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Da constituição de um objeto técnico informacional-


comunicacional
Date 2007/4/21 21:32:35 | Topi c: Essência da informática

Murilo Cardoso de Castro

Julho, 2001

Revisado em abril 2007

Um sistema informacional-comunicacional (SIC), baseado


em computador, como qualquer sistema, se constitui
através de um processo. A exemplo de qualquer processo,
também percorre etapas para sua constituição. Não apenas
aquelas etapas mais explícitas e visíveis, consagradas
pelos engenheiros de sistemas em suas metodologias de
desenvolvimento tecnológico, que preconizam uma
materialização progressiva do objeto técnico, desde sua
idealização até sua concretude “física”, como
instrumento ou ferramenta de trabalho. Ou seja, etapas
não só constitutivas do objeto técnico, mas também
institutivas de um “eu apropriador” do objeto técnico,
um “ser-com” o instrumento ou ferramenta.

Na visão do filósofo Raymond Abellio (1965, 1981 e


1989), um processo mais denso e complexo se dá na
constituição de um objeto técnico, que é o processo de
gênese ou de instituição do “eu” que deste objeto se

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apropria. Um processo em que “sujeito” e objeto técnico


se configuram, sob tensão permanente, como pólos de uma
díade, em co-gênese mútua. Em outras palavras, “eu” e
técnica são, neste processo, o zênite e o nadir, ou
seja, os extremos de um eixo ordenador na gênese e
desenvolvimento de ambos.

Esse processo, cujas etapas respondem pela instituição


do “eu” e pela constituição do objeto técnico,
simultaneamente, responde também pela ascensão
progressiva da Razão a um determinado lugar e papel, no
indivíduo e na sociedade.

Dado o próprio caráter “iniciatório” do processo de


instituição do “eu”, Abellio identifica suas etapas a
“ritos de passagem” nesta gênese. Usando, com reservas,
uma terminologia religiosa, Abellio denomina as etapas
desta gênese “sacramentos”, que etimologicamente
diríamos que podem significar “fazimentos sagrados”,
parafraseando Darcy Ribeiro.

Assim sendo, entre o momento da etapa de concepção e o


da etapa de nascimento, quer dizer durante a gestação
propriamente dita, segundo Abellio, faço parte das
“águas indiferenciadas” no seio de minha mãe. Não sou
“ser-no-mundo” mas “ser-antes-do-mundo”. Embora apenas
indicativa, pode soar confusa esta colocação de Abellio,
pois se apropria de uma expressão de Heidegger, “ser-no-
mundo”, que poderia ser aplicada a todos os “rituais de
passagem” analisados por Abellio, dependendo do
entendimento que se tenha de mundo, mundanidade.

Para Abellio, cabe aí uma questão: que “eu” é este que


aqui fala e que tem ele de comum com este outro “eu”,
imerso nas “águas indiferenciadas”? De imediato deparo
com a contradição ou ilusão de toda explicação genética,

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que não poderia jamais ser uma explicação radical, na


medida que se apóia sempre sobre o saber atual disto
mesmo que a gênese deve explicar. De imediato, me vejo
tratando do inacabado em termos de acabado, e digo
inocentemente: eu fui ou eu sou, enquanto eu resto a
ser.

É um fato: o “eu” que aqui fala é o “eu” atual, tal qual


se tornou e ainda se torna. Ele apenas lança um olhar
objetivante, e, por conseguinte, alienante, sobre este
embrião de onde veio e cujo olhar próprio ele, daqui
onde se encontra, não pode afirmar conhecer. Embrião
cujo “mundo”, “mundanidade própria”, de onde observo,
desconhece por completo. E nada, com efeito, não me
permite dizer que o embrião também não tenha também seu
olhar, embora este seja para este eu aqui e agora, como
se jamais tivesse sido, ou, pelo menos esteja encoberto
por camadas e camadas de novas vivências.

Assim, toda reserva deve ser feita desde o inicio sobre


o caráter imperfeito da visão deste “eu”, que é, pode-se
dizer, duplamente inocente, no sentido que é
inocentemente objetivo, pois “vê”, de fora, o embrião do
qual originou, como um objeto banal semelhante a todos
os embriões humanos, e também uma visão inocentemente
subjetiva, pois se associa a uma visão “histórica”,
provavelmente provisória e em todo caso localizada e
limitada [Abellio, 1965, p. 37].

