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2017

- 06 - 19

Revista de Direito Constitucional e Internacional


2017
RDCI VOL.100 (MARÇO-ABRIL 2017)
CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA
3. A DEMOCRACIA DELIBERATIVA EM JÜRGEN HABERMAS: DESENVOLVIMENTO E CRÍTICA

3. A democracia deliberativa em Jürgen Habermas:


desenvolvimento e crítica

Deliberative democracy in Jürgen Habermas: development


and criticism
(Autor)

ERICK BEYRUTH DE CARVALHO

Mestrando em Direito Constitucional pela PUC-SP. Membro do Grupo de Pesquisa em Epistemologia Política
do Direito da PUC-SP. Pesquisador-Bolsista do CNPq. Advogado. beyruth91@gmail.com

Sumário:

1 Considerações iniciais
2 As premissas filosóficas da doutrina de Jürgen Habermas: da razão da prática para
pragmática universal
3 A questão da democracia deliberativa
3.1 A democracia deliberativa ou procedimental como uma terceira via entre a democracia
liberal e republicana
4 O discurso na esfera pública: as bases da criação legítima do direito
5 A crítica a teoria procedimentalista e o papel da opinião pública
6 Considerações finais
7 Referências bibliográficas

Área do Direito: Constitucional

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo apresentar o conceito de democracia deliberativa em Jürgen
Habermas, trabalhado principalmente em seu livro Direito e Democracia: entre facticidade de
validade. No entanto, antes de se desenvolver o conceito de democracia deliberativa, deve-se delinear
o contexto e as influências filosóficas que impulsionaram o autor na elaboração da sua obra, que se
apoia em grande parte da crítica a modernidade e na filosofia da linguagem. Isto posto, afirma Jürgen
Habermas que a modernidade foi responsável pela criação de uma nova base filosófica para o
exercício do poder: a razão prática – a crença no individualismo, em um sujeito racional, guiado por
imperativos morais básicos e necessários a sua convivência com seus iguais. Ocorre que esse modelo,
segundo Jürgen Habermas, se mostrou insuficiente para explicar a sociedade contemporânea – plural,
multifacetada, sem limites temporais ou geográficos – que irá demandar uma visão para além do
indivíduo, pautada em uma razão comunicacional, em uma linguagem puramente dialógica,
desaguando na democracia deliberativa. Logo, a democracia procedimental ou deliberativa se torna
uma terceira via entre o modelo de democracia liberal e republicano, ao passo que não basta que o
direito seja aquele formalmente imposto pelos Estados, ele também vai carecer da validade ou
legitimidade, que só pode ser buscada através do debate democraticamente regulado na sociedade
civil e na esfera pública geral e organizada. Nesse contexto, ganha especial relevância o papel da
opinião pública decorrente dos fluxos comunicacionais na sociedade civil e nas esferas públicas
organizadas. Portanto, cabe ao presente estudo analisar como se dá a formação da opinião pública
nesses setores, bem como a sua influência nas tomadas de decisão de governo e o papel
contramajoritário da jurisdição constitucional.

Abstract:

The present study aims to present the concept of deliberative democracy in Jürgen Habermas, which
was worked mainly in his book Between Facts and Norms. However, before developing the concept of
deliberative democracy, one must outline the context and the philosophical influences that propelled
the author in the elaboration of his work, which rests largely on criticism of modernity and the
philosophy of language. According to Jürgen Habermas, modernity was responsible for the creation of
a new philosophical basis for the exercise of power: practical reason - the belief in individualism, in a
rational subject, guided by basic moral imperatives and necessary to coexist with its same. According
to Jürgen Habermas, this model proved insufficient to explain contemporary, multi-faceted, multi-
faceted society without temporal or geographical boundaries, which will require a vision beyond the
individual, based on a communicational reason, a purely dialogical language, flowing into deliberative
democracy. Therefore, procedural or deliberative democracy becomes a third way between the model
of liberal and republican democracy, while it is not enough that the law is that formally imposed by
the states, it will also lack the validity or legitimacy, which can only be sought Through the
democratically regulated debate in civil society and in the general and organized public sphere. In this
context, the role of public opinion arising from the communication flows in civil society and organized
public spheres is particularly relevant. Therefore, it is up to the present study to analyze how public
opinion formation occurs in these sectors, as well as its influence on government decision-making and
the counter-major role of the constitutional jurisdiction.

Palavra Chave: Democracia - Deliberação - Legitimidade - Cidadania - Comunicação.


Keywords: Democracy - Deliberation - Legitimacy - Citizenship - Communication.

1. Considerações iniciais

Para compreensão do conceito de democracia deliberativa conforme desenvolvido por Jürgen


Habermas, principalmente em sua obra “Direito e Democracia: entre facticidade e validade”, é
necessária uma breve divagação pelas suas influências ligadas à comunicação. A sua obra Teoria do
agir comunicativo (1981-1987) foi, em linhas gerais, a sua principal marca “comunicativa”.

