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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

A FAUNA DE PEQUENOS MAMÍFEROS (MAMMALIA,


RODENTIA, MURIDAE; DIDELPHIMORPHIA) DA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DA UHE CORUMBA IV.

Adrielle Sousa Okamoto

GOIÂNIA/GO
2004
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

A FAUNA DE PEQUENOS MAMÍFEROS (MAMMALIA,


RODENTIA, MURIDAE; DIDELPHIMORPHIA) DA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DA UHE CORUMBA IV.

Adrielle Sousa Okamoto

Monografia de graduação apresentada ao


Departamento de Biologia da Universidade
Católica de Goiás como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Biologia.

Orientador: Dr. Nelson Jorge da Silva Jr.

GOIÂNIA/GO
2004
2
Dedico este trabalho em especial aos
meus pais - Darci Maria de Fátima
Okamoto e Nelson Okamoto - fontes de
inspiração e amor.

3
AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Nelson Jorge da Silva Jr. pelo companheirismo, orientação, incentivo,


dedicação, confiança, oportunidades concedidas, credibilidade, enfim, por acreditar
em mim e me ensinar a trabalhar com pesquisa.
Em especial, agradeço aos meus pais e ao meu irmão pela cumplicidade, e
apoio incondicional.
Ao Márcio Costa pelo auxílio e dedicação, principalmente nas realizações de
trabalhos em campo.
Ao Hélder Lúcio Rodrigues da Silva pela atenção e apoio.
A Levi Carina Terrible pela amizade, paciência e análise estatísticas.
A Bruna (Bubu) e Alessandra (Lelequinha) não somente pela amizade e
confiança em todos estes anos acadêmicos, mas também pelo incentivo e apoio a
este trabalho.
A NATURAE e seus participantes: Pacheco, Sandro, Raphael, Clayton,
Vanderley, Claudiano, Itamar, Flávio, Lorena, Ana Paula, Samara, Andressa e Ana
Tereza, pelo apoio e atenção recebida.
Ao Paulo (Paulão), Miguel (Tio Miguel), Waldomiro, Luciano (Cabide) pela
ajuda em campo.
Ao pessoal do CEPB: Carlos, Lorenzo, Karla Graziela, Marta Regina, Nilton
(Niltera), João e Raimundo.
Aos meus amigos (as), que me acompanharam e ajudaram com muita
paciência e apoio moral para a realização desta: Otaviano (Tata), Diego (Feijao),
Gabriel, Rodrigo (Tudim), Kelle (Kell), Kalinca, Marcela (Marceleza), Ivan, Manuel
Eloy (Pomps), Nilo, Leonardo (Azul), Ricardo (Negão), Cristina (Cris), Rodrigo (Rod),
Murilo (Murilinho), Flávia, Cândido (Neto), João Neto (Bagacim), Karla (BSB), Érica
(BSB), Daniel (BSB), Laura, Nélio, Nietzche (Nit), Patrícia (Paty) e Camila (Milla).
Aos familiares: tios, tias, primos e primas.
A Fundação Oswaldo Cruz, em especial, a Dra. Elba Lemos e Paulo D’Andrea
pela atenção e disponibilidade.
Ao Departamento de Biologia: Nedirce e Renato pela colaboração.
A Kátia Pellegrino por ter aberto as portas de seu laboratório.

4
A Corumbá Concessões pelo apoio.
Ao Fernando Fernandez (UFRJ), pela atenção recebida.
Ao CNPq pela bolsa de estudos concedida.

5
“Morre lentamente quem abandona um projeto antes de inicia-
lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não
responde quando lhe indagam sobre algo que sabe”.
(Pablo Neruda).

6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURASI
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Caracterização de pequenos mamíferos....................................................................13
Descrição do Cerrado e matas galerias....................................................................14
Hantavírus..................................................................................................................15
Justificativa.................................................................................................................17
Objetivos.....................................................................................................................18
1 METODOLOGIA
Caracterização da área de trabalho...........................................................................18
Coleta.........................................................................................................................20
Análise dos dados......................................................................................................21
Biometria....................................................................................................................22
Marcação....................................................................................................................22
Diagnóstico de laboratorial ........................................................................................22
2 RESULTADOS
Espécies capturadas..................................................................................................23
Discriminação de valores biométricos........................................................................23
Relação da fitofisionomia com a fauna em estudo....................................................25
Hantavirose...............................................................................................................29
3 DISCUSÃO E CONCLUSÃO...............................................................................30
4 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................32
5 ANEXOS
Anexo 1. Mapa das áreas onde as campanhas de coletas foram realizadas
Anexo 2. Dados biométricos de roedores e marsupiais da área de influência da
UHE Corumbá IV (mm/ g)
Anexo 3. Chave para gêneros da família Didelphidae

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processo de Construção da Barragem da UHE Corumbá IV.....................18

Figura 2. Armadilhas Tomahawk...............................................................................20

Figura 3. Armadilhas de ”Pit-Fall”..............................................................................20

Figura 4. Roedor coletado em armadilha do tipo “Pit Fall”........................................21

Figura 5. Freqüência de roedores nas diferentes fitofisionomias..............................27

Figura 6. Freqüência de marsupiais nas diferentes fitofisionomias...........................27

Figura 7. Dendrograma de similaridades de pequenos mamíferos nas


fitofisionomias.............................................................................................................28

Figura 8. Lesões cutâneas no dorso e ventre de Oecomys sp.................................29

8
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista das espécies de pequenos mamíferos capturados durante o


inventario da UHE Corumbá IV..................................................................................23

Tabela 2. Riqueza e abundância de roedores e marsupiais nas


fitofisionomias.............................................................................................................26

Tabela 3. Tabela de Jaccard apresentando similaridade de pequenos


mamíferos nas fitofisionomias...................................................................................28

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RESUMO
A construção de uma usina hidrelétrica gera uma série de impactos ambientais de
difícil mensuração prática. A obrigação de deslocamento dos animais para lugares mais
altos pode resultar em mortes por predação ou por afogamento.Pequenos mamíferos,
principalmente aqueles de hábitos arborícolas, presentes nas matas de galeria, são os mais
diretamente afetados por serem essas áreas primeiramente inundadas. Os marsupiais
possuem um importante papel de dispersão de sementes, sendo assim essenciais na
manutenção dos ecossistemas ripários. Este grupo (Didelphidae), juntamente com o grupo
dos roedores (Muridae) são também animais de interesse de saúde pública, pois podem ser
potenciais portadores de hantavirose. Assim sendo, a análise de sangue destes animais é
de grande importância para se ter uma noção sobre a ocorrência e prevalência dessa virose
em populações naturais, podendo-se evitar um manejo negativo sob a égide da saúde
pública. Esse trabalho trata do levantamento -taxonômico de marsupiais (Didelphidae) e
roedores (Muridae), áreas de vivência em diferentes fitofisionomias, discriminar dados
biométricos, importantes para a avaliação de medidas de manejo e conservação. No total,
foram identificados 146 espécimes de pequenos mamíferos na área de influência da UHE
Corumbá IV, havendo 8 (oito) espécies de roedores e 6 (seis) de marsupias. Em relação à
composição de espécies, a fitofisionomia mais similar às matas de galeria foi o cerrado
denso, (Índice de Jaccard = 0,428). Os marsupiais apresentaram maior freqüência em mata
galeria (73%) assim como os roedores (72%), seguido de roedores em ambiente antrópico
(8%) e campo cerrado (8%) e marsupiais em cerrado denso (12%).

