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Paidéia

may-aug. 2017, Vol. 27, No. 67, 84-92. doi:


10.1590/1982-43272767201710 ISSN 1982-4327
(online version)

Gabriela Silveira de Paula-Ravagnani2 Carla Guanaes-Lorenzi Emerson Fernando Rasera


Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, Universidade Federal de
Ribeirão Preto-SP, Brazil Ribeirão Preto-SP, Brazil Uberlândia-MG, Brazil

A Utilização de Modelos Teóricos na Terapia Familiar: Foco no


Construcionismo Social

Resumo: No campo da terapia familiar (TF) coexistem perspectivas teóricas e metodológicas. O


objetivo deste artigo é compreender como terapeutas familiares utilizam diferentes teorias da TF,
especialmente, o construcionismo social. Este estudo possui natureza qualitativa, e foi realizado a
partir de entrevistas individuais semi-estruturadas, com 14 terapeutas familiares brasileiros, homens
e mulheres. A análise e discussão apresentam quatro discursos pelos quais os terapeutas combinam
perspectivas teóricas: conciliatório-construcionista, conciliatório-reflexivo, conciliatório-explicativo
e eclético. A análise apresenta aspectos que os caracterizam e diferenciam, e implicações que possuem
na prática dos terapeutas. Concluímos que a combinação de teorias busca enriquecer a prática clínica,
ao mesmo tempo em que gera tensões no campo da TF. O artigo convida os terapeutas a construírem
práticas orientadas por uma investigação epistemológica, por meio das quais podem identificar os
pressupostos teóricos que norteiam suas ações, em busca de congruência entre as práticas empregadas
e as teorias que as embasam.

Palavras-chave: terapia familiar, psicologia clínica, construcionismo social, teorias

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Paula-Ravagnani, G. S., Guanaes-Lorenzi, C., & Rasera, E. F. (2017). Theoretical Models and Family Therapy.

A terapia familiar (ft), como campo de conhecimento e modalidade terapêutica, propõe a compreensão
das experiências humanas a partir de uma perspectiva relacional. Seu estabelecimento no contexto
científico Remonta aos anos 1950, quando especialistas em saúde mental nos Estados Unidos e na Europa
começaram a reconhecer a influência de fatores sociais, econômicos, culturais e familiares sobre o
surgimento e manutenção de psiquiatria transtornos (Rhodes, 2012).

Desde o início, a constituição da FT foi baseada em diferentes perspectivas teóricas e epistemologia,


esboçando um campo interdisciplinar sem um paradigma unificador. Ambas as perspectivas sistêmicas e
psicanalíticas foram estabelecidas mais fortemente no campo ft.