As influências que levaram Jürgen Habermas a uma escolha acadêmica voltada para linguagem podem
ser dividas em duas: primeiro, desenvolver uma teoria crítica da sociedade; e segundo, o acaso, por
conta do ambiente acadêmico do qual ele fazia parte, circulado por Wittigenstein, Frege, Pierce,
Gadamer e, posteriormente, por Karl Otto Appel que viria o introduzir ao pragmatismo americano.
Esse contexto, entre os anos de 1960 e 1980, leva Jürgen Habermas a investir em diferentes campos da
sociologia e da filosofia, sempre levando em conta a linguagem como meio privilegiado para se
desenvolver uma teoria da sociedade que seja “autorreflexiva e orientada rumo à emancipação.” 1

Outra grande influência nas obras do jusfilósofo alemão foi a virada linguística (linguistic turn) que se
deu nos idos do século XX. Tal movimento representou uma virada da própria filosofia na direção da
linguagem, significando uma mudança na maneira de entender e de se compreender a filosofia na
forma de seu procedimento. 2

Isto posto, a filosofia da linguagem, nas palavras de Manfredo de Araujo Oliveira, acaba por se tornar a
“filosofia primeira”, pois todas perguntas relativas aos juízos válidos é precedida pela pergunta sobre o
sentido, linguisticamente articulado, ao passo que a linguagem torna-se questão primeira das questões
filosóficos. 3

Conclui-se, portanto, que com a reviravolta linguística do século XX torna-se impossível filosofar sobre
algo sem filosofar sobre a linguagem, ao passo de que esse seria o momento constitutivo de todo ser
humano e da formulação dos conhecimentos intersubjetivamente válidos.

A virada linguística traz uma mudança com relação aos paradigmas da filosofia moderna que
representa a passagem do paradigma do sujeito (sujeito-objeto) para a pragmática universal (sujeito-
sujeito).

É nesse contexto filosófico que Jürgen Habermas desenvolve as suas obras, em especial, Direito e
Democracia: entre facticidade e validade, na qual o diálogo e a deliberação tem papel importante na
tomada de decisões e na formulação de políticas e do direito, concluindo-se que uma decisão só é
legitima se todos aqueles afetados possam dar o seu consentimento efetivo mediante um processo apto
e democraticamente regulado. Isto posto, nesta obra, Jürgen Habermas uni duas ideias principais: a
racionalidade da linguagem e o ideal de emancipação. Diante disso, os recursos comunicacionais
tornam-se veículo de emancipação do cidadão.

2. As premissas filosóficas da doutrina de Jürgen Habermas: da razão da prática para


pragmática universal

A “criação legítima do direito” pautada na ética da discussão é o ponto central da tese habermasiana. O
jusfilósofo alemão adota um conceito “processual da democracia” no qual a suas bases fundadoras
estarão ligadas a pressupostos comunicacionais, em especial a deliberação pública, com o objetivo de
dar um aspecto legitimador ao poder político e ao Direito. 4

Jürgen Habermas, portanto, é adepto da tese procedimentalista no que tange a interpretação da


Constituição, sua força normativa e o seu grau de dirigismo. Segundo essa corrente, se busca um
“procedimento” ideal para operacionalizar a democracia. Somente com observância aos procedimentos
(legislativo ou judicial) se poderá ter decisões legítimas. 5

Entre diversos autores contemporâneos, Habermas é uma referência quando o assunto é a crise que
assola os Estados Modernos, em especial quando tratamos da perda de legitimidade do Direito e sua
normatividade que, em grande parte, não corresponde mais a aspirações democráticas da comunidade
sob a qual se formaram.

Para Habermas a grande responsável pela crise do Direito nos Estados Modernos seria a justificação
filosófica pelo qual ele se apoiou: Da filosofia da consciência e da razão prática, vinculados à tradição
do direito racional moderno. Por razão prática deve-se entender, “uma orientação para agir destinado
a fins, comprometida com a subjetividade de um sujeito atomizado, dotado de um aparato psicológico
para o conhecimento do mundo circundante com limitações advindas da zona de transcendência que
lhe é cognitivamente inacessível, mas sem lhe obstar a percepção de que sua liberdade ou o seu
arbítrio tem como limite o igual arbítrio de seus semelhantes, segundo uma lei universal”. 6

Portanto, a lógica do direito moderno se resumiria a consagração do sujeito como fonte de


autodeterminação e autonomia. Tratava-se da emanação de um sujeito racional, guiado por
imperativos morais básicos necessários a sua convivência com seus iguais, o que, conforme restará
demonstrado por Habermas, tornou-se obsoleto. 7

Nesse contexto, é muito bem pontuado por Ricardo Tinoco Góes como o paradigma racionalista
influenciou as doutrinas da sociedade e do Estado ao longo da história, principalmente no que tange da
relação entre o poder político e o direito. Nota o autor que entre Maquiavel, Hobbes, Locke, Rosseau e
Kant impera o viés racionalista para explicar a justificação e a limitação do poder político pelo Direito.

Nessa perspectiva, a crítica habermasiana reside no fato de que o Direito interpretado através do viés
filosófico da razão prática tinha como fonte e destinatários os indivíduos na sua singularidade
(solipista), o que o levaria a entrar em uma espécie de “beco sem saída”, pois não responderia a sua
vocação pragmática. A solução proposta pelo jusfilósofo alemão é realizar uma “mutação social do
direito”, refundá-lo sob novas perspectivas e princípios pautados na ética do discurso, pois essa seria “a
única capaz de substituir o direito formal e abstrato que proviria da especulação dos modernos pelo
direito processual e pragmático oriundo, no modo de argumentativo da opinião pública.” Logo, no
centro de nossas sociedades pluralistas e complexas, o novo paradigma do direito se alimenta, repete
Jürgen Habermas em seu jargão, das contribuições do agir comunicacional. 8

