de órgãos.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 3 anos
52:
- Norte: 2;
- Nordeste: 8;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 3;
- Sul: 9;
- Sudeste: 30.

2. Áreas de atuação
O cirurgião pediátrico tem uma área de atuação ampla, possivelmente em hospitais, enfermarias,
UTIs, prontos-socorros e consultórios médicos, tendo como público-alvo as crianças que estejam com
patologias que se beneficiarão do atendimento desse profissional, clínica ou cirurgicamente.
Procedimentos cirúrgicos mais complexos somente devem ser realizados naqueles hospitais que,
além de contarem com um Serviço de Cirurgia Pediátrica, dirigido por um experiente e qualificado
cirurgião pediátrico, disponibilizem todos os equipamentos e pessoal qualificado necessários para os
cuidados contínuos do paciente cirúrgico pediátrico grave.

Remuneração (média)
De R$6.000,00 a R$12.000,00
CIRURGIA PEDIÁTRICA 25

3. Vantagens e dificuldades
Os cirurgiões pediátricos são capazes de salvar ou restabelecer uma vida desde seu início e, por-
tanto, podem ter a felicidade e a oportunidade de seguir seus pacientes por anos, passando pela
infância, juventude e até a fase adulta.
Uma das dificuldades encontradas nessa área, contudo, é deparar com o tempo transcorrido em
cada cirurgia, requerendo do cirurgião bom preparo físico e emocional para suportar a extensa
carga horária, mantendo sempre muito controle e atenção nos procedimentos realizados. O emo-
cional é de suma importância – lidar com a vida de uma criança é sempre desafiador no sentido
de conversar com os pais, avós e toda a família, pois criam enormes expectativas e ficam em de-
sespero diante do fato de um ser tão pequeno ter de submeter a um procedimento tão delicado.

O que o tornará um bom cirurgião pediátrico?


- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante;
- Ter ótima destreza manual;
- Ter atenção redobrada diante de um ser tão pequeno e do uso dos instrumentos;
- Saber lidar com os familiares;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Pediátrica é uma especialidade extremamente necessária no meio cirúrgico, pois crian-
ças não são adultos em miniatura e requerem muita atenção e cautela com a indicação da cirurgia,
seu pré e pós-operatório e a técnica cirúrgica. Portanto, é um profissional que dificilmente terá sua
área de procedimentos realizada por outro profissional. É um campo vasto, que ainda terá muitos
parâmetros de evolução, como diagnósticos cada vez mais precoces intraútero e resolução mais
precoce, não acarretando prejuízos à criança.

Cirurgiões pediátricos em atividade (dados em 2014)


Cerca de 1.288

5. Estilo de vida
Todo profissional, da área da saúde ou não, almeja uma estabilidade familiar e financeira para po-
der desfrutar de melhor qualidade de vida. Para isso, busca manter um equilíbrio entre sua prática
profissional e a vida pessoal.
No início da carreira, há certa dificuldade em estabelecer vínculos empregatícios fixos, por isso o
cirurgião tende a atuar em vários hospitais, exercendo diversas atividades, como atendimento no
pronto-socorro, ambulatórios e enfermarias. Com o tempo ele adquire mais experiência e tende a
selecionar os melhores locais para atuar.
26 guia de ESPECIALIDADES

6. Subespecialidades
--Neonatal;
--Pré-natal;
--Urologia Pediátrica;
--Trauma;
--Oncologia Pediátrica;
--Videolaparoscopia.
7
Cirurgia Plástica

1. Introdução
A Cirurgia Plástica consiste na reconstituição ou na mudança de uma parte do corpo humano por ra-
zões médicas ou estéticas. Há 2 vertentes na especialidade: a Cirurgia Plástica Reparadora e a Cirur-
gia Plástica Estética. A primeira visa corrigir lesões deformantes, defeitos congênitos ou adquiridos e
é considerada tão necessária quanto qualquer outra intervenção cirúrgica. A segunda é aquela feita
com o objetivo de realizar melhorias na aparência.
O paciente que realiza cirurgia estética procura melhorar algum aspecto físico que não lhe agrada,
como uma orelha proeminente ou em abano, uma mama flácida que pode lhe dificultar um relaciona-
mento afetivo etc. Geralmente essas situações não lhe causam prejuízo de ordem funcional, mas sim
de ordem psicológica. Atualmente, as 2 cirurgias plásticas estéticas mais realizadas no Brasil são a li-
poaspiração e o implante de prótese de silicone nos seios.