Palavras-chave: Pequenos Mamíferos, Corumbá IV, Hantavirose, Cerrado

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ABSTRACT
The construction of a hydroelectric power plant produces a series of environmental
impacts that are difficult to be measured. The involuntary movement of animals to higher
grounds may result in death by predation or drowning. Small mammals, especially with
arboreal habits found in gallery forests are the most directly affected due to the location of
these areas. Marsupials play an important role in seed dispersal being essential in the
maintenance of the river ecosystems. This group (Didelphidae) together with rodents
(Muridae) are also animal of public health interest because they may be carriers of
hantavirus. Therefore, the blood analyses of these animals is very important to gather
information about occurrence and prevalence of this virus in natural populations providing
ways to avoid a negative situation management in public health. This study deals with the α-
taxonomic inventory of marsupials (Didelphidae) and rodents (Muridae), home ranges in
different vegetational formations, discrimation of biometric data, all important to the
evaluation of management and conservation measures. In total, 146 specimens of small
mammals were identified within the influence area of the UHE Corumbá IV, with 8 species of
rodents and 6 species of marsupials. In relation to the composition of species, the
vegetational formation more similar to the gallery forest was the dense cerradão (Jaccard
Index = 0,428). The marsupials presented the highest frequency in gallery forests (73%) as
well as the rodents (72%) followed by rodents in anthropic environment (8%) and open
cerradão (8%) and marsupials in dense cerradão (12%).

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INTRODUÇÃO
Os marsupiais, dentre os Mammalia viventes, são considerados primitivos, com
registros fósseis do Cretáceo. Pertencem a Infraclasse Metatheria ou Marsupialia
(sensu latu) por possuírem um desenvolvimento embrionário incompleto devido à
falta de placenta e, ordem Didelphimorphia (Lange e Jablonski, 1998). Uma recente
descoberta de fósseis de marsupiais na Península da Antártica indica que antes da
glaciação, quando a Antártica, Austrália e América do Sul eram unidas, a Antártica
possivelmente e serviu como uma ponte para o trânsito destes animais da América
do Sul para a Austrália (Woodburne and Zinmeister, 1982 apud Einsenberg and
Redford, 1999) o que explica as relações fitogeográficas entre esses continentes do
hemisfério sul.
Atualmente, os marsupiais do hemisfério leste estão confinados à região da
Austrália e Nova Guiné que passaram por uma extensa radiação adaptativa. No
hemisfério oeste, a maior radiação adaptativa dos marsupiais ocorreu na América do
Sul (Einsenberg and Redford, 1999). No mundo, são conhecidas 250 espécies de
marsupiais, distribuídas em nove famílias, sendo a maioria da região oceânica. No
território brasileiro ocorre somente a família dos didelfídeos (Didelphidae), com cerca
de 40 espécies (Silva, 1994).
Os animais da ordem Didelphimorphia são completamente solitários, noturnos
ou crepusculares (Einsenberg and Redford, 1999). Possuem hábitos variados sendo:
terrestres, escansoriais, arborícolas e aquáticos (Marshal, 1978 b; Fonseca et al.
1996 apud Lange e Jablonski, 1998). Alimentam-se de insetos e outros
invertebrados, pequenos vertebrados, algumas frutas maduras e néctar, mas pelo
menos quatro espécies provavelmente comem mais frutas do que proteína animal e
uma espécie come peixe (Emmons, 1997).
De acordo com o trabalho feito por Leite Costa e Stallings (1992) apud Lange e
Jablonski (1998), os marsupiais arborícolas, predominantemente frugívoros, e até
mesmo aqueles que consomem frutas com menor freqüência, têm importância no
ciclo reprodutivo de espécies vegetais, pois agem como dispersores de sementes
por zoocoria. Assim sendo, pode-se dizer que na ausência destes animais, algumas
espécies vegetais as quais as sementes não são dispersas pelo vento, podem até

12
mesmo chegar à extinção, pois necessitam destes animais para este fim e para a
quebra de dormência da semente, que ocorre devido ao pH estomacal.
Os murídeos mostram um amplo hábito de vida e características de reprodução
podem ser terrestres, arbóreos e semiaquáticos. De acordo Emmons (1997), suas
características morfológicas estão associadas a fatores ecológicos como clima e
habitat, é a maior família do grupo dos mamíferos com cerca de 1.326 espécies,
dividida em 17 subfamílias. Não há uma chave de classificação compreensiva, ou
uma descrição detalhadas espécies de muitos gêneros pertencente aos murídeos,
desta forma se faz necessário o estudo profundo destas espécies para uma
identificação correta.
O bioma Cerrado contém uma rica comunidade de mamíferos (Johnson et al.,
1999), composto de áreas fitogeográficas distintas, de formações abertas tais como:
campos limpos, campos sujos e campos cerrados; e formações fechadas que são:
cerrado, cerradão (cerrado denso) e mata de galeria (Eiten, 1972 apud Johnson et
al., 1999). É a segunda maior formação vegetal no Brasil, com área de
aproximadamente 20 milhões km2 (Ab’Saber, 1971; Eiten, 1972; Felfili e Silva, 1993;
Oliveira – Filho et al., 1989 apud Johnson et al., 1999), e como a maioria dos
grandes tipos de habitat no mundo, o Cerrado está sendo convertido em sistemas
mais simples devido a atividades humanas (NATURAE, 1996), encontrando-se, em
sua grande maioria, completamente comprometido (Novaes Pinto, 1994), sofrendo
um processo de fragmentação ambiental e, conseqüentemente, uma perda da
biodiversidade ainda incalculável (Costa, no prelo).
As matas de galeria contêm duas vezes mais espécies de mamíferos comuns
às matas úmidas que às outras fisionomias do Cerrado reunidas (Johnson et al.,
1999). Pouco menos da metade das espécies (45%) associadas a esta fitofisionomia
pode ser considerada rara, podendo ocorrer em baixa densidade nas situações em
que são encontradas, ou ter números populacionais um pouco mais elevados, mas
em áreas consideravelmente restritas (Marinho-Filho e Gastal, 2001). Em fundos de
vales, aparecem margeando cursos d’água, com solos sempre bem drenados,
estacionais ou permanentemente saturados, possuindo uma camada lenhosa de
galeria composta de arbustos de cerrado, que formam faixas estreitas, contínuas ou
interruptas (Eiten, 2001). São de grande importância quando comparadas às outras

