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Gestão dos Recursos Hídricos – Professor Roberto Pereira 1

Aula 01 – Apresentação do curso

Aula 01

Conteúdo: APRESENTAÇÃO DO CURSO.

APRESENTANDO A AULA

Você já deve ter aprendido em


hidrologia que na natureza o ciclo hidrológico
e as alterações qualitativas e quantitativas
ocorrem de forma integrada e
contemporaneamente? Isso quer dizer que os
efeitos dos usos da água para múltiplos fins
são simultâneos e cumulativos no sistema
hidrológico. Assim, ao longo do curso, você
aprenderá que a gestão deve considerar, de
forma integrada e harmônica, as
peculiaridades dos recursos hídricos, ou seja, os aspectos
básicos relativos: à sua ocorrência, ao seu aproveitamento e à
necessidade do seu controle. Em outras palavras podemos
dizer que uma abordagem integrada da G.R.H. refere-se à
integração dos seguintes aspectos:
– Àguas superficiais e subterrâneas
– Entre os diversos usos da água;
– Com todos os outros recursos naturais
– Entre os órgãos públicos e a sociedade

DEFININDO OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
- conhecer todas as etapas do curso de gestão dos recursos
hídricos;
- identificar as diversas peculiaridades dos recursos hídricos.
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EMENTA DO CURSO GESTÃO DOS RECURSOS


HÍDRICOS

Aula 01 - Apresentação e Peculiaridades dos Recursos


Hídricos

Aula 02 – Escassez

Aula 03 - A Evolução da Gestão dos Recursos Hídricos


no Brasil

Aula 04 - Conceitos Básicos

Aula 05 - Água: Um Bem Público

Aula 06 - Bacia Hidrográfica: a


Unidade Básica da Gestão dos
Recursos Hídricos

Aula 07 - Usos Múltiplos da


Água

Aula 08 - O valor Econômico da


Água

Aula 09 - A Gestão
Descentralizada e Participativa

Aula 10 - Instrumentos de gerenciamento dos recursos


hídricos

Aula 11 - Modelo Institucional Estadual dos Recursos


Hídricos

Aula 12 - Planejamento dos Recursos Hídricos

Aula 13 - Planejamento do uso do solo

Aula 14 - Experiências Internacionais de Gestão dos


Recursos Hídricos

Aula 15 - Regiões Hidrográficas do Brasil


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PECULIARIDADES DOS RECURSOS HÍDRICOS

Para aquele que trabalha com a gestão dos recursos


hídricos deve antes de tudo compreender as diversas
particularidades dos recursos hídricos, dentro de visão
sistêmica ou holística do funcionamento dos sistemas
hidrológicos. Daí o porquê uma lista de tópicos pertinentes foi
tratada dentro da disciplina hidrologia, tais como: qualidade e
quantidade de água, interconexões hidráulicas, balanços
hídricos, misturas de diferentes tipos de águas subterrâneas,
fluxos subterrâneos e profundidade de circulação, localização
de recarga, fontes de poluição, sistemas hidrológicos
particulares, entre outros aspectos. Barth (1987) procura
sintetizar algumas peculiaridades, conforme a seguir:

Referentes ao ciclo hidrológico


• A água é um recurso natural renovável e móvel;
• as fases do ciclo hidrológico são indissociáveis e as
normas jurídicas devem evoluir no sentido de reconhecerem
essa unidade;
• os fenômenos do ciclo hidrológico têm caráter
aleatório, pois a água ocorre
irregularmente, no tempo e no
espaço, em função das condições
geográficas, climáticas e
meteorológicas;
• o ciclo hidrológico propicia
à água potencial energético
renovável;
• os eventos extremos, como
as cheias e as estiagens, são
combatidos em razão dos seus
efeitos econômicos e sociais, mas
os resultados são limitados face aos riscos associados.
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Referentes ao aproveitamento da água

A água é um fator primordial para a existência da vida


na Terra e, dessa forma, tem condicionado fortemente o
desenvolvimento da civilização humana ao longo da sua
história.