Residência Médica
Entrada Pré-Requisito: Cirurgia Geral
Duração 3 anos
- Cirurgia Craniofacial;
- Cirurgia de Mão;
- Unidade de Queimados;
- Cirurgia Reconstrutiva dos Membros e da Face;
Rodízio nas áreas
- Cirurgia da Mama;
- Microcirurgia Reconstrutiva;
- Cirurgia Estética;
- Cirurgia Oncológica.
149:
- Nordeste: 21;
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 9;
- Sul: 16;
- Sudeste: 103.

2. Áreas de atuação
A área de atuação mais comum de um cirurgião plástico é o consultório particular. Geralmente, pro-
fissionais como esse não conseguem abrir um consultório ou obter uma gama de pacientes assim que
28 GUIA DE ESPECIALIDADES

se formam, então a posição de auxiliar de cirurgia remunerado permite ao cirurgião plástico jovem,
ao final da sua Residência, trabalhar com Cirurgia Plástica e ao mesmo tempo ser remunerado por
esse trabalho, o que lhe possibilita um suporte financeiro inicial muito interessante.
No sistema público, os especialistas atuam exclusivamente nas cirurgias reparadoras, já que o sis-
tema não cobre as puramente estéticas. Outra possibilidade é a atuação acadêmica, pois os hospi-
tais universitários realizam tanto as cirurgias reparadoras quanto as estéticas.

Remuneração (média)
De R$6.000,00 a R$12.000,00

3. Vantagens e dificuldades
Alguns fatores mostram por que a Cirurgia Plástica pode ser uma boa área de atuação, como o
grande número de cirurgias plásticas realizadas no Brasil. Uma das mais importantes é o fato de
que é uma área desvinculada de planos de saúde, já que estes não cobrem as exclusivamente es-
téticas. Estão em grande ascensão o tratamento cirúrgico e a restauração, associados a um único
tempo operatório; reconstruções de mama e mastectomia associadas em um único tempo cirúr-
gico e as grandes reconstruções de tumores faciais associadas a reconstruções com retalhos com-
postos transferidos com o auxílio da microcirurgia são situações bastante comuns no dia a dia do
cirurgião plástico.
Porém, alguns fatores são vistos como dificuldades, como o longo tempo de formação, pois, além
da Cirurgia Geral e da Cirurgia Plástica, hoje o médico deve ter uma subespecialidade para se des-
tacar no mercado, o que leva a um aumento maior ainda desse período de formação.

O que o tornará um bom cirurgião plástico?


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Tentar sempre novas abordagens para a resolução dos mesmos problemas;
- Gostar de ver resultados imediatos;
- Ser perfeccionista e prestar muita atenção aos mínimos detalhes.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Plástica conta com um número notável de profissionais, tendo havido um crescimento
considerável a cada ano, com mais vagas de Residência Médica surgindo constantemente. É ver-
dade que existe uma demanda considerável por essas cirurgias, porém o mercado tem se mos-
trado cada vez mais exigente e competitivo. Muitas vezes os cirurgiões mais jovens devem buscar
novos horizontes em centros menores.
Como perspectivas, há grande expectativa a respeito de alguns avanços, principalmente aos que
se referem a células-tronco. Isso será importante não só para as cirurgias estéticas, mas principal-
mente para a cirurgia reparadora, com os grandes queimados, e também com aqueles que preci-
sam restaurar ossos, cartilagens e tecidos.
Algumas outras técnicas são promissoras, como as cirurgias minimamente invasivas, o auxílio da
informática, a engenharia genética e diversos outros avanços.
Cirurgiões plásticos em atividade (dados em 2014)
Cerca de 5.631
CIRURGIA PLÁSTICA 29

5. Estilo de vida
Pode-se dizer que pode haver ótima qualidade de vida para um cirurgião plástico; tudo dependerá
do quanto ele se dedicar ao seu trabalho. Como as cirurgias em geral são eletivas, ele pode ade-
quar seus horários e cirurgias da maneira que lhe convier nas suas atividades profissionais, inter-
calando com as demais atividades do dia a dia.

