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Os Franceses
Nicolas Delamare, foi Comissário Conselheiro do Rei da França. Ele compilou e reuniu,
por mais de 30 anos, normas e textos de direito público e de polícia, com o auxílio da
biblioteca do Parlamento francês, quando o Presidente Lamoignon, escreveu em 3
tomos, o "Tratado de Polícia", encarregando o Conselheiro do Rei, a publicar o 4o
Tomo, post mortem, em 1738".
No 5o Conselho para Prelados e Senhores das Províncias do Reino, Clotário IIº, instituiu
junto aos Condes do Reino os "Comissaires-Examinateurs", precedendo a criação
posterior dos "Comissaires Enquêuteurs" (inquiridores, investigadores). Esse órgão
visava a "paz e tranqüilidade perpétuas em todo o Reino" e a manutenção da "boa
ordem e disciplinas públicas, corrigindo fervorosamente todas as faltas e rebeliões".
O Rei S. Luis IX, foi o grande organizador da polícia de seu reino, pois consolidou os
poderes do "preboste" (praepositus), aumentou a patrulha e lhe deu a prestigiosa
divisa que ostenta a polícia francesa, "vigilant ut quiescant" (vigiam para que outros
estejam tranqüilos).
Em 1583, Henrique III, em Édito, diz que os cargos de Comissários, por serem
reconhecidos entre os mais importantes, só deviam ser ocupados por pessoas de
literatura e ciência, licenciados em Faculdade de Jurisprudência e sujeitos a exame de
Direito prestado perante o Parlamento.
Luis XIV criou a "Lieutennance civile de polícia". Esse órgão tinha a incumbência de
proporcionar a segurança da cidade, através de 48 Comissários de Polícia e 20
Inspetores, como referia o "Preâmbulo da Ordenança".
Os egípcios
"Em Memphis, Tebas, Heliópolis, como em todo o Egito, o poder judiciário centrava-se
na classe sacerdotal". Essas cidades forneciam os juízes para o tribunal supremo
responsável pelo julgamento dos crimes mais graves.
O Faraó do Egito, Menés, em seu Código, determinou pela primeira vez, o cadastro
populacional, de forma que todas as pessoas tinham que comparecer junto ao
Magistrado e declarar seu nome, profissão e meios de subsistência.
Os hebreus
Existia três espécies de tribunais na Palestina. O Tribunal dos Três, o Tribunal dos
Vinte e Três e o Sinédrio.
O Tribunal dos Três julgava alguns delitos e todas as causas de interesse pecuniário.
Os hebreus dividiam suas cidades em quatro partes sendo que cada uma era
inspecionada por um Sar Peleck (Intendente ou Prefeito de Polícia). A partir disto
nasceram os "quartiers", que eram semelhantes aos atuais distritos policiais.
Os gregos
3) Tribunal dos Efetas – Era composto por 51 juízes escolhidos pelo Senado que
julgavam aqueles que cometiam homicídio não premeditado;
4) Tribunal dos Heliastas – Órgão que se reunia na praça pública da cidade, sob o Sol
(por isso a denominação "Heliastas") e tinha jurisdição comum. Como era composto
por cidadãos, as suas decisões eram consideradas como proferidas pelo povo.
Nas cidades Gregas nomeava-se o Prefeito da Cidade (Intendente de Polícia) que era
incumbido de manter a ordem pública e de fazer observar as leis policiais.
c) prisão preventiva;
d) liberdade provisória sob caução, salvo nos crimes de conspiração contra a pátria e a
ordem política;
Os romanos
Em Roma, nos primórdios, a jurisdição criminal pertencia ao Rei, após o Rei começou a
delegar as funções de processar e julgar. O processo não tinha formalidades; para
alguns estudiosos do sistema jurídico romano, era a cognitio, baseada na inquisitio.
Existia para os romanos a reclamação ao povo (provocatio ad populum), que era uma
reclamação de jurisdição. A provocatio ad populum só não era cabível nos casos de
crimes políticos e militares.
Três fortes auxiliares da polícia foram criados por Augusto, sendo eles:
"denuntiatores", "vigomagistri" e "stationarii".
Roma foi dividida em 14 regiões sob a chefia de "curatores urbis" que pode ser
considerado como o ancestral do Comissário de Polícia, subordinado ao Prefeito da
Cidade.
Posteriormente a acusação, a instrução, os debates e o julgamento público passaram a
se realizar no Fórum, em seguida, Augusto cria praefectus urbi, vitalício,
superintendente geral da administração e da polícia de Roma.