Os frameworks psicoanalíticos desenvolvidos com base em conceitos propostos por Sigmund Freud,
Melanie Klein, Donald Winnicott, José Bleger, Enrique Pichon-Rivière e os estudos envolvendo famílias
de pacientes esquizofrênicos nos anos 1940 e 1950. As proposições psicoanalíticas para o cuidado da família
substituíram o modelo de cuidados individuais para os membros da mesma família por terapeutas diferentes,
tendo um único terapeuta atendendo a todo o grupo familiar (frascos, 2016). Esta mudança incide sobre o
funcionamento inconsciente da família-como enfatizado nas perspectivas americanas e inglês-ou as
configurações de vínculo da família, como as perspectivas francês e latino-americano enfatizar (Nicolò,
Benghozi, & Lucarelli, 2014).
As propostas de cibernética e pensamento sistêmico influenciaram a construção do corpo teórico e
prático dos quadros sistêmicos. Nas ciências humanas e sociais, estas idéias permitiram olhar a família
como um sistema, movendo o foco para a interação recíproca e interdependente entre os membros. Assim,
o trabalho do terapeuta mudou a partir dos sintomas apresentados às relações que produzem e sustentam-
los (Kaslow, 2011; Lebow, 2014). Estas mudanças expandiram o foco individual dominante em práticas de
saúde mental e FT teve o projeto inicial de criar teorias e práticas focadas nas relações das famílias e padrões
de comunicação (Breunlin & Jacobsen, 2014).
Na década de 1980, as propostas de Gregory Bateson, Heinz von Foerster, Humberto Maturana e
Francisco Varela mudaram as concepções sobre o processo de construção do conhecimento (frascos, 2011).
Assim, as perspectivas sistêmicas foram influenciadas pelo construtivismo e se mudaram de uma
epistemologia baseada na neutralidade e objetividade de um que concebe a unidade de mudança terapêutica
como o sistema terapeuta-cliente. Este período é descrito como cibernética de segunda ordem, na qual o
terapeuta começou a levar em consideração seus próprios processos de criação de conhecimento sobre a
família.
No final da década de 1980 e em toda a década de 1990, o FT sistêmico foi influenciado pelas idéias
da pós-modernismo. As definições de pós-modernismo remontam a um campo de estudo híbrido que
consiste de diferentes autores e perspectivas, distanciando a possibilidade de uma única definição de
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consenso. O que nos interessa é que o campo de ft recebeu influências da concepção pós-moderna do
conhecimento como um processo que se realiza através de práticas linguísticas, que estão ligadas aos
contextos sociais e discursos que circulam no meio social (Sutherland & Forte, 2011). O terapeuta desiste
em busca de conhecimento "completo", isto é, que melhor expressa "o processo terapêutico como ele
realmente é", a fim de comprometer-se com as formas múltiplas de construção do conhecimento. Assim, o
terapeuta age com base em uma postura colaborativa na qual ele/ela constrói o conhecimento Com Os
clientes através de conversação (Anderson, 2012; Frascos, 2011).
O constructionismo social é uma forma de elaborar a crítica pós-moderna e particularmente influenciou
o campo do ft sistêmico (McNamee & Gergen, 1992). Definida como um movimento na ciência, concebe
a construção da realidade através das práticas linguísticas, centrando-se nos processos de negociação e
coordenação entre as pessoas, de onde emerge o sentido da realidade (Gergen, 1985; Guanaes-Lorenzi,
Moscheta, Corradi-Webster, & Souza, 2014). Da perspectiva do Construtor, a terapia é descrita como um
processo Dialogal no qual todos os participantes (terapeutas e clientes) se engajam na construção conjunta
de significados, definindo os limites e as possibilidades das ações, relações e criação de significados
(McNamee & Gergen, 1992).
Este breve panorama teórico-prático evidencia a natureza múltipla e diversificada de ft. ecoando as
múltiplas tendências da FT na esfera internacional, estudos brasileiros nomear a gama de contribuições
teóricas práticas terapeutas familiares usam como parte de sua prática diária.
Ponciano e Féres-Carneiro (2006) analisaram o processo de quatro edições do Congresso Brasileiro de
terapia familiar (1994, 1996, 1998, 2002). Os estudos apresentados foram baseados em diferentes teorias,
incluindo: psicanálise, construtivismo, teoria sistêmica, psicodrama, construtivismo social, existencialismo
e bioenergético. Os mesmos autores (Féres-carneiro & Ponciano, 2005) destacam a diversidade existente
no contexto brasileiro de ft, afirmando que a articulação de quadros teóricos é característica do
desenvolvimento histórico da FT no país. Mais recentemente, o estudo de Prati e Koller (2012) mapeou as
práticas de terapeutas familiares no Brasil e indica um movimento entre os profissionais para a integração
de teorias em práticas clínicas. As proposições sistêmicas, psicoanalíticas e pós-modernas destacam-se
entre as escolhas dos participantes.
Estes resultados empíricos de pesquisa no contexto brasileiro ecoam uma tendência para a integração
de quadros teóricos e práticos, descritos como um movimento Integrativa que se desenvolveu de forma
cada vez mais sofisticada na FT e na psicologia desde o 1980 (Lebow, 1997, 2014; Snyder & Balderrama-
Durbin, 2012). O movimento Integrativa cria novas possibilidades, oferecendo recursos práticos e teóricos
ao terapeuta, que enfrenta demandas múltiplas e complexas na prática clínica diária. Ao mesmo tempo,
levanta desafios e tensões, pois os critérios para articular teorias e práticas não são claras e definidas
(Dickerson, 2010; Féres-carneiro & Ponciano, 2005).
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A atual literatura internacional indica que o constructionismo social influenciou, em maior ou menor
grau, todas as práticas de terapia familiar sistêmica (frascos, 2011; Kaslow, 2011). Ao mesmo tempo,
observa-se um uso combinado de modelos teóricos no Brasil, o que cria a necessidade de compreender o
lugar do constructionismo social e como os terapeutas familiares o usaram. Assim, este artigo tem como
objetivo entender como os terapeutas da família usam proposições de ft diferentes em sua prática clínica,
particularmente o constructionismo social. Este estudo dará um entendimento de como a construção social
é disseminada no contexto clínico.