6. Subespecialidades
O cirurgião plástico, em geral, deverá atender todas as especialidades, contudo acabará tendo pre-
ferência por alguma abordagem, como as da face (pálpebras, nariz, orelha etc.), mamas, abdome/
lipoaspiração, membros etc.
8
Cirurgia Torácica

1. Introdução
A Cirurgia Torácica constitui-se em uma subespecialidade da Cirurgia Geral, sendo o cirurgião torácico
capacitado a intervenções cirúrgicas nas patologias que acometem o tórax, como tumores e afecções
benignas. Esse profissional atua em 4 principais áreas topográficas: os pulmões, a pleura, o medias-
tino e a parede torácica, realizando procedimentos como drenagem torácica, toracocentese, video-
toracoscopia, broncoscopia e cirurgias para biópsias ou retirada de tumores pulmonares e pleurais,
exceto o coração e os grandes vasos, que ficam a cargo do cirurgião cardíaco.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 2 anos
49:
- Norte: 1;
- Nordeste: 4;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 4;
- Sul: 13;
- Sudeste: 27.

2. Áreas de atuação
O especialista em Cirurgia Torácica atua mais frequentemente em atividades hospitalares, pois é um bom
exemplo do que significa a abordagem multidisciplinar – vários médicos de diferentes especialidades con-
tribuindo para a conduta mais adequada no diagnóstico e no tratamento de um mesmo doente. A maioria
dos procedimentos que esse médico realiza surge em ambientes hospitalares, aonde o paciente chega com
uma queixa emergencial e necessita de rápido atendimento, ou seja, não é um paciente que tende a marcar
consulta, já que suas patologias não lhe permitem esperar muito tempo para serem solucionadas. A equipe
de Cirurgia Torácica deve estar disponível e treinada para trabalhar com os pneumologistas, infectologis-
tas, oncologistas e vários outros especialistas, e sua atuação pode ser fator fundamental na evolução clí-
nica, no pronto-socorro, na enfermaria, no centro cirúrgico ou na Unidade de Terapia Intensiva.

Remuneração (média)
De R$6.500,00 a R$12.500,00
CIRURGIA TORÁCICA 31

3. Vantagens e dificuldades
As vantagens proporcionadas pela Cirurgia Torácica são a sua gama de procedimentos que podem
ser realizados em ambiente hospitalar. Entretanto, não podemos deixar de falar das dificuldades
encontradas nessa especialidade, como o fato de a maioria dos procedimentos, para os quais havia
a necessidade de um profissional, ser realizada por outros médicos. Isso faz que esse profissional
tenha de trabalhar, na maior parte de seu tempo, em prontos-socorros, geralmente como cirurgião
geral e não como especialista em Cirurgia Torácica.

O que o tornará um bom cirurgião torácico?


- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Ter ótima destreza manual;
- Ter atenção redobrada frente aos casos;
- Tomar condutas coerentes e necessárias;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Torácica é uma especialidade que tem importância perante as patologias médico-cirúr-
gicas, mas que vem passando por transformações no sentido de que seus procedimentos são cada
vez mais realizados por outros médicos, pois são úteis e urgentes, por isso cada vez mais suas téc-
nicas são difundidas entre as especialidades.

Cirurgiões torácicos em atividade (dados em 2014)


Cerca de 913

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais na carreira profissional, demonstrando o quão
satisfeito se está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profissão, família, viagens e lazer.
No começo de todas as carreiras profissionais, temos maior dificuldade de nos ajustar ao mercado
de trabalho e ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade tão almejada. Portanto,
o cirurgião torácico tende a buscar congregar seus afazeres profissionais com a vida pessoal, mas
tem enfrentado certa dificuldade nessa tarefa, pois está tendo de atuar cada vez mais como plan-
tonista em hospitais.
9
Coloproctologia

1. Introdução
A Coloproctologia é a especialidade médica que estuda as moléstias que acometem intestino, cólon,
reto e ânus. Anteriormente era conhecida pelo termo Proctologia, mas posteriormente passou a ser
chamada de Coloproctologia, uma vez que também abrange estudos e abordagens terapêuticas refe-
rentes a afecções do intestino grosso.
Essa especialidade é reconhecida pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Medi-
cina, apresentando, como órgão difusor, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), que existe
há mais de 50 anos e é a 2ª maior sociedade de coloproctologistas do mundo. A SBCP é responsá-
vel por realizar anualmente um congresso de atualização e reciclagem, credenciar serviços médi-
cos habilitados para o ensino da especialidade e emitir certificado de qualificação ao exercício da
Coloproctologia.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 2 anos
- Ambulatórios;
- Urgência e emergências;
- Centro cirúrgicos, passando em Gastroenterologia, Patologia, Colonos-
Rodízio nas áreas
copia, Urologia, Ginecologia, Cancerologia, Diagnóstico por Imagem,
Estomatoterapia, Nutrologia, Laboratório de Técnica-operatória e Cirur-
gia Experimental, Hemoterapia.
65:
- Nordeste: 11;
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 6;
- Sul: 9;
- Sudeste: 39.

