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Escola de Engenharia de Lorena EEL - USP

Nariz e Língua Eletrônicos

Professor:

Dr. Carlos Shigue

Alunos:

Felipe Castan

Rafael Teixeira

Lorena; 01 Junho 2009


Resumo

Línguas e narizes eletrônicos são aparelhos multisensoriais dedicados a

análise de amostras com composição e propriedades particulares.

Têm sido desenvolvidos para detecção e classificação automática de

odores, vapores, gases e líquidos. São instrumentos capazes de medir a

concentração ou intensidade. Geralmente são compostos por um sistema de

sensores químicos e um sistema eletrônico associado à inteligência artificial

para reconhecimento. Têm sido aplicados em muitas áreas, tais como análise

de alimentos, controles ambientais e diagnósticos médicos. Do ponto de vista

ambiental, esses sistemas vêm sendo usados para monitorar a qualidade do

ar, detectar fontes e quantificar emissões odorantes.

Introdução

A globalização dos mercados impõe constantes desafios de melhoria

qualidade e do aumento da produtividade, de forma sustentável, levando em

consideração uma baixa emissão de gases, efluentes e resíduos sólidos.

Diante destas questões, o controle de qualidade dos produtos, desde a

fabricação até o consumidor, tem papel fundamental para manutenção e

ampliação do mercado. Neste cenário, é forte a demanda por sensores

capazes de monitorar qualidade e sabor em toda a cadeia produtiva, de forma

automática e confiável. Além disso, cooperativas, associações de fabricantes e

governo necessitam instrumentos para fiscalizar e garantir a qualidade.

A comunidade científica tem investido muito no desenvolvimento de

sensores gustativos e olfativos, com o intuito de simular o processo fisiológico.

Existem sensores gustativos capazes de distinguir diferentes marcas de café,

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vinho, água mineral, suco de fruta, chá, leite e outras bebidas. Através destes

sensores, os sabores podem ser detectados com sensibilidade até 10.000

vezes maior do que a humana.

O enorme potencial de aplicação desta tecnologia vislumbra aplicações

em áreas como certificação de combustíveis, análises clínicas, monitoramento

da qualidade da água, controles ambientais, qualidade de bebidas, alimentos e

até cosméticos.

Características básicas

Nariz e língua eletrônicos são compostos por diferentes unidades

sensoriais,

microeletrodos interdigitados de ouro recobertos com diversos filmes de

espessura nanométrica (~30nm) de polímeros condutores, ligados a

componentes eletrônicos que transformam os sinais provenientes dos sensores

em informação.

Podem detectar moléculas em concentração de partes por bilhão (ppb),

considerado muito eficiente.

Os fundamentos

Um odor é composto por moléculas de diferentes tamanhos e formas.

Cada uma dessas moléculas tem um receptor correspondente no nariz

humano. Quando um receptor recebe uma molécula, ele envia um sinal ao

cérebro, que identifica o odor associado a essa molécula. Narizes e Línguas

Eletrônicos são baseados no processo biológico de interpretação do odor e

sabor, trabalhando de maneira similar, com sensores que substituem os

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receptores do nariz e língua humano e transmitem um sinal a um programa

que, então, o processará e simulará a interpretação cerebral. Nariz e língua

eletrônicos são compostos por dois componentes: um conjunto de sensores

químicos (sensíveis a gases e vapores) e um algoritmo de reconhecimento.

Após ser 'cheirado' ou 'degustado' o sinal, a interpretação, realizada pelo

software, compara o espectro medido com os padrões armazenados na

memória do computador para substâncias conhecidas. Esses sensores

possuem ampla seletividade, respondendo a grande número de compostos.

Essa característica torna-se um fator fundamental para o funcionamento dos

Narizes e Línguas Eletrônicos. Embora cada sensor do conjunto possa

responder a uma determinada substância, tais respostas são, em geral,

diferentes.

Nariz eletrônico

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Um Nariz Eletrônico usa um conjunto de pelo menos 16 diferentes

sensores, em geral, com filmes poliméricos. Esses filmes são especialmente

projetados para conduzir a eletricidade. Quando uma substância - tal como as

moléculas dispersas na atmosfera pela abertura de uma garrafa de refrigerante

- é absorvida nesses filmes, eles se expandem ligeiramente e tais mudanças

implicam em condução de eletricidade.

