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MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Da Colônia até Meados do Século 19


Nos três primeiros séculos, todas as atividades musicais são bem separadas, embora
ouvidos quase que simultaneamente no dia-a-dia: hinos religiosos dos católicos (dos
portugueses e dos espanhóis) ou dos protestantes (dos holandeses, dos franceses
etc.), marchas militares, algumas danças e canções européias (isto é o mais próximo do
que chamaríamos atualmente de “música popular”), pouca música de concerto,
músicas dos negros e dos índios – e de outras etnias que chegavam aqui por várias
razões e caminhos: judeus, ciganos etc. Não existia ainda o que chamamos de “música
folclórica brasileira”. Somente no século 19 nota-se uma fusão dos diversos elementos
culturais.
Com a chegada da Família Real e sob o governo de Dom Pedro 1o, vêm junto outras
danças: Valsa, Polca, Tango etc.
Os principais gêneros são: Lundu e Modinha.
Nomes que destaco nestes três primeiros séculos:
Gregório de Matos Guerra (1633-1696)
Domingos Caldas Barbosa (1740 ? – 1800 ?)
Cândido Inácio da Silva (1800 – 1838)
Joaquim Manuel Câmara (viveu no início do século 19)
Gabriel Fernandes da Trindade (? – 1854)

Segunda Metade do Século 19


Com o maior intercâmbio cultural e o desenvolvimento artístico inerente que as
cidades propiciam, aparecem manifestações tipicamente brasileiras. Os primeiros
imigrantes chegam em massa e trazem suas culturas musicais: alemães, italianos,
japoneses etc.
Assim, ao lado de danças européias (Mazurca, Schottish – Xote - etc.), há danças
derivadas do folclore: Maxixe, Samba, Frevo, Maracatu etc.,
Há exemplos de Canções (derivadas das Árias e das Chansons).
Também registram as Serenatas, as Marchas de Carnaval e o Choro.
Artistas do período:
Laurindo Rabelo (1826-1864)
Henrique Alves de Mesquita (1830-1906)
Xisto de Paula Bahia (1841-1894)
Chiquinha Gonzaga, Francisca Edviges Neves Gonzaga (1847-1935)
Joaquim Antônio da Silva Calado (1848-1880)
Ernesto Nazaré (1863-1934)
Anacleto de Medeiros (1866-1907)
Catulo da Paixão Cearense (1866-1946)
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Século 20: Décadas de 10 – 20


Os gêneros são os mesmos do período anterior, com acréscimo da música sertaneja e
regional.
Surgem as primeiras gravações em disco (1902: “Isto é bom” marchinha de Baiano;
1917: “Pelo Telefone” samba de Ernesto dos Santos e Mauro de Almeida) e as lojas de
música a aumentar a divulgação. Em 1922 surge a primeira emissora de rádio.
Artistas do período1:
Baiano, Manuel Pedro dos Santos (1870-1944)
Zequinha de Abreu, José Gomes de Abreu (1880-1935)
Patápio Silva (1881-1907)
Eduardo Souto (1882-1942)
João Pernambuco, João Teixeira Guimarães (1883-1947)
Sinhô, José Barbosa da Silva (1888-1930)
Canhoto, Américo Jacomino (1889-1928)
Marcelo Tupinambá (1889-1953)
Luis Peixoto de Castro (1889-1973)
Donga, Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890-1970)
Orestes Barbosa (1893-1966)
Vicente Celestino (1894-1968)
Francisco Alves (1898-1952)
Índio, Cândido das Neves (1899-1934)
Joubert de Carvalho (1900-1977)
Nonô, Romualdo Peixoto (1901-1954)
Antônio Moreira da Silva (1902)
Bide, Alcebíades Maia Barcelos (1902-1975)
Clementina de Jesus (1902-1987)
Benedito Lacerda (1903-1958)
João de Barro, Braguinha, Carlos Alberto Ferreira Braga (1907)
Almirante, Henrique Foréis Domingues (1908-1980)
Cartola, Agenor de Oliveira (1908-1980)
Sílvio Caldas (1908-1980)
Canhoto, Valdiro Frederico Tramontano (1908)
Ataulfo Alves (1909-1969)
Pixinguinha, Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897-1973)
Oito Batutas (1919-1928)

