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CURSO DE
FUNDAMENTO SOBRE A
PSICANÁLISE LACANIANA
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CURSO DE
FUNDAMENTOS SOBRE A
PSICANÁLISE LACANIANA
MÓDULO II
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Bibliográficas.
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2 JACQUES LACAN
FIGURA 11 - LACAN
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Lacan demonstrou definitivamente o seu interesse pela Psicanálise na
sua tese de doutorado (1932) “Da psicose paranoica em suas relações com a
personalidade”. Também apresentou uma nova visão aos conceitos
psicanalíticos por meio do estruturalismo e da linguística. Influenciado pelas
teorias de Saussure e Lévi-Strauss, concluiu que a linguagem é a condição da
existência do inconsciente e não como Freud a definiu. Ele também destacou a
importância do grande “Outro” na constituição do sujeito, inscrevendo-o no
campo simbólico e da linguagem.
Enquanto Freud utilizou conhecimentos da Física e da Biologia para
explicar as suas teorias, Lacan empregou a linguística para elucidar quase
todos os seus conceitos. Ele formulou a teoria dos matemas, dos nós
borromeanos e dos registros psíquicos: simbólico, imaginário e real.
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clínica freudiana, não só forjando novos conceitos, mas também inventando
uma técnica original de análise, da qual decorreu um tipo de formação didática
diferente do freudismo clássico.
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comparação. Em outro momento, (1974/1975) chega a dizer que “Freud não
dispunha de nada que pudesse corresponder ao seu objeto de investigação e
que este não estaria no mesmo nível de maturidade científica”.
Apesar de Lacan ser discípulo de Freud, é perceptível uma
contraposição ao caráter reducionista que a psicanálise vinha tomando. Nesse
sentido, parece válida a tentativa lacaniana de lançar uma reinterpretação da
teoria freudiana.
FIGURA 13
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Seminário 1 (1953/1954): salienta que “(...) o eu é estruturado
como um sintoma. No interior do sujeito ele é apenas um
sintoma privilegiado. É o sintoma humano por excelência, é a
doença mental”.
Seminário 2 (1954/1955): dedica-se a diferenciar os dois
pronomes, relacionando “je” a sujeito e inconsciente e “moi” ao
conjunto de certezas imaginárias que o indivíduo possui a
respeito de si mesmo.
No Seminário 3, sobre as psicoses (1955/1956), afirma que “o
significante, como tal, não significa nada, define que a neurose e
a psicose são estruturas clínicas”. Ele destaca um ponto
importante para o seu trabalho com esta estrutura: a proposta de
secretário do alienado. Tal surge como uma inversão aos
valores ligados a esta expressão. Ainda em sua visão, como
uma forma de dar credibilidade à fala do alienado.
No seminário 4, sobre o objeto “a” (1956/1957), fala da falta do
objeto, que é a causa do desejo, que por sua vez se origina nos
objetos substitutos e, no entanto, nunca satisfaz plenamente o
desejo.
No seminário 5, sobre as formações do inconsciente (1998)
articula um novo conceito, o gozo, entendido como um
movimento do inconsciente que reside ao simbólico, situa-se no
real e está no centro da repetição.
No seminário 6, sobre a temática do desejo e sua interpretação
(1958/1959), afirma que o registro real é feito de cortes; ele
retoma em seu ensino, o registro do simbólico: “para que o
homem fale é preciso que ele entre na linguagem, no discurso
preexistente”. Retoma a noção de desejo, advinda de Freud,
como uma cobiça, um tormento, que, enfim, perturba a
percepção do objeto. Destaca, também, sobre a primeira
experiência do desejo, e ratifica a ideia de que este é o desejo
do outro, mas que se situa primeiramente na fantasia.
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No seminário 7 (1956/1960) desenvolve que a satisfação é
acendida pela pulsão. E que essa busca só existe porque há no
aparelho psíquico uma força que age no sentido oposto.
