Quanto mais leio sobre economia, mais percebo o quanto esta disciplina é convergente com a psicanálise. É muito interessante a teoria de Say, na qual a máxima assenta-se em: toda oferta cria sua própria demanda. Num sentido singular de que o Humano sente desejo de nada, sendo assim qualquer coisa produzida desde que tenha alguma afluência com necessidade pode ser encapsulada como estrutura de desejo. Mas os economistas refutam tal ideia, numa contradição de que a demanda cria sua própria oferta. Se partir do princípio de o desejo está na estrutura do indivíduo, ambas as assertiva estariam certas, visto que se algo que seja criado não estiver em sintonia com uma dada realidade nem entraria no circuito de aquiescência do sujeito. Todos os elementos criados pelo homem está em sintonia com aquilo que não conseguimos dominar - o Tempo. Todos os instrumentos pensados vão ao encontro da otimização do tempo. Atualmente o homem perde a cada dia o controle ou o suposto controle das relações interpessoais. Essas parecem a cada dia mais distantes e evanescentes. Assim outros instrumentos encapsulados na estruturação do desejo são as diversas formas de ferramentas que permite uma conexão mesmo que frágil entre as pessoas. Observando estas variações das conformações humanas e o quanto a pecúnia tornou-se elemento essencial do existir, interrogo-me sempre: qual a nossa principal fraqueza? Se observamos ao largo da história da humanidade, pelo menos a documentada, notamos que o homem sempre necessitou de um apoio abstrato para circular no mundo, foram os deuses, foi Deus, e agora com todos mortos ou transmutados temos o dinheiro. Qualquer pessoa que você dirija a palavra lhe dira da impossibilidade de existir sem dinheiro, outrora era impossível existir sem Deus e sua grande misericórdia. Ninguém ousa interrogar-se acerca deste sistema que nos aprisiona, temos nele nosso natural de existir. Sempre que posso imagino como seria o mundo se as pessoas se dispusessem a pensa-lo de outra forma. Se criássemos outra forma de dependência na qual o narcisismo não tivesse vez, visto que todos as formas de dependência anteriores ao dinheiro a postura narcísica estava em jogo, mas na figura de uma única pessoa - o rei. Se olharmos para as narrativas da história pensando o humano nos fatos, podemos perceber que todo movimento travado coincidem com o mito da horda primeva de Freud. A burguesia matou o sistema absolutista assegurando que um pouco mais de um pudesse exercitar seu direito aos narcisismo. Mas não todos. Como Freud nos mostra os filhos tiveram que pactuar para não repetirem os equívocos do pai, mas este pacto não poderia abarcar todos da comunidade, se todos se exercitam de igual maneira em seu direito social não tem a quem mostrar nossas vitórias. Na estruturação social narcisista implica uma derrota a alguém e o processo de desejar o lado vitorioso por todos. Neste processo que se alicerça a sociedade contemporânea, ressalva feita ao fato de não podermos atribuir esta estrutura narcísica a todos os povos da humanidade, por exemplo os indígenas brasileiros vivem de modo comum, ou seja, não a lugar soberano entre os membros da tribo e todos tem sua existência em quanto saber e detentores de poder respeitada. Infelizmente o modo de organização europeu fora no curso da história pautado numa ótica narcísica de existir, na qual subjugar o outro sempre fora o objetivo do existir, esta dominação transitou entre deuses até chegar ao dinheiro. Lógica da qual não conseguimos escapar, olhe para a servidão voluntária a qual nos submetemos em troca de miseras migalhas de vil metal, na qual cremos residir nossa possibilidade de sermos felizes. Felicidade esta que habita os copos nos bares, as compras no shopping e extingue-se segundos depois do pagamento. Realizou-se o ato, não há nada de heroico ou de desafiador no viver, pagamos por tudo. Parece-me que o desafio da existir atual seria o quanto podemos explorar a vida do outro em benefício próprio, não importa em qual magnitude esteja esta exploração. Seja força de trabalho, seja o sentir, devemos ser fortes e proprietários de qualquer veículo de troca. E assim nos encaminhamos no sistema de produção capitalista, no qual sempre me interrogo quem fez dos ricos os ricos? Quem atribuiu ao sistema de acumulação usado nas periferias o lugar do crime? Por que o dinheiro tornou-se o único objeto pelo qual pensamos nosso existir? São perguntar sobre as quais me debruço e não vejo resposta. Sempre encerro meu pensamento que sistema social perverso é este ao qual estamos submetidos?