Dessa maneira, segundo Abellio, percebe-se que todo


discurso radical sobre a gênese do “eu”, ou seja, sobre
sua plena instituição, em sua dimensão espacial e
temporal, será, portanto, um convite a nos fazer sair da
objetividade e da subjetividade ingênuas, e pode-se
mesmo pensar que esta necessidade que temos de
reconhecer em tudo que vemos, estruturas invariantes, e

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mesmo esta confiança intuitiva que temos no termo


estrutura, indicam uma certa crença na possibilidade de
“ir além” das aparências.

Retomando as etapas ou os sacramentos, definidos por


Abellio, temos primeiramente, a “Concepção”, enquanto
evento que me constitui como “ser-no-mundo”, porém um
mundo ainda pouco diferenciado no seio de minha mãe,
guardando uma certa analogia com as “águas
indiferenciadas” do Gênesis bíblico.

Ao final da gestação tem lugar a segunda etapa, o


“Nascimento”, por meio do qual se dá meu posicionamento
diante do mundo, criando a primeira distancia, o
primeiro Mit-sein (ser-com) sem que “eu” o saiba,
obrigatoriamente. Meu nascimento é uma abertura da
transcendência diante de todos os olhos que me cercam,
embora ainda não o seja, para os meus próprios olhos.

Durante a infância o poder separador de meus sentidos


desenvolve-se, gradativamente ampliando minha distância
do mundo, em outros termos, intensificando esta
transcendência iniciada com o Nascimento. Nas águas
indiferenciadas, nenhuma separação me era perceptível; a
vida de minha mãe era minha vida, sua morte geralmente
minha morte, e meu “eu”, neste caso se dissolvia no
dela.

O Nascimento significa uma separação, fundando o mundo


“para-mim”, mas ainda de forma difusa, sob meu olhar
ainda despreparado, pois para meus sentidos, que começam
a “tatear”, e que nem reconheço ainda como meus, este
mundo ainda mal me pertence. Vejo uma série de modos
mais e mais complexos do mundo; não há apenas um mundo,
mas uma série indefinida de “modos” do mundo.

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Neste sentido, o sacramento seguinte, o “Batismo”, seria


a etapa na qual, justamente, me torno consciente de meus
sentidos. Onde adquiro a capacidade de perceber que
percebo e onde uma relação é assim conscientemente
percebida por mim, entre “eu” e mundo. Ou seja, quando
desperta a consciência das sensações, ou dos próprios
sentidos, mediadores entre sujeito e objeto, e uma
relação passa a ser conscientemente percebida entre
homem e mundo de objetos.

No Batismo, intensifica-se a consciência da relação


sujeito-objeto, em detrimento da antinomia de seus pólos
(sujeito e objeto), em outros termos, reconhece-se, mais
e mais, que a noção de objeto guarda sempre subjacente a
si, a de sujeito, e vice-versa.

A etapa seguinte, a “Comunhão”, intensifica a


experiência do “Batismo”. Por meio dela, aprofunda-se
mais essa “percepção da percepção”, transfigurando a
relação sujeito-objeto de tal maneira, que tem início
uma nova percepção: a de sujeito em um mundo de
sujeitos, e não apenas de objetos. De fato, manifesta-se
um novo modo de presença do “eu” e de atuação da Razão,
que permite ao ser humano reconhecer também a
importância da intersubjetividade na continuidade da
gênese do “eu”; agora assegurada pela postura de
sujeito, em um mundo de sujeitos...

Segundo Abellio, as etapas não são todas


obrigatoriamente percorridas, até sua conclusão, a plena
instituição do “eu”. Da mesma forma, as passagens de uma
para outra não são instantes, mas transcursos. Segundo
uma visão justa, não existiria qualquer gênese linear,
pois tudo estaria se dando ao mesmo tempo, o que
tornaria impossível todo discurso e mesmo toda
denominação, obrigatoriamente sujeitas a linguagem, em

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seu percurso linear de natureza espaço-temporal. Com


efeito, para Abellio, nomear é estabelecer, ao mesmo
tempo, não apenas um espaço de conexões, mas também
caminhos e um tempo de percurso, nestas mesmas conexões.