Método

Este estudo qualitativo foi desenvolvido com base nas contribuições do movimento de construção
social para a prática científica e, como tal, foi guiado por algumas premissas principais. Consideramos a
pesquisa como uma prática social, ou seja, a produção de conhecimento é considerada como uma atividade
social, histórica e culturalmente situada, interseção pela subjetividade do pesquisador. Os estudos centram-
se no uso prático da linguagem nas atividades humanas, concedendo visibilidade à forma como ela cria,
sustenta, reproduz e transforma as realidades sociais. E o método é entendido como uma possibilidade de
construir objectivities e versões do mundo, em vez de um dispositivo que nos permite "descobrir" a natureza
do mundo objetivo (Gergen, 1985, 2015; McNamee & Hosking, 2012; Spink & Menegon, 1999/2013).
Utilizamos a análise de práticas discursivas proposta no campo da psicologia social (Spink & Medrado,
1999/2013). As práticas discursivas referem-se ao uso da linguagem nas interações, quando os discursos
que as pessoas usam para dar sentido ao mundo e às suas experiências podem ganhar novos significados
ou ser reproduzidos (Spink & Medrado, 1999/2013).
A definição das práticas discursivas está entrelaçada no conceito de discurso. Burr (2003) define o
discurso como um conjunto de significados, metáforas, histórias, imagens e outros elementos que nos
permitem criar versões sobre fatos, objetos e fenômenos. Assim, o discurso remete às regularidades
linguísticas e ao uso institucionalizado da linguagem (Spink & Medrado, 1999/2013). Como nosso estudo
está focado na dimensão de desempenho da linguagem, visamos conceder visibilidade às implicações dos
significados produzidos com os participantes e o discurso permeado desses significados.

Participantes

Catorze terapeutas da família participaram desta pesquisa, masculino e feminino, psicólogos, que são
considerados divulgadores das idéias de construção social em ft no Brasil, tendo em vista os critérios de
inclusão descritos a seguir. Nós esboçamos os seguintes critérios para incluir os participantes: (1) ser um
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terapeuta da família, psicólogo e professor responsável pelo ensino de idéias de construção social em cursos
de formação em ft afiliado com a Associação Brasileira de terapia familiar ( ABRATEF) nos Estados de
São Paulo e Rio de Janeiro.
Definimos esses Estados com base no estudo de Ponciano e Féres-Carneiro (2006), que os indicam como
os hubs de produção de pesquisa e participação nos congressos ft; e (2) figurando entre os cinco autores
que mais publicaram na revista Nova Perspectiva Sistêmica (NPS) entre 2008 e 2013. Este periódico é
amplamente distribuído entre os terapeutas da família brasileira e prioriza a discussão de práticas baseadas
em propostas sistêmicas, narrativas e de construção social. Os participantes foram contatados por e-mail e
convidados a participar do estudo.
Todos os participantes são terapeutas familiares envolvidos no ensino em cursos de formação ft. A
duração da prática clínica varia entre cinco e trinta anos. Após graduar-se em psicologia, os participantes
iniciaram sua carreira usando diferentes abordagens teóricas. Eles procuraram treinamento em ft depois de
terem experimentado momentos em que suas intervenções – seja na Comunidade ou em psicoterapia –
exigiam que lidassem com questões envolvendo a família em um sentido mais amplo, e seu quadro prático
e teórico parecia insuficiente para lidar com a situação. Apenas um participante procurou treinamento ft
logo após graduar-se em psicologia.

Instrumentos

O instrumento de construção do corpus de pesquisa foi um roteiro de entrevista semi-estruturados, que


explorou: o histórico de contato com o constructionismo social; como as contribuições do Construtor são
utilizadas na prática clínica; e desafios e potenciais enfrentados na prática com base no uso dessas idéias.

Procedimento

Coleta de dados. A constituição do corpus de pesquisa foi baseada em entrevistas individuais, de


acordo com o roteiro descrito acima. O autor principal realizou as entrevistas no lugar e tempo que os
participantes encontraram mais conveniente. As entrevistas foram gravadas em áudio e totalmente
transcritas.
Análise de dados. Consideramos a entrevista como uma prática discursiva (pinheiro, 2013),
correspondendo a uma interação entre o pesquisador e o participante, no qual os significados e versões da
realidade são produzidos através da constante negociação de posições entre os Participantes. A análise do
corpus começou com a transcrição da entrevista, quando o pesquisador teve contato com elementos
importantes para atribuir significado a eles, como entonações e inflexões de voz (Guanaes, 2006). Em
seguida, o material estava sujeito a leitura aprofundada para se familiarizar mais com o corpus.

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Por este processo de análise, identificamos mudanças que emergiram na prática clínica dos
participantes pelo contato com idéias de construção social. Por isso, nomeamos dois discursos diferentes
através dos quais a construção social influenciou a relação com outros modelos teóricos. Estes foram
analisados com base em suas características e elementos distintivos e suas conseqüências na prática dos
terapeutas.
Na discussão dos resultados, destacamos trechos das entrevistas que ilustram cada discurso descrito.
O uso desses trechos deu visibilidade ao fato de que os participantes se movem entre diferentes formas de
discurso no decorrer das entrevistas. Assim, as análises que apresentamos não estão focadas em pessoas
particulares, mas no discurso que eles usam para conceder significado às contribuições do constructionismo
social para a prática clínica.