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fitofisionomias, pois servem de corredores mésicos que teriam permitido a
manutenção de uma fauna característica de formações florestais e sem adaptações
específicas à ambiente xéricos (Mares et al., 1986, Redford and Fonseca, 1986 apud
Johnson et al., 1999), oferecem abrigo para estes animais, que normalmente utilizam
os habitats adjacentes para buscar alimento (Marinho – Filho e Reis, 1989; Alho,
1990 apud Marinho - Filho e Gastal, 2001) e fornecendo habitat dentro do Cerrado
para mamíferos das matas úmidas, pode-se haver um aumento da biodiversidade
devido a sua complexidade estrutural.
Animais que habitam formações abertas estão sujeitos aos efeitos das
flutuações ambientais, por estarem sujeitas a variações climáticas, além disso, são
formações que estão sofrendo grande impacto devido a expansão agrícola e
pecuária. Animais de pequeno porte permanecem restritos a uma determinada área
ao longo de suas vidas (O’Connell, 1981 apud Cordeiro, 1999), sendo assim
afetados diretamente por estes eventos devido à limitação de deslocamento para
refúgio.
As fitofisionomias utilizadas neste estudo são: mata galeria (MG) sendo
caracterizada por acompanhar cursos d’água numa faixa de largura variável; cerrado
denso (CD) possui uma camada lenhosa descontínua, constituída por árvores de até
8 metros de altura, contendo algumas espécies de angiospermas e pteridófitas;
campo cerrado (CC) que contém árvores e arbustos de caule espesso, havendo
ervas, semi-arbustos e gramíneas; campo sujo (CS) sendo um tipo de fitofisionomia
exclusivamente herbáceo-arbustivo, com arbustos e subarbustos esparsos cujas
plantas, muitas vezes, são constituídas por indivíduos menos desenvolvidos das
espécies arbóreas (Ribeiro e Walter, 1998) e ambiente antrópico (AA) área onde
ações humanas destruíram as características naturais das fitofisionomias antes
presentes.
Sendo os mamíferos importantes para a manutenção dos ecossistemas, é
extremamente importante a obtenção de dados para avaliar medidas de
conservação e manejo dos habitats do Cerrado como também a importância da mata
de galeria não somente servindo de abrigo para a fauna, mas também funcionando
como corredores de dispersão para este grupo. Primack e Rodrigues (2001)
sugerem que a diversidade das espécies representa o alcance das adaptações

14
evolucionárias e ecológicas em determinados ambientes. Com isso, faz-se
necessário conhecer melhor estes ambientes e sua fauna para se determinar até
que ponto estes encontram-se inter-relacionados.
Uma segunda preocupação com o grupo de marsupiais incluindo a família de
roedores Muridae está relacionada ao fato de os roedores já haverem sido
identificados como portadores de hantavirose e, sendo de interesse para saúde
pública, é importante a realização de levantamentos básicos da ocorrência desse
vírus em populações naturais ao exemplo da área de estudo definida para este
trabalho. Pelo fato dos marsupiais se encontrarem no mesmo habitat dos roedores
(Muridae) e possuírem semelhança no hábito alimentar e de vida, sugere-se o
diagnóstico para o vírus da hantavirose também no grupo dos didelfídeos, apesar de
desconhecer casos em que este grupo seja reservatório do vírus.
O gênero hantavírus é um vírus RNA pertencente à família Bunyaviridae. Duas
doenças humanas distintas de hantaviroses são conhecidas: a febre hemorrágica
com síndrome renal, típica das regiões da Ásia e Europa, e a síndrome pulmonar e
cardiovascular (SPCVH) que ocorre com maior índice nas Américas.
Cada vírus está associado a uma espécie específica de roedor hospedeiro, e
provavelmente, os hantavírus co-evoluiram com os respectivos roedores
reservatórios, (Camargo e Rubio, 2003) sugerindo-se essa especificidade. A doença
pode ser desenvolvida num período de até 42 dias, tendo como período de
incubação de 12 (doze) a 16 (dezesseis) dias. Nos roedores, a infecção não leva a
morte, podendo mantê-lo como hospedeiro / reservatório natural durante toda a vida.
O vírus pode ser isolado em fragmentos de pulmões, coração e rins e eliminados em
grande quantidade, na saliva, urina e fezes, durante longo período (Camargo e
Rubio, 2003).
A transmissão é feita através de água e comida contaminada; por via
respiratória, através de pó das fezes, urina e saliva dos roedores; lesões de pele;
mordidas de ratos e acidentalmente pela manipulação de animais em laboratório
(Chung, 2001). De acordo com Pincelli et. al. (2003) em 1996 na Argentina houve
transmissão interpessoal do vírus – Andes – ocasionando um surto, este foi o único
caso registrado de transmissão interpessoal revelado até nos dias atuais.

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Os sintomas referentes à síndrome pulmonar e cardiovascular são: febre,
mialgias, dor abdominal, vômitos e cefaléia; seguidas de tosse produtiva, dispnéia,
taquipnéia, taquicardia, hipoxemia arterial, acidose metabólica e edema pulmonar
levando a insuficiência respiratória aguda e choque respiratório.
O tratamento se faz com assistência respiratória, hidratação endovenosa e
utilização de aminas vasoativas (Figueiredo et al., 2001). Não existe tratamento
direto para eliminar o vírus, nos casos mais graves e faz-se a internação em
unidades de terapia intensiva.
O crescente aumento de ocorrência dos focos deve-se à modificação
comportamental dos roedores silvestres devido ao desequilíbrio em seu nicho
ecológico causado por ações antrópicas, tais como invasões a áreas rurais e
queimadas de plantações, de cana-de-açúcar, por exemplo. Ferreira (2003)
relaciona o aumento da ocorrência de casos em determinadas regiões, com sua
sazonalidade, uma vez que a maioria dos casos ocorrem em época mais secas do
ano havendo não somente menor disponibilidade de alimentos para os roedores no
ambiente silvestre como também, maior freqüência de queimadas.
No Brasil, desde o primeiro surto, relatado 1993, em Juquitiba – São Paulo –
226 casos já foram registrados pela Fundação Nacional de Saúde (Pincelli et al.,
2003) embora evidências da presença de Hantavírus no Brasil são observadas
desde a década de 70 (Figueiredo et al, 2001). Além de São Paulo, foram
observados casos de SPCVH nos Estados do Rio Grande do Sul (RS), Minas Gerais
(MG) e Mato Grosso (MT), Paraná (PR), Goiás (GO), Santa Catarina (SC), Pará
(PA), Maranhão (MA), Mato Grosso do Sul (MS) e Bahia (BA). No Rio Grande do
Norte (RN) e Pernambuco (PE) houve registro da ocorrência de febre hemorrágica
com síndrome renal.
Estudos com captura de roedores silvestres no estado de São Paulo
mostraram que as espécies Akodon sp. (rato-da-mata), Oligoryzomys sp. (ratinho-
do-arroz) e principalmente Bolomys lasiurus (rato-do-rabo-peludo) têm sido
encontrados apresentando anticorpos séricos para hantavírus e, provavelmente,
seriam os reservatórios destes agentes causadores de SPCVH (Johnson et al.,
1999b; Pereira et al.1999 e Romano-Lieber, 2001 apud Pincelli et al, 2003).