Das águas indiferenciadas até a instituição do “eu”,


pode-se notar que tudo que percebemos, ou imaginamos, ou
pensamos, não é o que somos radicalmente, enquanto pura
subjetividade. Não somos estes objetos que percebemos,
não somos as imagens que se oferecem, não somos as
noções que pensamos, nem o discurso que sustentamos.
Como pura subjetividade, profere-se “eu”, e em seguida,
percebe-se, imagina-se e cogita-se, alguma coisa, que é
objeto em relação a este “eu”, ou seja, em relação a
este princípio radical de cada subjetividade, este ato
de ser. [Allard l’Olivier, 1977]

Quanto à constituição progressiva, após a etapa de


“Concepção”, do chamado “ob-jeto”, entendido como
“aquilo-posto-adiante” do “eu” (este último sendo o
princípio radical que atribui existência ao objeto), é
preciso compreender que este objeto é sempre definido
(nomear um objeto, com efeito, é torná-lo uma
ferramenta, nem que seja um instrumento de linguagem;
mas a utilidade nada mais é que uma banalização da
verdade, ela não revela o objeto ou o ente enquanto
tal), no seu ser, pelo estabelecimento de um conjunto
aberto de relações, lhe conferindo funcionalidade,
utilidade, mas sem revelá-lo em todo seu ser, que também
guarda em si o mistério de meu próprio ser, enquanto
subjetividade pura. Esta relação que une subjetividade
pura ou radical a objeto, pode ser denominada intenção,
como preconiza Husserl; o ser desta intenção, o ser do
objeto e o ser do sujeito, a subjetividade, se
configuram, portanto, como momentos ou modalidades da
intencionalidade (“A intencionalidade sendo a relação

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sujeito-objeto, não se deixa atribuir a qualquer dos


dois termos da relação.” [Fink, 1952, p. 75]) [Allard
L’Olivier, p. 47].

Na tentativa de melhor elucidar as etapas do processo em


que, simultaneamente, se dá a constituição do objeto
técnico (prático ou teórico) e a instituição do “eu”,
Abellio propõe uma análise da percepção. A exemplo do
que fez Merleau-Ponty (1945) na Fenomenologia da
Percepção, Abellio recupera o significado da percepção
na identificação de uma estrutura fenomenológica de
grande repercussão. Através da análise da percepção
evidencia-se também a importância do “corpo”.

Na atitude natural, me vejo simplesmente confrontado ao


mundo, face a face com ele. Vejo tal objeto, um livro,
por exemplo, posto sobre a minha mesa, e a visão não vai
além desta relação simples: este livro e eu, o par:
objeto percebido e o sujeito “percebente”. No entanto, é
preciso que examinemos mais de perto o desenrolar desta
percepção. Sigamos o percurso proposto por Abellio:

- primeiro, o mundo deve ativar para mim um objeto até


então passivo; não cabe aqui um debate sobre a primazia
do mundo ou do corpo na percepção, ou seja, quem dispara
a percepção; trata-se de um debate semelhante aquele que
tenta descobrir quem nasceu primeiro, o ovo ou a
galinha; o fato é que uma espécie de corrente se
estabelece entre o mundo e o objeto que se destaca dele;
o livro que vejo é um objeto do mundo, e para que seja
visível, deve se destacar de alguma maneira sobre um
fundo mais ou menos distinto; este fundo, o mundo
enquanto suporte de todos os objetos, não recai sobre a
minha visão, mas é o horizonte que a torna efetiva, a
sustenta;

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Figura 1 - Estrutura da percepção

- segundo, Abellio imagina que um objeto qualquer, se


destacando do mundo, ou sendo recortado do mundo, se
torna por conseguinte ativo em relação a este último,
que, por sua vez, se torna passivo; o mundo se mantém
assim enquanto fundo mais ou menos indistinto,
verdadeiro suporte unitário e global dos objetos; ou
seja, condição a priori da emergência deste mesmo
objeto; neste sentido, é que o mundo se apresenta como
“pano de fundo”, horizonte de objetividade, não
“visível” em si, mas que assegura, por sua vez, a visão
do objeto ...

- objeto se destacando, tomando sentido (um jogo de


palavras que indica tanto o fato do objeto ganhar
presença nos órgãos de sensação, como também
significado), rejeitando uma certa indistinção, com o
resto do mundo, estabelece com este último, no entanto,
uma primeira relação do tipo Objeto/Mundo; pode-se mesmo

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dizer que tal objeto se tornou ativo em relação ao resto


do mundo, considerado então passivo; existe assim, e
sempre existirá, uma dualidade forma-fundo do lado do
percebido...

