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LEI Nº 9.034, DE 3 DE MAIO DE 1995.

Dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a


prevenção e repressão de ações praticadas por organizações
criminosas.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte lei:
CAPÍTULO I
Da Definição de Ação Praticada por Organizações Criminosas e
dos Meios Operacionais de Investigação e Prova
Art. 1o Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos
investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações
praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou
associações criminosas de qualquer tipo.(Redação dada pela Lei
nº 10.217, de 11.4.2001)
Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos,
sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes
procedimentos de investigação e formação de provas: (Redação
dada pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)
I - (Vetado).
II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição
policial do que se supõe ação praticada por organizações
criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob
observação e acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da
formação de provas e fornecimento de informações;
III - o acesso a dados, documentos e informações fiscais,
bancárias, financeiras e eleitorais.
IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais
eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise,
mediante circunstanciada autorização judicial; (Inciso incluído
pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)
V – infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em
tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados
pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.
(Inciso incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente
sigilosa e permanecerá nesta condição enquanto perdurar a
infiltração. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)
CAPÍTULO II
Da Preservação do Sigilo Constitucional
Art. 3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo
possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição
ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz,
adotado o mais rigoroso segredo de justiça.
§ 1º Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o auxílio
de pessoas que, pela natureza da função ou profissão, tenham
ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
§ 2º O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado da
diligência, relatando as informações colhidas oralmente e
anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem
relevância probatória, podendo para esse efeito, designar uma
das pessoas referidas no parágrafo anterior como escrivão ad
hoc.
§ 3º O auto de diligência será conservado fora dos autos do
processo, em lugar seguro, sem intervenção de cartório ou
servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do juiz,
as partes legítimas na causa, que não poderão dele servir-se
para fins estranhos caso de divulgação.
§ 4º Os argumentos de acusação e defesa que versarem sobre a
diligência serão apresentados em separado para serem
anexados ao auto da diligência, que poderá servir como
elemento na formação da convicção final do juiz.
§ 5º Em caso de recurso, o auto da diligência será fechado,
lacrado e endereçado em separado ao juízo competente para
revisão, que dele tomará conhecimento sem intervenção das
secretarias e gabinetes, devendo o relator dar vistas ao
Ministério Público e ao Defensor em recinto isolado, para o
efeito de que a discussão e o julgamento sejam mantidos em
absoluto segredo de justiça.
CAPÍTULO III
Das Disposições Gerais
Art. 4º Os órgãos da polícia judiciária estruturarão setores e
equipes de policiais especializados no combate à ação praticada
por organizações criminosas.
Art. 5º A identificação criminal de pessoas envolvidas com a
ação praticada por organizações criminosas será realizada
independentemente da identificação civil.
Art. 6º Nos crimes praticados em organização criminosa, a pena
será reduzida de um a dois terços, quando a colaboração
espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações
penais e sua autoria.
Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem
fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva
participação na organização criminosa.
"Art. 8° O prazo para encerramento da instrução criminal, nos
processos por crime de que trata esta Lei, será de 81 (oitenta e
um) dias, quando o réu estiver preso, e de 120 (cento e vinte)
dias, quando solto." (Redação dada pela Lei nº 9.303, de
5.9.1996)
Art. 9º O réu não poderá apelar em liberdade, nos crimes
previstos nesta lei.
Art. 10 Os condenados por crime decorrentes de organização
criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 11 Aplicam-se, no que não forem incompatíveis,
subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal.
Art. 12 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13 Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 3 de maio de 1995; 174º da Independência e 107º da
República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
JURISPRUDÊNCIA SOBRE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

ADI 1570 / DF - DISTRITO FEDERAL


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA
Julgamento: 12/02/2004 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação: DJ 22-10-2004 PP-00004 EMENT VOL-02169-01 PP-00046
RDDP n. 24, 2005, p. 137-146 RTJ VOL-00192-03 PP-00838
Parte(s) REQTE. : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
REQDO. : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
REQDO. : CONGRESSO NACIONAL
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI
COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR.
REVOGAÇÃO IMPLÍCITA. AÇÃO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE
INSTRUÇÃO". REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE.
COMPETÊNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA.
FUNÇÕES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO
MINISTÉRIO PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95.
Superveniência da Lei Complementar 105/01. Revogação da disciplina
contida na legislação antecedente em relação aos sigilos bancário e
financeiro na apuração das ações praticadas por organizações
criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem
sobre o acesso a dados, documentos e informações bancárias e
financeiras. 2. Busca e apreensão de documentos relacionados ao
pedido de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado.
Comprometimento do princípio da imparcialidade e conseqüente
violação ao devido processo legal. 3. Funções de investigador e
inquisidor. Atribuições conferidas ao Ministério Público e às Polícias
Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e § 4o). A
realização de inquérito é função que a Constituição reserva à polícia.
Precedentes. Ação julgada procedente, em parte.

Decisão
- O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para
declarar a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei nº 9.034, de 03 de
maio de 1995, no que se refere aos dados "fiscais" e "eleitorais",
vencido o Senhor Ministro Carlos Velloso, que a julgava improcedente.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Marco Aurélio e Cezar
Peluso. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Maurício Corrêa.
Plenário, 12.02.2004.

