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GT 04 – Modelagem Matemática
Resumo: Neste trabalho é realizado a determinação de parâmetros num processo de batelada para a
produção de etanol. O modelo cinético de Monod foi utilizado. Através do ajuste de curva foi
determinado os parâmetros cinéticos necessários para o modelo. A importância de trabalhar com ajuste
de curvas através de mínimos quadrados em que minizamos a soma dos quadrados dos desvios, a
necessidade de melhores ajustes com métodos numéricos e computacionais, na tentativa de explicar e
entender o processo de produção de etanol, a fim de verificar tendências entre os dados estudados. A
produção de etanol cresce em importância no Brasil e no mundo impulsionada pela urgente
necessidade de uso de combustíveis menos poluentes e de forma renovável. A fermentação alcoólica é
a maneira mais utilizada e mais econômica de se obter etanol no nosso país e a modelagem matemática
pode dar boas contribuições. Os dados experimentais são retirados da literatura sendo que os mesmos
foram obtidos em condições de laboratório considerando um processo de fermentação em batelada. A
levedura utilizada foi Saccharomyces cerevisiae e o substrato foi o caldo de cana de açúcar. O estudo
estatístico foi desenvolvido no EXCEL. A abordagem utilizada neste trabalho foi na análise estatística
(linearização do modelo) que visa validar o mesmo, para aprimorar o conhecimento do processo e
visando melhorar a qualidade dos modelos existentes.
Introdução
O mundo está empenhado em encontrar uma solução duradoura para o seu problema
energético. A preocupação ambiental se somou à redução dos estoques e à alta dos preços dos
combustíveis fósseis, para valorizar as fontes renováveis e menos poluentes de energia.
O setor energético no Brasil vem sofrendo diversas mudanças, como a tentativa de se retomar
projetos que levem em conta o meio ambiente e o mercado de trabalho. Tendo-se como
referência a Convenção-Quatro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, o governo
brasileiro tem mostrado interesse em manter e reativar o PROÁLCOOL, dado que o álcool
combustível exerce importante papel na estratégia energética para um desenvolvimento
sustentado.
As perspectivas de elevação do consumo do álcool se somam a um momento favorável
para o aumento das exportações do açúcar, e o resultado é o início de uma onda de
crescimento sem precedentes para o setor sucroalcooleiro.
Trabalhos X EGEM X Encontro Gaúcho de Educação Matemática
Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS
Devido à grandeza dos números do setor sucroalcooleiro no Brasil, não se pode tratar a
cana-de-açúcar, apenas como mais um produto, mas sim como o principal tipo de biomassa
energética, base para todo o agronegócio sucroalcooleiro, representado por 350 indústrias de
açúcar e álcool e 1.000.000 empregos diretos e indiretos em todo o Brasil.
Também de 1 a 10 de dezembro de 1997, realizou-se em Quioto, Japão, a III
Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Na ocasião, as Partes acordaram em adotar Protocolo adicional, cujos elementos de interesse
para o Brasil são detalhados a seguir.
A adoção do Protocolo validou por si só a III Conferência das Partes da Convenção do
Clima. Representou, na verdade, o ingresso definitivo do tema nas agendas ambiental e
econômica, nos planos nacional e internacional. Este tema, de difícil entendimento para a
opinião pública era, até recentemente, objeto de incertezas científicas. O resultado final
representa poderosa vitória de preocupações ambientais sobre o imediatismo econômico.
Mesmo se criticadas por certas organizações não-governamentais como modestas, as metas de
redução de emissão de gases de efeito estufa estabelecidas serão de muito superiores aos
percentuais acordados em Quioto, tendo em vista que as emissões aumentaram
consideravelmente desde 1990. Em alguns casos, poderão mesmo chegar a 20% ou 30%.
Quioto representou o inicio de um processo que terá continuidade com a implementação,
efetiva e verificada, dos compromissos assumidos. Na prática, legislou-se internacionalmente,
ao mesmo tempo, sobre meio ambiente, energia, comércio e padrões de consumo e produção.
Trata-se, sob este aspecto, do mais importante instrumento internacional sobre meio ambiente
global aprovado, já que se determinou, pela primeira vez, limites que influenciarão de forma
cabal o crescimento econômico. O Protocolo de Quioto equivale, nesse sentido, à explicitação
prática e mensurável, de forma abrangente, do conceito de desenvolvimento sustentável. Sua
negociação deixou em evidência a importância dos eleitores ambientalmente conscientizados
nos países desenvolvidos, mesmo quando há pressões importantes de grandes grupos
econômicos.
A meta de redução de emissão de gases de efeito estufa adotada foi de 5.2% (ano base
1990) para o conjunto dos países do Anexo I (OCDE e economias de transição) da
Convenção. Tal meta é global e deverá ser atingida no período de 2008 a 2012. Percentuais
individuais foram alocados aos diferentes países, a saber: membros da União Européia 8%;
Estados Unidos 7%; Japão 6%; Canadá 6%; Rússia e Ucrânia 0% (estabilização), Austrália
8% de aumento de emissões, Noruega 1% de aumento de emissões.