- esta mesma dualidade também se instala do lado daquele


que percebe, o sujeito; um ou mais sentidos (visão,
audição, tato etc.) se abrem e se tornam ativos, se
destacando do fundo passivo, em repouso, do corpo; no
exemplo do livro sobre a mesa, é preciso que minha
vista, que enxerga o livro e se interessa especialmente
nele, se abra e se torne ativa (+), sobre o fundo posto
em repouso de meu corpo; este se torna passivo (-) e
suas demais funções se fundem no fluxo de uma certa
indistinção; em nossa figura, uma rotação tem lugar, do
objeto para a vista, ou seja, um sentido se cria;

- a vista se tornando ativa, acolhe o objeto, mas o fato


capital é que, sob a excitação da vista, uma corrente se
estabelece da vista (+) para o corpo inteiro (-); o
corpo, anteriormente feito passivo pela abertura da
vista, se torna ativo, mas a um grau de atividade maior
do que antes do inicio da percepção; do lado do sujeito,
forma-se assim uma segunda relação do tipo
Sentido/Corpo, em interação com a primeira relação
Objeto/Mundo...

- meu olhar deu o objeto ao corpo e meu corpo inteiro se


apropria do objeto, o tornando um instrumento ou
ferramenta; esta apropriação deve ser entendida como uma
intensificação do objeto; em outros termos, meus
sentidos, por seu poder discriminador, têm por missão
distinguir, enfocando os objetos do mundo, mas meu corpo
inteiro tem por missão, por seu poder integrador,
reintegrar em si, sob a forma de instrumentos ou
ferramentas, estes objetos distintos, e de assim se

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abrir a um novo modo do mundo; com referencia a figura,


por uma segunda rotação, em sentido inverso da primeira,
o corpo, novamente ativo, como no inicio da percepção,
fecha o circulo se voltando para o mundo feito então
passivo; o corpo, graças aos novos poderes, devidos ao
instrumento ou ferramenta incorporado, vai animar mais
uma vez o mundo, que volta a se tornar ativo, promovendo
um novo ciclo, com novas emergências de objetos...

- tanto o objeto, quanto a vista são, em outros termos,


emergências locais de uma realidade global, que devem
vir a ser “re-enraizadas” ou arriscam voltar a se
dissolver no mundo e no corpo, respectivamente;

- a constituição comum de objeto e de sujeito, através


dessa análise da percepção, indica que, do lado do
objeto, temos uma relação ou razão Obeto/Mundo e, do
lado do sujeito, outra razão Sentido/Corpo; estas razões
se associam então na forma de uma proporção que as
combina da seguinte forma: Objeto/Mundo = Sentido/Corpo;
assim, como já havia reconhecido Husserl, a colocação em
relação de dois termos ou de dois pólos, e somente dois,
como sujeito e objeto, é uma noção ingênua, pois não há
pólos ou termos que sejam estáveis na gênese do “eu”;
uma relação deste gênero oculta na verdade a emergência
de uma proporção, ou seja, de um ciclo de relações, como
na Figura 1 - Estrutura da percepção, levando à
multiplicação, à intensificação e à transmutação dos
pólos ou dos termos..

- essa proporção não é fechada nem estável, e seus


termos não são fixos; é um proporção não isolável,
tomada e levada em um movimento dialético; pelo esquema
da figura, como lembra Abellio, é possível notar que o
processo de percepção “crucifica” o “eu”, a cada ciclo,
no espaço-tempo; o que importa, no entanto, é

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compreender bem o sentido da passagem do termo à razão


ou relação, enquanto acoplamento de termos, e da razão à
proporção, enquanto acoplamento de razões; não importa
aqui discutir quem comanda toda a operação, mundo ou
pessoa.

Como dito anteriormente, alguns dos movimentos indicados


na Figura 1 se identificam com as etapas do processo de
gênese do “eu”; assim sendo, primeiro temos a relação
mundo ativo e objeto ainda passivo (representado na
Figura 1 pelo eixo mundo-objeto, ainda sem a corrente -
a seta - do mundo para o objeto), ou seja, as “águas
indiferenciadas” como ponto de partida, de onde os
objetos se ativam por uma inversão de polaridade com o
mundo. Assim os objetos se destacam de um mundo, que
ainda predomina como “águas indiferenciadas”, é a etapa
da “Concepção” do “eu”; um “eu” apenas capaz de
percepção em potência (“eu” ainda indiferenciado,
comungando das “águas indiferenciadas”).

