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Mesmo voltando de férias, eu não poderia deixar de escrever algo sobre este maravilhoso princípio. Até porque,
algumas coisas aconteceram nestas férias e que tem muito de Raízes Culturais.
Ao passar o Natal e o Ano Novo em Tramandaí, cidade onde nasci no RS, juntamente com a minha família, foi
um momento extremamente enriquecedor para mim e para o meu filho de 15 anos.
Depois de algum tempo sem passar as festas de final de ano com a minha Mãe, irmãos, tios e tias, sobrinhos,
primas e primos, este voltar foi muito bom para que eu analisasse verdadeiramente as minhas Raízes Culturais e
mostrasse ao meu filho que ele é um continuar das Raízes que começaram num passado não muito distante.
E ao falarmos sobre Raízes Culturais, invariavelmente, estamos falando sobre identidade e autenticidade. Ora,
nós somos o continuar da vida dos nossos pais. A vida do meu Pai, que não está mais presente, continua em mim
e nos meus irmãos e vai continuar no meu filho.
E ai é preciso que tenhamos em mente quais são os valores que hoje nós estamos vivendo que vieram dos nossos
pais e quais aqueles que absorvemos da sociedade que vivemos. Se no somatório destes valores você perceber
que está vivendo muito mais os valores que absorveu da sociedade do que aqueles passados pelos pais, algo está
errado.
Quando este “desequilíbrio” - e desculpe o termo – estiver acontecendo é porque julgamos que tudo aquilo que
aprendemos com os nossos pais estão errados.
Por isso que Raízes Culturais pergunta: Quem é você?
Esta pergunta é de fundamental importância para que possamos perceber que vida estamos vivendo e que valores
estamos colocando em nossas vidas.
E ao fazer esta pergunta, vamos perceber de onde estamos tirando o substrato cultural para nutrir a nossa vida e a
vida da nossa família.
Percebam, a partir daí, a importância que temos enquanto pais sobre o futuro da sociedade. Que valores os nossos
filhos levarão para as suas vidas. Eles serão autênticos ou apenas uma reprodução do que a sociedade estiver
defendendo.
E como eu gosto muito de exemplos eu vou falar sobre dois momentos que aconteceram nestas férias.
Uma era uma reportagem sobre os índios que vivem as margens da BR-101 e precisam sair para que a BR seja
duplicada. E numa conversa com alguns amigos, perguntei sobre o que eles achavam sobre o assunto. A maioria
argumentou que eles deveriam sair mesmo e que estavam atrasando a obra.
Percebam que as Raízes Culturais dos índios em nenhum momento foi ressaltado. Que os antepassados dos
índios que estavam enterrados naquelas terras, não tinham nenhuma importância.
Percebam que quando os índios brigam para ficar nestas terras, na verdade estão brigando por suas Raízes e por
sua identidade.
E ai e sou obrigado a fazer uma pergunta: Estamos brigando pelos valores passados pelos nossos pais?
E outro momento foi assistindo o filme A Testemunha com Harrison Ford, onde ele vai viver com Amish, que é
um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por seus costumes
conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis e preferem
viver afastados do restante da sociedade.
A pergunta é: Será que precisamos viver afastados de tudo e de todos para que possamos preservar os nossos
valores?
Para viver Raizes Culturais é preciso ter a coragem de ser autentico e possuir uma identidade com os valores que
sustentam e dão alicerce a nossa familia.
E para dar mais alguns exemplos, e isto pode ser usado para as palestras sobre este princípio, é quando olhamos
alguns documentos que fazem parte da nossa vida.
Na carteira de identidade, motorista e carteira de trabalho, se olharmos bem, lá está o nomes dos nossos pais.
Parece que ali estão para que não esqueçamos que os valores que eles nos ensinaram é para ser usado em todos
os momentos de nossa vida.
