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Produção apoiada por:

União Europeia GOVERNO


PROGRAMA OPERACIONAL DO EMPREGO,
Fundo Social Europeu DA REPÚBLICA PORTUGUESA
FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

MINISTÉRIO DA SEGURANÇA SOCIAL E


Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

TRABALHO

Ficha Técnica

ENTIDADE PROMOTORA
Formaconde - Formação Profissional Lda
PROJECTO
Guia Interactivo de Formação Pedagógica Inicial de Formadores
TITULO
O formador e o contexto em que se desenvolve a formação
COORDENAÇÃO PROJECTO
Manuel Sousa
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Sónia Silva
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Marta Antunes
ASSISTENTE TÉCNICO
Hugo Pereira
DESIGNER
Joana Moura
AUTORA
Susana Oliveira
DATA PROJECTO
Dezembro de 2003

Formadora: Susana Oliveira 2


Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

2.. ÍNDICE
Í

1. Ficha Técnica...........................................................................................................1
2. Índice........................................................................................................................2
3. Objectivos do Módulo...............................................................................................3
4. Introdução.................................................................................................................3
5. O que é a Formação Profissional.......................................................................................4
5.1. Certificação Profissional...........................................................................................5
6. Níveis de Formação ou Qualificação Profissional...................................................6
7. Domínios da Formação Profissional........................................................................8
7.1. Formação inserida no Sistema Educativo...................................................................8
7.2. Formação inserida no Mercado de Emprego..............................................................9
8. Modalidades de Formação Profissional inserida no Mercado de Emprego......................10
8.1 Formação Inicial.........................................................................................................11
8.1.1 Qualificação Inicial..............................................................................................................11
8.1.2 Aprendizagem....................................................................................................................11
8.1.3 Educação e Formação.......................................................................................................11
8.1.4 Educação e Formação de Adultos (EFA).................................................................12
8.2 Formação Contínua...................................................................................................12
9. O Papel do Formador no Contexto da Formação Profissional..............................14
9.1 Competências Pedagógicas.......................................................................................16
9.2 Competências Psicossociais......................................................................................17
9.3 Competências Técnicas.............................................................................................19
10. O Exercício da Actividade de Formador..............................................................20
10.1. Certificado de Aptidão Profissional de Formador (CAP)..........................................20
10.2. Condições de Renovação do CAP..........................................................................21
10.3. Bolsa Nacional de Formadores...............................................................................21

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Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

3. Objectivos do Módulo

Pretende-se que no final do módulo o formando seja capaz de:

• Caracterizar os Sistemas de Formação, com base nas finalidades, no público-alvo


e nas tecnologias utilizadas;

• Identificar a legislação, nacional e comunitária, que Regulamenta a Formação


Profissional;

• Enunciar as competências e capacidades necessárias à actividade de Formador –


Perfil do Formador – nos diferentes Sistemas de Formação.

Síntese dos conteúdos a abordar:

• Caracterização dos Sistemas de Formação

• Formação Profissional inserida no Sistema Educativo

• Formação Profissional inserida no Mercado de Emprego

• Legislação de enquadramento da Formação Profissional

• Perfil do Formador: competências e capacidades

4. Introdução

O Módulo 1 – O Formador e o Contexto em que se desenvolve a Formação, constitui o


primeiro dos módulos que compõem o Curso de Formação Pedagógica Inicial de
Formadores e a posição que ocupa como módulo “anfitrião” não é por acaso.
Como se sabe, este Curso visa essencialmente promover a aquisição e o
desenvolvimento de competências no domínio pedagógico-didáctico em quem pretende
exercer a actividade de formador.
Para que isto se torne possível e para que o formador se constitua como um agente activo
e potenciador dos referenciais formativos e dos seus sistemas, é importante que desenvolva
uma visão crítica e seja capaz de reflectir (ao nível técnico-pedagógico) sobre o contexto em
que esta surge e sobre o seu papel como formador.

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Constitui, assim, objectivo deste módulo, bem como de toda a formação de formadores,
potenciar este pensamento crítico e facilitar a compreensão global dos processos de
formação, abordando os diferentes Domínios de Formação, as Modalidades de formação
existentes e as Competências que um Formador deve desenvolver para o exercício da sua
actividade.

