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1) MAURICE DOBB - Sobre a acumulação primitiva de capital, Dobb mostrou sua operação em duas

fases. Durante a primeira, a burguesia adquire recursos baratos, que são realizados na fase seguinte
pela venda a altos preços, investindo os resultantes em bens de capitais baratos e trabalho proletário
pessimamente pago, os pré requisitos da industrialização. O principal recurso assim adquirido era a
terra, a fonte do poder econômico e político da aristocracia feudal: a burguesia fez o acerto, não
somente no econômico, mas também na falência política na classe inimiga.
Nos desdobramentos do século XVII, o monopolio mercantil interessado apenas nos “termos do
contrato comercial”, é mostrado identificado com a reação politica e a burguesia industrial com os
elementos progressistas durante e depois da revolução inglesa. Mas, a real vitória do capitalismo
industrial, não aparece até o fim do século XVIII com o resultado da coincidencia de um número de
fatores necessários – uma coincidencia nunca repetida desde então, nem (como é convincentemente
demonstrada) provavel de ser repetida. Em suma, o Sistema Mercantil foi um sistema de exploração
regulamentado pelo Estado e executado através do comércio, que desempenhou um papel
importantíssimo na adolescência da indústria capitalista: foi essencialmente a política econômica de
uma era de acumulação primitiva.
Na parte final do século XVII nasce a idéia de que exportações maiores significavam oportunidades
melhores para o emprego da mão-de-obra na manufatura nacional, representando uma alcance
também maior para o investimento de capital na indústria, uma vez que cada trabalhador a mais era
um criador latente de excedente adicional, e mais emprego significava mais criadores de excedente
em funcionamento. Começavam os ataques contra o monopólio do comércio colonial, devido ao
estrangulamento de qualquer expansão de mercado, no interesse de estabelecer um conjunto de
preços de monopólio.
A contradição na história do capitalismo é que para expandir-se, para encontrar lugar para
acumulações sempre novas de capital, a indústria precisa de uma expansão contínua do mercado e do
consumo. No entanto, para preservar ou aumentar a rentabilidade do capital já investido, tem-se de
recorrer a medidas de restrições monopolistas, cujo efeito é impedir possibilidades de nova expansão.
A própria depressão do padrão de vida das massas, condição para que o lucro seja ganho, estreita o
mercado servido pela produção.
Com a necessidade de um campo mais amplo de investimentos, veio a percepção de uma nova
possibilidade: a de intensificar o campo de investimentos existente, mediante melhorias técnicas que
aumentassem a produtividade do trabalho.