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Segundo El-Khoury apud Ferreira, (2003), Bolomys lasiurus, encontra-se
distribuído por toda região de cerrados do Brasil, sendo a espécie de roedor
predominante. Nos estados do Sul, o roedor transmissor é o Oligoryzomys nigripes
onde casos isolados ou pequenos surtos da doença foram descritos. Já no
Maranhão identificaram a presença deste vírus num roedor de hábitos aquáticos do
gênero Holochilus em uma área onde ocorreram casos da doença, e o consideraram
como provável transmissor desta no local.
Pelo fato da hantavirose ser uma doença infecciosa de alta letalidade, em
algumas regiões do Brasil pessoas, e mesmo governos municipais e estaduais,
adotam uma atitude mais radical, condenando à morte de animais silvestres,
exterminando com todos aqueles que pertencem aos grupos potencialmente
transmissores, sem mesmo saber se são ou não portadores desta doença. A
documentação destes grupos (Didelphidae e Muridae) como sendo ou não
portadores da hantavirose, tem uma implicação grande na conservação destes
animais.
Grande parte da fauna de marsupiais permanece desconhecida, poucas
inferências têm sido feitas sobre a distribuição destes pequenos mamíferos, sua
importância para a manutenção de espécies vegetais e a influência das
fitofisionomias para a fauna.
Devem ser investidos esforços maiores para obter dados que se fazem
necessários para subsidiar medidas de conservação e manejo para este grupo, e a
solução para isto, é entender sua relação biológica com o ambiente e sua situação
populacional atual, justificando-se a necessidade de sua conservação.
O presente estudo visa à compreensão maior dessas características, devido à
crescente fragmentação do Cerrado, por insularização, onde grandes
empreendimentos hidrelétricos contribuem para um impacto local-regional ainda não
mensurado, ocasionando a fuga e morte de animais por predação, afogamento ou
morte natural devido à escassa disponibilidade de alimento e a relação desta fauna
com sua fitofisionomia de preferência. O diagnóstico de doenças patogênicas em
roedores (Muridae) e marsupiais (Didelphidae) justifica-se como uma medida de
controle para determinação da forma e local de contágio, para posterior

17
mapeamento dos casos a fim de obter precisão na distribuição espacial e geográfica
e desenvolvimento de ações (ou medidas) de controle.
Este trabalho tem por objetivo realizar o levantamento alfa-taxonômico da
mastofauna de marsupiais (Didelphidae) e roedores (Muridae) da área de estudo e o
relato da ocorrência e preferência de habitats desta mastofauna bem como fazer a
discriminação dos dados biométricos (média, desvio padrão e variância) dos
pequenos mamíferos da área de influencia da UHE Corumbá IV.

METODOLOGIA

CARACTERIZAÇAO DA ÁREA DE TRABALHO


A área escolhida é a bacia de inundação da Usina Hidrelétrica Corumbá IV,
localizada no Estado de Goiás, nos municípios de Luziânia, Abadiânia, Silvânia,
Corumbá de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama, Alexânia, por onde
corre o rio Corumbá, estando aproximadamente a 200 km de Goiânia. O trecho
afetado está situado ao longo do Rio Corumbá, que é sub-bacia do Rio Paranaíba.
A barragem se encontra no quilômetro 10 do município de Luziânia, com uma
capacidade instalada de 345 kV, e uma área total inundada de 180 km 2 (Figura 1).

Figura1. Processo de construção da Barragem da UHE Corumbá IV.

A UHE Corumbá IV teve seu contrato assinado no início de 2001 com um


consórcio misto (Via Engenharia e Caesb), mas posteriormente foi modificado,
recebendo assim o apoio de Corumbá Concessões S. A. e os inventariamentos
começaram a ser efetuados pela NATURAE Consultoria Ambiental, no ano de 2002.
Em julho de 2003, a obra da UHE Corumbá IV esteve paralisada devido a ações e

18
processos movidos contra a empresa Corumbá Concessões S. A. e falta de verbas,
para o fim de realização do inventariamento. Em janeiro de 2004, a obra foi
reiniciada, e os inventariamentos reconduzidos.
O rio Corumbá recebe águas dos rios Descoberto e São Bartolomeu, que
nascem no Distrito Federal. Suas margens sofrem conseqüência de ações
antrópicas como a retirada de areia, desmatamento de matas ciliares, poluição
industrial e atividades agrícolas, causando um grande impacto na extensão do rio.
Com a construção da UHE Corumbá IV, investimentos maiores terão que ser feitos
para o tratamento de esgoto, vindos da vertente do Distrito Federal e de Luziânia
(GO). As áreas susceptíveis a sofrer impacto com a construção da usina hidrelétrica
estão qualificadas como área de influência – AI, área diretamente afetada – ADA ou
área de entorno – AE.
A Área de Influência (AI) – pode ser definida como o espaço físico, biótico e
sócio-econômico que sofrerão algum impacto, podendo assim ser delimitada para
cada fator do ambiente natural e para os componentes culturais, econômicos, sociais
e políticos refletindo o impacto causado mesmo em regiões afastadas da construção
do empreendimento hidrelétrico, pode-se dizer que é a área indiretamente afetada.
Na UHE Corumbá IV, área onde os impactos do empreendimento poderão ser
sentidos, apresenta maior abrangência, compreendendo a bacia do rio Corumbá à
montante dos municípios de Silvânia e Alexânia (NATURAE, 2002a).
Área Diretamente Afetada (ADA) – são áreas afetadas direta e fisicamente,
pelas obras e pelo reservatório (inundação e operação), inclusos acampamentos,
jazidas e vilas com um nível de água máximo com 16.800 ha, no caso de Corumbá
IV.
Área do Entorno (AE) – área imediatamente contígua envolvendo todos os
meios e em função principalmente dos impactos e sua extensão. Na UHE Corumbá
IV esta área é externa ao reservatório, mas com possível probabilidade de sofrer
extensão dos impactos, teve seus limites definidos ao Norte, pela presença da BR –
060; incluindo-se as zonas urbanas de Alexânia e Luziânia, a Nordeste pela divisa
com o Distrito Federal, a Oeste pelas rodovias GO – 474 e GO – 437; ao Sul pela
rodovia GO – 010 e a leste pelo divisor de águas das sub-bacias do córrego
Alagado.

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COLETA
Para a coleta, foram estabelecidas cinco estações por ponto amostral, em
“transects” de 100 m, constituídas, cada um de uma armadilha Tomahawk (Figura 2)
totalizando em 30 (trinta) armadilhas por linha; foram usados tubos de PVC de 100
mm e 150 mm para coleta de marsupiais no dossel arbóreo, com iscas de abacaxi,
pasta de amendoim, emulsão Scotch, paçoca e farinha de milho. Outro tipo de
armadilha foi de “pit-falls” (Figura 3 e 4) com baldes de 20 litros, com padrão “Y” e
“drift-fences” de 4 x 50 metros (Greenberg et al., 1994; Scott, 1994; Heyer et al. 1994
apud NATURAE, 2002b) sendo cada estação, constituída de quatro baldes
enterrados interligados por “drift fences” . Cada tipo de fitofisionomia foi identificada
para as linhas de coleta. No total foram efetuadas 7 (sete) campanhas, em locais
distintos (Anexo 1 - mapa ). O tempo de amostragem de cada campanha realizada
variava de 10 a 20 dias.

Figura 2. Armadilhas Tomahawk.

Figura 3. Armadilhas “pit-fall”.