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Quero dizer com esta expressão que é a época que ele se destaca ou tem sua maturidade artística,
inclusive naquele contexto indicado, não importando seu ano de nascimento e nem se sua carreira se
desdobrou posteriormente em outros repertórios ou se manteve do mesmo modo.
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Século 20: Décadas de 30 – 40


Os gêneros se desenvolvem pela sua própria necessidade estrutural, pelo contato com
os norte-americanos, pelo ambiente político (Ditadura de Vargas, Populismo, Segunda
Guerra Mundial etc.) e pelos interesses da Indústria Cultural. Assim, por exemplo, do
samba surge o samba-canção. As marchinhas se transformam em sambas-enredo e,
nas mãos de outros, em um gênero satírico.
A valsa e o choro continuam a existir.
Aparecem o baião e o xaxado (por razões de uma política cultural populista e
nacionalista e que valorizam aspectos regionalistas).
As letras se tornam complexas: ora num estilo carregado parnasiano ou romântico, ora
num estilo experimental, derivado do Modernismo (fragmentação, citação, paródia,
ironia etc.), como também procuram mostrar o cotidiano (trabalho, mulher X homem,
polícia etc.).
Os intérpretes (solistas ou conjuntos), instigados pelos produtores e apoiados por fãs,
começam a disputar espaço nas rádios. Há também uma disputa estilística entre o
“cantar lírico” e o “cantar popular”.
Artistas do período:
Hekel Tavares (1896-1969)
Jararaca, José Luís Rodrigues Calazans (1896-1977) e Ratinho, Severino Rangel de
Carvalho (1896-1972)
Heitor dos Prazeres (1898-1966)
Alberto Ribeiro (1902-1971)
Ari Barroso (1903-1964)
Capiba, Lourenço da Fonseca Barbosa (1904)
Lamartine Babo (1904-1963)
Ismael da Silva (1905-1978)
Radamés Gnatalli (1906-1988)
Carmem Miranda (1909-1955)
Vadico, Osvaldo de Almeida Gogliano (1910-1962)
Custódio Mesquita Pinheiro (1910-1945)
Adoniram Barbosa (1910-1982)
Antônio Gabriel Nássara (1910-1996)
Noel Rosa (1910-1937)
Haroldo Lobo (1910-1965)
Nélson Cavaquinho, Nélson Antonio da Silva (1910-1986)
Assis Valente (1911-1958)
Herivelto Martins (1912-1992)
Luiz Gonzaga (1912-1989)
Murilo Alvarenga (1912-1978) e Ranchinho, Diésis dos Anjos Gaia (1913-1991)
Carlos Galhardo, Catello Carlos Guagliardi (1913-1985)
Wilson Batista (1913-1968)
Ciro Monteiro (1913-1973)
Jamelão, José Bispo Clementino dos Santos (1913-2008)
Lupicínio Rodrigues (1914-1974)
Araci de Almeida (1914-1988)
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César Guerra Peixe (1914-1993)