Para se referir a esse novo cenário no qual o Direito e o político vão se inter-relacionar Jürgen
Habermas utiliza o termo sociedade pós-convencional. Ou seja, da filosofia da consciência e das visões
monológicas se passa para a intersubjetividade da linguagem dialógica, trasmuda-se de uma razão
pautada no sujeito para uma razão fundada na comunicação, inerente a filosofia da linguagem. A
sociedade pós-convencional, portanto, seria esse um novo modelo de sociedade, plural, multifacetado e
que está refém da velocidade das mudanças e da ausência de limites temporais e geográficos, o que a
leva a uma constante transformação. Nela, se substitui a consciência pela linguagem, passa-se a
privilegiar um agir comunicativo destinado ao consenso. Ou seja, Jürgen Habermas substitui a razão
prática pela teoria do agir comunicativo onde a linguagem passa se explorada como a fonte primária
da integração social. Afirma o autor que:

“É nisso que consiste o agir comunicativo (...) nesse caso os atores, na qualidade de falantes e ouvintes,
tentam negociar interpretações comuns da situação e harmonizar entre si os seus respectivos planos
através de processos de entendimento, portanto, pelo caminho de uma busca incondicionada de fins
ilocucionários.” 9

A participação pela comunicação passa a ser o cerne da questão da legitimidade do poder político e do
Direito, podendo-se afirma que somente um poder político que emerge da deliberação popular pode
produzir e justificar-se pelo Direito. 10

É imperioso mencionar as lições de Simone Goyad-Fabre, que afirma citando o jusfilósofo alemão, que
o novo paradigma do direito só pode pertencer a razão comunicacional na discussão pública em
funcionamento no âmago do Estado Democrático de Direito porque, para Jürgen Habermas, todas as
teorias modernas teriam um denominador comum: sua cegueira ante a tensão existente entre a
realidade factual e as pretensões à validade normativa do direito. É nesse sentido que, buscando sanar
essa carência, Habermas adota o conceito de razão comunicacional, a fim de moldar o espaço público
para uma ética da discussão. 11
Surge daí a importância que Jürgen Habermas confere a “virada linguística”, pois a linguagem, para o
autor, é a mídia universal que cria a possibilidade da comunicação. As relações interpessoais passam
então a ter prioridade sobre a individualidade. O paradigma do sujeito é assim evencido pelo
paradigma da intersubjetividade que também é, de maneira concreta e pragmática, interação e
intercompreensão. Daí surge, portanto, o caminho para uma democracia deliberativa, pautada na
deliberação pública, pois essa seria capaz de provocar um efeito de legitimação. 12

3. A questão da democracia deliberativa

Diversos são os conceitos de “democracia” elaborados pelas doutrinas da Ciência Política, bem como do
Direito Constitucional, ao passo que muitos autores até mesmo o tratam de forma diferente. Não cabe a
nós, nesse momento, discutir os mais diversos conceitos de democracia, mas tão somente
contextualizar o leitor sobre o seu significado mais corrente. Nesse sentido, etimologicamente, temos
que o termo demo significa “povo” e kraiten ou cracia denota “poder de governo” ou “autoridade de
governo”, o que nos leva a concluir como sendo a democracia o governo do povo, ou, na variante de
Abraham Lincoln, o “governo do povo, pelo o povo e para o povo”.

Isto posto, adotaremos aqui o sentido de democracia como sendo o regime político em que o Cidadão
tem condições de participar ativamente da formação da vontade do Estado e do Governo através de
instrumentos aptos a isso.

É notório que ao longo da história, o conceito de democracia muito se modificou, prevalecendo na


antiguidade, em especial em Atenas, o regime da democracia direta, aonde os Cidadãos participavam
diretamente da tomada de decisões na Ágora. O conceito moderno de democracia, portanto, rompe em
parte com a questão da participação direta do Cidadão, em certa medida em virtude do surgimento dos
Estados Nações de largas bases territoriais o que impossibilitou a prática da democracia direta, e deu
espaço para o surgimento do regime que se adota na grande maioria dos Estados que é a democracia
representativa, aonde os Cidadãos elegem representantes encarregados da tomada das decisões de
Estado e Governo em nome desses. Faz se mister ressaltar que os regimes representativos não abrem
mão de instrumentos de democracia direta e, podemos citar como exemplo, a Constituição Brasileira
que consagra ainda o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de lei, olvidando de outros
instrumentos de importantes como o recall e a iniciativa popular de emenda constitucional.

Já o conceito de deliberação deriva do termo latim deliberativo, que significa “ato ou efeito de
deliberar”, “debate com o objetivo de resolver algum impasse ou tomar uma decisão” ademais também
significa “ação empreendida após consulta e/ou reflexão”. No entanto, acreditamos que o conceito que
melhor define deliberação é “decisão após a reflexão e/ou consultas”. 13 Nas palavras de Walter Resse-
Schafler significa a “decisão tomada por meio de discussão ao invés da ordem”. Ou seja, a decisão exige
a deliberação a fim de que se mencionem também os respectivos argumentos que levaram a sua
adoção. 14