Trabalhos X EGEM X Encontro Gaúcho de Educação Matemática
Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS
Tratamento
Cana-de-açúcar Processamento Fermentação
do caldo
Tratamento
Centrifugação Destilação Desidratação
da levedura
Armazenamento
Modelo Matemático
Procura-se identificar os principais fenômenos que interferem no processo em análise:
limitações e inibições por substratos e produto, sendo estes importantes na utilização dos
modelos matemáticos. Neste trabalho será utilizado o modelo cinético de Monod.
dX
= µx X (1)
dt
dS
= − µs X (2)
dt
dP
= µpX (3)
dt
O modelo cinético utilizado neste trabalho foi o de Monod, dado pela seguinte
equação:
µm S
µx = (4)
K s +S
Dados experimentais
Tabela 1: Dados experimentais do processo batelada alimentada – B100
x
Tempo(h) X(g.L¹) S(g.L¹) P(g.L¹) Mix calculado
0 0,99 98,752 0 0,166266 0,99
1 1,08 97,315 0,102 0,221803 1,235842
2 1,25 96,155 0,613 0,221351 1,541339
3 1,695 94,497 1,636 0,220689 1,919407
4 2,205 93,592 3,681 0,220319 2,389842
5 3,03 90,518 8,282 0,219019 2,959572
6 3,315 85,183 12,372 0,216581 3,630745
7 3,81 75,778 15,44 0,211622 4,354899
8 4,51 55,703 24,642 0,196903 4,783519
9 4,7 42 30 0,181368 5,064544
10 4,915 31,288 37,935 0,163424 5,074294
11 5,095 23,782 41,513 0,145597 4,911214
12 5,305 14,666 49,182 0,113515 3,865661
13 5,395 6,182 56,339 0,063455 2,258873
14 5,63 1,06 55,828 0,013548 1,196766
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Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS
Ajuste de curvas
Os valores que uma variável pode assumir estão associados, além de erros
experimentais, a outras variáveis cujos valores se alteram durante o experimento. Se
relacionar através de um modelo matemático a variável resposta (ou dependente) com o
conjunto das variáveis explicativas (ou independentes), pode-se determinar então algum
parâmetro, ou mesmo fazer previsão acerca do comportamento da variável resposta. Ao se
estudar a relação entre duas variáveis, deve-se inicialmente fazer um gráfico dos dados
(diagrama de dispersão) pois ele fornece uma idéia da forma da relação exibida por eles.
O propósito de nosso estudo na modelagem matemática é obter uma relação funcional
que comporte em seus parâmetros qualidades ou significados inerentes ao fenômeno, no caso
de fenômenos caracterizados por um processo dinâmico, a formulação do modelo pode muitas
vezes preceder à analise dos dados experimentais. Nesse caso, o método de ajuste de curvas é
fundamental para a validação dos modelos estabelecidos. A validação de um modelo
matemático consiste na verificação da aproximação do modelo com a realidade, ou seja, se os
dados experimentais ou observados não estão muito longe daqueles fornecidos pelo modelo.
O modelo depende de parâmetros e sua validação exige a estimação desses parâmetros, de
modo que a curva (solução do modelo) ajustada represente, o mais próximo possível, o
fenômeno estudado. E o método utilizado para estimação de parâmetros é “método dos
quadrados mínimos” que utilizamos o software excel como excelente programa para fazer
estas estimações.
Trabalhos X EGEM X Encontro Gaúcho de Educação Matemática
Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS
0,9
y = 0,2838x - 0,3375
0,8
0,7 R2 = 0,9982
0,6
ln(X)
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Tempo(h)
4
X(g/L)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (h)
dX ∆X X 2 − X 1
t −t
µ x = dt ≅ ∆t = 2 1 (5)
X X X
Utilizando-se os dados da tabela 1, obtém-se a figura 4 que apresenta o resultado de
µ x calculado.
dS ∆S S 2 − S1
t −t
µ s = dt ≅ ∆t = 2 1 (6)
X X X
e
dP ∆P P2 − P1
t −t
µ p = dt ≅ ∆t = 2 1 (7)
X X X
4. Cálculo de Ks
Partindo da cinética de Monod para o crescimento microbiano, obtém-se KS pela da
1
regressão linear, que relaciona o inverso da velocidade específica de crescimento , com o
µx
1
inverso da concentração de substrato , no instante inicial (figura 5). Esta metodologia é
S
conhecida como o gráfico de Lineweaver-Burk. Então, tem-se:
1 KS 1 1
= + (8)
µ x µm S µm
KS
onde o coeficiente angular é dado por pode ser utilizado para determinar o KS.
µm
Figura 5: Determinação de Ks
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Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS
dX
YX = dt
S
dS (9)
dt
µx
e considerando as relações dX = µ x Xdt e dS = µs Xdt , obtém-se YX / S = . Logo,
µs
substituindo este resultado em (9), obtém-se:
dS µ
=− x X (10)
dt YX / S
1 dX
µx = (11)
X dt
dS 1 dX
=− (12)
dt YX / S dt
dX ∆X
YX / S = ≅ (13)
dS ∆S
O coeficiente angular da regressão linear que relaciona X - Xo com So – S , que produz
a relação do consumo de substrato S, para diferentes intervalos de tempo, representa YX / S , que
neste caso vale 0,0802. Para a determinação do fator de conversão ( YP / S ) usa-se o mesmo
dP ∆P
YP S = ≅ (14)
dS ∆S
consumo de substrato S, para diferentes intervalos de tempo, representa YP / S , que neste caso
vale 0,55.
Considerações finais
A teoria de regressão ou ajuste de curvas trabalhada neste artigo, é uma ampla
ferramenta para modelagem matemática dos mais variados sistemas, sejam eles populacionais
ou não. Verifica-se que qualquer modificação no sistema, faz com que os parâmetros ou até
mesmo a equação do ajuste se modifique. O modelo cinético utilizado neste trabalho é o mais
simples e, verifica-se que para utilizá-lo são necessários muitos cálculos. Neste sentido uma
proposta de trabalho futuro é a substituição da fórmula do modelo cinético por um polinômio
que descreva corretamente o comportamento do crescimento microbiano. Os resultados são
razoáveis considerando as dificuldades de obtenção dos dados.
Referências