Dorival Caymmi (1914-2008)
Garoto, Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955)
Orlando Silva (1915-1978)
Abel Ferreira (1915-1980)
Jair Amorim (1915-1993)
Dilermando Reis (1916-1977)
Humberto Teixeira (1916-1979)
Edu da Gaita, Eduardo Nadruz (1916-1982)
Dalva de Oliveira (1917-1972)
K-Ximbinho, Sebastião Barros (1917-1980)
Severino Araújo (1917)
Geraldo Pereira (1918-1955)
Jacó do Bandolim, Jacó Pick Bittencourt (1918-1969)
Marília Batista (1918-1990)
Jackson do Pandeiro, José Gomes Filho (1919-1982)
Linda, Glorinda Batista (1919-1988)
Isaura Garcia (1919-1993)
Nélson Gonçalves (1919-1998)
Tonico, João Salvador Peres (1919) e Tinoco, José Peres (1920)
Mario Zan, Mario João Zandomenighi (1920)
Riachão, Clementino Rodrigues (1921)
Dircinha, Dirce Batista (1922)
Luiz Bonfá (1922)
Ivone Lara (1922)
Bola Sete, Djalma de Andrade (1923-1987)
Emilinha, Emília Borba (1923)
Marlene Vitória Bonaiutti (1924)
Moacir Santos (1924)
Altamiro Carrilho (1924)
Nelson Sargento (1924)
Inezita Barroso, Inês Madalena Aranha de Lima (1925)
Lúcio Alves (1927)
Valdir Azevedo (1927-1980)
Teixerinha, Victor Mateus Teixeira (1927-1985)
Noite Ilustrada, Mário Sérgio Marques (1928)
Bando de Tangarás (1929-1931)
Bando da Lua (1931-1955)
Orquestra Tabajara (1933)
Anjos do Inferno (1934-1953)
Quatro Ases e Um Coringa (1940-1957)
Namorados da Lua (1941-1947)
Os Cariocas (1942-1967)
Demônios da Garoa (1943)
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Século 20: Década de 50


Na década de 50, o Brasil entra na era da TV. Desta maneira, a produção e a divulgação
da música popular (inclusive a música popular norte-americana) se propagam numa
velocidade muito grande. Porém, as emissoras de rádio ainda detêm o monopólio dos
grandes artistas e intérpretes.
O cinema e o disco (nesta época aparece o LP, disco de 33 rotações por minuto)
continuam a ser outros suportes fundamentais para a música popular,
complementando os anteriores (partitura, rádio, disco de 78, danceterias, bailes,
shows em bares e teatro).
Há um resgate do samba original, o bolero-canção torna-se um modelo formal e o
arranjo estilo de jazz começa a sublinhar o acompanhamento.
Os grandes compositores. letristas e intérpretes das décadas passadas ainda
continuam com suas carreiras: criam obras, gravam discos, fazem shows, aparecem
nos programas de auditórios nas rádios e nas tevês, estão no centro de polêmicas e
escândalos. E mesmo os que faleceram anteriormente ainda tem o repertório
difundido através dos meios de comunicações (este repertório, infelizmente, quase
desaparecerá nas décadas de 70 e de 80 e será valorizado no final do século 20 e início
do século 21).
No final da década surgem dois novos gêneros: a bossa nova e o rock.
Artistas do período:
Vinícius de Moraes (1913-1980)
Paulo Soledad (1919)
Elizete Cardoso (1920-1990)
Antônio Maria Araújo de Morais (1921-1964)
Dick Farney, Farnésio Dutra e Silva (1921-1987)
Zé Kéti, José Flores de Jesus (1921)
Nora Ney, Iracema Ferreira Maia (1922)
Francisco Petrônio (1923)
Paulo Vanzolini (1924)
Billy Blanco, William Blanco de Abrunhosa Trindade (1924)
Tom Jobim, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994)
José Bezerra da Silva (1927)
Ronaldo Bôscoli (1928-1994)
Ivon Curi (1928-1995)
Ângela Maria (1928)
Ciro Pereira (1929)
Johnny Alf, Alfredo José da Silva (1929)
Dolores Duran, Adiléia Silva da Rocha (1930-1959)
Sivuca, Severino Dias de Oliveira (1930)
Élton Medeiros (1930)
Evaldo Gouveia (1930)
João Gilberto de Prado de Oliveira (1931)
Agostinho dos Santos (1932-1973)
Renato Andrade (1932)
Marisa Brandão (1933)
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Monarco, Hidelmar Dinis (1933)