ADI 1517 / UF - UNIÃO FEDERAL


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.034, DE 03/05/95: ART. 3º E SEUS
PARÁGRAFOS: DILIGÊNCIA REALIZADA PESSOALMENTE PELO JUIZ.
PRELIMINARES: LEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM"; PERTINÊNCIA
TEMÁTICA. AÇÃO CONHECIDA. FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA:
USURPAÇÃO NÃO CONFIGURADA. DEVIDO PROCESSO LEGAL:
INEXISTÊNCIA DE OFENSA. IMPARCIALIDADE DO JUIZ: NÃO HÁ
COMPROMETIMENTO. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: OFENSA NÃO
CARACTERIZADA. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. 1. Preliminar:
legitimidade ativa "ad causam": tem-se como já pacificado o
reconhecimento da legitimidade ativa "ad causam" da ADEPOL, em face
dos precedentes desta Corte, entendendo tratar-se de entidade de
classe de âmbito nacional, com capacidade para agir em sede
jurisdicional concentrada, atendendo assim o disposto no art. 103, inciso
IX, da Constituição Federal. 2. Preliminar: pertinência temática: de
reconhecer-se, uma vez que o objetivo social da Autora, segundo seus
estatutos, é atuar na defesa das prerrogativas, direitos e interesses dos
Delegados de Polícia, pugnando pela preservação das Polícias Federal e
Civis dos Estados e do Distrito Federal como instituições permanentes e
independentes, destinadas ao exercício, com exclusividade, das funções
de polícia judiciária, o que caracteriza o interesse na causa. 3. Mérito do
pedido cautelar: a) a Lei nº 9.034/95 é lei especial, tendo em vista que
dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e
repressão de ações praticadas por grupos de organizações criminosas e
constitui-se em medida de alta significação no combate ao crime
organizado; b) não há dúvida que a Lei nº 9.034/95 subtraiu da Polícia a
iniciativa do procedimento investigatório especial, cometendo-o
diretamente ao juiz, pelo fato peculiar de destinar-se o expediente o
acesso a dados, documentos e informações protegidos pelo sigilo
constitucional, o que, mesmo antes do seu advento, já estava a
depender de autorização judicial para não caracterizar prova ilícita; c)
aceitável, em princípio, o entendimento de que se determinadas
diligências, resguardadas pelo sigilo, podem ser efetuadas mediante
prévia autorização judicial, inexiste impedimento constitucional ou legal
para que o próprio juíz as empreenda pessoalmente, com a dispensa do
auxílio da polícia judiciária, encarregando-se o próprio magistrado do
ato; d) o art. 3º da Lei nº 9.034/95 está inserido em um sistema que,
tendo por corolário o dever do Estado, objetiva a prestação da
segurança pública, a apuração das infrações penais e a punição dos
infratores; e) as normas contidas no art. 144, § 1º, inciso IV, e § 4º não
devem ser interpretadas como limitativas do dever da prestação
jurisdicional, cuja extensão vai desde a apuração dos fatos até a decisão
judicial, elastério esse compreendido no conceito de exercício da
magistratura; f) competindo ao Judiciário a tutela dos direitos e
garantias individuais previstos na Constituição, não há como imaginar-
se ser-lhe vedado agir, direta ou indiretamente, em busca da verdade
material mediante o desempenho das tarefas de investigação criminal,
até porque estas não constituem monopólio do exercício das atividades
de polícia judiciária; g) a participação do juíz na fase pré-processual da
persecução penal é a garantia do respeito aos direitos e garantias
fundamentais, sobretudo os voltados para a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem da pessoa acerca de quem recaem as diligências, e
para a inviolabilidade do sigilo protegido pelo primado constitucional; h)
não há cogitar-se de violação das garantias constitucionais do devido
processo legal e da ampla defesa, pois os §§ 3º e 5º do art. 3º da Lei nº
9.034/95 até asseguram o acesso das partes às provas objeto da
diligência; i) a coleta de provas não implica valorá-las e não antecipa a
formação de juízo condenatório; j) a diligência realizada pelo juiz, sob
segredo de justiça, não viola o princípio constitucional da publicidade
previsto no inciso LX do art. 5º, que admite restringi-lo. 4. Medida
cautelar indeferida.

RHC 9017 / SC ; RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS


1999/0078852-4 FonteDJ DATA:16/11/1999 PG:00217
RelatorMin. FELIX FISCHER (1109)
Ementa
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO DE HABEAS CORPUS.
QUADRILHA.
ART. 9º DA LEI Nº 9.034/95.
I - Não sendo, inclusive, a imputatio e a situação fática admitidas
próprias das denominadas "quadrilhas de bagatela", é indiscutível a
aplicação da Lei nº 9.034/95.
II - A restrição prevista no art. 9º da referida lei impede o apelo em
liberdade (Precedentes da c. 6ª Turma - STJ e apreciação incidental em
precedente do Pretório Excelso).
Recurso desprovido.
Data da Decisão19/10/1999Orgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

HC 75583 / RN - RIO GRANDE DO NORTE HABEAS CORPUS


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Publicação: DJ DATA-10-10-97 PP-
50886 EMENT VOL-01886-01 PP-00178 Julgamento: 09/09/1997 -
Primeira Turma
EMENTA: "Habeas corpus". - Se, em se tratando de crime de quadrilha
ou bando, não pode o réu apelar em liberdade (artigo 9º da Lei
9.034/95), não tem ele direito à liberdade provisória enquanto não for
julgado seu recurso especial e não transitar em julgado sua condenação.
"Habeas corpus" indeferido

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