20
Figura 4. Roedor coletado em “pit-fall”.

ANÁLISE DOS DADOS


Foi calculada a matriz de similaridade da mastofauna entre as fitofisionomias,
a partir do Índice de Similaridade de Jaccard, que é um método qualitativo (leva em
consideração a presença e ausência de espécies), calculado através da fórmula:
a
Sj 
abc onde,

Sj = Coeficiente de similaridade de Jaccard;

a = número de espécies que ocorrem na tanto na comunidade A quanto na B (co-ocorrência);

b = número de espécies que ocorrem na comunidade B, mas que estão ausentes na comunidade A;

c = número de espécies que ocorrem na comunidade A, mas que estão ausentes na comunidade B.

Para construção do dendrograma (agrupamento entre as fitofisionomias) a


partir da matriz de similaridade, foi utilizado o método UPGMA (Unweighted Pair-
Group Method), segundo Krebs (1999).
BIOMETRIA
Após a captura, os animais foram colocados em sacos de pano e conduzidos
ao laboratório provisório instalado no acampamento para obtenção de dados como
peso, sexo, localização específica da coleta, data e mensuração do animal e com a
utilização de paquímetro, foi medido o comprimento total cabeça-corpo-cauda (CC),
o comprimento da cauda (C-Cd), pé sem unha (Pé s/u) e pé com unha (Pé c/u).
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MARCAÇÃO
Foi utilizado uma adaptação do método de Martof (Martof, 1953), onde é feita a
substituição da ablação de dígitos pela aplicação de biopolímeros, respeitando-se
uma numeração própria para cada animal. Posteriormente a soltura foi realizada no
mesmo local onde foi coletado, com o intuito de detectar a realização de recapturas
e determinação dos padrões de ocupação da área de vivência.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Foram coletadas amostras de sangue, armazenadas em tubos Eppendorf (2,0
ml) e imediatamente congeladas em nitrogênio líquido. Posteriormente as amostras
serão encaminhadas à Fundação Instituto Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) para os
procedimentos de diagnóstico de hantavirose. A análise sorológica mais utilizada é a
imunoenzimática, chamada de ELISA, que separa anticorpos das classes IgM e IgG,
a presença de IgM ou a quadruplicação do IgG em amostras de soro pareadas,
confirma suspeita de infecção. As análises do diagnóstico de hantavirose não foram
possíveis devido ao contratempo ocorrido pela FIOCRUZ em atender a uma ação
direta em emergência epidemiológica não discriminada.

22
RESULTADOS

ESPÉCIES CAPTURADAS
Durante o inventário de fauna de Corumbá IV, foram coletados e identificados
146 espécimes de pequenos mamíferos, dentre eles, 79 roedores e 67 marsupiais,
totalizando em oito espécies de roedores e seis de marsupiais (Tabela 1).
pertencentes a 13 gêneros, 2 famílias e 2 ordens.O sucesso de captura referente à
espécie Didelphis albiventris totalizou a 24%, sendo o maior índice de coleta.

Tabela 1. Lista das espécies de pequenos mamíferos capturados durante o


inventario da UHE Corumbá IV
ORDEM FAMILIA GÊNERO ESPÉCIE
Didelphis Didelphis albiventris
Gracilinanus Gracilinanus sp.
Marmosa Marmosa murina
Didelphimorphia Didelphidae
Marmosops Marmosops parvidens
Monodelphis Monodelphis kunsi
Monodelphis domestica
Akodon sp.
Akodon
Bolomys lasiurus
Bolomys
Mus musculus
Mus
Oecomys bicolor
Oecomys
Rodentia Muridae Oligoryzomys sp.
Oligoryzomys
Oryzomys sp.
Oryzomys
Rattus rattus
Rattus
Rhipidomys mastacalis
Rhipidomys

DISCRIMINAÇAO DE VALORES BIOMÉTRICOS


O Anexo 2 apresenta os resultados de biometria (média, desvio padrão e
valores máximo e mínimo) para marsupiais e roedores na área de influência da UHE
Corumbá IV.
Relacionando os dados biométricos, com os dados de Emmons (1997) os
gêneros identificados podem ser assim descritos:

23
Oryzomys sp. com cerca de 36 espécies e seus valores biométricos (em
milímetros) variam em CC= 100-190 mm, C-cd= 79-210 mm, Pe c/u= 25-40 mm e
peso de 40-120 gramas (g). Os dados obtidos resultaram em três exemplares
fêmeas (n=3) e nove machos (n=9). Para fêmeas o CC varia entre 129-225 mm; C-
cd=94-115 mm; Pé c/u= 19-30 mm e peso 11-40 g. Para machos foram computados
valores para CC= 123-132; C-cd= 50-133 mm; Péc/u= 14-29 mm e peso 8-46 g.
Oligoryzomys sp. com cerca de 15 espécies, com a média de valores
biométricos: CC= 70-110 mm, C-cd= 85-155 mm, Pe c/u=20-30 mm e peso de 9-40
g (Emmons, 1997). De acordo os dados, para fêmeas, com n= 3, o CC= 129-225
mm; C-cd= 94-115 mm; Pé c/u= 19-30 mm e peso 11-40 g. Para machos com n=12,
CC= 117-247 mm; C-cd= 86-125 mm; Pé c/u= 19-29 mm e peso 9-59 g.
Oecomys bicolor com cerca de 13 espécies e valores médios biométricos: CC=
95-175 mm, C-cd= 90-190 mm, Pe c/u= 20-32 mm e peso de 21-88 g (Emmons,
1997). Os dados obtidos para fêmeas com n=4, o CC= 165-270 mm; C-cd= 82-143
mm; Pé c/u= 20-24 e peso 20-59 g. E machos com n=8, revelam CC= 128-301 mm;
C-cd= 96-151mm; Pé c/u= 20-29 mm e peso 18-74 g.
Akodon sp. com cerca de 45 espécies com valores biométricos que variam de:
CC= 90-136 mm, C-cd= 32-92 mm, Pe c/u= 17-28 mm e peso de 19-89 g (Emmons,
1997). De acordo os dados, fêmeas com n=8 obtiveram CC= 100-192 mm; C-cd=
44-98 mm; Pe c/u= 14-21 mm e peso 12-42 g. Machos com n=11 com CC= 104-232
mm; C-cd= 39-131 mm; Pé c/u= 13-27 mm e peso 11-150 g.
Bolomys lasiurus com valores de CC= 03 mm; C-cd= 75 mm; Pé c/u= 25 mm e
peso 35g (Einsenberg and Redford, 1999). Os dados computaram para fêmeas com
n= 5, valores CC= 128-204 mm; C-cd= 58-97 mm; Pé c/u= 17-22 mm e peso= 13-42
g. E machos com n= 11, CC= 146-196 mm; C-cd= 58-78 mm; Péc/u= 15-22 mm e
peso 21-66 g.
Didelphis albiventris com CC=305-437 mm, C-cd= 290-430 mm, Pe c/u= 45-68
mm, Orelhas= 41-60 mm e peso 500-2000 g (Emmons, 1997). Os dados obtidos
para fêmeas com n= 16 são CC= 160-730 mm; Ccd= 128-360 mm; Pé c/u= 11-48
mm e peso 56-640g. E machos com n= 19 com CC= 302-692 mm; C-cd= 141-328
mm, Pé c/u= 26-49 mm e peso 90-745 g.