Pretendemos com este Manual, criar uma base de estudo sintética e eficaz que constitua
um apoio ao alcançar dos objectivos propostos para o Curso de Formação Pedagógica
Inicial de Formadores, nomeadamente no que diz respeito ao Módulo I – O Formador e o
Contexto em que se desenvolve a Formação.
O seu papel é aqui de orientador e guia, ponto de referência e segurança para a
formação.

5. O que é a Formação Profissional?

Entende-se por Formação Profissional o conjunto de actividades que visam proporcionar a


aquisição de conhecimentos, capacidades práticas, atitudes e formas de
comportamento, exigidas ao bom desempenho de uma determinada profissão ou grupo de
profissões num determinado contexto de organização produtiva económica e social.
Desde o curso de menos de uma dezena de horas realizado numa empresa, ao curso de
pós-graduação em gestão realizado numa Universidade, quase tudo, hoje em dia, pode ser
designado de «Formação Profissional».
Não há, efectivamente, um modelo generalizado que permita uma caracterização absoluta
das intervenções que nela se enquadram.

Ela abrange:

• Todos os níveis de profissionais;


• Diversas modalidades;
• Todos os sectores de actividade;
• Todo o público-alvo.

Uma das principais características da formação profissional é que, para além de


complementar a preparação para a vida activa iniciada no sistema básico, visa uma
integração dinâmica no mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de

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competências profissionais, de forma a responder às necessidades nacionais de


desenvolvimento e à inovação tecnológica.
Cada vez mais, as transformações técnicas, económicas e organizativas têm conduzido a
uma constante alteração do conteúdo de trabalho e das respectivas competências a que
aquele apela, gerando desactualizações e desadaptações que acentuam a necessidade de
aprendizagem ao longo da vida.

A formação profissional pode adoptar como objectivo:

• A PREPARAÇÃO INICIAL do pessoal para os estratos intermédios da «pirâmide das


qualificações»
mas, e também,
• A FORMAÇÃO CONTÍNUA do pessoal, incluindo os técnicos superiores já activos, através
de cursos de aperfeiçoamento realizados durante a sua vida profissional.

Então, a Formação Profissional pode:

• Integrar jovens activos e não activos;


• Integrar adultos activos e não activos,

ou seja, engloba:

• Actividades de aprendizagem completa de uma profissão OU


• O ensino de segmentos para aperfeiçoamento de profissionais já
activos.

5.1. Certificação Profissional

CERTIFICAR É GARANTIR que uma pessoa tem as COMPETÊNCIAS necessárias para desempenhar
uma determinada profissão. Esta garantia concretiza-se através da emissão de um
Certificado de Aptidão Profissional – CAP – por uma Entidade Certificadora competente.
(As exigências relativas à Certificação Profissional encontram-se descritas no Decreto-Lei n.º
95/92 de 23 de Maio, no Decreto Regulamentar n.º 68/94, de 26 de Novembro e na Portaria
n.º 1119/97, de 5 de Novembro).

Para obter um CAP é necessário ter:


• Formação Profissional adequada OU

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• Experiência profissional OU

• Título profissional emitido noutro país.

A Certificação Profissional:
• Facilita a livre circulação de trabalhadores na União Europeia;
• Promove a transparência das qualificações;
• Permite uma mais ajustada empregabilidade;
• Orienta a oferta formativa para as qualificações necessárias.

A formação profissional constitui um meio privilegiado para a integração sócio-profissional


dos indivíduos, preparando-os para o desempenho de funções ao nível profissional –
desenvolvendo competências técnicas e características psicossociais para o exercer um
determinado posto de trabalho – e mobilizando e/ou desenvolvendo recursos para o
desempenho de diferentes papéis sociais nos diferentes contextos da sua vida.
Constitui, no seu essencial, uma forma de promover o desenvolvimento da produtividade,
da economia, da competitividade e consequentemente da sociedade, através do fomento da
criatividade, de um espírito inovador e de iniciativa aos diferentes níveis: pessoal,
profissional e social. (O enquadramento legal da Formação Profissional encontra-se
estabelecido nos Decretos-Lei n.º 401/91 e 405/91, ambos de 16 de Outubro; o Despacho
Normativo n.º 42-B-2000, de 20 de Setembro, veio revogar o Despacho Normativo n.º53-
A/96, estabelecendo a natureza e limites máximos de custos elegíveis relativos a formadores
e formandos).