Se verdadeiramente fosse colocado em pratica estes valores, certamente teriamos um trânsito onde as pessoas
respeitariam mais as outras; no trabalho, ninguém passaria por cima de um colega buscando projeção; no
comércio, devolveriamos o troco dado a mais e solicitariamos sempre a nota fical.
Taí uma dica para fazer abertura das reuniões no mês de Janeiro.
E não esqueça de vez em quando pegar as fotos que fizeram parte da tua familia, pais, irmãos, tios e primos, e
veja o que você está vivendo dos valores que foram passados para você.
E não esqueça de perguntares a você mesmo: Quem sou eu?
Um excelente começo de ano para todos nós. Que possamos viver os verdadeiros valores e contribuir para que os
nossos filhos tenham uma sociedade melhor de ser vivida
O Chapéu e Raízes Culturais
“Por vezes, para encontrar o meu verdadeiro eu, preciso voltar ao passado para lembrar quais são as minhas
verdadeiras Raízes Culturais”
(Minha autoria)
Estava eu sentado ao lado da minha esposa e filho, cena um tanto quanto rara nos dias atuais, assistindo TV
quando começou o Big Brother. A minha primeira atitude foi de levantar e fazer outra coisa. Porém, resisti à
tentação de levantar mediante aos pedidos:
-Haaaaaaaa Pai fica aqui assistindo com a gente!
Com um pedido destes, eu relevei o meu senso critico e fiquei assistindo o Big Brother.
Porém, como nada acontece por acontecer, o Pedro Bial faz uma pergunta para um dos enclausurados se o
chapéu que ele está usando tipo boiadeiro, vaqueiro ou coisa que o diga, se é por moda ou para chamar a atenção.
Bom meu amigos de caminhada, a resposta do peão (o peão é por minha conta) valeu o meu esforço em assistir o
programa:
-Não Bial, eu não estou usando este chapéu por modismo ou para chamar a atenção não. Eu estou usando este
chapéu é para não esquecer as minhas raízes. Para não esquecer de onde eu vim e quem sou eu.
Naquele momento, eu esqueci do programa e comecei a matutar sobre o que o peão falou e a relação com o
primeiro principio do Amor-Exigente – Raízes Culturais.
Ele sem saber deu uma aula sobre Raízes Culturais para todas as pessoas que assistiram ao programa naquela
noite.
O chapéu representa para ele o elo de ligação com as suas Raízes. E como se estivesse dizendo:
-De onde eu venho, as pessoas costumam usar chapéu. Se eu tiver vergonha de usar, eu estarei negando as
minhas Raízes Culturais.
E quando ele diz que não usa por modismo, é como se quisesse dizer para cada um dos telespectadores o
seguinte:
-As minhas Raízes Culturais não mudam ao sabor da moda. O chapéu significa dizer que os princípios de
integridade moral e ética são imutáveis. São eles que dão o sentido para a minha vida. Eles dizem quem os meus
pais foram e quem eu sou hoje.
E neste matutar eu pensei em algo que me ligava ao passado e que me deixava feliz quando estivesse fazendo. E
por incrível que pareça, eu estava fazendo algo que o meu pai fazia quando eu era criança: o café da manhã.
Como era o meu pai que acordava cedinho para receber o leite e o pão para o nosso armazém (coisas do interior
do Rio Grande do Sul – onde o pão era entregue pelo padeiro em carroça e o leite vinha em garrafas de vidro) era
ele que fazia o café todas as manhãs. E eu estou fazendo a mesma coisa. Como sou eu que acordo mais cedo que
todos na minha casa, faço o café para todos.
E se pararmos para pensar, eu tenho a certeza de que cada um de nós tem algo que nos liga aos nossos pais e que
isto, de alguma forma, nos liga as nossas Raízes Culturais.
E pensar que tudo isto começou com um singelo pedido do meu filho que já tem 13 anos.
Como o tempo passa rápido.
Na próxima reunião do Amor-Exigente vou levar um bule, onde fazíamos café preto antigamente, e falar sobre
Raízes Culturais.
