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Resenha

Thaís Rodrigues Carlos1

BRANDÃO, Zaia (org.). A crise dos paradigmas e a educação. 11 ed. São Paulo:
Cortez, 2010, 109 p.

MACEDO, Elizabeth. SOUZA, Clarilza P. de. A pesquisa em educação. Revista


Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v 15, n. 43, p. 166-202, jan./abri. 2010.
Disponível em: <<http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n43/a12v15n43.pdf>>. Acesso em 30
de mar. de 2019, 11:45:30.

Ao refletirmos sobre a relação das ciências naturais, das ciências sociais e dos
paradigmas na ciência, a partir do artigo A pesquisa em educação, de autoria de Elizabeth
Macedo e Clarilza P. de Souza e do livro A crise dos paradigmas e a educação,
organizado por Zaia Brandão, observamos que as pesquisas que tratam dessa temática,
apresentam dispendiosos estudos, os quais fornecem compreensões, diálogos e perguntas
sobre como a ciência em educação vem se constituindo durante o percurso histórico da
humanidade.
Ambos os escritos, apresentam uma visão que faz com que reflitamos sobre
como a ciência tem sido enxergada nos dias atuais, principalmente no campo das ciências
sociais, o qual até pouco tempo era considerada como inferior em relação às ciências
naturais.
O primeiro artigo, de Macedo e Souza (2010) nos apresenta um olhar amplo
sobre como os programas de pós-graduação e as suas produções não estão aumentando
em nível acadêmico e qualitativo, continuando a produzir a mesma quantidade ano após
ano. Porém, elas também fazem uma crítica a um tipo de nostalgia no campo das ciências
sociais, que seria a valorização dos paradigmas das ciências naturais.
Tal crítica fica evidente quando elas explicam que a valorização dos métodos de
pesquisa nas ciências naturais e exatas são maiores do que nas ciências sociais, porém,
afirmam que a pesquisa em ambos os campos é diferente, por isso, outros métodos.
Desse modo, é necessário que os estudos produzidos no campo das ciências
sociais sejam sérios e não apenas reproduzam os mesmos dados a cada novo trabalho
produzido, fazendo com que o aspecto qualitativo diminua e a produção de
conhecimentos perda a qualidade.

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E-mail: thaisrodriguescarlos15@gmail.com
A obra organizada por Brandão (2010) apresenta seis capítulos e um posfácio,
sendo a 11° edição desde sua primeira publicação, ainda discursa sobre temas atuais para
o campo científico das ciências sociais e dialoga de forma crítica e objetiva sobre as
ciências naturais, ciências sociais e os paradigmas da ciência, que estão no centro das
interlocuções.
Inicialmente é apresentado um artigo, A crise de paradigmas e o surgimento da
modernidade, que discute os conceitos atribuídos à palavra paradigma, o qual vai desde
uma concepção clássica remetendo à visão platônica do modelo abstrato e das cópias de
ideias que são feitas no mundo real, até a contemporaneidade, em que Khun defende o
paradigma como ideias aceitas por um grupo ou comunidade científica.
Também, nesse capítulo é citada uma crise dos paradigmas, pensamento
atribuído ao filósofo Khun, como sendo a mudança de concepção sobre modelos de
ciência anteriormente predominantes que eram decorrentes das ciências naturais, assim,
de forma crítica, o percurso histórico dos períodos mais marcantes para a ciência é
analisado.
No segundo capítulo, intitulado A crise dos paradigmas e crise do conceito de
paradigma, também são evocados os termos discutidos no artigo precedente, porém de
forma diferente o autor discute sobre a crise do conceito de paradigma em ciências
sociais, dizendo que elas precisam considerar a história e os sujeitos, não os concebendo
apenas como estabelecimento de dados e a-históricos.
Desse modo, ele encerra o capítulo afirmando que devemos questionar o termo
paradigma nas atuais ciências sociais e ciências exatas e naturais, visto que ele não é um
termo absoluto e inquestionável, assim, como também rever as políticas e financiamentos
que tendem a ser maiores nas ciências exatas e naturais, consideradas privilegiadas.
Já a autora do terceiro capítulo, A crise dos paradigmas em Educação na óptica
da Psicologia, apresenta uma perspectiva psicanalítica sobre os paradigmas e as relações
entre professor e aluno, também escreve sobre a ideia de um grande vazio em relação às
crenças nos paradigmas que anteriormente foram postos e questionados, assim, como os
novos.
Ela também comenta sobre a importância do processo de interlocução entre
professor e alunos, como sendo importante para uma proposta que rompa com o jeito de
se tratar o professor como possuidor do conhecimento total, pois ela afirma que a partir
do não saber que se cria o novo.
No conciso capítulo Paradigmas em crise e a Educação, o autor explica que
quando um modelo é posto em questão na educação, ela se desorienta e por isso, se torna
necessário construir algo novo a partir das perguntas, pois os paradigmas não são
imutáveis e detentores da verdade, assim, ele propõe que o trabalho com o humano e a
vontade viver se torne a base das práticas sociais.
Logo, no próximo artigo, intitulado A História da Educação face à “crise dos
paradigmas”, a autora realiza uma crítica ao campo da ciência que pesquisa a História da
Educação, questionando se as mudanças de paradigmas foram notadas na educação em
geral e realiza uma análise nesse mesmo campo, explicando que tais transformações
afetaram a forma do historiador pesquisar e que ao entender o método como um resultante
dialético, permitiria relacionar melhor teoria e hipótese de trabalho.
No último capítulo, Navegando contra a corrente? O educador, o antropólogo
e o relativismo, a autora apresenta uma sugestão para o educador, explicando como o
olhar antropológico contribuiria para o estudo dos fenômenos que interessam aos que
estudam educação, pois o educador está em contato direto com seu ambiente estudado, se
apropriando, incorporando e construindo novos saberes a partir dessas experiências.
Ela encerra, escrevendo que a pesquisa qualitativa em educação de cunho
etnográfico mostra alguns impasses e problemas análogos que ao serem trabalhados,
mostram novos desafios.
Importante ressaltar a interlocução que podemos fazer entre o artigo e a obra de
Brandão (2010), que discorrem sobre como os paradigmas nas ciências modificam-se no
decorrer da história, contribuindo para um novo olhar, mais humano e dialético das
relações entre pesquisador e pesquisa, sobre a importância de fazermos interpretações que
balancem as estruturas dos modelos científicos já postos e que precisam mudar.
A qualidade nas pesquisas em ciências sociais não podem cair e os métodos
empregados nas ciências naturais não podem orientar os estudos, daqueles que como
objetivo central, valoriza a formação humana e

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