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Organização social.

Monique Rodrigues da Silva(04/07/19)


Quanto mais leio sobre economia, mais percebo o quanto esta
disciplina é convergente com a psicanálise. É muito
interessante a teoria de Say, na qual a máxima assenta-se em:
toda oferta cria sua própria demanda. Num sentido singular de
que o Humano sente desejo de nada, sendo assim qualquer
coisa produzida desde que tenha alguma afluência com
necessidade pode ser encapsulada como estrutura de desejo.
Mas os economistas refutam tal ideia, numa contradição de
que a demanda cria sua própria oferta. Se partir do princípio
de o desejo está na estrutura do indivíduo, ambas as assertiva
estariam certas, visto que se algo que seja criado não estiver
em sintonia com uma dada realidade nem entraria no circuito
de aquiescência do sujeito. Todos os elementos criados pelo
homem está em sintonia com aquilo que não conseguimos
dominar - o Tempo. Todos os instrumentos pensados vão ao
encontro da otimização do tempo. Atualmente o homem perde
a cada dia o controle ou o suposto controle das relações
interpessoais. Essas parecem a cada dia mais distantes e
evanescentes. Assim outros instrumentos encapsulados na
estruturação do desejo são as diversas formas de ferramentas
que permite uma conexão mesmo que frágil entre as pessoas.
Observando estas variações das conformações humanas e o
quanto a pecúnia tornou-se elemento essencial do existir,
interrogo-me sempre: qual a nossa principal fraqueza? Se
observamos ao largo da história da humanidade, pelo menos a
documentada, notamos que o homem sempre necessitou de
um apoio abstrato para circular no mundo, foram os deuses,
foi Deus, e agora com todos mortos ou transmutados temos o
dinheiro. Qualquer pessoa que você dirija a palavra lhe dira da
impossibilidade de existir sem dinheiro, outrora era
impossível existir sem Deus e sua grande misericórdia.
Ninguém ousa interrogar-se acerca deste sistema que nos
aprisiona, temos nele nosso natural de existir. Sempre que
posso imagino como seria o mundo se as pessoas se
dispusessem a pensa-lo de outra forma. Se criássemos outra
forma de dependência na qual o narcisismo não tivesse vez,
visto que todos as formas de dependência anteriores ao
dinheiro a postura narcísica estava em jogo, mas na figura de
uma única pessoa - o rei. Se olharmos para as narrativas da
história pensando o humano nos fatos, podemos perceber que
todo movimento travado coincidem com o mito da horda
primeva de Freud. A burguesia matou o sistema absolutista
assegurando que um pouco mais de um pudesse exercitar seu
direito aos narcisismo. Mas não todos. Como Freud nos
mostra os filhos tiveram que pactuar para não repetirem os
equívocos do pai, mas este pacto não poderia abarcar todos da
comunidade, se todos se exercitam de igual maneira em seu
direito social não tem a quem mostrar nossas vitórias. Na
estruturação social narcisista implica uma derrota a alguém e
o processo de desejar o lado vitorioso por todos. Neste
processo que se alicerça a sociedade contemporânea, ressalva
feita ao fato de não podermos atribuir esta estrutura narcísica
a todos os povos da humanidade, por exemplo os indígenas
brasileiros vivem de modo comum, ou seja, não a lugar
soberano entre os membros da tribo e todos tem sua existência
em quanto saber e detentores de poder respeitada.
Infelizmente o modo de organização europeu fora no curso da
história pautado numa ótica narcísica de existir, na qual
subjugar o outro sempre fora o objetivo do existir, esta
dominação transitou entre deuses até chegar ao dinheiro.
Lógica da qual não conseguimos escapar, olhe para a servidão
voluntária a qual nos submetemos em troca de miseras
migalhas de vil metal, na qual cremos residir nossa
possibilidade de sermos felizes. Felicidade esta que habita os
copos nos bares, as compras no shopping e extingue-se
segundos depois do pagamento. Realizou-se o ato, não há
nada de heroico ou de desafiador no viver, pagamos por tudo.
Parece-me que o desafio da existir atual seria o quanto
podemos explorar a vida do outro em benefício próprio, não
importa em qual magnitude esteja esta exploração. Seja força
de trabalho, seja o sentir, devemos ser fortes e proprietários de
qualquer veículo de troca. E assim nos encaminhamos no
sistema de produção capitalista, no qual sempre me interrogo
quem fez dos ricos os ricos? Quem atribuiu ao sistema de
acumulação usado nas periferias o lugar do crime? Por que o
dinheiro tornou-se o único objeto pelo qual pensamos nosso
existir? São perguntar sobre as quais me debruço e não vejo
resposta. Sempre encerro meu pensamento que sistema social
perverso é este ao qual estamos submetidos?

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