Nós do AE, temos nossas raízes vindas dos USA com o casal Phyllis e David York – terapeutas familiares e
autores do livro Tough love. Nos anos 80 Pe. Haroldo, teve acesso ao livro e depois de lê-lo percebeu que
aquelas regras ajudariam os pais dos dependentes químicos a se salvarem e darem aos seus filhos condições de se
recomporem. Traduziu o livro e deu para D.Mara, nossa Coordenadora Nacional, fundar o movimento no Brasil.
Ela não só fundou, com reescreveu o livro O que é Amor Exigente, adaptando-o para nossa cultura. Proposta
simples, clara, objetiva, vai ao ponto no tratamento dos pais e dos filhos, leva-nos ao resgate dos nossos valores,
tendo como lema, Eu amo você mas não aceito o que está fazendo de errado.
Com a criação dos grupos em várias cidades e estados surgiu a Federação Brasileira de AE - Febrae, instituída
para preservar a integridade e fidelidade da proposta de trabalho com AE. Hoje o AE no Brasil é a maior rede de
prevenção de drogas e álcool.
Quando falamos em raízes culturais, vem na nossa mente à palavra Família. “Família é a principal fonte de
transmissão de valores e tradições culturais. Nós e nossos familiares somos produtos dos nossos tempos”.
Cheguei ao AE por causa das minhas raízes, dos meus valores que falaram mais alto, não podia mais continuar
com aquela derrocada familiar. As coisas ruins continuavam acontecendo e não tinham fim. Tudo culminou com
a morte do meu filho mais velho, que era usuário de drogas. A dor era imensa e eu sentia uma necessidade de
fazer alguma coisa, não poderia simplesmente aceitar os acontecimentos, a morte dele não podia ser em vão.
Parti do princípio que nossos jovens não podiam morrer e os pais não poderiam passar pelo que eu estava
passando, as famílias não podiam aceitar passivamente as mudanças, por que são outros tempos. Assim chegou o
Amor-exigente em Marília, essa valoro mudando o nosso comportamento frente aos inúmeros problemas que
muitos pais estavam tendo.
Com um passo de cada vez, e vivenciando cada princípio nos meus comportamentos, refletindo e questionando
antes de tomar qualquer atitude, aprendi a viver dentro desse mundo conturbado, apenas o que era bom para mim
e minha família.
Analisar os verdadeiros valores que temos, ver quais os que consideramos imutáveis, e ao estarmos seguros de
quais são, vamos agregando a família em torno deles, porque raízes culturais são a nossa identidade – nossa
origem familiar, princípios e valores que herdamos, e é por eles que começamos a nossa construção como
pessoa.
Existem na nossa vida desafios vitais que temos que enfrentar de maneira particular, e isso são coisas preciosas.
Somos ciclo de uma história da humanidade porque milhares de pessoas que nos antecederam acumularam
experiências e de alguma maneira nos transmitiram e isso é o que somos.
Podemos e devemos olhar para o passado, para a história, e reconhecer que tudo foi bom. Não podemos deixar
simplesmente por modismo, perder o que nossos antepassados nos deixaram: A honra, a honestidade, o respeito e
que as suas lutas sejam esquecidas.
As nossas raízes vêm dos papeis definidos na família: Esse é o pai e estas são suas responsabilidades e funções,
esta é a mãe, a tia a avó, fazendo uma inter-relação mais sadia, e se ajudando mutuamente. Pais devem ser
perceptivos, atentos e participantes. Devemos contar a nossa história familiar aos nossos filhos: através de fotos,
explicando para eles quem é quem e como eles eram.
O Amor-exigente, não propõe mudarmos nossas raízes culturais, mas entender as mudanças que estão ocorrendo,
aceitando as positivas e rejeitando as negativas, lembrando sempre que o respeito e a honestidade nunca vão cair
de moda.