A etapa em que o objeto feito ativo em relação ao mundo,


é acolhido pela vista ainda passiva, é o “Nascimento” do
“eu”, e da percepção. O “eu” ainda é pouco diferenciado,
mas o corpo e os sentidos, em contato com o mundo,
fazem-no “vir ao mundo”. Nesta etapa, pela Figura 1, se
dá uma “rotação” pela qual o objeto é tomado pela vista,
ou outro sentido qualquer, que pode ou não se interessar
pelo objeto, ou seja, pode deixá-lo na indeterminação do
mundo, ou recolhê-lo e efetivamente tomá-lo, ao se
tornar um sentido ativo em relação ao corpo, feito então
passivo.

Enfim, a partir da incorporação do objeto, enquanto


ferramenta ou instrumento, para novas reapropriações do
mundo, ou seja, da universalização do objeto-utilitário,
temos o “Batismo” do “eu”. O corpo atinge assim a plena

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realização da percepção, em conjunção com outras


atividades cognitivas e afetivas. A etapa seguinte,
“Comunhão”, representa a reiteração do corpo com o
mundo, mas de um corpo ora estendido pelo instrumento ou
ferramenta, assim comungando com um novo modo de mundo.

Abellio faz algumas constatações interessantes, em


função da idéia de “proporção” que agora se impõe à
simples e ingênua relação sujeito-objeto, através desta
análise da percepção. Primeiro, toda relação ou razão de
dois termos se exprime pela presença implícita, nesta
mesma relação, de um terceiro termo, que não se revela.
Este terceiro termo, imanente à relação entre os outros
dois, é a consciência.

Dada as fortes conotações deste termo, preferimos


denominá-lo a “visão”. Com efeito, a consciência
expressa pela ontogenia do “eu” se dá através da visão.
O termo “visão” não somente se aplica àquela intuição
obtida pela vista, mas se refere também a qualquer
percepção sensorial além da visual, como olfato, tato,
sabor e audição. Este termo se aplica, muitas vezes, a
uma intuição intelectual, sem a ajuda dos sentidos, como
nas matemáticas. Ou seja, qualquer preensão de um objeto
por meio dos sentidos abertos sobre o mundo, como toda
espécie de preensão intelectual que realize um
conhecimento, se enquadra sob a idéia que ora expomos. O
alemão Wissen e as palavras da mesma família, die
Weisheit, o saber, a ciência, der Weise, o sábio,
derivam de visum, supino do latim videre. Assim como
eidos, forma, no sentido de maneira de ser, deriva de
FID, raiz vizinha do indo-europeu VID que significa ver:
de onde decorrem as palavras sanscritas veda, vidya
(conhecimento). A raiz VID significa ao mesmo tempo ver
e saber. [Allard L’Olivier, 1977, p. 37]

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Voltando à razão ou relação, pela discriminação dos


termos postos em relação, a consciência justamente os
constitui, e assim também se institui. Ao expressar toda
relação, seja a mais ampla como a do tipo Corpo/Mundo,
pela combinação de dois signos, Corpo e Mundo, separados
por um traço horizontal, o simbolismo algébrico ou
aritmético (/) reconhece este fato: a relação não é
apenas de dois termos, mas de três, e o traço de
separação-ligação (/) nada mais é do que um símbolo
deste terceiro termo, em sua dupla função de dissociação
redutora e de reintegração, ou em outras palavras, de
análise e de síntese.

A função de dissociação, de redução ou de separação, em


outras palavras a função analítica, é a primeira que
está ligada aos sentidos e particularmente à vista.
Ligada assim aos sentidos, ela estabelece a distância no
mundo, a amplitude, ou a extensão, que é, por sua vez,
de essência quantitativa, ou seja, a possibilidade de
mensuração quantitativa em conformidade com a própria
natureza do espaço.

A função de síntese, de integração, retoma a amplitude,


a extensão, a quantidade, lhe auferindo uma nova
propriedade: afinal, da separação se pode ordenar, se
hierarquizar, e deste modo se atribuir qualidades ao
mundo. Pela atuação destas funções, de análise e de
síntese, a relação original Sujeito/Objeto, ou melhor
posto Corpo/Mundo, pode vir a se amplificar e se
intensificar, vindo a se constituir em uma proporção do
tipo Objeto/Mundo = Sentido/Corpo.

