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propriedade que, nas lições de Pablo Stolze, é o uso que viola o princípio da
função social da propriedade.
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O Código Civil Brasileiro reserva o Capítulo V do Título III que cuida ³Da
Propriedade em Geral´ para trabalhar os limites dos direitos e obrigações que
dizem respeito a utilização de um imóvel pelo seu titular.
Mas a vida em sociedade criou uma figura singular, digna de veneração para
alguns, e ilimitada fonte de sofrimentos para outros: o vizinho.
Vizinho é aquele que lhe empresta o açúcar, mas, também, é aquele que
coloca lixo na frente de casa; é aquele que cuida do seu cachorro quando você
viaja, mas é aquele que dá festas barulhentas no meio da semana até de
madrugada.
O vizinho que constrói aquele muro tapando nossa visão da paisagem, que
ouve música até alta madrugada, que passeia nu no quintal (logo abaixo da
nossa janela), que pega as frutas da árvore que plantamos próximo à cerca, foi
considerado, pelo Direito, um preço alto demais a ser pago pela vida em
sociedade, de tal sorte que a experiência humana criou um sistema de direitos
e obrigações para disciplinar o relacionamento entre as pessoas que vivem
próximas entre si: o Direito de Vizinhança.
Esses casos, assim como muitos outros semelhantes, podem ensejar medidas
judiciais protetivas ao vizinho atingido, ou mesmo ações indenizatórias. Porém,
ações dessa natureza não são tão comuns quanto o largo número de cidadãos
brasileiros poderia fazer supor que existissem. Esse fato tem raízes não só na
característica pacífica do brasileiro médio, mas também, e principalmente, no
desconhecimento que ele tem da lei e do seu direito.
O Código Civil Brasileiro reserva o Capítulo V do Título III que cuida ³Da
Propriedade em Geral´ para trabalhar os limites dos direitos e obrigações que
dizem respeito à utilização de um imóvel pelo seu titular, um desses limites que
a Lei Civil traça são os Direitos de Vizinhança. Estes Direitos procuram atingir
situações como o uso anormal da propriedade, entre outras, que visa ao
equilíbrio jurídico para convivência pacífica entre vizinhos. São, na verdade,
situações de conflitos, detectadas séculos atrás pelos romanos e que até
nossos dias geram controvérsias entre vizinhos.
Por uso anormal da propriedade entende -se aquele exercício nocivo e anormal
que põe em risco a saúde, a segurança e o sossego dos vizinhos. Exemplos
são festas noturnas, barulhos exagerados, exalação de fumaça, fuligem ou
gases tóxicos, esgoto, criação de animais que exalem mau cheiro e concentre
enxames de moscas, árvore velha ameaçando a cair etc. Em algumas
situações, o uso nocivo precisa ser tolerado pelo interesse público, exemplos:
hospital que emite fumaça, escola que faz muito barulho. Os vizinhos v ão ter
que agüentar os inconvenientes, mas terão direito a uma indenização do
hospital ou da escola, conforme artigo 1.278 do Código Civil. E importante
ressaltar do que se abstrai do artigo 1.279 do mesmo diploma, que mesmo por
decisão judicial tiverem que ser toleradas as interferências do uso irregular da
propriedade, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando
estas se tornarem possíveis.
O vizinho que perturba a saúde, o sossego ou a segurança dos outros deverá
ser condenado a uma inde nização por danos morais e materiais, bem como a
fazer cessar o inconveniente, sob pena de multa diária. Outra sanção que
poderá ser imposta é a prestação de caução que visa garantir a indenização do
vizinho caso o dano iminente ocorra.