Considerações éticas

A pesquisa foi desenvolvida em conformidade com as diretrizes éticas da Resolução 196/96 para
estudos envolvendo seres humanos, em vigor no momento em que o estudo foi desenvolvido. A aprovação
foi obtida do Comitê de ética de pesquisa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-
USP, o protocolo CAAE 06338412.4.0000.5407. Antes de participar da entrevista, os terapeutas receberam
informações sobre a natureza da entrevista, a natureza voluntária de sua participação, a confidencialidade e
sigilo da informação e assinaram um formulário de consentimento informado. Todos os nomes usados neste
artigo são fictícios.

Resultados e discussão

O discurso conciliatório

Usamos o termo conciliador para descrever discursos em que um terapeuta ativamente procura recursos
em diferentes modelos explicativos para melhorar sua gestão clínica. Nesta linha, descrevemos três formas
do discurso conciliatório: conciliador-construtora, conciliador-reflexivo e conciliador-explicativo.
Discurso conciliador-construtora. Este termo refere-se ao discurso em que o terapeuta só usa
estruturas teóricas sensíveis às proposições social constructionistas-com base nas entrevistas, que mais
claramente observar as idéias por Andersen (1991), Anderson (2012) e branco (2007). Consideramos que
essa é uma forma conciliadora de usar modelos teóricos, dada a existência de diferentes autores e propostas
que são abertamente afirmadas como construtora social ou consideradas por autores e especialistas na área
como tendo um construtor Sensibilidade. Abaixo está um trecho da entrevista:

Elisa: hoje, pratico e passo muito calmamente entre a narrativa e as práticas de colaboração. Para
mim, eles são absolutamente práticas guiadas pelo constructionismo social... Assim, entre as
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práticas de colaboração, que são organizadas pelas idéias de construção social e, eu diria, em uma
forma mais purista extrema do que poderíamos pensar como uma ação clínica, até que as práticas
narrativas, que têm um pouco mais de estrutura, de conceber alguns formas de conversação a
priori, Certo? As conversas de transformação. Eu me movimento muito bem, e eu vejo isso como
coerência epistemologia.

Como ilustra o trecho, o uso do discurso conciliador-construtora é a opção do terapeuta para estruturar
sua prática clínica com base em teorias e práticas baseadas nas proposições de construção social. Usando o
termo do participante, a justificativa deste discurso vem da perspectiva da coerência epistemologia, uma
posição que incorpora apenas proposições teóricas sensíveis às instalações dos construtores sociais. Nos
trechos que ilustram o uso deste discurso, o terapeuta considera que o constructionismo social não oferece
um único modelo de cuidado, mas uma sensibilidade que orienta os encontros com as famílias. Em suas
palavras:

Elisa: estas idéias [social constructionista] veio a legitimar que se poderia ter verdadeiramente
transformando conversas.... organizados por conversação Dialogal... Dentro do constructionism, a
ênfase que principal eu vejo é em como lidar com as vozes, as vozes distintas originando nas
tradições diferentes.
Guiado por conceitos como diálogo, polifonia, acção conjunta, auto relacional E construção
relacional da realidade (Sic), a coerência deste discurso repousa sobre a sensibilidade aos autores e
premissas que orientam o terapeuta em termos teóricos, bem como técnicos. Isso é porque, embora o
constructionism não seja proposto como uma "aproximação" no campo de ft (Guanaes, 2006), os autores
que desenvolvem e aplicam estas idéias no campo prático terminam acima de oferecer modelos e práticas
que estruturam o trabalho do terapeuta durante encontros com famílias, como Andersen (1993), Anderson
e Burney (ND) e White e Epston (1990), por exemplo. De acordo com os autores, essas práticas não são
"receitas" para serem usadas apesar das particularidades dos cuidados familiares, mas acabam sendo
estruturadas como guias de referência para a prática diária do profissional.

Discurso conciliador-reflexivo.

Descrevemos o discurso conciliador-reflexivo como o discurso em que os terapeutas usam as idéias de


construção social como um recurso para se relacionar com outros modelos teóricos de ft. Este discurso
difere do discurso conciliador-construtora, porque a prática clínica não é exclusivamente baseada em idéias
de construção social. Diferentemente, é um discurso que usa as idéias do constructionista como gatilhos de

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reflexões críticas sobre o uso de diferentes modelos teóricos na prática terapêutica. Este discurso parte da
compreensão do constructionismo como uma Metateoria, isto é, uma forma de expressar o processo de
produção do conhecimento nas bolsas sociais (Gergen, 1985). O trecho a seguir ilustra este discurso:

Renata: é como usar algumas teorias sistêmicas tradicionais. Você poderia até usá-los, certo? Mas
com um novo visual, uma nova postura. Uma postura que você não é mais o perito do
conhecimento. Então eu uso muitas técnicas... por exemplo, se eu fizer um desenho conjunto, ou
mesmo desenho individual.... essas técnicas, em princípio, não são construtores. Isto é, eles não
estão sozinhos, certo? Mas é assim que lidamos com eles.... Como eu exploro o conteúdo quando
eles emergem.