6.. Níveis de Formação ou Qualificação Profissional

Em Portugal, a qualificação profissional encontra-se estratificada em diferentes níveis de


formação que correspondem a diferentes graduações (consultar Despacho Normativo N.º
42-B/2000, de 20 de Setembro):

Nível 1
• Formandos com escolaridade básica;

• Iniciação profissional adquirida num estabelecimento de ensino ou em


formação extra-escolar, ou mesmo no contexto da empresa;

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• Formação básica em que a quantidade de conhecimentos técnicos e as


capacidades práticas desenvolvidas são muito limitadas, permitindo apenas a
execução de tarefas relativamente simples.

Nível 2
• Escolaridade obrigatória;

• Formação profissional completa para o exercício de uma determinada


actividade com a capacidade de utilizar os instrumentos e técnicas adequadas
à profissão;

Nível 3
• Escolaridade mínima obrigatória;

• Formação profissional;

• Formação técnica complementar ou ensino secundário completo;

• Implica um trabalho técnico que poderá ser executado de forma autónoma e


eventualmente incluir responsabilidades de coordenação.

Nível 4

• Formação técnica pós-secundária;

• Inclui conhecimentos e capacidades que pertencem a um nível superior;

• Nível intermédio e execução de uma actividade;

• Não exige, geralmente, fundamentos científicos das diferentes áreas em


causa;

• Actuação autónoma, independente e com responsabilidades de concepção

Nível 5
• Formação Superior completa;

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• Autonomia no exercício da actividade profissional (assalariada ou


independente) o que implica o conhecimento dos fundamentos científicos da
profissão.

Orientação Didáctica:
Didáctica
Apresentação e exploração da Transparência A.1.1 e da Colecção de Diapositivos D.1.1.
7.. Domínios da Formação Profissional
A formação profissional constitui uma realidade na resposta às necessidades prementes
de uma sociedade inserida numa Comunidade Europeia em constante desenvolvimento.
Podemos, então, enquadrá-la em diferentes domínios tendo por referência a base
institucional em que assenta: a Escola ou a Empresa.

Proposta de Trabalho: Actividade 1


Para desenvolvimento deste tema, propomos a realização em grupo da Actividade 1 cujo
objectivo é salientar as diferenças entre os dois sistemas de ensino.

7.1.
.1. Formação inserida no Sistema Educativo

A formação profissional inserida no Sistema Educativo tem como base institucional


dominante a Escola e destina-se à população escolar, incluindo ensino recorrente de adultos
e educação extra-escolar.
Este tipo de ensino baseia-se na relação didáctica professor (ensina) – aluno (aprende).
Assim, sofre algumas condicionantes relativamente à formação inserida no Mercado de
Trabalho, nomeadamente no que diz respeito aos seus objectivos gerais, sendo que se
centra, essencialmente, na procura da transmissão de conteúdos, o “Saber-Saber” e na
transmissão do “Saber-Ser-Estar” na vida, socializar.
Os objectivos da avaliação neste domínio prendem-se apenas com a avaliação do aluno,
descurando a avaliação dos processos e métodos de ensino.

7.2. Formação inserida no Mercado de Emprego

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A formação inserida no Mercado de Emprego tem como base de referência a Empresa e


tem como destinatários a população activa empregada ou desempregada, incluindo
candidatos ao primeiro emprego (o Decreto-Lei n.º 401/91, de 16 de Outubro e o Decreto-

Lei n.º 405/91, de 16 de Outubro estabelecem e regulamentam o quadro legal da formação


profissional inserida quer no sistema educativo quer no mercado de emprego).
Apesar de esta ser a principal diferença, podemos enunciar outras igualmente
importantes e que o transformam cada vez mais num domínio de sucesso.
Ao contrário da formação inserida no Sistema Educativo, esta baseia-se na relação
pedagógica Formador – Formando (já a nomenclatura é diferente) e as competências a
desenvolver são mais abrangentes e vocacionadas para o exercício de uma profissão:
Preparar para...
Integrar para...
Aperfeiçoar o desempenho para...