No seminário 8, “A transferência” (1960/61), destaca a metáfora
do amor existente na transferência, pela qual o narcisismo se
impõe à situação analítica. O termo é usado para indicar a troca
constitutiva operante na formação do inconsciente.
No seminário 9, “A identificação” (1961/62), apresenta a
vinculação entre o nome próprio e o traço unário, pontuando o
caráter distintivo como o elemento principal de um nome próprio,
pois nomear é de início algo que tem a ver com uma leitura do
traço, um designando a diferença absoluta. O que resta é algo
da ordem do traço unário, enquanto funciona como distintivo,
enquanto pode no momento desempenhar o papel de marca.
No seminário 10 (1962/1963) Lacan afirma que: “o que seduz o
sujeito é o que está além da compreensão, o que o atrai é o que
não é passível de ter significado”.
No seminário 11 (1964/1965), rompe com a ideia da
possibilidade combinatória e questiona a noção de recalque
proposto por Freud. O que significa que não é a história do
sujeito que responde por suas determinações, mas o que falta a
ele. Não importa o que o sujeito diz, mas o lugar de onde ele
enuncia. Ele defende que existe algo que está além do
semblante, que em breve palavras seria aquilo que o sujeito diz
e o que afirmam sobre ele.
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3 FUNDAMENTOS DA TEORIA LACANIANA
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3.2 OS REGISTROS PSÍQUICOS: SIMBÓLICO, IMAGINÁRIO E REAL
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desejo e cede lugar a outras reformulações do objeto “’a”. Não há, pois,
esgotamento da cadeia de significantes, já que o desejo pelo real sempre
estará além da capacidade de representação do sistema simbólico.
Mas, afinal, o que é nó borromeano? É um nó no qual três aros
independentes se articulam e se sustentam entre si por uma amarração, com a
caraterística de que basta desfazer um nó para os outros dois se desfaçam. É
assim o nó borromeano do qual nos fala Lacan. Os três registros psíquicos
estão juntos de tal forma que não há formação de par.
FIGURA 14 – NÓ BORROMEU
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portanto, não consiga distinguir de sua imagem aquilo que é do outro. O si
mesmo, como produção imaginária, é fonte de fragmentação, distorção e
alienação. É nesta fase que a criança começa a estabelecer uma ilusão
narcísica, pela qual buscará nessa relação indissolúvel entre sujeito e objeto
perceber a falta e a incapacidade de integrar com ela mesma. Na medida em
que a criança se identifica com a sua imagem, experimenta a falta.
A linguagem é um elemento essencial na definição do simbólico. Lacan
(1998) coloca a configuração do psíquico e do inconsciente no nível do
simbólico. Para Lacan (1998), a linguagem representa a base sólida de seu
pensamento e por intermédio dela o sujeito poderá organizar o seu universo
psíquico, compreendendo assim, ao contrário de Freud, o inconsciente como
linguagem.
Na ordem real, o sujeito está totalmente incapacitado para seguir o
princípio da realidade, sendo um sujeito de ficção. Neste sentido, Lacan coloca
o real como algo fictício, sujeitado à linguagem, vinculado ao desejo. No real se
expressa e recicla de forma permanente um desejo que o sujeito nunca pode
gratificar.
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A preocupação expressa por Elliot (1992) está relacionada à produção
do imaginário em situações sociais semelhantes. O que permite desconstruir os
processos de produção subjetiva associados ao imaginário. A desconstrução
do imaginário leva necessariamente à transcendência da origem universal
atribuída a Lacan à produção imaginária.
FIGURA 15
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uma primeira escritura do nó borromeano, especificando os diferentes modos
de gozo. Na interseção do real com o simbólico, põe o gozo fálico como aquele
que está fora do imaginário, do corpo, porém não fora do simbólico. É o gozo
em sintonia com o significante.
