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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1.2 Potência
1.3 A Dominação(Herrshaft)
poder para que haja uma dominação. Para que uma sociedade exista é
necessário que haja dominação, a qual vem revestida de um manto de
segredismo, sem o qual ele não duraria muito tempo(Webber, 1993).
Confundes, muitas vezes, a dominação com o poder. O poder, assim como
a capacidade de exercer dominação, não é uma coisa que se possui, como
estamos acostumados a empregá-lo. No poder social, dizer que se A tem
poder B não possui é ser precipitado e simplista, esquecendo que o poder é
“o nome atribuído a um conjunto de relações que formigam por toda à parte
na espessura do corpo social”. (LEBRUN, 1981, p. 8).Algo semelhante
ocorre com a dominação. A dominação requer uma predisposição à
disciplina por parte dos dominados. A teoria do poder de “soma zero”
(LEBRUN, 1981), abordada por autores como Webber, afirma que o poder
é uma soma fixa (igual a zero) onde se em uma relação social uma pessoa
ou grupo A exerce influência sobre outra pessoa ou grupo B, é necessário
que A detenha poder e B não. Foucoult nega esse pressuposto afirmando
que é necessário analisar os micropoderes capazes de influenciar essa
relação. O autor afirma que o poder é capaz de transformar os sujeitos em
súditos industriosos por meio de suas pedagogias disciplinares, por meio de
um adestramento que cria os cidadãos ao invés de os dominar e que não
percebemos isso por estarmos mais acostumados e confortados com a idéia
da dominação e por que esse adestramento ocorre sorrateira e
invisivelmente. É necessário que as pessoas ousem questionar os
fundamentos dos poderes potenciais que poderão influenciá-las, sem
“baixar a cabeça” por medo ou por achar que é natural não questionar tal
poder, pois o normal ou a regra é não levantar nenhuma oposição ao poder.
A dominação deve ser questionada. A profunda letargia ocorre devido a
“um sentimento atávico dos deserdados, de serem por natureza excluí-los
do poder, estranhos a este - talvez derivam da convicção de que opor-se a
ele seria loucura comparável a opor-se aos fenômenos atmosféricos”
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pelo Just in time. (...) O Kanban, placas que são utilizadas para a reposição
de peças, é fundamental, à medida que se inverte o processo: é do final,
após a venda, que se inicia a reposição de estoques (...)
Os modelos tayloristas-fordistas procuram acompanhar as
inovações tecnológicas para aprimorar a produção e a forma de se gerir,
produzindo produtos diversificados e com alta qualidade para atender aos
clientes da melhor forma e com o melhor tempo possível, acompanhando
os concorrentes. Surgem os chamados “gurus” do manegement (conotação
que faz uma alusão à líderes religiosos que possuem inúmeros seguidores
que são, em alguns casos, fanáticos), que ditam as novidades na forma de
se gerir e surgem novos termos que substituem conceitos antigos já usados:
gestão de pessoas substitui o antigo recursos humanos, motivação vira
mobilização (fala-se também em motivação intrínseca, ao invés da
extrínseca, própria dos modelos burocráticos), a idéia ou metáfora militar
adquire um sentido negativo. E, além disso, temas como participação-
surgem os famosos CCQs ou círculos de controle de qualidade-,
autonomia, trabalho em equipe e competência tomam conta da literatura
dos chamados modelos neofordistas (BERNARDO, 2009). A aquisição dos
funcionários passa a ser feita com base em suas competências e não mais
em suas aptidões ou habilidades no trabalho, pois quanto mais eles
passarem a visualizar novas oportunidades para aprimorar o trabalho e
quanto mais forem capazes de aprender a aprender, mais valor terão às
empresas. Assim, segundo Zarifian (apud BERNARDO, 2009), a
capacidade para desenvolver uma atitude reflexiva em relação ao trabalho,
a disposição para assumir responsabilidades e riscos e a capacidade de
aprendizagem substituiriam a reatividade dos antigos trabalhadores ditos
“qualificados”.