Primórdios:

• 5000 a.C – irrigação na Mesopotâmia e Egito,


juntamente com canais de drenagem para recuperar
áreas pantanosas do delta do Nilo e dos rios Tigre e
Eufrates.
• 2900 a.C – represa para armazenamento de água para
abastecer Memphis, capital no Egito.
• 2500 a.C – sistema complexo de distribuição de água
para abastecer a cidade Mohonjo-Daro, no vale do rio
Indo, na Índia. Incluía canais para levar água até as
casas e um sistema completo de coleta de esgotos.
• 1300 a.C – Primeira barragem de pedra construída
pelos assírios na Mesopotâmia.
• 700 a.C – Aqueduto construído por Ezequiel, rei de
Judá, para abastecer Jerusalém, em Israel.
• 691 a.C – Canal de 80 km e aqueduto de 330 m
construídos por Senaqueribe na Assíria.
• 250 a.C – Sistema de represas e canais em Cartago
(Tunísia) construídos pelos romanos para abastecer
Roma com cereais de culturas irrigadas.

Era moderna:

• 1829 – Estação de tratamento de água construída em


Londres filtrava a água do rio Tamisa com areia. A
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adição de cloro começou a ser feita no século 19 e a


adição de flúor em 1951.
• 1949 – Construção de usina de grande porte de
dessalinização de águas do mar no Kuait.
• 1890 – 1906 – construção do
açude do Cedro no Ceará, com
maciço de terra e alvenaria de
pedra bruta, com capacidade de
armazenamento de 125 milhões
de m³ e 17 m de altura máxima de
coroamento da barragem.
• 1904 – Barragem de Cheeseman
de alvenaria de pedra bruta em
arco com 71 m de altura,
Colorado, EUA.
• 1907 – Usina hidroelétrica de
Lages com 1,052 bilhões de m³,
Rio Grande do Sul, Brasil.
• 1913 – Canal do Panamá. com 82
km, corta o istmo do Panamá
ligando assim o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico.
• 1936 – Barragem de Hoover de concreto em arco com
38,4 bilhões de m³ e 221,3 m de altura, Arizona –
Nevada no EUA.
• 1964 – Barragem de Assuã no rio Nilo com 157 bilhões
de m³ e 147 m de altura, no Egito.
• 1979 – Barragem de Sobradinho, 34 bilhões de m³ e
41 m de altura, PE-BA, Brasil.
• 1983 – Barragem Armando Ribeiro Gonçalves de
gravidade com 2,4 bilhões de m³ e 25 m de altura, no
RN, Brasil.
• 1991 – Barragem de Itaipu, Paraná Brasil, 196 m de
altura. A usina hidrelétrica de Itaipu é a maior em
operação no mundo. A potência instalada da usina, de
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cerca de 12.600 MW (megawatts), é responsável por


30% do abastecimento das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste do Brasil, regiões que concentram cerca
de 65% da população brasileira.
• 2002 – Barragem do Castanhão com capacidade de
armazenamento de 6,7 bilhões de m³.

Tabela 01 - Principais usinas hidrelétricas em operação e


construção no Brasil.

RESERVATÓRIOS

Potência Volume Área


Usina Empresa Ano Rio Estado
MW 106m3 km2

Balbina Eletronorte 1989 Uatumã AM 250 17500 2360


Furnas Furnas 1963 Grande MG 1312 22950 1450
Ilha
Cesp 1969 Paraná SP 3230 21166 1077
Solteira
Itaipu Itaipu 1991 Paraná BR/PY 12600 29000 1360
Itumbiara Furnas 1980 Paranaíba GO 2280 17030 798
Porto
Cesp 1995 Paraná SP 1818 18500 2250
Primavera
Serra da
Furnas 1995 Tocantins GO 1200 55200 1784
Mesa
São
Sobradinho Chesf 1979 BA 1050 34116 4214
Francisco
Três São
Cemig 1960 MG 517 21000 1059
Marias Francisco
Tucuruí Eletronorte 1983 Tocantins PA 42040 45500 2430
São
Xingó Chesf 1994 BA 5000 736 85
Francisco
Fonte:Eletrobrás - CBDB - Comitê Brasileiro de Barragens (Notas de aula
da disciplina Engenharia de Recursos Hídricos do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Corpo docente: João Abner Guimarães Jr. e Antônio
Marozzi Righetto).
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Em síntese se pode dizer que (BARTH, 1987):