A disposição nas salas transforma-se (torna-se mais acolhedora, menos ameaçadora e


mais propícia à participação e aprendizagem), bem como a formação é “transportada” para
os locais de emprego, o posto de trabalho ou empresas especializadas em formação.

Podemos salientar algumas diferenças de nomenclatura entre ambas:

2 Realidades = 2 Terminologias

Formação inserida no Formação inserida no


Sistema Escolar Mercado de Emprego

Empresa
Escola
Local (ou posto) de Trabalho
Universidade
Centro de Formação

Preparar para...
Ensinar Integrar para...
Socializar Aperfeiçoar o desempenho para...
Reconverter/reciclar para...

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Visa:
Visa:
- O “saber – saber”, para aplicar.
- O “saber – saber”, para saber...
- O “saber – fazer”, para produzir.
- O “saber – ser – estar”, na vida...
- O “saber – agir”, no trabalho e na vida.

Sala de Formação
Sala de Aula
Local (ou posto) de trabalho

Formador
Professor
Monitor
Docente
Animador

Formando
Aluno
Participante

Turma Grupo

Trabalho Individual
Exercício Trabalho de Grupo
Trabalho Prático

Teste
Trabalho
Prova
Trabalho de Aferição
Exame

Aferição do Sistema de Formação


Avaliação do Aluno
Aferição dos Resultados

Orientação Didáctica:
Didáctica apresentação e exploração das Transparências A.1.2 e A.1.3 e da
Colecção de Diapositivos D.1.2. ao longo da apresentação dos conteúdos temáticos.

8. Modalidades de Formação Profissional inserida no Mercado de


Emprego

O processo de formação pode ser considerado inicial ou contínuo, sendo que cada uma
das modalidades se reveste de formas diferentes e é representada por diferentes cursos de
formação (consultar Decreto-Lei n.º 401/91, de 16 de Outubro e Decreto-Lei n.º 405/91, de
16 de Outubro, que regulamentam e estabelecem o quadro legal da formação profissional
inserida no mercado de emprego):

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• A formação inicial destina-se a conferir uma qualificação profissional inicial e uma


preparação para a vida adulta e profissional.

• A formação contínua insere-se na vida profissional do indivíduo e destina-se a


potenciar a adaptação às inovações tecnológicas e às constantes mutações de uma
organização, bem como favorecer a progressão profissional e o desenvolvimento
pessoal dos indivíduos.

8.1.
.1. Formação Inicial

Relativamente à primeira modalidade de formação (inicial) podemos aqui encontrar vários


tipos de curso que essencialmente assumem por objectivo atribuir aos formandos uma
qualificação inicial, geralmente prévia ao exercício de uma profissão e à qual lhes permita
aceder, favorecendo a entrada dos jovens na vida adulta e activa. Comum a todos os cursos
que se enquadram nesta modalidade podemos encontrar a certificação profissional
associados a uma certificação escolar superior ao nível de entrada no curso.

Podemos, então, considerar 4 tipos de cursos (denominados frequentemente de


modalidades de formação):

8.1.1.
.1.1. Qualificação Inicial

Os cursos de qualificação têm como objectivo preparar jovens ou adultos, candidatos ao


1º emprego, com competências requeridas para acesso a uma profissão. Têm acesso a
estes cursos jovens ou adultos com a escolaridade obrigatória, não qualificados ou sem
qualificação adequada ao mercado de trabalho.

8.1.2.
.1.2. Aprendizagem

Estes cursos, têm como principal objectivo a formação de jovens entre os 16 e os 25


anos, candidatos ao 1º emprego com o 4º, 6º, 9º ou 12º anos concluídos. Preparando-os
com uma qualificação inicial indispensável ao desempenho de uma profissão qualificada.
Esta aprendizagem é feita em alternância entre o Centro de Formação, onde se realiza a
formação teórico-prática (sócio-cultural e científico-tecnológica) e uma empresa, na qual os
formandos têm formação prática em contexto real de trabalho (daí ser considerada
aprendizagem em alternância).