João do Vale (1934-1996)
Dóris Monteiro (1934)
João Donato (1934)
Cauby Peixoto (1934)
Antonio Candeia Filho (1935-1978)
Carlos Imperial (1935-1992)
Alaíde Costa (1935)
Maysa Figueira Monjardim (1936-1977)
Agnaldo Timóteo (1936)
Roberto Menescal (1937)
Baden Powell de Aquino (1937)
Elza Soares (1937)
Ari Toledo (1937)
Agnaldo Rayol (1938)
Juca Chaves, Jurandir Czaczkes (1938)
Carlos Lyra (1939)
Conjunto Farroupilha (1948-1970)

Século 20: Década de 60


A década de 60 foi uma das épocas mais férteis da Cultura Brasileira em todos os
aspectos e um momento efervescente na Música Popular.
As diversas correntes disputavam de maneira quase caótica a atenção da população:
bolerões, sambões, ritmos regionalistas, baladas de amor, marchas políticas, canções
de protesto, Bossa Nova, Rock (no Brasil chamado de “Iê-Iê-Iê”) e Tropicalismo.
A televisão passou a apresentar, ao vivo, shows de auditórios com a Jovem Guarda e a
Bossa Nova. Além disto, promoveram Festivais que eletrizavam as pessoas. A rádio
ainda mantinha no seu elenco o repertório e o pessoal das gerações anteriores.
Porém com a Ditadura Militar e depois com o AI 5 (de 1968), a censura abateu a
criatividade. Os artistas foram vigiados, perseguidos, presos ou exilados. Assim,
algumas tendências não se desenvolveram ou se desarticularam.
Artistas do período:
Paulo Paulinho Nogueira (1929)
Rogério Duprat (1932)
Maurício Einhorn, Moisés Davi Einhorn (1932)
Sérgio Ricardo, João Mansur Lufti (1932)
Erlon Chaves (1933-1974)
Tião Carreiro, José Dias Nunes (1934-1993), e Pardinho, Antonio Henrique de Lima
(1932)
Geraldo Vandré (1935)
Hermínio Belo de Carvalho (1935)
Wilson Moreira (1936)
Rolando Boldrin (1936)
Tom Zé, Antonio José Santana Martins (1936)
Tony Campelo, Sérgio Beneli Campelo (1936)
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Claudete Soares (1937)


Sérgio Cabral (1937)
Martinho da Vila, Martinho José Ferreira (1938)
Jair Rodrigues (1939)
Wilson Simonal (1939)
Francis Hime (1939)
Altemar Dutra (1940-1983)
Terezinha Teca Calazans (1940)
Oscar Castro Neves (1940)
Paulo Vale (1940)
Sérgio Reis (1940)
Erasmo Carlos Esteves (1941)
Airto Moreira (1941)
Rosinha de Valença, Rosa Maria Canellas (1941)
Nana Caymmi, Dinahir Tostes Caymmi(1941)
Sérgio Mendes (1941)
José Carlos Capinam (1941)
Nara Leão (1942-1989)
Tim Maia, Sebastião Rodrigues Maia (1942-1998)
Paulinho da Viola, Paulo César Batista de Faria (1942)
Jorge Benjor, Jorge Duílio Lima Menezes (1942)
Celly Campelo Gomes Chacón (1942)
Milton Nascimento (1942)
Demetrius, Demétrio Zahra Neto (1942)
Gilberto Gil (1942)
Caetano Veloso, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso (1942)
Ciro Aguiar (1942)
Clara Nunes (1943-1983)
Eumir Deodato (1943)
Dori Caymmi, Dorival Tostes Caymmi (1943)
Eduardo Edu Lobo (1943)
César Camargo Mariano (1943)
Jards Macalé (1943)
João Nogueira (1941)
Roberto Carlos Braga (1943)
Ronnie Cord, Ronaldo Cordovil (1943)
Téo de Barros, Teófilo Augusto de Barros Neto (1943)
Marcos Vale (1943)
Lia de Itamaracá, Maria Madalena Correia do Nascimento (1944)
Nelson Mota (1944)
Marília Medalha (1944)
Maria Creuza Silva Lima (1944)
Francisco Chico Buarque de Holanda (1944)
Sidney Miller (1945-1980)
Elis Regina Carvalho da Costa (1945-1982)
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Antonio Marcos da Silva (1945-1992)