2) ELLEN WOOD - Em “A origem do capitalismo”, Ellen Meiksins rebate a ideia de que o capitalismo
surgiu nas cidades. "Uma das convenções mais arraigadas da cultura ocidental é aquela que associa
capitalismo a cidades. O capitalismo supostamente nasceu e cresceu nas cidades",remonta a autora
em sua frase inicial do texto.
Todavia, apesar da afirmação aparecer uma verdade, ela vai questionar: "A tendência de identificar
capitalismo com cidades e comércio urbano tem sido acompanhada pela inclinação de considerar o
capitalismo mais ou menos como uma decorrência automática de práticas tão antigas quanto a história
humana, ou até mesmo como a conseqüência automática da natureza humana, a inclinação “natural”
para o comércio, nas palavras de Adam Smith “truck, barter and exchange”".
Em contrapartida, ela afirma que é preciso entender o capitalismo em sua especificidade e ela não
seria identificar o sistema econômico com o aparecimento das cidades. Ao contrário, seria certo
examinar as origens agrárias do capitalismo. De antemão, recorre-se aqui, às páginas finais
dareflexão deWood para dizer: não se trata de falar aqui de "comerciantes" ou "industriais"
Ao responder o tópico "No que consistiu o “Capitalismo Agrário”?", a autoria vai introduzir a importância
do mercado para o capitalismo. Ela explica que a relação entre produtores e apropriadores é mediada
pelo mercado. Ela afirma que o mercado existiu em outros momentos econômicos, fora o
capitalismo,mas é nele que vai ser essencial: "O mais importante é que capital e trabalho dependem
do mercado para as condições mais básicas da sua reprodução".
A autora vai mostrar que a Europa vivia ainda um período pré-capitalisa, mas existia uma exceção: a
Inglaterra, que apresnetava uma importante unificação. E esta unificação, seja política ou social, se
assentava em um pressuposto econômico: "A basematerial sobre a qual esta economia nacional
emergente repousava era a agricultura inglesa, especial em mais de um aspecto. A classe dominante
inglesa se caracterizava por dois aspectos que se inter-relacionavam: por um lado, em aliança com a
monarquia, participava de um Estado com forte poder centralizador, e não possuía numa medida
similar à das suas congêneres européias os poderesextra-econômicos, mais ou menos autônomos,
nos quais estas últimas se apoiavam para extrair sobre-trabalho (ou o excedente) dos produtores
diretos".
A autora afirma, assim, que este mercado inglês vai intensificar a exploração tendo em vista o
aumento da produtividade. "E este padrão produtivo seria reproduzido nas colônias, e também na
América independente, onde os pequenos produtores independentes,supostamente a espinha dorsal
de uma república livre, tiveram cedo de encarar a cruel escolha imposta pelo capitalismo agrário: na
melhor hipótese, intensa auto-exploração e na pior, perda das terras para empresas maiores e mais
produtivas".
Será, portanto, a agricultura iglesa do século XVI que vai determinar "a direção da economia inglesa
como um todo". Serão os ingleses que criam a expressão"melhoramento" (improvement).
"Proprietários e arrendatários se tornaram igualmente preocupados com o que chamavam de
“melhoramento” (improvement), o aumento da produtividade da terra visando o lucro", diz a autora.
Na Inglaterra, diz a autora, melhorar é mais do que diz o termo. Significava também "fazer algo visando
lucro monetário". O termo, explica Wood, surge do francês arcaico 'en' e do inglês'into', além de 'profit'
(palavra que significa lucro em ambas as línguas).
A autoria, assim, afirma que no início do período moderno, os termos produtividade e lucro estavam
ligados no conceito de “improvement”(melhoramento). E para ela, tal fato resume a ideologia da classe
agrária capitalista emergente.

3) ERIC - A revolução industrial, termo cunhado na década de 1820, representou a retirada do poder
de produção das mãos do homens em favor das máquinas. Essas máquinas, mais precisas, mais
baratas e rápidas, eram capazes de multiplicar mercadorias, serviços e a força de trabalho dos
homens.
A década de 1780 é considerada a década de ‘partida’ para a revolução industrial, pois foi
quando os índices estatísticos de produção deram seus primeiros grandes saltos. Como essa década
de ‘partida’ prolongou-se até 1800, a revolução industrial foi considerada como uma revolução
econômica, enquanto a revolução francesa, contemporânea, foi considerada política.
O acontecimento em território britânico não se caracteriza pelo avanço técnico ou científico, pois
esses encontravam-se mais desenvolvidos na França. No entanto, foi na Inglaterra que as condições
para a revolução apareceram:
- O processo de cercamento dos campos, começado séculos antes, garantiu que quase toda
terra estivesse nas mãos de proprietários com espírito capitalista. Essas terras que cultivadas por
arrendatários que empregavam camponeses recentemente expropriados, geravam alimento para
suprir o recém criado mercado interno. Geravam também excedentes para a importação de capital
através da sua venda nos demais países;
- Mão-de-obra barata, gerada também pelo processo de cercamento dos campos;
- Uma política apontada para o lucro, construção de uma grande frota mercante e melhoria das
estradas, visando melhorar a comunicação e escoamento de produção. O primeiro mandamento da
época era comprar no mercado mais barato em vender no mais caro;
- Um mercado mundial monopolizado por uma única nação produtora; coisa que a Inglaterra
conseguiu desbancado todos os outros países rivais (principalmente a França) com guerras, graças a
sua grande frota marítima. Essa frota marítima que tanto servia ao comércio, rapidamente podia ser
transformada em uma marinha de guerra e
- Uma produção crescente com um preço final cada vez menor, gerando uma grande demanda
de consumo, e, portanto, criando mercados consumidores.

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