Nessa forma algébrica da proporção, Abellio chama a


atenção para o sinal de igualdade, dois traços
superpostos, e lembra que este deve ser entendido como
um símbolo da necessária leitura simultânea de duas

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razões ou relações, em lugar de sua leitura linear ou em


sucessão.

Entretanto, para esta leitura simultânea, é preciso que


a consciência se transfigure de uma consciência
empírica, dotada de um modo de visão adequado para a
percepção de razões, ou relações de termos, para uma
consciência transcendental, dotada de um modo adequado
para a efetivamente ver proporções.

É evidente que a Razão, como seu próprio nome indica,


tem seu campo limitado à visão de relações ou de razões.
Por conseguinte, cabe a consciência transcendental
iluminar e orientar a Razão ou o logos, de acordo com
sua capacidade de analisar e sintetizar o mundo. Neste
exercício permanente do logos, perscrutando o mundo sob
a conduta intensiva e voluntária da “visão”, pode-se
efetivamente passar da simples análise e síntese de
relações à análise e síntese de proporções.

Ao empregar o termo logos, ou sua tradução latina ratio,


cabe lembrar que a atividade analítica que separa e
divide e a atividade sintética que reúne e liga, se
encontram sob as duas séries de significações do verbo
legein; do qual derivou logos, significando razão e
linguagem. Alguns autores como Michel Fattal pensam que
Parmenides determinou o destino do Ocidente, não somente
pelo fato de atribuir ao logos o poder de dizer a
verdade, mas igualmente pelo fato de lhe conferir o
poder racional de separar o ser do não-ser a fim de
ascender à “idéia clara e distinta”, àquela da pureza do
ser [Fattal, 1987, p. 14].

Ainda para uma melhor compreensão do pensamento que


estamos procurando apresentar, seria preciso retomar
algumas questões, como as noções clássicas de razão ou

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relação, e de proporção. Desde os pitagóricos, certas


correntes filosóficas, vêm tentando promover a “visão”
para que esta conduza a Razão em direção ao sentido da
Unidade, especialmente através do pensamento matemático.

Neste sentido, os pitagóricos acreditavam que seria


possível uma aproximação da compreensão da Unidade,
através de uma sucessão de relações proporcionais. Uma
proporção, como vimos, é formada por razões, e uma razão
é uma comparação entre diferentes tamanhos, quantidades,
qualidades, ou idéias, expressa sob a fórmula a/b, ou
a:b [Lawlor, 1991].

Uma razão, portanto, constitui a medida de uma


diferença, uma diferença para qual pelo menos uma de
nossas faculdades sensoriais pode responder. Desta
maneira, a razão a:b é uma noção fundamental para todas
atividades de percepção.

Uma proporção, entretanto, é algo mais complexo, pois é


uma relação de equivalência entre duas razões, quer
dizer, um elemento é para um segundo elemento, como um
terceiro elemento é para um quarto: a é para b como c é
para d, ou a:b::c:d. Logo, a proporção, conhecida entre
os antigos gregos como analogia, representa um nível de
inteligência mais sutil e profundo que a modesta razão,
que é uma resposta direta a uma simples diferença.

Buscando uma maior aproximação da Unidade, os antigos


gregos buscaram limitar a proporção a apenas três
elementos, ou termos. Assim um elemento é para um
segundo elemento assim como o segundo elemento é para um
terceiro, ou seja, a:b::b:c. Aqui os extremos são
reunidos por um mediador, b. Os gregos a chamavam de
proporção contínua de três termos, e isto indica uma
inovação na simbolização dos processos de percepção.

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Nicômaco e outros filósofos consideravam esta como a


única proporção que pode ser considerada como uma
analogia.

Buscando uma compreensão maior da Unidade, os filósofos


gregos descobriram uma proporção com apenas dois termos.
Isto ocorre quando o termo menor é para o termo maior
assim como o termo maior é para o menor mais o maior, ou
seja, a:b::b:(a+b). O termo (a+b) se apresenta assim
como uma totalidade ou unidade, composta pela soma dos
outros dois termos.

Historicamente, a esta única proporção geométrica de


dois termos foi dado o nome de proporção áurea, sendo
designada pela vigésima letra do alfabeto grego phi (?),
embora conhecida por culturas anteriores. Trata-se de
uma proporção; não um número, mas uma proporção, com a
pretensão de ser fundada pela, e de estar fundando, a
experiência de conhecimento operada pelo logos.