Wanderley Cardoso (1945)
Eliana Pittman, Eliana Leite da Silva (1945)
Gal Costa, Maria da Graça Costa Pena Burgos (1945)
Joelma Giro (1945)
Luiz Carlos Pereira de Sá (1945) e Guttemberg Guarabira (1947)
Wanderléia Salim (1946)
Aldir Blanc (1946)
João Bosco (1946)
Fernando Brant (1946)
Maria Bethânia, Maria Bethânia Vianna Telles Veloso (1946)
Nelson Ayres (1947)
Ronnie Von, Ronaldo Nogueira (1947)
Jerry Adriani, Jair Alves de Souza (1947)
Rita Lee Jones (1947)
Márcio Greyck, Márcio Pereira Leite (1947)
Vanusa Santos Flores (1947)
Zé Rodrix, José Rodrigues Trindade (1947)
Paulo César Pinheiro (1949)
Trio Esperança (1958)
Renato e seus Blue Caps (1960-1970)
Golden Boys (1960)
Os Originais do Samba (1960)
MPB 4 (1962)
Os Incríveis (1962)
Zimbo Trio (1963)
Quarteto em Cy (1964)
Os Mutantes (1966-1975)

Século 20: Década de 70


Com o endurecimento da Ditadura Militar, o país mergulhou no obscurantismo cultural
com a repressão e a censura a qualquer manifestação libertária. Muitas vozes foram
caladas.
A Música Popular se deslocou definitivamente para a televisão.
Devido aos interesses da Indústria Cultural, há uma fusão de elementos de diversas
procedências: ritmos regionais e folclóricos, rock, instrumentação jazzística, samba etc.
E letras totalmente alienadas.
A música pop norte-americana (country, discoteca, entre outros gêneros) começa a
predominar nas programações. Claro que junto chega o melhor do rock, do jazz, do
soul etc.
Há uma resistência contra a Ditadura e isto é traduzido pelo número de intérpretes
(principalmente mulheres) que divulgam nos shows, em espaços alternativos, as letras
engajadas. Outro modo de resistir era valorizar a cultura nacional contra a
internacionalização da cultura: alguns produtores democratas resgatam o choro e os
sambas da primeira metade do século 20.
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A música denominada “brega” é desprezada pelos intelectuais, pelos engajados


politicamente e pela juventude moderna. Esta tendência, por um lado, revive os
bolerões com letras sobre o amor (algumas vezes pornográficas ou grotescas) e, por
outro lado, mantêm um público fiel pessoas pelo interior do país. Algumas canções
“bregas” são vetadas pela Censura devido à ambigüidade de suas letras: tanto
poderiam ser entendidas inocentemente como teriam mensagens políticas cifradas
(segundo a mente dos censores).
Alguns expoentes da Jovem Guarda criam baladas e abandonam o rock.
Há algumas manifestações independentes, experimentais e satíricas, que usam vários
recursos musicais, mas ainda são esporádicas e individuais.
É necessário lembrar que apareceram criadores para apoiar a Ditadura com canções
ufanistas, entre as quais com o famoso refrão: “Eu te amo, meu Brasil!”.
Artistas do período:
Tony Tornado, Antônio Viana Gomes (1930)
Elomar Figueira de Melo (1933)
Waldick Soriano (1933)
Hermetho Paschoal (1936)
Peri Ribeiro, Peri de Oliveira Martins (1937)
Pena Branca, José Ramiro Sobrinho (1939) e Xavantinho, Ranulfo Ramiro da Silva
(1942)
Milionário, Romeu Januário de Matos (1940) e José Rico, José Alves dos Santos
(1946)
Lindomar Castilho (1940)
Anastácia, Lucinete Ferreira (1941)
Benito de Paula (1941)
Ney Matogrosso (1941)
Jorge Mautner (1941)
Agepê, Antonio Gilson Porfírio (1942-1995)
Dominguinhos, José Domingos de Moraes (1941)
Waly Salomão (1943-2003)
Sueli Costa (1943)
Reginaldo Rossi (1944)
Naná Vasconcellos, Juvenal de Hollanda Vasconcellos (1944)
Raul Seixas (1945-1989)
Gonzaguinha, Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945-1991)
Taiguara Chalar da Silva (1945-1996)
Paulinho Tapajós, Paulo Tapajós Gomes Filho (1945)
Antonio Carlos Marques Pinto (1945) e Jocafi, José Carlos Figueiredo (1944)
Wagner Tiso (1945)
Genival Lacerda (1945)
Ivan Lins (1945)
Walter Franco (1945)
Renato Teixeira (1945)
José Ednardo Soares Costa Sousa (1945)
Antonio Carlos Belchior Fernandes (1946)
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Beth Carvalho, Elizabeth Santos Leal de Carvalho (1946)