3.1. A democracia deliberativa ou procedimental como uma terceira via entre a democracia liberal e
republicana

A construção do conceito de democracia deliberativa por Jürgen Habermas se situa entre outros dois
conceitos antagônicos de democracia cunhados pelo Estado Moderno: o conceito liberal – aonde se
estabelece limites a vontade do povo, permitindo o seu exercício somente através de certos
procedimentos e órgãos representativos da legislação, do executivo e da administração além de se
conceber uma sociedade pautada em acordos de interesses privados de uma população despolitizada
governada por uma classe política e o civil-republicano – de auto-organização política dos cidadãos
ativos, soberanos e politizados. 15
Logo, a democracia, conforme concebida pelos Estados Liberais, tem base na valorização das
liberdades individuais enquanto garantias negativas, ou seja, prevalece à proteção do indivíduo face à
atuação do Estado. Já, no tocante ao Estado Republicano, prevalece a valoração da coletividade e dos
propósitos institucionais de um Estado representativo da vontade geral. Ou seja, compromete-se com
um viés comunitarista e de outro lado, coloca o indivíduo como centro de proteção dessa
normatividade, conferindo a ele a possibilidade de provocar o poder público e o judiciário para
satisfazer as suas pretensões. 16

A tensão entre a democracia republicana e a democracia liberal, se transposta para os termos políticos-
jurídicos pode ser traduzida pela constante tensão entre democracia e Constitucionalismo (Estado de
Direito) ou soberania popular e direitos fundamentais, respectivamente. Nesse diapasão, os
questionamentos que se desenvolvem são relativos ao fato de que, poderia um texto constitucional ou
um juiz constitucional, não eleito democraticamente, limitar a vontade popular soberana? Ou, sob o
viés liberal, quais seriam os efeitos de uma democracia pura, que não levasse em conta as limitações
de um Estado de Direito (Constitucionalismo)? Esse esquema não estaria fadado a uma ditadura da
maioria, uma espécie de retorno rousseauniano?

Sabe-se que o termo Estado de Direito pode abarcar regimes antidemocráticos, mas que seriam em tese
“legais”, pois pautados no princípio da legalidade, na força constrangedora da ordem jurídica. Porém,
sob a ótica das democracias modernas, ainda que legais, esses regimes careceriam de legitimidade,
pois os cidadãos, atualmente, não se consideram somente destinatários das leis, mas também autores
daquelas as quais se submetem. As leis não devem representar uma ordem somente legal, mas
também legitima – aceita por boas razões.

É nesse sentido que para Alexandre Duperyx, o próprio título da obra Direito e Democracia: entre
facticidade e validade nos leva a esse caminho. Isto porque, a facticidade a que se refere o texto está
ligada a aplicação do Direito pelo Estado, bem como a previsão de sanções para o seu não
cumprimento, o que implicaria a legalidade dos comportamentos; de outra parte, a obediência às
normas decorre da validade legitima delas, originarias das discussões intersubjetivamente
reconhecidas. 17

Isto posto, Jürgen Habermas não refuta ambos os modelos na sua integridade, adotando uma terceira
via, entre o liberal e o republicano: o modelo procedimental. Busca-se, portanto, um consenso entre os
dois, afirmando que “a teoria do discurso assimila elementos de ambos os lados, integrando-os no
conceito de um procedimento ideal para deliberação e a tomada de decisão”. 18 Em outros termos, não
existe a preponderância dos direitos liberais (autonomia privada) sobre os direitos políticos
(autonomia pública), ao passo que cada uma das correntes tende a privilegiar uma espécie de direito.

Diante disso, ele adota do modelo liberal, o fato de que a institucionalização da base constitucional do
processo de decisão não deve depender do fato dos cidadãos serem suficientemente ativos ou
coletivamente capazes da ação; E do modelo Civil-republicano uma orientação mais intensa para os
processos reais de formação de opinião e da vontade numa esfera pública que debate. 19 Nesse sentido,
Habermas explica que o surgimento da política deliberativa, conforme moldado pela teoria do
discurso, não depende exclusivamente de uma cidadania capaz de agir coletivamente, mas
principalmente da institucionalização dos processos e pressupostos comunicacionais, bem como as
deliberações institucionalizadas e as opiniões públicas que se formam de modo informal. 20

A soberania do povo, portanto, é interpretada através de um viés procedimental de formação


discursiva da opinião e da vontade, ou seja, mostra-se vantajosa na qualidade de poder
comunicativamente produzido, sem se colocar à frente do sistema político diferenciado. 21

Nesse sentido Walter Resse-Schäfler resume bem o pensamento de Habermas quanto ao diálogo entre
o viés liberal e o republicano:

“A legitimidade do direito não se apoia, portanto, nem exclusivamente no direito do indivíduo (como
sugere a variante liberal), nem no estado virtuoso do povo soberano (essa seria a variante
rosseauniana), mas na mediação comunicativa, no princípio do discurso (...) ‘São válidas todas as
normas de ação às quais todos os possíveis atingidos poderiam dar o seu assentimento, na qualidade
de participantes de discursos racionais.’” 22

Logo, conclui-se que as concepções liberais e republicanas não são antagônicas, mas ao contrário,
complementares entre os direitos cívicos de proteção do indivíduo e os direitos políticos de
comunicação e participação. Somente com a garantia dos direitos individuais de base dos cidadãos,
pode-se falar em exercício dos direitos políticos. Dado que, para Jürgen Habermas, a autonomia
jurídica da pessoa é dupla: privada (liberdade do sujeito de direito privado) e pública (autonomia do
cidadão), elas só podem ser autônomas a partir do momento em que se enxergam não como
destinatárias dessas normas (privado), mas também como autoras precisamente dessas normas no
exercício do seu direito cívico.