Este trecho exemplifica o uso de um discurso em que diferentes modelos teóricos são considerados
como recursos que o terapeuta tem disponível para construir conversas com as famílias. Como no discurso
conciliador-construtora, o uso deste discurso é justificado pela busca de coerência. No discurso
conciliatório-reflexivo, no entanto, esta coerência é definida distintamente, considerando as teorias como
construções discursivas, que não são consideradas válidas, corretas e eficazes por si mesmos. Assim, no
discurso conciliatório reflexivo, as teorias são consideradas possíveis aberturas para as conversas
terapêuticas, em vez de pontos de vista determinantes da família ou seus membros. Nesse sentido, o
interesse em utilizar diferentes instrumentos técnicos e teóricos reside na possibilidade de construir
conversas transformadoras com as famílias.
Autores do campo de ft discutem a posição do terapeuta para diferentes modelos explicativos
(Dickerson, 2010; McNamee, 2004; McNamee & Gergen, 1992). Em geral, os autores propõem que, em
uma prática clínica sensível ao constructionismo social, a coordenação de diferentes modelos teóricos exija
que estes sejam considerados recursos de conversação escolhidos com base no terapeuta responsivo e
reflexivo postura em relação aos clientes e ao processo de conversação. Isto implica que as ideias de
modelos teóricos distintos sejam consideradas possibilidades para construções discursivas sobre o mundo
(em vez de modelos explicativos corretos e verdadeiros), que podem garantir a coerência da prática
terapêutica.
Conciliador-discurso explicativo.
Este termo designa um discurso em que diferentes modelos teóricos da FT oferecem ao terapeuta as
explicações viáveis e confiáveis sobre os fenômenos observados no processo terapêutico. Neste discurso,
as explicações em um modelo teórico são consideradas válidas por si mesmas e usadas, no contexto
terapêutico, apesar de quem se fala, no momento em que esta conversa ocorre e em que condições. Nas
entrevistas, o uso do discurso conciliatório explica a construção social com modelos teóricos identificados
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com as abordagens sistêmicas, tanto as abordagens tradicionais como as influenciadas pela cibernética de
segunda ordem.
Neste discurso, a proposição de construção social do conhecimento não é considerada uma ruptura em
relação às formas anteriores de compreensão deste fenômeno. O constructionismo social figura junto com
outros modelos teóricos como outro modelo que, além de outras abordagens, constitui o continuum no
desenvolvimento do campo ft. Abaixo está um trecho:

Pesquisador: e quando você procurou as idéias do construtor e manteve este contato durante toda
sua carreira, como você pensou que o constructionism seria útil em sua prática?
É como te digo, certo? A coisa foi sempre nesta atitude de descobrir sobre os novos quadros, as
novas formas de pensar e, como eu entrei nisso e começar a participar no Congresso intitulado
"construção-ing", essas coisas, eu comecei a identificar... Eu não acho que há uma... uma linha,
certo? "daqui em diante sou um pedreiro". Pouco a pouco assimilamos os aspectos que são
discutidos, as posturas que vemos, e tomamos a nossa posição e começar a agir, certo? Porque as
coisas não param... Pesquisadores: e na sua prática, você combina o constructionismo com outras
perspectivas ou outras abordagens?
Nina:.... Quando eu trabalho com as famílias e quando há crianças, e às vezes de acordo com o
problema levanta, eu trago muitos aspectos do Construtivismo.... a questão dos processos mentais,
principalmente dificuldades escolares, atenção, irritabilidade, algum comportamento infantil
Questões. Então eu uso, uso de desenho e coisas... Eu também tento analisar a fase de
desenvolvimento da criança um pouco em termos de pensamento lógico, e eu muitas vezes
explicá-lo aos pais, certo?.... Estes aspectos evolutivos que eu acho importante.

Este trecho exemplifica a principal compreensão desta forma de discurso: a validação atribuída a um
modelo explicativo não invalida ou atribui um novo significado aos outros. Neste trecho em particular,
explicações do ponto de vista da construtora social, usando suas linguagens específicas, não invalidam
explicações que partem das instalações do construtivismo para entender o ser humano e vice-versa. Assim,
a prática clínica inclui os diferentes modelos teóricos como formas de compreender as famílias. No entanto,
esta abordagem implica uma tensão: como trabalhar a partir de uma perspectiva de construção social e, ao
mesmo tempo, eleger os processos mentais como realidade?
Assim, observamos que o discurso conciliador explica o conteúdo das diferentes escolas e abordagens.
Nesse discurso, os profissionais que utilizam conteúdos de escolas distintas para apoiar a sua prática podem
trabalhar em bases mais consistentes. Uma vez que o foco no conteúdo das teorias lhes concede o status de
verdade, podemos afirmar que os diferentes modelos teóricos utilizados pelo terapeuta podem ser avaliados