Toquinho, Antonio Pecci Filho (1946)
Wando, Wanderley Alves dos Reis (1946)
Nelson Ned D’Avila Pinto (1947)
Toninho Horta, Antonio Maurício Horta de Melo (1948)
Tuzé de Abreu, Alberto José Simões de Abreu (1948)
Ronaldo Bastos Ribeiro (1948)
Odair José de Araújo (1948)
Silvio Brito (1949)
Itamar Assumpção (1949)
Jane Duboc (1950)
Eduardo Gudin (1950)
Amelinha, Amélia Cláudia Garcia Colares (1950)
Raimundo Fagner Cândido Lopes (1950)
Amado Batista (1951)
Luís Melodia, Luís Carlos dos Santos (1951)
Morris Albert, Maurício Alberto Kaiserman (1951)
Baby do Brasil, Baby Consuelo, Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade (1952)
Carlos Carlinhos de Campos Vergueiro (1952)
Fabio Júnior, Flavio Airosa Correia Galvão (1953)
Sidney Magal, Sidney Magalhães (1953)
Guilherme Arantes (1953)
Peninha, Aroldo Alves Sobrinho (1953)
Chitãozinho, José Lima Sobrinho (1954) e Xororó, Durval de Lima (1957)
Owaldinho do Acordeon Oswaldo de Almeida e Silva (1954)
Osvaldo Montenegro (1956)
Novos Baianos (1968-1975)
Trio Mocotó (1969)
Quinteto Armorial (1970-1980)
Quinteto Violado (1970)
Secos e Molhados (1971-1974)
As Frenéticas (1976-1983)
Rumo (1976)

Século 20: Década de 80


Podemos sistematizar as tendências da década de 80 assim:
a) canções com elementos variados (Bossa Nova, música de câmara erudita, jazz,
blues, efeitos eletrônicos de estúdio, folclore brasileiro etc.)
b) muitos grupos de rock surgiram e fizeram uma fusão de elementos nacionais
ou não (MPB, reggae, funk etc.): Ultraje a Rigor, Engenheiros do Havaí, Barão
Vermelho, RPM, Capital Inicial, Sempre Livre, Camisa de Vênus, Metrô, Kid
Abelha, Rádio Táxi etc.
c) regionalismo mais elaborado (MPB, folclore etc.)
d) experimentais (com técnicas eruditas)
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e) valorização da música instrumental: criações originais ou arranjos