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Esta última característica constitui um dos factores de sucesso desta modalidade no


que diz respeito à integração dos formandos no mercado de trabalho.

8.1.3.
.1.3. Educação e Formação

Estes cursos têm como objectivo certificar jovens em risco de abandono escolar ou que
entraram de forma precoce no mercado de trabalho com uma qualificação profissional inicial,
permitindo, para além da qualificação profissional, uma progressão ao nível da escolaridade.
Tal como no anterior, também este curso integra uma componente de formação em
contexto real de trabalho, visando consolidar as competências adquiridas ao longo da
formação teórico-prática..

8.1.4.
.1.4. Educação e Formação de Adultos (EFA)

Estes últimos cursos destinam-se a jovens e adultos com idade igual ou superior a 18
anos, empregados ou desempregados, que não possuam qualquer qualificação ou uma
qualificação adequada, dando equivalência ao 4º, 6º ou 9º ano de escolaridade.
Ao contrário dos cursos anteriores, este inicia-se por um processo de reconhecimento e
validação de competências, desenvolvido antes da formação, que permitirão adequar o
percurso formativo de cada formando, em função das suas habilitações e competências
profissionais.
O percurso formativo inclui uma formação de base e uma componente de formação
profissionalizante (que inclui prática no contexto real).

Em comum todos estes cursos, para além de partilharem a formação em contexto real de
trabalho, partilham as componentes de formação sócio-cultural que visa a aquisição de
competências e atitudes que permitam o desenvolvimento pessoal, profissional e social, e
científico-tecnológica que visa a aquisição de competências técnicas essenciais ao
desenvolvimento de uma nova actividade profissional (apesar de ambos existirem com outra
nomenclatura nos cursos de Educação e Formação de Adultos).
8..2. Formação Contínua

Relativamente à formação contínua, podemos encontrar uma extensa variedade de


cursos, desde a Especialização, à Reciclagem, passando pela Promoção. Todos estes
cursos se referem a formação específica após uma qualificação inicial (condição básica de

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acesso), isto é, constituem uma forma de aperfeiçoamento após a obtenção de uma


qualificação que lhe permitiu previamente o acesso ao mercado de trabalho.

Orientação Didáctica:
Didáctica apresentação e exploração da Transparência A.1.4 e A.1.5 e da
Colecção de Diapositivos D.1.2.

Em forma de apresentação esquemática e mesmo síntese dos cursos de ambas as


modalidades, podemos considerar o seguinte quadro – síntese:

Competências
Modalidade Curso Tempos Destinatários
visadas

Jovens e adultos candidatos


ao 1º emprego, com a
Competências
Previa ao início de escolaridade obrigatória, não
Qualificação requeridas para
desempenho da profissão qualificados ou sem
acesso à profissão
qualificação adequada ao
mercado de trabalho

Jovens entre os 16 e 25
anos, candidatos ao 1º
emprego com:
Competências 1º ciclo do ensino básico (4º
Previa ao início de
Aprendizagem requeridas para ano)
desempenho da profissão
acesso à profissão 2ºciclo do ensino básico
(6ºano)
Ensino básico (9ºano)
Ensino secundário (12º ano)
Formação
Inicial
Jovens em risco de
abandono escolar ou que
Competências
Educação e Previa ao início de entram precocemente no
requeridas para
Formação desempenho da profissão mercado de trabalho, sem ou
acesso à profissão
com insuficiente qualificação
profissional

Cidadãos com idade igual ou


superior a 18 anos, não
Educação e Competências qualificados ou sem
Prévia ao início de
Formação de requeridas para qualificação adequada, sem
desempenho da profissão
Adultos acesso à profissão escolaridade básica de 4, 6
ou 9 anos; empregados ou
desempregados

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Melhoria Desempregados, activos


competências qualificados empregados ou
anteriores Ao longo do exercício da em risco de desemprego,
Aperfeiçoamento
Adequação profissão que careçam de
exigências das aperfeiçoamento das suas
organizações competências

Reaquisição de
Desempregados, activos
competências
qualificados empregados ou
anteriores Ao longo do exercício da
Reciclagem em risco de desemprego,
Adequação profissão
que careçam de reciclagem
exigências das
das suas competências
organizações