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apenas com base em sua própria lógica epistemologia. Esse aspecto pode ser discutido com base no seguinte
trecho:

Cecilia: é como se eu sentisse que há algo que a construção social me concedeu como base, que é
esta: existem várias formas de prever a situação, vários pontos de vista, esta ideia de construção,
de experiência pessoal. Então é como se isso fosse a Fundação, então na prática existem outros
autores... Eu critico pensar que simplesmente passar por isso [construção social] prepara um
terapeuta familiar. Porque acho que te dá uma visão de mundo, certo? Uma postura, e eu acho que
ele fornece instrumentos para as conversas. Mas eu não acho que, se você receber um pedagogo,
um sociólogo, qualquer estudante e ensinar o constructionismo, você está preparando um terapeuta
da família. Eu acho que você tem que pensar muito sobre a dinâmica familiar, o funcionamento da
família, sobre o aspecto de três gerações, os modelos, sobre o que muitos autores propuseram.

Este discurso oferece uma visão particular sobre como melhorar a prática dos terapeutas usando
diferentes estruturas teóricas. Ao fazê-lo, cria algumas tensões no campo ft. O constructionism social ecoa
uma ruptura no campo de ft descrevendo o processo da construção do conhecimento através das práticas
da língua. Este movimento tem sido descrito como a "volta interpretativa" em ft, que se concentra na
natureza Dialogal do processo terapêutico e nas redes de significados que as pessoas estão imersas em
(frascos, 2011). Neste sentido, a perspectiva construtora na ciência permite considerar que os modelos
teóricos são produções discursivas geradas no intercâmbio social e validadas por certas comunidades
científicas (Gergen, 1985). Este entendimento convida o terapeuta a reconhecer a natureza situada das
teorias e sua validade em relação ao contexto em que emergem. Assim, a construção social propõe uma
descontinuidade em relação às tradições individualistas e essenciais das ciências humanas e sociais.
O discurso conciliador-explicativo valida modelos teóricos decorrentes de diferentes tradições
científicas e, ao fazê-lo, procura enriquecer a prática clínica do terapeuta. Como resultado, ele integra teorias
e técnicas mutuamente incompatíveis em termos de como eles entendem a pessoa (teoria da personalidade),
os problemas (Patologia), e as propostas de mudança (terapia) (Dickerson, 2010). Este autor afirma que o
espaço de conversação em forma de diferentes posições epistemologia define lógicas de ação distintas para
o terapeuta. Por isso, consideramos que o discurso conciliador-explicativo é informado por aspectos da
proposta de construção social para a prática terapêutica, mas não implica que os modelos teóricos adquiram
um novo significado como construções discursivas.

Discurso eclético

Em consonância com Dickerson (2010), consideramos que o eclécticoismo no contexto da prática ft é


caracterizado pelo uso concomitante de proposições originadas em diversas escolas e modelos explicativos.
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Este uso é caracterizado pela escolha dos aspectos que são considerados melhores e mais relevantes entre
diferentes frameworks. No discurso eclético que descrevemos, o terapeuta usa diferentes modelos
explicativos e os aspectos teóricos e técnicos que ele/ela considera para se adaptar melhor à situação que
ele/ela está lidando.
O principal aspecto que distingue este discurso dos discursos conciliadores é o uso de diferentes
proposições baseadas em uma justaposição, na qual os aspectos de abordagens pertencentes a tradições
científicas distintas são agrupados e usados para explicar o situações experimentadas na prática terapêutica.
O discurso conciliatório-explicativo difere do discurso eclético, porque enquanto o antigo utiliza
modelos explicativos distintos que têm as teorias sistêmicas como um terreno comum, este último usa
frameworks e modelos teóricos que compartilham nem um teórico, nem um fundo de epistemologia.
Abaixo está um trecho:

Então, pelo que estou ouvindo, você não fecha a sua prática nas vozes da construção social
apenas?....
Julia: isso mesmo. Porque eu acredito fortemente em trabalhar demanda. Porque aprendi a
valorizar este trabalho que construímos com base na demanda do outro, estudando o
Construtivismo e o constructionismo social... No início, os estudos sobre a complexidade foram
mais disseminados, mais discutidos, por isso fez sentido para mim, certo? Um segundo sentido
importante, que é: "Sim, devemos cuidar das relações, mas a prioridade é o que o outro está
pedindo, a demanda apresentada, e" como "Vamos trabalhar depende do contexto, sobre a nossa
preparação".... Então é isso que eu tento ensinar aos alunos, que eles devem expandir seu
conhecimento muito, e eles provavelmente vão se ajustar a uma maneira de trabalhar que pode ser
este [construção social], mas eles não devem perder outros aspectos fora da vista, que pode ser
comportamental , intrapsychic, social. É bom que vejamos o ser humano como este mais
complexo, cujo. Eu acho que isso é fundamental hoje em dia.
Como podemos ver, neste discurso, a consistência da prática cresce diretamente proporcional à gama
de modelos teóricos que fazem parte da prática do terapeuta. Portanto, os atos profissionais inspirados em
uma lógica que liga a qualidade da prática ao uso de tantas dimensões quanto possível para compreender o
ser humano-comportamental, intrapsychic, social. Assim, diferentes modelos explicativos são sobrepondo
e, em geral, oferecem uma visão tão completa quanto possível para o terapeuta.
Neste sentido, destacamos uma importante distinção necessária quando as contribuições teóricas são
utilizadas concomitantemente. Por um lado, o ser humano pode ser compreendido com base em múltiplas
dimensões (biológica, física, social, psicológica, espiritual, etc.). Para construir uma visão integrada e
articulada sobre as experiências humanas, deve-se considerar que essas dimensões influenciam os
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indivíduos simultaneamente. Este entendimento ecoa, por exemplo, os estudos de complexidade propostos
pelo filósofo francês Edgar Morin, a quem Julia se refere ao longo da entrevista como um importante autor
que influencia sua prática.
Por outro lado, diferentemente deste entendimento, o discurso eclético valida o uso de diferentes
perspectivas ou modelos teóricos para a construção de práticas focadas em uma única dimensão da
experiência humana: o psicológico. Assim, a justaposição de modelos explicativos é evidenciada quando o
terapeuta utiliza, ao mesmo tempo, as escolas comportamentais, psicoanalíticas, construtivas e de
construção social como guias práticos.
Assim, mais uma vez, enfatizamos a tensão que emerge quando o terapeuta usa proposições com
fundações epistemologis distintas, como no caso da construção social em relação às proposições
comportamentais e psicanalíticas, por exemplo (Dickerson, 2010).

Reflexões sobre conciliadores e discursos ecléticos

Tendo em conta a natureza complexa do panorama teórico da FT, neste ponto, abordamos reflexões
com um enfoque pragmático que pretende dar visibilidade às implicações desses discursos na prática clínica
e no campo da FT.
Em primeiro lugar, a busca para melhorar a prática clínica é o aspecto mais claro na utilização de
discursos conciliadores e ecléticos. A escolha de usar modelos teóricos distintos destina-se a melhorar a
ação profissional, oferecendo vários recursos de cuidados familiares, em que o terapeuta pretende construir
uma prática teoricamente fundamentada.
Além disso, os discursos conciliadores-explicativos e ecléticos levantam importantes reflexões sobre
o lugar periférico o construção social pode assumir nestes discursos, o que pode tornar o constructionismo
social diluído e falta de profundidade em termos de sua ensino e compreensão na ft formação e prática.
Assim, ambos os discursos de conciliação-explicativos e ecléticos indicam uma forma de articulação
discutida por Féres-carneiro e Ponciano (2005), em que o terapeuta compreende o desenvolvimento teórico
no campo ft, embora não esteja claro se compreende as rupturas teóricas envolvidas em algumas dessas
teorias.
A tradição de formação em ft também desempenha um papel importante na análise desses discursos.
Em geral, os programas de treinamento pretendem ensinar as diferentes perspectivas e frameworks
presentes no campo da FT. Neste processo, os professores incentivam os alunos a experimentar o uso de
diferentes abordagens em sua prática clínica, ou incentivá-los a usar uma abordagem específica alinhada
com a orientação teórica do Instituto. Assim, o constructionismo social tende a ser um entre as diferentes
perspectivas a serem ensinadas no curso, e é geralmente discutido em um módulo específico. Que desperta
algumas reflexões: como as tradições de formação em ft contribuem para a construção dos discursos
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conciliadores, reflexivos, explicativos e ecléticos na prática ft? Que tipo de disseminação e uso do
constructionismo social que nós produzimos quando consideramos que ainda uma outra abordagem no
campo da FT?
Nesse sentido, destacamos a relevância da distinção proposta por Dickerson (2010) sobre as práticas
informadas pelo constructionismo social e práticas com uma perspectiva de construção social. Segundo o
autor, os primeiros são sensíveis ao processo de construção de significados com os clientes, mas não vêem
este processo como historicamente localizado, o que implicaria a consideração de significados como local
e culturalmente situado. Diferentemente, as práticas com uma perspectiva de construção social assumem
uma postura baseada na construção social do conhecimento, concebendo os significados como fluidos,
dinâmicos e sempre abertos a transformações.
Outro aspecto a destacar é o dilema criado quando os terapeutas tomam o constructionismo social pelos
seus aspectos teóricos e epistemologis mais do que a sua orientação prática. Que limites produzimos quando
consideramos apenas os aspectos teóricos do constructionismo? E que limites criamos quando o
consideramos como um guia prático, separado de sua formação teórica? Como pode a dicotomia entre a
teoria e a prática ser superada no ensino e no uso das proposições sociais do constructionista?
Em suma, consideramos que não se trata de defender Purismo teórica, em que o terapeuta deve ser fiel
apenas a uma certa perspectiva teórica. Esta sugestão convidaria a um endurecimento e empobrecimento da
prática clínica, reduzindo os recursos do terapeuta, além de ir contra as tendências integrativas atualmente
presentes no campo. Não é sobre favorecer o "hibridation" tampouco, em que o profissional pode e deve
usar teorias diferentes não obstante como este uso ocorre. Consideramos que as reflexões abordadas neste
artigo indicam a importância de refletir sobre como esses diferentes discursos estão presentes na prática
clínica, fornecendo-nos indicadores sobre o movimento e a evolução atual da FT nos contextos brasileiros.
Reconhecemos que estas questões ecoam desafios que há muito estão presentes nas reflexões dos
profissionais envolvidos na ft. No entanto, consideramos pertinente designá-los como marcas de tensões
existentes no campo em relação à forma como os modelos explicativos são utilizados na prática, incluindo
discussões teóricas na esfera social constructionista (McNamee, 2008).
Os assuntos que discutimos neste artigo são complexos e refletem a diversidade do campo ft.
Reconhecemos que o escopo deste artigo ignora vários aspectos envolvendo a base teórica da prática clínica
de terapeutas familiares. Dentre os limites de pesquisa, enfatizamos que, sendo baseado em narrativas de
terapeutas sobre sua prática clínica, a análise não considera a ação dos profissionais in situ, quando eles
interagem com a família e constroem suas intervenções. Neste sentido, a pesquisa não aborda as nuances e
detalhes da ação profissional no processo terapêutico. Com base em narrativas sobre a prática, o artigo
destaca discursos diferentes que constroem possibilidades para o uso de teorias e técnicas em ft.