Se considerarmos a proporção de Abellio no seguinte


formato Sentido/Corpo = Objeto/Mundo, temos uma
verdadeira analogia quando a transformamos em
Sentido/Corpo = Corpo/Mundo, onde podemos buscar a
proporção áurea, em conformidade com uma visão mais
fortemente subjetivista, obtendo a proporção:
Sentido/Corpo = Corpo/(Sentido+Corpo).

Por outro lado, partindo de novo da proporção de


Abellio, mas desta feita dando a primazia ao mundo:
Objeto/Mundo = Sentido/Corpo, podemos obter, dentro do
que poderíamos qualificar de uma visão “objetivante”,
uma analogia expressa pela proporção Objeto/Mundo =
Mundo/Corpo. Em uma visão radicalmente objetivista,
podemos chegar até a outra proporção áurea: Objeto/Mundo
= Mundo/(Corpo+Mundo).

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Reunimos aqui o suficiente para avaliarmos a


constituição do objeto técnico informacional-
comunicacional, com base no computador. A partir das
idéias de Abellio e fórmulas tradicionais de razões e
proporções, estamos aptos a estabelecer um novo patamar
na análise desta constituição, levando em consideração
também a instituição do “eu”.

Comecemos então por reconhecer um sistema informacional-


comunicacional (SIC) como um mediador intelectual: um
instrumento obtido após várias iterações do ciclo de
constituição do ““eu” moderno” [Taylor, 1997] em seu
meio técnico-científico-informacional com seus
congêneres objetos técnicos informacionais-
comunicacionais (as denominadas tecnologias da
informação); e, um instrumento que opera apenas a nível
do campo intelectual, apesar de sua base material (o
computador), que, de fato, só cumpre o papel de
sustentáculo material e operacional, além de dispositivo
de interface, por meio de sua linguagem (comandos e
ícones). Através desta linguagem, interagimos com o
computador nossos conceitos ou representações, em
confronto com conceitos e representações pré-programados
no computador, tentando obter os resultados que
esperamos, geralmente de natureza informacional e
comunicacional.

No caso do SIC, dada a sua sofisticação, enquanto


instrumento intelectual, tentando reproduzir a
inteligência humana, é conveniente lembrar que estamos
diante de uma proposta ambiciosa de informatização da
realidade. Em outros termos, segundo a estrutura de
Abellio, as iterações do ciclo de constituição do “eu” e

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do correlato objeto técnico constroem gradual e


efetivamente uma racionalidade e um instrumental que
impõem, pela percepção e cognição que ordenam, a
instituição de um meio e de “eu”s congêneres ao manuseio
deste instrumental. Nos termos de Carneiro Leão temos aí
efetivamente a informatização.

Para o Pensamento, informatizar não é o verbo que


designa os fato e feitos da informática. Não nos remete
apenas para o funcionamento de ferramentas e aparelhos,
não se refere a dispositivos de processamento ou a
instalações de computação, com todas as mudanças que
acarretam. A informatização não é o resultado da
expansão mundial de uma parte, de sorte que a totalidade
resultante fosse o todo de uma parcialidade geral. A
informatização não se reduz a transferir determinada
integração de ciência e técnica, de conhecimento e ação,
para todas as áreas em que se distribuem os homens
histórica e socialmente organizados. Informatizar é o
processo metafísico de Fim da História do poder
ocidental. Na informatização e por ela, o poder de
organização da História do Ocidente se torna planetário.
A dicotomia de teoria e prática, de mundo paciente de
objetos e mundo agente dos cérebros vai sendo superada
numa composição absorvente. Por ela se complementam,
numa equivalência de constituição reciproca, o sujeito e
o objeto, o espirito e a matéria, a informação e o
conhecimento, o mundo dos cérebros e o mundo das coisas.
A luta entre materialismo e idealismo se torna, então,
uma brincadeira de criança [Carneiro Leão et all, 1987,
p. 7].

A proposta de Abellio, de uma estrutura genética do “eu”


e de seus correlatos objetos técnicos, assume assim um
caráter inovador e provocante, para a reflexão sobre a
idéia de instrumento, expressa pela imagem da alavanca,

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para o sistema informacional-comunicacional.

Trazendo-a de volta à reflexão, mais uma vez levanta-se,


a questão à respeito das direções opostas que um
instrumento, como o SIC, pode trilhar, conforme seja sua
constituição e do correlato “eu” que o explora, e também
do meio onde está imersa esta interação. Sem contar
ainda com outro fato bastante pertinente: esta
constituição do instrumento informacional-comunicacional
se dá sempre de maneira exógena e não endógena à
atividade humana a qual se destina.