Destarte, a introdução de escalões e uniforme, a padronização e
regulamentação ou aumento da especialização ou uso de equipamentos, o
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consigo desligar, muitos podem dizer para você que desligam, mas eu não
consigo, é como se estivesse aqui no subconsciente, eu sei que vou
trabalhar amanhã e que tenho essa responsabilidade e é assim... eu tenho
família que depende diretamente do que eu faço aqui... então sinto assim .
O trabalhador permanece ligado à empresa, vinculado à ela , por isso
mesmo estando fora da empresa é o mesmo que estar dentro da
organização. Ele sempre levará a empresa dentro de si. A apropriação da
subjetividade do trabalho por uma empresa desumana fará com que ele
carregue para sempre as mazelas de um trabalho triste e sofrido. Nos
modelos flexíveis o trabalho e ávida dos funcionários ficam comprometidos
[...]não percebendo, muitas vezes, que sua vida fora do trabalho,
família e lazer está inteiramente afetada tanto quanto sua subjetividade,
pois não há tempo para se pensar e refletir no que está fazendo – situação
que pode ser considerada como “despertencimento”, isto é, o sentimento de
que a vida não lhe pertence (Cimbalista, 2006, p.76)
O trabalhador perde seu trabalho e sua vida. Deixa de pensar como
homem para pensar como máquina como uma “coisa”, uma propriedade
descartável, pois seu trabalho e parte do seu ser ficam retidos em produtos
tambêm descartáveis e em trabalhos estranhos. Quanto mais esse tipo de
trabalhador produz mais se desvaloriza, pois parte da sua vida, da sua
energia e riqueza vital fica retida nas suas mercadorias.
O trabalho se torna tão pobre quanto mais riqueza produz, quanto
mais aumenta em poder e extensão. O trabalhador se torna uma mercadoria
tão mais barata quanto mais mercadoria cria. Com a valorização do mundo
das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos
homens. O trabalho não produz mercadorias ; produz a si memo e ao
trabalhador como mercadorias e isto na proporção que produz mercadorias
em geral (Marx apud Navarro, 2006, p.15)
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peculiaridades do seu trabalho, tem que cumprir metas não tão fáceis em
curtos espaços de tempo, com o fim de ser bem visto pelos seus superiores,
já que seria injusto não colaborar e não abraçar uma gestão tão humana e
participativa.
O empowerment faz com que as pessoas sintam-se incluídas, ao
mesmo tempo em que cumprem objetivos que são os da empresa. A gestão
cria uma necessidade de inclusão (que serve para alienar o trabalhador, que
não cogita na exploração realizada pela alta gerência) e de cooptação para
que os funcionários sintam-se superiores e produzam mais. O sentimento
de orgulho e a inclusão são artifícios feitos para realizar a exploração do
trabalho. De acordo com Tracy (2004, p.15)
Não é suficiente as pessoas saberem o que devem fazer, elas
precisam saber também a razão de o estarem fazendo. Elas precisam ser
capazes de enxergar a correlação entre as responsabilidades das suas
funções e as metas e objetivos dos seus departamentos e da sua empresa.
Os gestores devem estar sempre lembrando às pessoas as suas
responsabilidades, que devem ser coerentes com os objetivos e metas da
empresa e são definidas antes da contratação (Tracy, 2004). O trabalho é
sempre monitorado para assegurar que o trabalhador está conforme o que a
empresa estabelece. A fixação das responsabilidades é uma maneira de
inserir o trabalhador nos planos da empresa. O sentimento de orgulho que o
empowerment proporciona faz com que os funcionários sintam-se
superiores, contribuindo para a rivalidade no ambiente de trabalho. Além
disso cria um sentimento de superioridade em relação aos membros de
outras empresas. De acordo com Gounet (apud de Oliveira, 2004)
Na indústria automobilística, por exemplo, um trabalhador na Toyota
olha com desprezo as condições sociais de seus companheiros na Mazda,
Honda ou Nissan. Um trabalhador da Toyota não pertence à classe
trabalhadora, mas ao império Toyota e sua prosperidade influencia seus
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5. Referências
Dreifuss, René Armand. Política, Poder, Estado e Força. Petrópolis: Vozes, 1993.