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Paula-Ravagnani, G. S., Guanaes-Lorenzi, C., & Rasera, E. F. (2017). Theoretical Models and Family Therapy.

No contexto desses desafios, propomos formas de ação nas possibilidades de prática profissional em ft
e na postura do terapeuta familiar. No meio profissional, sublinhamos a importância para os terapeutas
familiares de estudar e conhecer a história da FT, que pode convidá-los a compreender o desenvolvimento
histórico e rupturas que definiram diferentes maneiras de entender a família e seus Relações. Também
permite a compreensão da produção de conhecimento como um processo histórico, cultural e social,
evidenciando a natureza local e situada das teorias e práticas.
No que diz respeito às atividades dos terapeutas em sua prática singular, nós ecoamos as proposições
de Dickerson (2010) quando ela discute a importância de ter uma prática informada por uma investigação
epistemologia sobre suas próprias ações, em que o terapeuta é capaz de identificar as premissas que guiam
suas perguntas, comentários, suposições e assim por diante. De acordo com Dickerson (2010), essa
conscientização é algo que o terapeuta deve fazer de uma forma atenta e intencional, e exige reflexão e
atenção constante. Como resultado, a congruência entre a prática empregada e as teorias subjacentes
oferecem uma postura que vai contra uma posição em que o terapeuta usa "o que funciona".
Finalmente, reafirmamos que a análise deste estudo se concentrou na utilização de diferentes discursos
e suas implicações para a prática e disseminação das idéias de construção social entre os participantes. Em
consonância com este entendimento, as reflexões aqui propostas dizem respeito aos discursos presentes no
campo da FT e os desenvolvimentos futuros que podem ser vislumbrados pelos terapeutas em suas práticas
diárias.

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Gabriela Silveira de Paula-Ravagnani is a Ph.D. student in the Graduate Program in Psychology at


Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Carla Guanaes-Lorenzi is a Professor of the Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo.

Emerson Fernando Rasera is a Professor at the Instituto de Psicologia, Universidade Federal de Uberlândia.

Received: May 31, 2016


1st Revision: Aug. 23, 2016 Approved: Nov. 22, 2016

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Paula-Ravagnani, G. S., Guanaes-Lorenzi, C., & Rasera, E. F. (2017). Theoretical Models and Family Therapy.

How to cite this article:


Paula-Ravagnani, G. S., Guanaes-Lorenzi, C., & Rasera, E. F. (2017). Use of theoretical models in family
therapy: Focus on social constructionism. Paidéia (Ribeirão Preto), 27(67), 84-92 doi: 10.1590/1982-
43272767201710

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