• A água é essencial à vida e necessária para quase


todas as atividades humanas, caracterizando os múltiplos
usos, cada um com suas peculiaridades;
• quando há abundância de água, ela pode ser tratada
como bem livre, sem valor econômico. Entretanto, quando
existe escassez de água, ela precisa ser gerida como bem de
alto valor econômico;
• a energia hidrelétrica é a opção energética que causa
poucos efeitos negativos no meio ambiente, porém é
aleatória, como as vazões. Para geração hidrelétrica, a água é
valioso insumo energético, permitindo o retorno de altos
investimentos, o que geralmente não ocorre com outros usos.

Referentes ao controle da água


• Em condições de abundância e uso pouco intensivo da
água, são desnecessários maiores cuidados com o controle,
em termos de quantidade e qualidade;
• quando em situações de escassez relativa, essa
medida precisa ser exercida,
considerando o controle do regime
(quantidade), da poluição (qualidade),
da erosão do solo e do assoreamento;
• com relação à qualidade,
pode-se dizer, ainda, que a água sofre
alterações de qualidade nas
condições naturais do ciclo
hidrológico, mas as alterações mais
importantes decorrem das ações humanas;
• os corpos de água têm capacidade de assimilar
esgotos e resíduos e se autodepurar, mas essa capacidade é
limitada. A concentração de poluentes nas águas é
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inversamente proporcional às vazões, uma vez que os


atributos de quantidade e qualidade são indissociáveis;
• o tratamento prévio de esgotos urbanos e industriais é
fator fundamental para a conservação dos recursos hídricos,
pois substâncias tóxicas e conservativas, além de organismos
patogênicos podem provocar poluição e contaminação
irreversíveis das águas.

RESUMINDO
Nesta aula, você aprendeu que a gestão dos recursos hídricos
deve considerar que as fases do ciclo hidrológico são
indissociáveis e, portanto, deve existir uma relação de causa e
efeito entre as mesmas. Aprendeu, também, que os
fenômenos do ciclo hidrológico têm caráter aleatório, o que
induz a uma preocupação com o futuro. Aprendeu, ainda, que
as interferências do homem através dos usos múltiplos podem
modificar o ciclo hidrológico, desde que não haja controle,
trazendo graves consequências para a população. Uma das
maiores preocupações é a escassez de água, pois ela é
essencial à vida e pode ser motivo de muitos conflitos,
assunto que será tratado na próxima aula.

CONHECENDO AS REFERÊNCIAS

BARTH, F. T. et al.. Modelos para gerenciamento de


recursos hídricos. São Paulo: Nobel; ABRH, 1987.
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ILUSTRAÇÕES POR PÁGINA


Página 01:
http://3.bp.blogspot.com/_FHx0cevRkkk/SWuoM41CWVI/AAA
AAAAAAgs/8EEWTUCPpcI/s400/ciclo+da+%C3%A1gua.gif
Página 02:
http://colunas.g1.com.br/files/21/2007/11/agua10.jpg
Página 03:
http://bp0.blogger.com/_45L2erjMYsg/SHNVpBNH6kI/AAAAA
AAAAAM/-VbDaxO8hEE/s320/watercycleportuguesehigh.jpg
Página 05:
http://www.geocities.com/somaluzastral/planeta-agua-web.jpg
Página 07:
http://eciviluno.files.wordpress.com/2009/05/escassez-agua-
1.jpg

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