Língua eletrônica

A língua eletrônica é composta por até 10 diferentes unidades sensoriais,

microeletrodos interdigitados de ouro onde são depositados filmes

nanométricos de diversos polímeros condutores. A impedância elétrica destes

sensores especializados varia de acordo com a composição dos sabores

básicos. Desta forma, a detecção dos sabores combinados permite simular a

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seletividade global humana, processo em que o cérebro reconhece o sabor do

alimento a partir dos estímulos papilares comparando com sensações

conhecidas.

Processamento

O tipo mais poderoso de técnica de processamento de dados que tem

sido empregada em Narizes Eletrônicos é a chamada Rede Neural Artificial

(RNA). Ela se autoaperfeiçoa continuamente; quanto mais dados são

analisados, mais preciso o instrumento se torna. Analisando muitas amostras-

padrão e armazenando os resultados na memória do computador, a aplicação

de uma RNA permite ao Nariz Eletrônico 'compreender' o significado das

saídas dos diferentes sensores e usar melhor essa informação para análises

futuras.

O processo de 'aprendizado' ocorre através da exposição a um conjunto

de dados de entrada-saída, quando então o algoritmo ajusta os pesos das

conexões (sinapses). Esses pesos das conexões significam a memória

referente a um odor específico.

Tipos

Como comentado anteriormente, os sensores mais comuns são a base de

polímeros, entretanto alguns outros tipos existem, ou vem sendo

desenvolvidos.

Sensores catalítcos ou óxido de estanho: Consiste numa pastilha

cerâmica, eletricamente aquecida, sobre a qual é depositada uma fina camada

de óxido de estanho dopado com metais preciosos. Este semicondutor tipo-N,

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quando adsorve oxigênio na sua superfície, devido a sua temperatura, gera

elementos carregados negativamente levando a uma superfície extremamente

negativa e os elétrons doadores dentro do material tornam-se positivamente

carregados. Quando um material oxidável entra em contato com a superfície

adsorvida de oxigênio, ele é consumido na resultante da reação química. Isto

reduz o potencial da superfície e aumenta a condutividade do filme.

Sensores de onda acústica: São cristais de quartzo, utilizados como

materiais piezoelétricos. O sensor consiste na sobreposição de eletrodos de

metais no topo e na parte inferior do dispositivo, possui geralmente 1,56 mm de

espessura e 12,5 mm de diâmetro. A adsorção do cheiro no revestimento

resulta em uma mudança de massa e a onda acústica é perturbada levando a

uma alteração da freqüência.

Ion mobility spectrometry (IMS): Tem a capacidade de separar espécies

iônicas na pressão atmosférica. Existem pesquisas em desenvolvimento para

sistemas IMS em baixa pressão, técnica utilizada para determinar e

caracterizar vapores orgânicos no ar.

Aplicações

Análises de alimentos: Determinar se específico alimento está estragado

ou apto para o consumo.

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Detecção de vazamento de gases em indústrias: Principalmete se esses

gases forem tóxicos e nocivos à saúde humana.

Controles ambientais: Determinação da qualidade do ar ou da água.

Diagnósticos médicos: Detecção de câncer de pulmão pela análise de

compostos químicos expirados pelo paciente.

Controle de qualidade de alimentos em indústria: qualidade do vinho, de

sucos e outros alimentos líquidos.

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Conclusão

Estes aparelhos ainda estão em desenvolvimento, tendo seus maiores

objetivos a redução de custo via sensores mais baratos e redução de tamanho.

Os aparelhos que tem capacidade de detectar uma grande gama de

componentes químicos normalmente vem acompanhado de um

microprocessador de dimensões de um computador normal, por isso o baixo

número de aparelhos móveis.

São aparelhos com aplicações futuras extremamente promissoras, pois

atua de uma forma que muitos setores da indústria alimentícia deseja, no

auxílio ao controle de qualidade, além do fato de evitar que a exposição

humana a gases tóxicos.

Bibliografia

Krantz-Rülcker, C.; Winquist, F.; Lundström, I. Electronic tongues:


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Society, Jun/2005.

NAIME, João de Mendonça; SHINYA, Vivien Tammy; MATTOSO, Luiz H.


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Set/2005.

CIOSEK, Patrycja; Wróblewski; Wojciech. Sensor arrays for liquid sensing


– electronic tongue systems. Analyst. 2007.

Lisboa, Henrique de Melo; Page, Thierry; Guy, Christophe. Gestão de


odores: fundamentos do Nariz Eletrônico. Mar/2009.

Cheli, F.; Campagnoli, A.; Pinotti, L.; Maggioni, L.; Savoini, G.; Dell'Orto,
V. Testing feed quality: the "artificial senses". 2008

http://www.cnpdia.embrapa.br/produtos/lingua.html

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