2. Áreas de atuação
O coloproctologista pode atuar em diversos locais, tanto do setor público quanto do privado. Há aten-
dimento em consultório, lidando com a parte clínica (podendo indicar os procedimentos cirúrgicos),
em grandes hospitais e na área acadêmica.
COLOPROCTOLOGIA 33

Remuneração (média)
De R$4.500,00 a R$8.500,00

3. Vantagens e dificuldades
Existem poucos coloproctologistas no mercado, o que configura uma ótima área para o profissional
médico. Trata-se de uma especialidade cirúrgica profundamente específica, o que demanda grande
dedicação e capacidade para atuar, porém se obtém grande reconhecimento quando se têm essas
qualidades.
Contudo, o tempo prolongado de formação e a disputa com outros profissionais próximos, como o
cirurgião do aparelho digestivo e até o cirurgião oncológico geral, podem ser algumas dificuldades
da área.

O que o tornará um bom coloproctologista?


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Ser um expert numa área médica superespecializada;
- Se interessar por novas tecnologias;
- Ter excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”.

4. Situação atual e perspectivas


Nos grandes centros, é uma área com muitos profissionais, porém ainda não está saturada. As
maiores oportunidades, contudo, estão nos locais mais afastados, em que provavelmente não há
nenhum ultraespecialista.
Como perspectivas, as cirurgias por vídeo/minimamente invasivas e as robóticas estão tendo cada
vez mais campo e avanços, constituindo-se nas maiores promessas da Coloproctologia.

Coloproctologistas em atividade (dados em 2014)


Cerca de 1.719

5. Estilo de vida
O médico coloproctologista realiza atendimentos clínico e cirúrgico. Trata-se de uma caracterís-
tica que proporciona ao profissional vasta gama de possibilidades no mercado. Ele pode reali-
zar seus atendimentos em consultórios, lidando apenas com cirurgias eletivas, tendo uma rotina
mais amena e sobrando mais tempo para outras atividades, ou então mesclar com atividades ou
mesmo plantões em hospitais, com cirurgias de urgência/emergência, podendo alcançar rendi-
mentos maiores, porém com decréscimo em qualidade de vida e tempo livre.
34 guia de ESPECIALIDADES

6. Subespecialidades
--Doenças Orificiais;
--Fisiologia Anorretal;
--Cirurgia Laparoscópica do Colo e Reto;
--Cirurgia Endoanal e Colonoscopia;
--Oncologia.
10
Urologia

1. Introdução
A Urologia é uma especialidade cirúrgica que estuda e trata as doenças do aparelho urinário e do apa-
relho sexual masculino. Foi uma das primeiras disciplinas a se individualizar da Cirurgia Geral, princi-
palmente pela grande especificidade de técnicas de Endoscopia e Radiologia, e pelas particularidades
de algumas de suas cirurgias, como de próstata e das vias urinárias. Há grande proximidade com a
Nefrologia, que estuda e trata as doenças não cirúrgicas do rim e a insuficiência renal.
Desde tempos imemoriais se conhece a existência de patologias urinárias, como as pedras urinárias
descobertas em múmias egípcias, além de procedimentos cirúrgicos como a circuncisão e a castração.
No Brasil, a 1ª reunião de urologistas e cirurgiões aconteceu em 1926, e no dia 13 de maio desse ano
foi fundada a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). De lá para cá, o setor evoluiu com avanços tec-
nológicos consideráveis, além de dezenas de congressos.
Muitos personagens importantes figuram na Urologia brasileira. Dentre eles, podemos citar o ex-pre-
sidente do Brasil e médico urologista Juscelino Kubitschek, que inclusive é o patrono da SBU.

Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral
Duração 3 anos
- Andrologia, Doenças Sexualmente Transmissíveis;
- Endourologia e Laparoscopia;
- Imagem em Urologia, Biópsias Dirigidas;
- Litíase e Litotripsia;
- Transplante Renal;
Rodízio nas áreas
- Urologia Feminina;
- Urologia Geral;
- Uroneurologia e Urodinâmica;
- Uro-Oncologia;
- Uropediatria.
180:
- Norte: 6;
- Nordeste: 27;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 9;
- Sul: 24;
- Sudeste: 114.
36 GUIA DE ESPECIALIDADES

2. Áreas de atuação
O urologista atua em diversas áreas da saúde. Esse profissional lida tanto na área clínica quanto na
área cirúrgica, cuidando de recém-nascidos, passando por homens, mulheres e idosos. É uma área
extremamente abrangente, permitindo ao profissional atuar praticamente da maneira que quiser:
clínica, cirúrgica, minimamente invasiva, diagnóstica etc.
Vale ressaltar que o urologista não se restringe ao aparelho reprodutor masculino, mas ao apare-
lho urinário como um todo, de ambos os sexos.

Remuneração (média)
De R$6.000,00 a R$12.000,00

3. Vantagens e dificuldades
As principais vantagens da área são: ser muito ampla, permitindo ao especialista lidar com todo
tipo de público e idade, também com todo tipo de procedimento e atuação; e englobar a Clínica
Médica e a Clínica Cirúrgica, o que é excelente àqueles que se dão bem com essas 2 grandes áreas
da Medicina.
Já as dificuldades são aquelas comuns a todos os cirurgiões, como alta carga horária, alto estresse
em alguns procedimentos mais delicados e lidar com um sistema público deficiente em aparelhos
e condições de trabalho.
Além disso, há o preconceito com relação às mulheres na Urologia, o que pode ser um problema
tanto no ingresso na Residência quanto num futuro mercado de trabalho. Porém, existem cada
vez mais mulheres na área, e são profissionais qualificadas da mesma forma que aqueles do sexo
masculino.

O que o tornará um bom urologista?


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Ser um expert numa área médica superespecializada;
- Gostar de ver resultados imediatos;
- Ter excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”.

4. Situação atual e perspectivas


A Urologia é vista como uma excelente área cirúrgica, e o profissional urologista sempre é consi-
derado um bom médico pelos colegas. O mercado de trabalho é amplo, principalmente devido às
patologias muito prevalentes na população, como litíase urinária, uro-oncologia, disfunção sexual,
infertilidade, hiperplasia prostática benigna etc.
Vale lembrar que, na Urologia, há uma área que tem tido avanços no Brasil: a Cirurgia Robótica. Essa
é, sem dúvida, uma das maiores perspectivas da Urologia no Brasil, pois se trata de cirurgias com
recuperação mais rápida, menos dor e menor perda de sangue, além de menor risco de infecções.

Urologistas em atividade (dados em 2014)


Cerca de 4.791
UROLOGIA 37

5. Estilo de vida
Assim como em todas as carreiras médicas, o início da vida profissional sempre é difícil. Durante
os anos de Residência, não há quase nada além da sua formação. Ao acabar a Residência, o profis-
sional ainda terá dificuldades, pois provavelmente não terá um consultório particular, trabalhando
geralmente em hospitais, públicos ou privados.
Geralmente os urologistas não realizam plantões de especialistas, porém ficam de sobreaviso em
caso de qualquer intercorrência de sua área no hospital em que está servindo.
Posteriormente, o profissional começa a reunir uma gama de pacientes, conseguindo montar seu
consultório e organizar a vida da maneira que considera ideal. Cada profissional escolhe como lidar
com suas atividades, podendo aceitar uma carga horária que ocupe todos os seus horários da se-
mana e finais de semana, ou atender em consultório e operar uma quantidade menor de pacientes.
Não há uma regra fixa sobre a qualidade de vida dos urologistas, porém é uma área com bastante
flexibilidade e os profissionais geralmente estão satisfeitos.

6. Subespecialidades
--Disfunção Miccional Masculina: atende pacientes com problemas miccionais de diversas etiologias;
--Disfunção Erétil: engloba distúrbios relacionados com a ejaculação, alterações hormonais, disfun-
ção erétil etc.;
--Disfunção Miccional Feminina: atende mulheres com problemas miccionais e do assoalho pélvico;
--Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica: técnicas em ascensão no Brasil, de alta tecnologia e
que promovem maior qualidade nas cirurgias urológicas;
--Endourologia e Litíase: consiste no tratamento de doenças urológicas de diversas etiologias sem
incisões na pele;
--Reprodução Humana: abrange diversas técnicas que visam atender casais com infertilidade;
--Transplante Renal;
--Uretra: trata as diversas patologias da uretra;
--Urologia Oncológica: lida com as diversas neoplasias urológicas;
--Urologia Pediátrica: trata as patologias urológicas de crianças e adolescentes, congênitas ou
adquiridas.

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