4. O discurso na esfera pública: as bases da criação legítima do direito

A teoria do discurso, portanto, se desenvolve através de processos de entendimentos que podem se


realizar através de procedimentos democráticos ou, como veremos adiante, na rede comunicacional
das esferas públicas políticas. É imperioso ressaltar que essas comunicações – destituídas de sujeitos –
não ocorrem unicamente nos parlamentos, mas também fora de suas corporações, levando a formação
mais ou menos racional da vontade dos Cidadãos acerca de uma matéria relevante para toda
sociedade. 23 Nesse sentido afirma Habermas que:

“O fluxo comunicacional que serpeia entre a formação pública da vontade, decisões institucionalizadas
e deliberações legislativas, garante a transformação do poder produzido comunicativamente, e da
influência adquirida através da publicidade, em poder aplicável administrativamente pelo caminho da
legislação.” 24

Isto posto, Habermas reconhece a importância da comunicação nos seus mais diversos níveis – no
parlamento, nas esferas públicas gerais e sociedade civil – para a formação democrática da opinião e
da vontade, o que levaria a uma maior racionalização das decisões do governo e da administração. No
entanto, ele não delega ao povo – em uma ótica rosseauniana da vontade geral – o poder final de
decisão, pois essa função caberá apenas ao sistema político. Ou seja, a esfera pública nas palavras de
Habermas, constitui uma “rede ampla de sensores que reagem à pressão de situações problemáticas da
sociedade como um todo e estimulam opiniões diferentes” 25 cabendo ao sistema político “agir” e
decidir coletivamente.

Nesse cenário, ganha relevante importância o conceito de esfera pública. Para o jusfilósofo alemão a
esfera pública caracteriza-se por ser um espaço de discussões formais e informais sejam nos
Parlamentos, nos Tribunais ou até mesmo as associações, na mídia e na imprensa e encontra-se,
conforme o esquema, situado entre e a sociedade civil e o sistema político. A importância que deriva
desse espaço de deliberação cidadã é exatamente que ele permite a formação da opinião e da vontade
dos cidadãos, permitindo uma crítica dos poderes e das instituições em vigor, bem como o surgimento
de novas necessidades.

É imperioso mencionar que o sistema político é concebido como um sistema de ação e não é o centro,
nem o ápice e muito menos o modelo estrutural da sociedade, se comunicando com a sociedade
através do médium do direito. Nesse diapasão, o político reage diretamente as realizações do campo da
economia, bem como da formação institucionalizada ou informal da opinião e da vontade nas esferas
públicas. Logo, a opinião pública quando transformada em poder comunicativo segundo os processos
democráticos, não decide por si mesma, não domina o uso do poder administrativo, mas de certa
forma o direciona. 26

Isto posto, assim se divide a sociedade moderna habermasiana: Estado (poder administrativo),
mercado (dinheiro) e sociedade civil (poder comunicativo):

Recurso Sistema Esfera

Poder administrativo Administração Pública Estado (sistema político)

Sistema econômico e de
Dinheiro Mercado (sociedade burguesa)
comércio

Poder comunicativo
Redes públicas de comunicação Sociedade civil (esfera pública)
(solidariedade)

Nessa toada, a relação entre os procedimentos de comunicação (Esfera Pública) e de tomada de decisão
do sistema político (Estado) pode-se afigurar como a relação entre centro-periferia. No centro tem-se a
administração, o judiciário e a formação democrática da opinião e da vontade (parlamento, eleições
políticas e partidos) que formam o núcleo do sistema político; na periferia encontra-se a esfera pública
formada por associações formadoras de opinião, especializadas em temas e em exercer influencia
pública (grupos de interesse, sindicatos, associações culturais, igrejas etc).

Diante disso, conclui-se que Habermas não pretende uma sociedade pautada somente no poder de
decisões vinculantes do sistema político e nem na tomada de decisão indiscriminada por uma maioria
ocasional da sociedade civil. O que vislumbra o autor é exatamente uma relação de dependência entre
a esfera pública (organizada e a geral) e o Estado (sistema político) buscando uma decisão racional
para os problemas.

Para tanto, a esfera pública geral e aberta se apoia nos cidadãos – sujeitos da opinião pública – é
aquela que se desenvolve nos fluxos comunicacionais do cotidiano, de uma maneira mais ou menos
espontânea e sem um enquadramento ou filtro, o que de certa maneira acaba por torna-as mais
vulneráveis aos efeitos repressivos e exclusivistas do poder social, da violência e da comunicação
sistematicamente distorcida – o que não ocorre na esfera pública organizadas dos complexos
parlamentares – mas que, por outro lado também permite uma comunicação irrestrita, aonde novos
conflitos podem ser percebidos de maneira mais sensível e as identidades coletivas podem se formar
de maneira mais articulada e livre.

Logo, a democracia deve ser analisada através do importante papel das esferas públicas, que devem
ser ao máximo vitalizadas através do debate; Só assim as decisões tomadas no nível do sistema politico
podem ser fundamentadas e justificadas. Os sistemas políticos, antes de tomarem as decisões, devem
estar atentos aos fluxos comunicacionais que se iniciam na parte periférica da esfera pública (geral),
passam pela esfera pública organizada (parlamento) e influenciam diretamente a sua tomada de
decisão.

Daí decorre a legitimidade das tomadas de decisão no âmbito das políticas públicas ou legislativas. Ou
seja, elas devem refletir a vontade coletiva amplamente debatida em fórum público de debate. A esfera
pública, nos dizeres de Habermas, é a “caixa de ressonância” dos problemas que devem ser
trabalhados pelos sistemas políticos.