Nesse sentido, em conjunção com a estrutura de Abellio,


creio ser possível se repensar a alavanca, a tecnologia
informacional-comunicacional, como um signo: onde a
alavanca opera em conjunção com o solo, e, por seu
simples movimento, a alavanca ao se alinhar ao solo, se
afigura como um “sinal de igualdade”; igualdade, neste
caso, entre duas entidades pessoa e problema,
simbolizando as citadas razões sentido/pessoa e
objeto/mundo. Um sinal de igualdade que, como diz
Abellio, significa uma leitura simultânea destas duas

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razões, nesta equação; ou seja, de uma proporção fundada


a partir da associação de duas razões: a razão
Sentido/Corpo simbolizada na imagem exclusivamente pela
entidade pessoa, e a razão Objeto/Mundo, simbolizada
unicamente pela entidade pedra. A entidade alavanca
deveria, por conseguinte, para sua plena adequação às
demais entidades do modelo, reunir condições para
manifestar em si mesmo um “sentido de proporção” justo,
ou seja, vir a representar uma proporção áurea, uma
harmonia entre as duas entidades diretamente articuladas
na imagem, pelo próprio sic: pessoa e pedra. Uma
harmonia que também é capaz de conciliar e reorientar
nesta totalidade as demais entidades da imagem: solo e
quadro.

Eis aí configurado um dos maiores desafios que enfrenta


a constituição de um sistema informacional-
comunicacional, sua capacidade de estabelecer a
proporção justa entre as entidades pessoa e tarefa, em
uma primeira instância, e destas com as demais
entidades, solo e quadro, em uma segunda instância. Este
tipo de sistema, no entanto, ao se assentar sobre uma
tecnologia cuja essência é um engenho de representação
da realidade segundo os modos informacionais e
comunicacionais ditados pelo meio técnico-científico do
homem moderno, promove apenas um sentido, o olhar, e
também apenas um lado do ser humano, o intelectual,
estimulando um forte desequilíbrio na proporção, ou
seja, uma desarmonia.

Com efeito, pelo simples direcionamento, intelectual e


visual, seguido pelo SIC na interação com seu usuário, e
pela redução que impõe ao objeto e ao mundo que
representa por sua estrutura informacional interna, fica
sobremodo reduzida a capacidade de equacionamento da
razão Sentido/Corpo com a razão Objeto/Mundo. Em outros

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termos, fica muito difícil se alcançar a proporção justa


destas razões, e, portanto, a harmonia do sistema
representado pelo modelo figurativo da alavanca.

A reflexão que se tentou fazer a partir do pensamento


fenomenológico de Abellio, está apenas começando. Este é
apenas um primeiro manuseio de suas idéias,
associando-as com a forma-figurativa de um sistema
informacional-comunicacional, que denominamos modelo da
alavanca. É possível pressentir lacunas e ainda uma
certa opacidade nesta busca de meios para pensar a
constituição de um objeto técnico informacional-
comunicacional, como se caracteriza atualmente o
computador. Entendemos que só por estas tentativas
multiformes de abordagem e questionamento de sua
essência talvez possamos um dia responder a nossa
questão maior: o que é a informática?.

Bibliografia:

ABELLIO, Raymond (1965), La Structure Absolue. Paris,


Gallimard.

ABELLIO, Raymond (1981), Approches de la Nouvelle Gnose.


Paris, Gallimard.

ABELLIO, Raymond (1989), Manifeste de la Nouvelle Gnose.


Paris, Gallimard.

ALLARD l’OLIVIER, André (1977), L’illumination du coeur.


Paris, Ed. Traditionnelles.

CARNEIRO-LEÃO, E. et all (1987), A Máquina e seu Avesso.


Rio de Janeiro, Francisco Alves.

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FATTAL, M. (1987), Pour un nouveau langage de la raison.


Paris, Beauchesne.

FINK, Eugen (1952), L’Analyse intentionnelle et le


problème da la pensée spéculative. Paris, Desclée de
Brouwer.

LAWLOR, R. (1991), “The Measure of Difference. Ratio,


proportion, and analogy in mathematics and life”,
Parabola XVI(4).

TAYLOR, Charles (1997), As Fontes do Self. A construção


da identidade moderna. São Paulo, Loyola.

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