24
Monodelphis domestica com valores CC= 130-191 mm, C-cd= 70-160 mm, Pé
c/u= 17-22 mm e peso de 36-98 g (Emmons, 1997). Os dados para machos com n=
8 computaram em CC= 86-215 mm; C-cd= 35-61 mm; Pé c/u= 8-19 mm e peso 11-
120g. Esses dados não foram discriminados para as fêmeas devido à falta de
exemplares.
Monodelphis kunsi possui a variação de CC= 71-94 mm, C-cd= 41-42 mm, Pé
c/u= 12 mm e peso de 19 g (Emmons, 1997). Para fêmeas com n= 2 obteve-se CC=
96-113 mm; C-cd= 30-32 mm; Pé c/u= 6-8 mm e peso 6-7 g. Machos com n= 2, CC=
101-124 mm; C-cd= 36,9-36,5 mm; Pé s/u= 10-12 mm e peso 5-11 g.
Gracilinanus emiliae possui variação CC= 72-87 mm; C-cd= 128-143 mm, Pé
c/u= 14-16 mm e peso 10 g (Emmons,1997). Para fêmeas com n= 3, a obteve-se
variação de CC= 132-209 mm; C-cd= 79-117 mm; Pé s/u = 12-13 m; Pé c/u= 12-13
mm e peso 7-21 g. Machos com n= 8, CC= 110-203 mm; C-cd= 62-108 mm; Pé s/u=
10-21 mm; Pé c/u= 10-21 mm e peso 6-29 g.
Para Rattus rattus, Mus musculus, Rhipidomys mastacalis, Marmosa murina,
Gracilinanus agilis e Marmosops parvidens, não foi possível discriminar os valores
biométricos devido ao número reduzido de exemplares.

RELAÇAO DE FITOFISIONOMIA COM A FAUNA EM ESTUDO


A mata de galeria apresentou maior abundância e riqueza tanto de roedores
quanto de marsupiais, com relação às demais fitofisionomias (Tabela 2), apontando
assim a importância dessa mata para a preservação da fauna em estudo.
Uma diferença importante observada foi quanto aos roedores, que foram mais
abundantes em ambientes antrópicos do que os marsupiais, com presença de 8%
para roedores e 3% para marsupiais. Os marsupiais apresentaram maior freqüência
em mata galeria (73%) e cerrado denso (12%) enquanto que os roedores tiveram
maior ocorrência em mata galeria (72%), ambiente antrópico (8%) e campo cerrado
(8%) (Figura 5 e Figura 6).

25
Tabela 2. Riqueza e abundância de roedores e marsupiais nas fitofisionomias .

TAXA FITOFISIONOMIAS

MG CD CC AA CS

CLASSE MAMMALIA

ORDEM RODENTIA
Família Muridae

Akodon sp. 9 4 4 2
Bolomys lasiurus 10 2 1 3

Mus musculus 2
Oecomys bicolor 10 1

Oligoryzomys sp. 13 2
Oryzomys sp. 7 1 1

Rattus rattus 1

Rhipidomys mastacalis 1

Total 53 4 6 6 5

ORDEM
DIDELPHIMORPHIA
Família Didelphidae

Didelphis albiventris 29 4 1 2
Gracilinanus sp. 10 2 2

Marmosa murina 1

Marmosops parvidens 2

Monodelphis domestica 4 3 2
Monodelphis kunsi 2 2

Total 48 8 6 2 2

26
Freqüência (%) de roedores nas fitofisionomias

CC
CS 8%
7%
AA
8% MG
CD
AA
CD CS
5%
CC
MG
72%

Figura 5. Freqüência de roedores nas diferentes fitofisionomias

Freqüência (% ) de marsupiais nas fitofisionomias

CC
CS
AA 9%
3%
3%
CD MG
12%
CD
AA
CS
CC
MG
73%

Figura 6. Freqüência de marsupiais nas diferentes fitofisionomia.

O índice de similaridade de Jaccard revelou valores menores do que 0,50


quanto à presença destes animais nas diversas fitofisionomias, sugerindo que as

27
comunidades de mamíferos presentes nestas fitofisionomias podem ser
consideradas diferentes umas das outras.
A fitofisionomia mais similar às matas de galeria em relação à composição de
espécies foi o cerrado denso, (Índice de Jaccard = 0,428) enquanto que campo sujo
se assemelhou com campo cerrado, com similaridade de 0,5 e campo cerrado com
ambiente antrópico, com similaridade de 0,75 (Tabela 3, Figura 7).

Tabela 3. Tabela Jaccard apresentando similaridade de pequenos mamíferos


nas diversas fitofisionomias
MG CS CD CC AA
MG 0,181 0,428 0,181 0,181
CS 0,214 0,181 0,450 0,450
CD 0,428 0,000 0,181 0,181
CC 0,214 0,500 0,125 0,750
AA 0,285 0,400 0,250 0,750

Figura 7. Dendrograma de similaridade de pequenos mamíferos nas fitofisionomias.

28
HANTAVIROSE
Não foi possível realizar análises sorológicas para hantavirose devido ao pouco
tempo disponível, já que ações de emergências epidemiológicas ainda não
discriminadas tiveram que ser realizadas, pela Fundação Oswaldo Cruz, impedindo
a conclusão dessa colaboração.
Entretanto, um exemplar de Oecomys bicolor (NATM 0047) coletado
evidenciou lesões pelo corpo, sugerindo que este esteja infectado por Leishmaniose
(Figura 8). Entretanto, existe a necessidade de diagnóstico para confirmação desta
suspeita.

Figura 8. Lesões cutâneas no dorso e ventre de Oecomys bicolor.

29
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

De acordo a distribuição geográfica das espécies de roedores e marsupiais


encontradas neste estudo pode-se observar a alta freqüência destes grupos no
Cerrado, sendo animais comuns neste habitat, corroborando assim com os dados de
Emmons(1997). Parte do estudo esteve prejudicado devido a paralização da obra da
UHE Corumbá IV, impedindo assim a coleta efetiva e significante de espécies para a
realização de análises estatísticas pertinentes.
As análises de hantavirose foram prejudicadas devido à baixa quantidade de
exemplares coletados e problemas operacionais por parte da Fundação Oswaldo
Cruz. As análises serão efetuadas assim que possível. É necessário que se faça um
mapeamento geográfico da distribuição dos casos ocorridos e tomar medidas de
controle necessárias para a prevenção, como a orientação dos moradores,
principalmente rurais, que estão mais suceptíveis à infecção.
Os dados biométricos obtidos neste estudo foram comparados com as medidas
citadas por Emmons (1997) e Einsenberg and Redford (1999) e corroboram com os
resultados apresentados por estes autores para o gênero. Algumas diferenças das
análises biométricas podem ser explicadas pela presença de filhotes e reduzido
número de exemplares na amostra, como é o caso de Oecomys bicolor, cuja
amostra foi de 4 (quatro) exemplares fêmeas e 8 (oito) machos, e o CC mínimo
registrado para as fêmeas foi de 25 mm, enquanto Emmons (1997) cita um tamanho
mínimo de 90 mm.
A situação taxonômica das diversas espécies de roedores coletados é bastante
complexa. Para identificação não leva em consideração somente dados biométricos,
esses valores são gerais e não são significativos para a discriminação das espécies
deste grupo. As descrições taxonômicas incluem diversas características e
atualmente estão muito mais centradas em osteologia craniana e marcadores
genéticos e a tradicional taxidermia.
No grupo dos marsupiais, a identificação de gêneros se torna mais fácil com
valores biométricos (comparando com a identificação de roedores), mas este
também não é um fator determinante, como mostra a chave para gêneros da família
Didelphidae no Anexo 3.