De maneira sucinta, pode-se afirmar que a sociedade se estruturaria da seguinte forma: a sociedade
civil – constituída por associações, organizações e movimentos sintonizados com a ressonância de
problemas societários nas esferas da vida privada, absorve as questões ali tematizadas e as transfere
para esfera pública. As associações atuam com um primeiro filtro, influenciando a definição das
questões que serão problematizadas na esfera pública (Federações, imprensa e meios de
comunicação). Depois de publicizadas essas questões serão tratadas pelo sistema político-
administrativo, que, após o amplo debate, estará apto a prolatar decisões legitimas.

Alexandre Duperyx também descreve bem o caminho que um tema desde a periferia da sociedade até
receber um tratamento legal em seu centro. Segue-se da seguinte maneira: o tema é introduzido em
revista, círculos de debate, clubes e associações podendo ser debatido sobre diferentes plataformas
cívicas e, consequentemente, pode gerar movimentos sociais ou “subculturas”. Posteriormente, levando
em conta o grau de relevância e dramatização desses movimentos, eles são colocados na ordem do dia
pela mídia de massa, atingindo assim o grande público. Por fim, resta-lhe ser tratado legalmente pelo
sistema político, que irá lhe dar uma moldura legal aprovando-o ou não. 27

Nota-se, portanto que, o poder comunicativo que se desenvolve na sociedade civil e nas esferas
públicas não se confunde com o poder político dotado da capacidade de decisão, ao passo que é nesse
ponto que Habermas concebe o direito como médium através do qual o poder comunicativo se
transforma em poder administrativo. 28 Logo, afirma Habermas que “o poder administrativo não deve
reproduzir-se a si mesmo e sim, regenerar-se a partir da transformação do poder comunicativo.” 29

5. A crítica a teoria procedimentalista e o papel da opinião pública

Conforme o exposto tem-se que a tese procedimentalista adotada por Habermas propõe um modelo de
democracia constitucional que fundamenta-se em procedimentos que asseguram a formação
democrática da opinião e da vontade e que, portanto, exige um cenário ideal de formação da opinião
pública para que resulte assim um cidadão autônomo, politicamente informado e apto à tomada das
decisões políticas do Estado.

Diante desse contexto, não se pode olvidar o importante papel da opinião pública, sua formação, sua
manifestação e seus limites. Para tanto, nos valendo dos ensinamentos de Maria Garcia, que nos
lembra de que, para Miguel Reale, a opinião pública é a base do regime político democrático, ao passo
que esta deve ir para além da opinião manifestada pelos meios de comunicação – jornais, rádio e
televisão – levando em conta também opinião dos cidadãos comuns, que nas palavras de Miguel Reale,
são os vigilantes das causas democráticas. 30

No entanto, Maria Garcia busca o conceito de opinião pública em outros dois juristas, Jürgen
Habermas e Estévez de Araujo, notando elementos fundamentais para a compreensão do fenômeno: (i)
a opinião pública se forma na discussão pública; (ii) que o público que debate determinado assunto
deve ter acesso à educação e a informação para que se forme uma opinião fundada e; (iii) que seja
fruto de um processo de discussão ou seja, não constitui um agregado de opiniões individuais como
são, por exemplo, as pesquisas de opinião. 31

Estabelecidos esses elementos, a opinião pública:

“Representa o juízo, o modo de ver ou de pensar a respeito de assuntos que dizem respeito, como
indivíduos e cidadãos esclarecidos e plenamente informados, a qual, portanto, será tomada em conta
no processo de decisão – como fator determinante.” 32
Transpondo as ideias aqui apresentadas sobre democracia deliberativa e, em última análise, opinião
pública há que se concluir, na esteira de Lenio Luiz Streck que o procedimentalismo deve prosperar
nas democracias onde os principais problemas de exclusão social e dos direito fundamentais foram
resolvidos, bem como a democratização da mídia e dos meios de comunicação. 33 Isso porque não há
como se vislumbrar um cidadão autônomo em um cenário onde o Estado do Bem-Estar Social nunca
prosperou e não se tem uma sociedade plenamente emancipada.

Nessa toada, ainda afirma Lenio Streck que Habermas, em sua obra, não reconhece a diferenciação
entre Estado Social e o Estado Democrático de Direito. Esse, como se sabe, é a terceira via que se forma
após a superação do Estado Liberal (de viés individualista burguês) e o Estado Social (bem-estar). O
paradigma do Estado Democrático de Direito, nas palavras de Lenio Streck, portanto, é o
fortalecimento do Direito (Constituição) com uma função transformadora, buscando a modificação em
“profundidade da estrutura econômica e social e uma mudança no atual sistema de produção e
distribuição.” 34 Existe, nesse contexto, uma revalorização do jurídico em detrimento do político, o que
consequentemente chama à atenção para o papel da Jurisdição Constitucional e dos Tribunais
Constitucionais. O novo papel assumido pela Jurisdição Constitucional vai de encontro sobre aquilo
que advoga a tese procedimentalista, para a qual aos Tribunais e Juízes constitucionais caberia tão
somente “à tarefa da compreensão procedimental da Constituição, isto é, limitando-se a proteger um
processo de criação democrática do Direito.” 35

Portanto, haverá, em certa medida, uma prevalência da constitucionalidade sobre o princípio da


maioria, nos dizeres de Lenio Streck:

“É quando a liberdade de conformação do legislador, pródiga em discricionariedade no Estado-Liberal,


passa a se contestada por dois lados: de um lado, os textos constitucionais dirigentes, apontando para
um dever de legislar em prol dos direitos fundamentais e sociais; de outro, o controle por parte dos
tribunais, que passaram não somente a decidir acerca da forma procedimental da feitura das leis, mas
acerca do seu conteúdo material, incorporando valores previstos na Constituição.” 36

Logo, as críticas à tese procedimentalista conforme aqui apresentadas, bem como a instituição de uma
democracia deliberativa que leva em conta a opinião pública dos cidadãos, debatidas na sociedade
civil e na esfera pública organizada devem ter um pano de fundo ideal, em se tratando dos Estados
Modernos, pois tem-se a necessidade que todos os cidadãos envolvidos sejam emancipados
politicamente – pela educação e pela liberdade –, que os meios de comunicação sejam democratizados
e a informação fornecida ao debate não seja distorcida. E reconhecer que os Tribunais Constitucionais
possuem especial relevância no Estado Democrático de Direito, devendo agir como concretizador dos
direitos sociais e fundamentais. Frise-se que essa atuação não deve ser confundida com ativismo
judicial, mas trata-se do novo papel que receberam os juízes constitucionais diante do paradigma do
Estado Democrático de Direito em que o Direito (Constituição) ganha especial relevo no cumprimento
das “promessas da modernidade”.

6. Considerações finais

Diante do exposto, conclui-se que a filosofia da linguagem tem importante relevo nas obras de Jürgen
Habermas, ao passo que a virada linguística do século XX o faz adotar o pragmatismo universalista em
contraposição a filosofia da consciência que antes prevalecia; Nesse contexto ganha relevância a
linguagem como meio de realizar uma teoria crítica da sociedade, bem como um instrumento de
emancipação do cidadão através do diálogo e do debate nas esferas públicas, o que leva a ampliação do
campo de entendimento sobre determinados temas e confere uma sensação de legitimidade sobre
aquilo que será decidido. Logo, pode-se afirmar que para Jürgen Habermas a legitimidade do direito
repousa na deliberação, no princípio do discurso, aonde os possíveis afetados pela norma podem dar o
seu consentimento.

Diante desse pano de fundo pautado na filosofia da linguagem desenvolve-se o conceito de democracia
deliberativa como uma terceira via entre os modelos de cunho liberal e republicano, trata-se da do
modelo procedimental ou da democracia deliberativa que leva em conta a autonomia privada (liberal)
e a autonomia pública (republicana). O modelo procedimental ou deliberativo, portanto, dá especial
importância não ao conteúdo ou resultado, mas a sua realização procedimental, sendo essa
especialmente decisiva para decidir se os modelos de formação da vontade foram democráticos,
autoritários ou meras estruturas submetidas ao poder político e, portanto, apenas uma deliberação
“pró-forma”.

Com relação à sociedade, Jürgen Habermas a divide em: mundo da vida, esfera pública (geral e
organizada), Mercado e Estado (sistema político). Cabe à esfera pública geral, e também a organizada a
discussão sobre os mais diversos assuntos, ao passo que o Estado (sistema político) é quem a quem
cabe à decisão. Logo, através do médium direito, transforma-se aquelas discussões em algo legal,
juridicamente falando. Frise-se que os pressupostos de comunicação da sociedade civil não devem
expor o governo as vozes populistas ou maiorias ocasionais, o que busca Jürgen Habermas é uma
racionalização das decisões e assim, recuperar a legitimidade do direito, perdida na dita
“modernidade”.

Ocorre que, como visto, a deliberação para ser plena e de fato criar um direito legitimado deve se
desenvolver em um cenário ideal no qual o cidadão é politicamente emancipado e a mídia e outros
grandes meios de comunicação sejam democratizados, o que se dá em certa medida em países que
passaram pelo Estado do Bem-Estar Social e garantem a plena eficácia dos direitos sociais e
fundamentais – que ainda não é o caso do Brasil. Diante disso, temos que a tese procedimentalista
conforme apresentada por Habermas sofre diversas críticas nesse sentido, em especial por dispensar
um papel mais atuante dos Tribunais Constitucionais, que se tornaram no Estado Democrático de
Direito, atores principais da concretização dos direitos fundamentais e sociais.

7. Referências bibliográficas

DUPEYRIX, Alexandre. Compreender Habermas. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edições Loyola, 2012.

GARCIA, Maria. Opinião Pública e a interpretação da Constituição. Revista de Direito Constitucional e


Internacional. n. 54. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.

HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: Entre facticidade e validade. v. I. Rio de Janeiro: Biblioteca
Tempo Universitário, 2012.

HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: Entre facticidade e validade. v. II. Rio de Janeiro: Biblioteca
Tempo Universitário, 2012.

GOÉS. Ricardo Tinoco. Democracia deliberativa e jurisdição: a legitimidade da decisão judicial a partir e
para além da teoria de J.Habermas. Doutorado em Direito pela PUC-SP. São Paulo, 2012.

GOYARD-FABRE, Simone. O que é democracia: genealogia filosófica de uma grande aventura humana.
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São


Paulo: Edições Loyola, 2001.

RESSE-SCHÄFLER, Walter. Compreender Habermas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.
STRECK, Lênio Luiz. Verdade e consenso. Constituição, hermenêutica e teorias discursivas. São Paulo:
Saraiva, 2011.

STRECK, Lênio Luiz. Jurisdição Constitucional e Hermenêutica: uma nova crítica do Direito. Rio de
Janeiro: Forense, 2004.