Aquisição novas
Desempregados, activos
competências /
qualificados empregados ou
evolução Ao longo do exercício da
Actualização em risco de desemprego,
Adequação profissão
que careçam de actualização
exigências das
das suas competências
organizações
Formação
Contínua Consolidação
capacidades,
Activos qualificados
conhecimentos e
Ao longo do exercício da empregados que pretendam
Especialização competências em
profissão desenvolver competências
áreas específicas
específicas
Suporte à inovação
organizacional

Activos qualificados
Progressão Ao longo do exercício da
Promoção empregados que pretendam
profissional profissão
progredir na carreira

Desempregados e activos
Nova profissão empregados ou em risco de
Competências desemprego
técnicas, sociais e Semi-qualificados ou sem
Reconversão relacionais, Mudança de profissão qualificação adequada para
completando inserção no mercado de
qualificação nível II ou trabalho
III Com ou sem escolaridade
obrigatória

Estas diferentes modalidades constituem, essencialmente, novas formas de responder


às emergentes necessidades do mercado de trabalho e principalmente às necessidades de
cada jovem/adulto que, cada vez mais, se vê necessitado de uma formação específica em
função dos seus interesses, valores, desejos e possibilidades.

Proposta de Trabalho: Actividade 2


Para desenvolvimento deste tema, propomos a realização da Actividade 2 cujo objectivo é
proporcionar uma melhor compreensão do tema através de exemplos práticos de formação.

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9.. O Papel do Formador no Contexto da Formação Profissional


O trabalho de um formador está embebido de uma enorme complexidade e o seu papel
no seio da formação profissional, ainda que não seja o único elemento no processo nem
nele se deva centrar toda a formação, é crucial para o atingir dos objectivos e para o bom
desenvolvimento de uma acção de formação.

Qual, então, o papel que o formador deve desempenhar? Existem competências específicas
que deva possuir para desenvolver um bom trabalho como formador?

Propostas de Trabalho: Actividades 3 ou 4

Para uma abordagem inicial deste tema, propomos a realização de uma das duas
actividades sobre esta temática: Actividade 3 e 4. Ambas procuram, apesar de o fazerem de
forma diferente, suscitar nos formados as suas próprias noções sobre o papel do formador
no contexto da formação.

Antes de responder a estas questões devemos debruçar-nos sobre a noção de formador.


Segundo o Decreto-Lei 66/94 de 18 de Dezembro, o formador é «(...) o profissional que, na
realização de uma acção de formação, estabelece uma relação pedagógica com os
formandos, favorecendo a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o
desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento adequados ao desempenho
profissional.»

A sua principal missão prende-se, assim, primeiramente, com o favorecer da aquisição de


conhecimentos e competências, procurar desenvolver nos formandos atitudes e
comportamentos essenciais ao seu desempenho na vida activa e no mercado de emprego.

O Formador é um Facilitador da Aprendizagem!


É sua obrigação, facilitar a aprendizagem, favorecer esta aquisição de competências,
assumindo uma postura de cooperação. Deixa de apenas “instruir” para passar a colaborar.
É fundamental que, ao longo do processo, sublinhe a importância do papel dos formandos,

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sobretudo do seu empenhamento para o sucesso ou insucesso de uma formação, co-


responsabilizando-os pelos seus fracassos e pelos seus êxitos.

Contudo, o papel de facilitador só poderá ter lugar com o estabelecimento de uma relação
pedagógica, na qual irá assentar todo o processo de formação, mediante a criação de
estreitos laços com os formandos. É esta relação que sustenta o processo e que permite a
prossecução da formação.

Para além de se constituir como um facilitador, o formador é igualmente um Animador,


procurando suscitar nos formandos os comportamentos necessários à prossecução dos
objectivos de desenvolvimento e de polivalência cada vez mais exigidos. O seu trabalho
envolve, entre outros aspectos, promover a motivação e o envolvimento dos formandos,
assegurando, desta forma, um dos principais requisitos básicos à eficácia da formação.

O Formador é igualmente um Moderador de Conflitos. Entre algumas das competências


do formador conta-se a de ser um moderador de conflitos no interior dos grupos, e de saber
aproveitá-los em favor da formação. Esta gerência de conflitos está intimamente ligada à sua
função de facilitador da aprendizagem, canalizando a energia dos formandos para o que é
fundamental no processo de formação.