30
De acordo ao trabalho realizado, conclui-se a importância da preservação
deste grupo para a manutenção do ecossistema, principalmente dos marsupiais que
são dispersores de sementes mantendo assim a conservação de espécies vegetais
em matas galeria. O índice de similaridade de Jaccard demonstrou a relação das
espécies da mata galeria com cerrado denso e de campo cerrado com ambiente
antrópico e campo sujo.
Os dados obtidos com relação a preferência de habitat corroboram com a idéia
de Marinho-Filho e Gastal (2001) onde demonstram a importância das matas
galerias para o fluxo da fauna e a relação com os habitats adjacentes. E, também
com a idéia de Johnson et al. (1999), onde demonstra a preferência da mastofauna
às matas de galeria. Muller-Dombois and Ellenberg (1925) apud Johnson et al (1999)
sugerem, para índice de similaridade de Jaccard abaixo de 0,5 a diferença entre as
comunidades de mamíferos, presentes nestas fitofisionomias. Para roedores, não
existe um padrão de distribuição, mas para marsupiais, fica bem claro a preferência
por mata galeria, devido ao fato que estes são, na maioria, arborícolas, ou
escansoriais, como é o caso de Didelphis albiventris.
As espécies: Rattus rattus (rato-do-telhado) e Mus musculus (camundongo)
são animais exóticos encontrado em zonas urbanas teve ocorrência em mata
galeria, sugerindo a invasão destes animais nos habitats silvestres, gerando assim
uma grande preocupação tanto a respeito da conservação da fauna e seu respectivo
habitat quanto a questão de saúde pública, já que esses animais são reservatórios
de doenças como a leishmaniose.
Na maioria dos casos os programas de conservação da fauna estão
direcionados a espécies de grande porte, de maior apelo popular, subestimando-se
assim a importância de pequenos mamíferos – como roedores, marsupiais e
morcegos - uma vez que espécies tão ou mais ameaçadas acabam sendo deixadas
de lado, aumentando assim seu risco de extinção. Esse grupo sofre o mesmo tipo de
ameaça que os outros grupos, como fragmentação de habitats, poluição, caça e
introdução de espécies exóticas. A sobrevivência deste grupo é afetada
negativamente por causa de suas limitadas habilidades de movimentação e
sobrevivência.

31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

ÁREAS DE COLETA NA UHE CORUMBÁ IV


ANEXO 2

DADOS BIOMÉTRICOS DE ROEDORES E MARSUPIAIS


Anexo 2. Dados biométricos de roedores e marsupiais da área de influência da UHE Corumbá IV (mm/ g)
TAXON SEXO CC CCD PÉ-S/U PÉ-C/U PESO

DIDELPHIMORPHIA
(n=6) (n=6) (n=6) (n=6) (n=19)
435,21 216,93 33,38 35,38 264,86

(180,64) (85,71) (7,95) (10,04) (168,00)
302,80-692,00 141,80-328,00 25,90-44,02 26,20-49,09 90,50-745,00
Didelphis albiventris
(n=14) (n=14) (n=13) (n=13) (n=16)
387,14 198,24 29,56 29,85 268,18

(137,96) (68,68) (8,96) (8,81) (194,03)
160,90-730,00 128,10-360,00 11,80-43,98 11,90-48,08 56,00-640,00
(n=8) (n=8) (n=8) (n=8) (n=9)
162,91 91,73 13,02 13,45 16,16

(31,80) (17,03) (3,72) (3,64) (6,84)
110,30-203,80 62,40-108,20 10,20-21,60 10,40-21,90 6,00-29,00
Gracilinanus emiliae
(n=3) (n=3) (n=3) (n=3) (n=4)
181,63 100,96 13,03 13,40 13,52

(42,99) (19,67) (0,83) (0,86) (6,76)
132,10-209,30 79,20-117,50 12,10-13,70 12,40-13,90 7,00-21,60
(n=6) (n=6) (n=6) (n=6) (n=8)
148,78 45,63 16,16 13,50 63,375
Monodelphis domestica ♂
(46,69) (11,64) (3,68) (4,49) (41,46)
86,70-215,60 35,10-61,88 10,40-19,70 8,60-19,90 11,00-120,00
Anexo 2. Continuação.
TAXON SEXO CC CCD PÉ-S/U PÉ-C/U PESO
(n=2) (n=2) (n=2) (n=2) (n=2)
113,05 36,55 11,00 11,45 8,00

(16,05) (0,07) (0,99) (0,919) (4,24)
101,70-124,40 36,50-36,60 10,30-11,70 10,80-12,10 5,00-11,00
Monodelphis kunsi
(n=2) (n=2) (n=2) (n=2) (n=2)
104,70 31,70 7,20 7,65 6,65

(12,30) (1,13) (1,55) (1,48) (0,49)
96,00-113,40 30,90-32,50 6,10-8,30 6,60-8,70 6,30-7,00

RODENTIA
(n=8) (n=8) (n=8) (n=8) (n=11)
160,77 72,58 17,80 18,77 46,04

(36,20) (26,69) (3,85) (4,17) (37,56)
104,10-232,90 39,30-131,10 12,80-25,70 13,70-27,60 11,50-150,00
Akodon sp.
(n=8) (n=8) (n=8) (n=8) (n=8)
144,86 69,93 17,68 18,26 19,00

(33,58) (17,73) (2,05) (2,33) (9,95)
100,60-192,80 44,70-98,00 14,70-20,00 14,90-21,20 12,00-42,50
(n=10) (n=10) (n=10) (n=10) (n=11)
168,47 69,01 18,08 18,46 35,00
Bolomys lasiurus. ♂
(17,04) (5,83) (2,06) (2,00) (15,63)
146,80-196,50 58,10-78,40 14,50-21,90 15,10-22,10 21,00-66,00
Anexo 2. Continuação.
TAXON SEXO CC CCD PÉ-S/U PÉ-C/U PESO
(n=5) (n=4) (n=5) (n=5) (n=5)
161,26 71,75 18,98 19,84 25,80
Bolomys lasiurus. ♀
(32,18) (18,02) (1,72) (2,40) (11,78)
128,40-204,00 58,20-97,40 17,30-21,70 17,50-22,60 13,00-42,00
(n=8) (n=8) (n=8) (n=8) (n=7)
224,04 131,17 24,56 25,70 54,35

(65,204) (18,63) (2,80) (3,55) (17,28)
128,18-301,70 96,40-151,00 19,80-28,90 20,00-29,34 18,50-74,0
Oecomys bicolor
(n=4) (n=4) (n=4) (n=4) (n=4)
178,75 123,60 11,77 12,37 43,07

(111,80) (27,832) (11,24) (11,66) (16,66)
250,00-270,00 82,40-143,00 19-23,50 20-24,60 20,80-59,50

(n=12) (n=12) (n=12) (n=12) (n=12)