Pesquisas do Editorial

JURISDIÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO EM JÜRGEN HABERMAS, de Rafael Lazzarotto


Simioni - RePro 154/2007/314

APORTES DE TEORIA CONSTITUCIONAL: UMA ABORDAGEM SOBRE CONSTITUIÇÃO,


DEMOCRACIA E JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL, de Heloísa da Silva Krol - RDCI
58/2007/78

JUSTIÇA E LIBERDADE NA FILOSOFIA DO DIREITO DE JÜRGEN HABERMAS, de Eduardo


C. B. Bittar - RT 918/2012/225

FOOTNOTES
1

DUPEYRIX, Alexandre. Compreender Habermas. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edições Loyola, 2012. p. 43 e ss.

“Assim, por exemplo, contrariamente a quanto se fazia no passado, perguntar pela essência da causalidade ou pelo conteúdo do conceito
‘causalidade’, pergunta-se agora pelo uso da palavra ‘causalidade’”. Cf. OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática
na filosofia contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 2001. p. 12 e ss.

“Numa palavra, não existe mundo totalmente independente da linguagem, ou seja, não existe mundo que não seja exprimível na
linguagem (...) A linguagem é o espaço da expressividade do mundo, a instância de articulação de sua inteligibilidade”. Cf. OLIVEIRA,
Manfredo Araújo de. Op. cit., p. 12 e ss.

HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: Entre facticidade e validade. v. I. Rio de Janeiro: Biblioteca Tempo Universitário, 2012. p. 9.

STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso. Constituição, hermenêutica e teorias discursivas. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 80 e ss.

GOÉS. Ricardo Tinoco. Op.cit., p. 26.

“A modernidade inventou o conceito de razão prática como faculdade subjetiva (...) Isso tornou possível referir a razão prática à felicidade,
entendida como um modo individualista e à autonomia do indivíduo, moralmente agudizada – à liberdade do homem tido como um sujeito
privado, que também pode assumir os papéis de um membro da sociedade civil, do Estado e do mundo.” Cf. HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p.
17

GOYARD-FABRE, Simone. O que é democracia: genealogia filosófica de uma grande aventura humana. São Paulo: Editora Martins Fontes,
2003. p. 321.

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p. 36.

10

GOÉS. Ricardo Tinoco. Op.cit., p. 37.

11

GOYARD-FABRE, Simone Op.cit., p.322.

12

GOYARD-FABRE, Simone. Op.cit., p.322.

13

HOUAISS, Antôni; VILLAR, Mauro de Salles; MELLO FRANCO, Francisco Manoel. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2009. p. 610.

14

RESSE-SCHÄFLER,Walter. Compreender Habermas. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009. p. 92.

15

RESSE-SCHÄFLER,Walter. Op. cit., p. 93.

16

“O indivíduo liberal deve ser protegido em sua capacidade de escolher livremente sua identidade, de se afastar dos determinismos, de
realizar sua própria concepção de vida do que é uma vida boa; não deve se impor nenhum plano de vida, nenhuma visão de mundo
particular; o indivíduo republicano, ou numa visão mais manifesta, o comunitarista, considera, ao contrário, que jamais pode subtrair-se
inteiramente da comunidade a que pertence, que ele traz em si tradições que devem ser defendidas porque são estruturas produtoras de
sentido; a unidade e a estabilidade da comunidade devem ser protegidas contras as tentações individualistas.” Cf. DUPEYRIX, Alexandre.
Op.cit., p. 139.

17

DUPEYRIX, Alexandre. Op.cit., p. 141.

18

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p. 19. Ver também “A teoria do discurso, que atribui ao processo democrático maiores conotações normativas
do que o modelo liberal, as quais, no entanto, são mais fracas do que as do modelo republicano, assume elementos de ambas as partes,
compondo-os de modo novo” Cf HABERMAS, Jurgen. Op.cit., p. 21.
19

GOÉS. Ricardo Tinoco. Op.cit., p. 42.

20

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p. 21.

21

“É nesse contexto que ele desenvolve a ideia de soberania como procedimento: o que conta é a aplicação de procedimentos que permitam a
deliberação, depois à tomada de decisões (...) Que a vontade geral parece ceder o passo a uma multidão de vontades particulares não é em
si problemático, contanto que essas vontades saiam dos canais de deliberação pública.” DUPEYRIX, Alexandre. Op.cit,. p. 158.

22

RESSE-SCHÄFLER,Walter. Op.cit., p.87.

23

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p. 22.

24

Idem.

25

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., p. 23.

26

HABERMAS, Jürgen. Op.cit., P. 24.

27

DUPEYRIX, Alexandre. Op.cit., p. 151

28

“O exercício da autonomia política significa a formação discursiva de uma vontade comum, porém não inclui ainda a implementação das
leis que resultam desta vontade.” Cf. HABERMAS, Jurgen. Op.cit., p. 190.

29

HABERMAS, Jurgen. Op.cit., p. 190.

30

GARCIA, Maria. Opinião Pública e a interpretação da Constituição. Revista de Direito Constitucional e Internacional. n. 54. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006. p. 53.

31

GARCIA, Maria. Op.cit., p. 53.


32

Idem.

33

STRECK, Lenio. Jurisdição Constitucional e Hermenêutica: uma nova crítica do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 173.

34

Idem.

35

STRECK, Lenio. Op.cit., p. 161.

36

STRECK, Lenio. Op.cit., p. 167.

© edição e distribuição da EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS LTDA.

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