jazzísticos/eruditos de canções e danças
f) cantores ou grupos que fazem música em inglês, em espanhol e, mesmo, em
italiano para atingir o mercado exterior
Uma coisa em comum: todas elas raramente são tocadas nas rádios ou se apresentam
na programação televisa (coisa que perdura até hoje, 2005).
Mesmo com a democratização (a partir de 85), a música engajada tende a
desaparecer.
Há uma ligação entre a Televisão e a Indústria Fonográfica: uma canção é lançada
simultaneamente nas telenovelas ou nos programas de auditórios com os discos.
Claro, continuam as baladas, as bregas, os sambas etc.
No final desta década a música sertaneja é reelaborada pelos produtores: introduzem
metais mexicanos, cordas românticas, efeitos eletrônicos, mistura de vários gêneros e
danças do interior do país. O mercado das grandes cidades é o alvo desta música e o
meio é a televisão.
Com a morte dos expoentes da Velha Guarda, os novos intérpretes regravam o
repertório lá detrás.
A Música Popular Brasileira começa a ser estudada nas universidades em vários
campos acadêmicos: Antropologia, Sociologia, Política, Psicologia, Literatura, entre
outras ciências, além, claro, da Música.
Artistas do período:
Egberto Gismonti (1944)
Alceu Valença (1946)
Emílio Santiago (1946)
Alcione Nazaré (1947)
Moraes Moreira, Antonio Carlos Moraes Pires (1947)
Arnaldo Dias (1948)
Joyce Silveira Bueno (1948)
Angela Ro-Rô, Ângela Maria Diniz Gonçalves (1949)
Simone Bittencourt de Oliveira (1949)
Zé Ramalho, José Ramalho Neto (1949)
Maria Alcina (1949)
Djavan Caetano Viana (1949)
Beto Guedes, Alberto de Castro Guedes (1951)
Cida Moreira, Maria Aparecida Guimarães Campiolo (1951)
Arrigo Barnabé (1951)
Eduardo Souto Neto (1951)
Elba Ramalho (1951)
Eliete Negreiros (1951)
Kleiton Ramil (1951) e Kledir Ramil (1953)
Vinicius Cantuária (1951)
Antônio Nóbrega (1952)
Ritchie, Richard David Court (1952)
Evandro Mesquita (1952)
Lô Borges, Salomão Borges (1952)
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Lulu Santos, Luís Maurício Pragana dos Santos (1953)


Tetê Espíndola, Terezinha Maria Miranda Espíndola (1954)
Sandra de Sá (1955)
Marina Lima (1955)
Zizi Possi, Maria Izildinha Possi (1956)
Vânia Bastos (1956)
Fafá de Belém, Maria de Fátima Palha Figueiredo (1956)
Almir Sater (1956)
Léo Gandelman (1956)
Joana, Maria de Fátima Gomes Nogueira (1957)
Marcondes Falcão Maia (1957)
Lobão, João Luís Woerdenbag Filho (1957)
Cazuza, Agenor de Miranda Neto (1958-1990)
Ná Ozzetti (1958)
Maria de Fátima Guedes (1958)
Diana Pequeno (1958)
Eduardo Dusek (1958)
Zeca Pagodinho, Jessé Gomes da Silva Filho (1959)
Gretchen, Maria Odete Brito de Miranda (1959)
Renato Russo (1960-1996)
Arnaldo Antunes (1960)
Leila Pinheiro (1960)
Kiko Zambianchi¸Francisco José Zambianchi (1960)
Léo Jaime (1960)
Leandro, Luis José Costa (1961-1988) e Leonardo, Emival Eterno Costa (1963)
Fernanda Abreu (1961)
Herbert Vianna (1962)
Renato Borghetti (1963)
Zélia Duncan, Zélia Cristina Gonçalves Moreira (1964)
Marisa Monte (1967)
Premeditando o Breque (1979)
Olodum (1979)
Língua de Trapo (1979)
Banda Isca de Polícia (1980-1985)
Blitz (1980-1986)
Legião Urbana (1982)
Paralamas do Sucesso (1983)
Titãs (1983)