No entanto, para que o formador desempenhe a sua actividade com sucesso deve
desenvolver uma série de competências que lhe permitam cumprir com os objectivos da
formação e proporcionar aos seus formandos as perspectivas necessárias ao seu próprio
desenvolvimento e realização, tanto a nível profissional como pessoal ao longo do seu
contínuo profissional.

A sua actividade exige, assim, 3 tipos de competências:

• Competências PEDAGÓGICAS.
• Competências ao nível humano, PSICO-SOCIAIS;
• Competências PROFISSIONAIS / TÉCNICAS;

Orientação Didáctica:
Didáctica apresentação e exploração das Transparências A.1.6 a A.1.9 e da
Colecção de Diapositivos D.1.3.

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9.1.
1. Competências Pedagógicas

Estas competências dizem respeito às capacidades de planeamento, preparação,


animação e avaliação de uma acção de formação e que envolvem uma série de parâmetros,
essenciais ao desenvolvimento a formação e à intervenção no sistema de formação:

1. Planeamento / Preparação da formação

 Análise / caracterização do projecto de acção de formação em que se irá intervir:


objectivos, perfis de entrada e de saída, programa, condições de realização;

 Constituição do dossier da formação;

 Concepção e planificação do desenvolvimento da formação: objectivos, conteúdos,


actividades, tempos, métodos, avaliação, recursos didácticos, documentação de
apoio;

 Elaboração dos planos das sessões de formação.

2. Desenvolvimento / Animação da Formação

 Condução / mediação do processo de formação/aprendizagem, desenvolvendo os


conteúdos, estabelecendo e mantendo a comunicação e a motivação dos formandos,
gerindo os tempos e os meios materiais necessários, utilizando auxiliares didácticos;

 Gestão da progressão na aprendizagem realizada pelos formandos, utilizando meios


de avaliação formativa e implementando os ajustamentos necessários.

3. Avaliação da formação

 A avaliação final da aprendizagem realizada pelos formandos;

 Avaliação do processo formativo;

 Reestruturação do plano de desenvolvimento da formação.

Formadora: Susana Oliveira 18


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9..2. Competências Psicossociais

Referem-se às capacidades de saber-ser e estar, isto é, as competências de


relacionamento com o próprio, com os outros e com o objecto de trabalho:

1. Saber–Estar em situação profissional no posto de trabalho, na empresa/organização,


nomeadamente tendo atenção à:

• Assiduidade;
• Pontualidade;
• Postura pessoal e profissional;

• Aplicação ao trabalho;
• Co-responsabilidade e autonomia;
• Boas relações de trabalho;
• Capacidade de negociação;
• Espírito de equipa;
• Auto-desenvolvimento pessoal e profissional.

2. Possuir capacidade de Relacionamento com os outros e consigo próprio, implicando,


nomeadamente, competências ao nível de:

• Comunicação interpessoal;
• Liderança;
• Estabilidade profissional;
• Tolerância;
• Resistência à frustração;
• Auto-confiança;
• Auto-crítica;
• Sentido ético pessoal e profissional.

3. Ter capacidade de Relacionamento com o objecto de trabalho, tendo implicações,


nomeadamente:

• Capacidade de análise e de síntese;

Formadora: Susana Oliveira 19


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• Capacidade de planificação e organização;


• Capacidade de resolução de problemas;
• Capacidade de tomada de decisão;
• Criatividade;
• Flexibilidade;
• Espírito de Iniciativa e abertura à mudança.

9.3.
.3. Competências Técnicas:
T

As competências técnicas dizem respeito à capacidade do formador em se integrar e


adaptar ao contexto técnico e organizacional da sua actividade:

1. Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua


actividade:

• A população activa, o mundo do trabalho e os sistemas de formação;


• O domínio técnico-científico e/ou tecnológico objecto da formação;
• O papel e perfil do formador;
• Os processos de aprendizagem e a relação pedagógica;
• A concepção e organização de cursos ou acções de formação.

2. Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos


de formandos.