183,29 100,87 22,62 23,71 27,20
Oligoryzomys sp. ♂
(35,62) (13,40) (3,03) (3,59) (17,95)
117,85-247,00 86,70-125,00 19,11-27,13 19,13-29,76 9,5-59,00
Anexo 2. Continuação.
TAXON SEXO CC CCD PÉ-S/U PÉ-C/U PESO
(n=3) (n=3) (n=3) (n=3) (n=3)
173,76 106,56 25,03 26,14 30,33
Oligoryzomys sp. ♀
(48,59) (10,68) (4,28) (6,15) (16,74)
129,70-225,89 94,70-115,42 20,10-27,83 19,10-30,49 11,00-40,00
(n=9) (n=9) (n=9) (n=9) (n=9)
175,41 88,64 20,26 20,76 25,70
Oryzomys sp. ♂
(40,45) (31,65) (4,58) (4,64) (13,79)
123,10-232,60 50,30-133,00 13,90-28,30 14,50-29,20 8,30-46,00
ANEXO 3

CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO GÊNEROS DA FAMÍLIA


DIDELPHIDAE
Chave artificial para a identificação dos gêneros da família Didelphidae,
segundo Lange e Jablonsky (1998).

1. Dobras marsupiais presentes nas fêmeas, ao menos em forma de prega


longitudinal...................................................................................................................2
Dobras marsupiais ausentes........................................................................................7

2. Pelagem espessa entremeada de cerdas compridas e ásperas, fêmea com bolsa


marsupial completamente desenvolvida, mamas em número de 11 a 13, com
disposição em U, uma central e seis de cada lado, focinho longo, pontudo e afilado
com grandes vibrissas, cauda longa, igual ao comprimento CC, preênsil, com base
revestidas de pêlos e o restante nua e escamosa. Incisivos pequenos e cortantes,
caninos grandes e pré-molares e molares com coroas altas e
cortantes.........................................................................................................Didelphis
Pelagem sem cerdas compridas..................................................................................3

3. Animal com uma nódoa clara para cada olho..........................................................4


Animal sem nódoa clara sobre os olhos.......................................................................5

4. Pêlos ao menos na superfície dorsal, curta, espessa e macia, de pontas


totalmente cinzento-prata; focinho pontudo, marsúpio bem desenvolvido; base da
cauda totalmente pilosa em 5 cm da sua extensão, processos pós-orbitais salientes.
Animal com uma nódoa clara sobre os olhos, crista sagital pouco
pronunciada...................................................................................................Philander
Animal com nódoa clara sobre os olhos, pêlos lisos, sem ponta cinzenta-prata,
processos pós-orbitais ausentes..................................................................................7

5. Base da cauda tendo no mínimo 3 cm totalmente vilosa; pêlos lanosos; processos


pós orbitais pronunciados, expandidos lateralmente em forma
triangular......................................................................................................Caluromys
Base da cauda no máximo 2 cm densamente vilosa; pelagem lisa; processo pós -
orbital diferente do descrito acima................................................................................6
6. Pés com membranas interdigitais, até a extremidade dos dedos, pelagem lisa com
grande manchas escuras sobre o fundo branco. Processo pós-orbital
pontudo;expansão lateral do nasal aproximadamente triangular..............Chironestes
Pés sem membrana interdigital, pelagem do corpo curta; pêlos de cor uniforme, sem
bandeamento; crista sagital pronunciada.....................................................Lutreolina

7. Cauda maior que o comprimento cabeça-corpo (CC)..............................................8


Cauda menor (curta) em relação ao comprimento cabeça-corpo (CC).......................9

8. Cauda comprida, animal com uma nódoa clara sobre os olhos; comprimento da
cabeça-corpomaior que 265 mm, processo pós-orbital ausente.................Metachirus
-Cauda comprida, maior que o comprimento CC; sem nódoa clara sobre os olhos;
CC média menor que 265 mm; processo pós-orbital ausente ou
presente......................................................................................................................10

9. Bolsa marsupial ausente, cauda curta, pouco maior que a metade do comprimento
da cabeça e corpo, pelagem curta e áspera; escamas da cauda não revestidas
completamente de pêlos; cauda curta, pouco mais comprida que a metade do corpo,
quase toda nua e pouco preênsil; 3ºpré-molar superior com raiz anterior exposta em
maior grau que a posterior; dente parecer estar inclinado para trás e é geralmente
maior que o 2º pré-molar superior. O forâmen infra-orbital abre-se acima do 1º molar
ou na divisão entre este e o terceiro molar..............................................Monodelphis
Cauda comprida, maior que o comprimento CC; 3º pré-molar superior parecido na
forma sublingual ou menor que o 2º, o canal infra-orbital abre acima do 3º pré-
molar...........................................................................................................................10

10. Disposição das fileiras de escamas da cauda em espiral....................................11


Disposição anelar das fileiras de escamas................................................................12

11. Caninos inferiores não premolariformes, hipothenar e o quarto dedo interdigital é


separado por uma almofada palmar (calo), pêlos da base da cauda compridos
recobrindo 2 cm ou mais; cauda mais ou menos uniforme colorida ou com manchas,
com a porção terminal distintamente clara, bordo superior do osso frontal projetando-
se em saliência; processo pós orbital presente; comprimento CC entre 130-200 mm;
cauda entre 170-120 mm; comprimento máximo do crânio 35-50
mm................................................................................................................Micoureus
Caninos inferiores premolariformes; almofadas palares fusionadas; pêlos da base da
cauda não ultrapassam a 2 cm; ao longo das fileiras das escamas caudais, pêlos
laterais bem distintos; fêmeas sem marsúpio; crista lambdoidal ausente; a forma do
crânio estreita e alongada; bulas timpânicas são cônicas com um robusto processo
anteromedial da asa do aliesfenóide; as cerdas medianas interescamas são robustas
e pigmentadas; mamas peitorais e glândulas gulares ausentes, mamas presentes na
região abdominal-inguinal 9 (4-1-4). Tamanho médio CC=90-115 mm, cauda 120-
145 mm, comprimento do crânio 25-32 mm ............................Marmosops
12. Caninos inferiores curtos, mas não em forma premolariformes; mamas peitorais;
fêmeas sem marsúpio; crânio sem processo pós-orbital; glândulas gulares presentes
quase sempre escondidas por causa dos pêlos; dedos dos pés quase ou totalmente
separados, três pêlos por escama usualmente estão presentes, mamas peitorais-
11,13,15; comprimento CC 70-135 mm, cauda 100-155mm; comprimento do crânio
22-32 mm..................................................................................................Gracilinanus
CORREÇÕES E MODIFICAÇÕES

Tendo em vista a utilização de uma oportunidade oferecida pelo


empreendimento Aproveitamento Hidrelétrico Corumbá IV, o projeto previa o
trabalho com marsupiais e a incidência do hantavírus nessas populações.
Entretanto, em agosto de 2003, por intervenção do Ministério Público a obra foi
embargada por um período de 6 (seis) meses, comprometendo os objetivos antes
almejados. Dessa forma, tanto o objeto (marsupiais) como a análise laboratorial para
o referido vírus foram modificadas na forma apresentada nesse relatório.

Prof. Dr. Nelson Jorge da Silva Jr.


RE 3317 - Orientador

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