Na interseção do real com o imaginário, Lacan situa o gozo do Outro, é
o que está fora do simbólico, porém não fora do corpo. Porém, ele nos adverte
em “A terceira” que quando mais gozo fálico está fora do corpo, mas o gozo do
corpo está fora do simbólico:
(...) esse gozo do Outro, é aí que mostra que quanto mais o gozo
fálico está fora do corpo, mais o gozo do Outro está fora da
linguagem, fora do simbólico, pois é a partir dali, a saber, a partir do
momento em que se agarra o que há de mais vivo ou de mais morto
na linguagem. (LACAN, 1974-1975, p. 4).
O gozo é aquilo que não serve para nada – mas que temos o direito
de usá-lo, abusá-lo, mas não muito. Aparentemente, nada parece
obrigar o sujeito a gozar, mas o gozo se manifesta, efetivamente, sob
forma de um imperativo, já que todo significante é, de saída,
imperativo, superegoico. Temos o imperativo do gozo: Goza!
(LACAN, 1972, p. 11).
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Outro. Se no primeiro momento apresenta um gozo sexual e fálico, no segundo
momento ele descreve o gozo no corpo. É importante destacar que, mesmo
enfatizando o aspecto simbólico da linguagem, Lacan (1975/1986) faz
referência ao corpo e aos aspectos linguísticos, afirmado que as palavras são
tiradas de todas as imagens corporais que cativam o sujeito. Dessa forma,
destaca os gestos e as expressões do corpo como uma linguagem corporal.
Assim, as articulações lacanianas possibilitam situar que o corpo, em
vertente simbólica, é marcado pelo significante, no qual o inconsciente se
escreve e pode ser decifrado. Como sugere Nasio (1993), o corpo pensado a
partir da linguagem é o “corpo falante”, e isso significa que o corpo que
interessa a psicanálise é tomado como um conjunto de elementos significantes.
Nasio (1993) apresenta o corpo em dois sentidos: por meio da fala e do
sexo. Ele aponta o gozo como o impulso de energia do inconsciente, que é
gerada pela ação, fala ou fantasia. O autor reflete sobre o caráter contraditório
de que se reverte a definição de gozo na teoria lacaniana, de que só existe
gozo no corpo.
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O termo desejo indica, em alemão, begierde e, em inglês, desire, que
significa desejo de um desejo. (RODINESCO; PLON, 1998, p. 160). Lacan
conceituou a ideia de desejo a partir da tradição filosófica. O termo expressa
cobiça ou apetite, que tendem a se satisfazer no absoluto, isto é, fora de
qualquer realização de um anseio ou de uma propensão. (RODINESCO;
PLON, 1998, p. 160).
Segundo Valas (2001), o desejo é uma fonte de reconhecimento:
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específico e satisfaz-se com ele. A demanda é formada e dirige-se a outrem”.
(LAPLANCHE; PONTALIS, 1992, p. 6).
Mas, afinal, qual é a relação entre desejo e pulsão? É importante
conhecer a triologia: necessidade, demanda e pulsão. Entende-se por
necessidade o elemento bruto da pulsão, que se impõe à experiência.
Demanda, por sua vez, é o que, da pulsão, consegue passar a fala, anulando,
convertendo nela o bruto da necessidade.
É impossível que toda necessidade se transforme em demanda, a
diferença entre as duas, o resto, é o desejo. O desejo é, portanto, a diferença
inevitável, impossível de se suprida, que faz sempre existir em significado a
mais. O problema desse trio é que ele não esgota o que há para se dizer sobre
pulsão.
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Segundo Lacan (1966), o estádio do espelho compreende:
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Assim, por questões de pré-maturação a criança faz confusão entre si
e o Outro. Passa por uma experiência inicial de um corpo fragmentado, para
alcançar a formação do corpo unificado. Esta experiência se dá por meio do
espelho. Ela liberta-se da angústia das fantasias do corpo despedaçado. Esta
identificação é entendida como processo simbólico na qual a criança faz a
primeira estruturação do eu, da sua imagem.
A imagem corporal tem um papel fundamental na constituição do
sujeito. Conforme visto em Lacan, a imagem especular possibilita à criança
estabelecer a relação do seu eu com a realidade.
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chega a dominar a situação pela qual está passando, continuando em um
estado de regressão permanente e de fusão com ela, ou a rejeita.