Resumindo, de forma geral:

Cabe ao formador

 Planear sessões de formação


 Conhecer o grupo nas suas diferenças
 Definir objectivos em termos de resultados (o que espera alcançar com a formação)
 Seleccionar conteúdos
 Escolher métodos e técnicas
 Conceber instrumentos de avaliação (inicial, formativa e sumativa)
 Prever recursos didácticos necessários à realização da sessão de formação

Formadora: Susana Oliveira 20


Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

 Gerir tempos
 Animar
 Comunicar os objectivos
 Criar situações problema
 Diversificar métodos e actividades
 Favorecer a interacção/participação dos formandos
 Avaliar, comunicando os resultados obtidos
 Utilizar os diferentes tipos de avaliação
 Associar o ambiente à formação
 Transformar a formação em desenvolvimento pessoal

10.. O Exercício
Exerc da Actividade de Formador
A preparação como formador implica, para além das características como a cooperação,
capacidade de relacionamento e comunicação, também a obtenção de uma qualificação
(formação científica, técnica e prática) de nível igual ou superior ao nível de saída dos
formandos no domínio em que se desenvolve a formação.
Reunidas estas condições resta apenas a obtenção obrigatória do Certificado de
Aptidão Profissional de Formador (CAP) devidamente actualizado.

10.1.
.1. Certificado de Aptidão Profissional de Formador (CAP)

Este documento pode ser obtido através da:

 Frequência com aproveitamento de um Curso de Formação Pedagógica com a


duração mínima de 90 horas, homologado pelo IEFP;

 Ou possuindo um título que habilite ao exercício de formador, emitido na União


Europeia ou noutro país, em caso de acordos de reciprocidade.

Em ambos os casos o formador tem a possibilidade de obter um CAP válido por 5 anos.

Formadora: Susana Oliveira 21


Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

A Certificação como Formador é obrigatória desde 01 de Janeiro de 1998, sendo que


apenas o IEFP é responsável pelo processo (Consultar a Portaria n.º 1119/97 de 5 de
Novembro, que estabelece as normas específicas de certificação e o Decreto Regulamentar
n.º66/94, de 18 de Novembro, revisto pelo Decreto Regulamentar n.º26/97, de 18 de Junho,
que define as condições para exercício da actividade de formador no âmbito do mercado de
emprego).

A obtenção do CAP é feita mediante o seu requerimento junto do Centro de Emprego da


área de residência do candidato a formador, mediante a apresentação da Ficha de
Candidatura (ou de renovação), do Certificado de Habilitações Literárias, do Bilhete de
Identidade e do Certificado de Formação Pedagógica de Formadores (onde constem os
conteúdos, duração total do Curso e data de realização).

Existe, no entanto, a possibilidade de aceder ao CAP (válido por 2 anos) para aqueles
formadores que se encontravam presentes no mercado de trabalho antes de 01 de Janeiro
de 1998, obrigatoriamente preenchendo os seguintes requisitos:

 Ter frequentado um Curso de Formação Pedagógica de Formadores antes de 01 de


Janeiro de 1998, com a duração mínima de 60 horas e que inclua os conteúdos
considerados adequados pelo IEFP.

 Possuir um mínimo de 180 horas de experiência em formação, entre 01 de Janeiro


de 1990 e 01 de Janeiro de 1998.

10.2.
.2. Condições de Renovação do CAP

O CAP válido por 5 anos, pode ser renovado por mais 5 anos através de uma
actualização pedagógica:

Formadora: Susana Oliveira 22


Módulo 1 - O Formador e o Contexto em que se Desenvolve a Formação

 60 horas de formação de actualização pedagógica ou outras experiências


consideradas significativas na área pedagógica pela entidade certificadora.

 300 horas de experiência formativa.

O CAP válido por 2 anos, pode ser renovado através de:

 60 horas de formação de actualização pedagógica;

 120 horas de experiência formativa.

10
0.3. Bolsa Nacional de Formadores

Os formadores que pretenderem podem solicitar no Centro de Emprego a sua integração


na Bolsa Nacional de Formadores – uma bolsa que está organizada por regiões e áreas de
formação e que facilita o acesso à profissão de formador.

Formadora: Susana Oliveira 23

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