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CAMPINAS
2019
RESUMO
Muito se tem falado, nos dias atuais, naquilo que se designou como envelhecimento da
população. Com efeito, observa-se que, mais do que antes, as pessoas com idade avançada
formam, na atualidade, o maior contingente populacional, ao passo que diminui o percentual
de pessoas mais jovens. Diante disso, este trabalho busca de forma geral, possibilidades
psicoterápicas de prevenção, promoção da saúde e sentido de vida para idosos
institucionalizados. Não há uma resposta objetiva para questões complexas, e assim sendo, de
forma específica, o trabalho enfatizará o idoso cognitivamente lúcido, e o impacto do
processo de institucionalização no sentido da vida dos idosos institucionalizados.
INTRODUÇÃO
As consequências político-demográficas e médico-sociais decorrentes do deslocamento
verificado na estratificação etária da população idosa brasileira apresenta grande
complexidade de ordem social. Dentre as muitas consequências, está a inserção da mulher no
mercado de trabalho – que tradicionalmente, era tida como a principal cuidadora –, a evolução
das ciências e da tecnologia e um olhar mais humanizado – ainda que não totalmente ideal –
dos agentes de saúde e sociais voltados para as políticas públicas, o que tem favorecido a
longevidade da população.
Ante a este contexto de maior contingente populacional do público idoso, tem
aumentado significativamente o número de Instituições de Longa Permanência para Idosos
(ILPI) e o impacto desse ambiente no sentido da vida do idoso cognitivamente lúcido, em sua
maioria, limitado apenas pela dimensão física, como por exemplo, amputação dos membros
inferiores causados por complicações decorrentes do diabetes.
O idoso nesse contexto, diferente dos que estão limitados por patologias psicológicas,
como por exemplo, o Mal de Alzheimer, mantém acordado em seu íntimo o mínimo de
sentimento do que foi enquanto ser produtivo, de suas idas e vindas e de sua existência
humana digna e independente, em detrimento de um mero estar-com-vida e conservar-se-
vivo.
É diante desse mero definhar existencial, que a psicologia pode ser e possibilitar
sentido existencial a estes idosos institucionalizados em ILPIs; abrangendo sua visão de
mundo, de si própria e o quanto, mesmo sob tais limitações a vida pode ser plena de sentido.
O idoso institucionalizado limitado apenas fisicamente, portanto, com suas faculdades
mentais intactas, comumente vive fadado pela falta de ocupação, que por si, é identificável
como doença. Tal falta de realização se vinga também através de outras consequências,
afetando de forma significativa a dimensão psíquica, o que cedo ou tarde, com bastante
regularidade, tais pessoas entram também em declínio psíquico, adoecem e morrem
relativamente cedo, ou se não, vivem em profunda tristeza e com o sentimento de inutilidade
ou de vazio existencial.
Diante desse pressuposto, como a psicologia pode possibilitar um objetivo de vida e de
conteúdo existencial para o idoso institucionalizado e cognitivamente lúcido?
CONSIDERAÇOES FINAIS
Como descrito ao longo do trabalho, os aspectos físicos-estruturais e
organizacionais, assim como tudo que concerne a políticas públicas como a inserção do
profissional da psicologia na rede como o SUAS deve ordinariamente ser debatido,
aprimorado e posto em prática. Com tudo, aos idosos institucionalizados e cognitivamente
lúcidos, cabe a pergunta se o seu tempo e o seu-ser-consciente se encontra cabalmente
preenchido e satisfeito, por seja lá o que for. O que importa não é questionar se a atividade
capaz de conferir à existência humana um sentido e um conteúdo se vincule, ou não, a razões
de ordem econômico-financeira. Essencial e decisivo, sob o aspecto psicológico, é única e
exclusivamente que tal atividade desperte no homem, por mais avançada que seja a sua idade,
o sentimento de existir para algo – para algo ou para alguém.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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