Século 20: Década de 90 /// Século 21: 2001 - 2005


O último decênio do século 20 e os primeiros anos do século 21, finalmente, nos
revelam como funciona a Indústria Cultural (gravadoras, televisão, rádio e outras
mídias): ela é quem define o que as pessoas ouvirão nos meses vindouros. As modas
são lançadas e derrubadas em decisões da diretoria de alguma empresa que controla a
mídia. Assim, sucessivamente, vem e vão o pagode, o axé, o funk, o rap e outras
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tendências (elas existiam antes de se tornarem evidentes e continuam a existir em


várias comunidades). Alguns até deixam obras notáveis, mas grande parte delas é
esquecida rapidamente.
Independente da mídia e, também por ter conquistado o seu espaço com muita luta, o
rock, o samba, o choro, a música sertaneja pré-anos 80, entre tantos outros gêneros
históricos, continuam vivos.
Há também uma vontade de ressuscitar os Festivais, mas não empolgam o grande
público e seus artistas caem rapidamente no esquecimento. Alguns dos Festivais já
nasceram sem apelo artístico, pois estavam atrelados às gravadoras. Em outros, os
estilos das composições eram decalcadas no repertório das décadas passadas e o
entusiasmo da platéia era uma espécie de teatro criado por um diretor de cena. E têm
aqueles cuja sofisticação é tão elevada, com influências do jazz, arranjos
elaboradíssimos com toques de bossa-nova e eruditos, técnica vocal excelente etc.,
que parecem mais concertos de música erudita.
Ao lado disto, há os músicos que continuam a explorar novas estruturas musicais (até
eruditas ou experimentais demais!), alguns resgatam momentos perdidos das últimas
décadas, outros estão em busca do que resta da música folclórica e até mesmo da
étnica.
Artistas do período:
Helena Meirelles (1924)
José Miguel Wisnik (1948)
Marlui Miranda (1949)
Guinga, Carlos Althier de Souza Lemos Escobar (1950)
Luiz Tatit (1951)
Olívia Byington (1958)
Oswaldo Lenine Macedo Pimentel (1959)
Cássia Eller (1963)
Zezé di Camargo, Mirosmar José de Camargo (1963) e Luciano, Welson David de
Camargo (1973)
Carlinhos Brown, Antonio Carlos Santos de Freitas (1964)
Francisco Chico César Gonçalves (1964)
Tiririca, Francisco Everardo Oliveira Silva (1965)
João Gordo, João Francisco Benedam (1965)
Adriana Calcanhoto (1965)
Daniela Mercury de Almeida Povoas (1965)
Chico Science, Francisco de Assis França (1966-1997)
Zeca Baleiro, José de Ribamar Coelho Santos (1966)
Edson Cordeiro (1967)
Bruno, Vinícius Félix de Miranda (1969) e Marrone, José Roberto Ferreira (1964)
Ed Motta (1971)
Mônica Salmaso (1971)
Ivete Sangalo (1972)
Latino, Roberto Souza Rocha (1973)
Gabriel, o Pensador, Gabriel Contino (1974)
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Claudinho, Cláudio Antônio Rodrigues de Mattos (1976-2002) e Buchecha,


Claucinei Jovêncio de Souza (1975)
Sandy Leah Lima (1983) e Durval de Lima Júnior (1984)
Kelly Key, Kelly de Almeida Afonso (1983)
Sepultura (1983)
Racionais MCs (1988)
Mamonas Assassinas (1990-1996)
Skank (1991)
Timbalada (1992)
Cidade Negra (1992)
Pato Fu (1993)
Jota Quest (1993)

Quando me perguntam se a Música Popular acabou, eu respondo que não, pois o que
é exposto na Mídia é apenas uma parcela da realidade. Para encontrar alguma
expressão artística (tanto no trabalho de composição, quanto no da letra), devemos
explorar programas de rádio ou de televisão ou estantes de loja de discos para
encontrar o que sempre foi uma tendência constante da música: ousadia, invenção,
descoberta, pesquisa e comunicação.

(2006)

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