Neste caso, a diferenciação com o mundo exterior não pode se fazer;
em particular, o desenvolvimento mental e a elaboração do pensamento correm
o risco de ficar fortemente comprometidos. Na fase de dependência relativa, a
criança começa a ser consciente da dependência. Esta consciência desenvolve
no início uma compreensão intelectual, que vai do simples condicionamento à
compreensão da linguagem, passando por todos os níveis intermediários.
A terceira fase acontece no início do segundo ano, quando a criança
evolui pouco a pouco para a independência. Ela enfrenta progressivamente o
mundo e identifica-se com a sociedade. Paralelamente, desenvolve-se a
socialização e a aquisição do senso social.
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A operação de separação se caracteriza por um posicionamento do
sujeito em relação ao desejo do Outro. A criança percebe que não satisfaz o
desejo da mãe por completo, que algo falta, que a mãe deseja para além dela.
A partir da falta do outro, ela percebe-se também como faltosa. Está instaurada
aí a lei da castração. E é com a castração que cada sujeito percorrerá um
caminho particular no mundo simbólico. (OLIVEIRA, 2008).
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Jacques Akerman (1999), por meio dos atendimentos às crianças e
adolescentes nas instituições de saúde mental, observa que diante da
precariedade do pai existe um pedido para que algo da função paterna seja
restituído. Isso aponta para uma localização de demanda a partir da falta de
limites, propiciada pela ausência ou irresponsabilidade do pai. Na ausência do
pai da realidade, há o reconhecimento de que este vazio é ocupado pelo ato,
por intermédio do qual o sujeito se faz apresentar.
Nesta questão há o pedido para que o profissional da saúde mental
assuma uma posição que encare o pai, capaz de colocar limites aos filhos.
4 O SUJEITO DO INCONSCIENTE
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Para Saussure (2006), o significante contém um significado e para
Lacan (1998), a significação está entre significantes. A essa relação de
significantes opostos uns aos outros, Lacan chamou de cadeia de significantes.
A constituição do sujeito ocorre da relação com o outro, dos significantes e
suas cadeias, principalmente no campo da linguagem. A psicanálise lacaniana
afirma que o inconsciente sem a linguagem é um imenso vazio, portanto,
acredita que o inconsciente é estruturado como uma linguagem.
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pode ser interpretado numa abordagem que situa a suposição tanto do lado do
sujeito, quando do lado do psicanalista.
De acordo com Cottet (1998), a prévia da definição de transferência
pode ser encontrada no Seminário 8, a partir do sujeito suposto saber. A
definição de transferência é questionada por ser essencialmente ambígua.
Dessa forma, a transferência é percebida como interpretação e não como um
fenômeno que a categoria do real permite abordar.
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simbólica subverte isso, denuncia que tanto esse sujeito quanto Outro estão
incluídos em leis universais que nos governam: o desenvolvimento
psicossexual, o complexo de Édipo. (KUSNETZOFF, 1982).
4.4 A FANTASIA
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um substitui o Outro, assumindo seu lugar na cadeia significante”. Segundo
Lacan (1998), é o rompimento da linearidade discursiva pela metáfora que
produz efeitos de sentido. Aqueles significantes que aparentemente não
produziria significado na cadeia e representaria um lapso, uma falha, é o
causador dos sentidos.
5 O CONCEITO DE A POSTERIORI
6 CONDENSAÇÃO E DESLOCAMENTO
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defesa, caraterizado por: a) transferências de emoções ou fantasias do objeto a
quem estavam originalmente associadas para o substituto, b) transferência da
libido de uma forma de expressão para outra. Já a condensação consiste no
processo de transferir um sentimento, emoção ou desejo de um grupo de ideias
para uma só ideia.
O segundo mecanismo é a condensação. Uma representação única
que está ligada a várias cadeias associativas produzidas pelo deslocamento. A
condensação é o resultado, enquanto o deslocamento é causa.
FIM DO MÓDULO II
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