Conforme ROGÉRIO LAURIA TUCCI, uma das raízes mais distantes do inquérito policial
é encontrada em Roma, onde o acusador recebendo do magistrado o direito, para
diligências, possibilitava a este ir a locais de infração ou não, coletar dados, proceder a
buscas e apreensões, ouvir testemunhas, notificando-as, ao julgamento. Esse
procedimento era contraditório, tendo em vista que o acusado podia proceder a iguais
diligências.
O Brasil, foi colonizado por Portugal, os outros países da América do Sul foram
colonizados pela Espanha e por isso, regra geral, adotam a sistemática do
ordenamento jurídico espanhol.
Estas Ordenações vigeram de 1446 até 1521 quando foi concluída a primeira
impressão das Ordenações Manuelinas (Rei D. Manuel, o Venturoso). As Ordenações
Manuelinas vigoraram de 1521 até 1603 e seu conteúdo era bem mais liberal que o
conteúdo das Ordenações Filipinas editadas posteriormente.
As ordenações Manuelinas foram obra da reunião das leis extravagantes promulgadas
até então com as Ordenações Afonsinas, num processo de técnica legislativa, que
buscava um melhor entendimento das normas vigentes.
Isso pode ser notado também ao observar que as discriminações raciais, apesar do
profundo ódio de D. João III contra os hebreus, não são excessivas.
Em 1549, D. João III observou que o sistema de colonização não estava oferecendo os
resultados almejados, por isso, criou um governo geral para o Brasil. Esse governo era
dotado de um governo geral, um provedor geral, um capitão-mor da costa, um
alcaide-mor e um ouvidor-geral cuja atribuição era presidir a justiça.
Na época havia os juízes ordinários, os juízes de fora (nomeados por carta régia para
representar os interesses da Coroa), os juízes de órfãos, e os auxiliares escrivães,
tabeliães, alcaides, inquiridores, quadrilheiros, meirinhos, e almocatacés.
No ano de 1573, o Rei D. Sebastião dividiu o Brasil em dois governos gerais, sendo um
para o Norte, cuja capital era Salvador da Bahia e outro para o Sul, cuja capital era o
Rio de Janeiro.
O Rei Felipe II era conhecido pelo seu fervor religioso, intolerância religiosa e se
concebia como o braço armado da Igreja ou como o Rei Davi escolhido para reprimir
os inimigos de Deus.
O direito penal disposto no Livro V das Ordenações Filipinas é alvo de críticas pelos
jurisconsultos atuais, pois equiparava o pecado ao crime e era extremamente
desumano.
JOSÉ FREDERICO MARQUES oferece respaldo a essa afirmação: "Era no famoso Livro
V, de malsinada memória em virtude de seus preceitos desumanos e bárbaros, que
vinha regulado, nos seus institutos básicos, o procedimento penal. Sob o signo de seus
sistema normativo, cruel e despótico, ali se acasalavam um Direito Penal retrógrado e
sanguinário com regras processuais inquisitivas, consubstanciadas sobretudo nas
tristemente famosas inquirições devassas".
HUMBERTO DA SILVA RAMOS cita JOSÉ FREDERICO MARQUES que classifica o Livro V,
como legislação "inconseqüente, injusta e cruel", e como uma "estruturação primária e
rudimentar de indisfarçável empirismo".
A pena capital e as penas infamantes, como o açoite, a marca de fogo e as galés eram
aplicadas desenfreadamente e com a mesma severidade que se punia a heresia, a
blasfêmia, a apostasia e a feitiçaria.
Essa codificação juntamente com as leis esparsas que foram editadas posteriormente
formam o arcabouço jurídico que regeu o país durante o período colonial.
D. Pedro, no dia 28 de agosto de 1822, determinou aos juízes que ninguém poderia
ser preso sem culpa formada, que a pena deveria ser proporcional ao crime, não
podendo passar da pessoa do delinqüente, e que não poderia mais haver torturas,
açoites confisco de bens, marcas de ferro quente e as demais penas infamantes
dispostas nas Ordenações Filipinas. O artigo 179 da Constituição de 1824 ratificou as
determinações de D. Pedro, pois "definiu os direitos civis e políticos dos cidadãos
brasileiros, estabelecendo preceitos e princípios garantidores de um processo criminal
bem diverso do que vigorava sob a égide do Livro V das Ordenações. Nele vinham
estabelecidas as garantias mais caras ao espírito liberal do século".
A lei de 13 de outubro de 1827 instituiu o Juizado de Paz, em cada uma das freguesias
e capelas curadas do Império do Brasil, concedendo atribuições preventivas e
repressivas para os juízes de paz.
Em razão dessas falhas do Código, no dia 3 de dezembro de 1841 foi promulgada a Lei
e em 31 de janeiro de 1842 o seu Decreto nº 120, regulando a execução da parte
policial e criminal.
Nascia então a polícia judiciária brasileira que visava possibilitar ao Governo imperial
"debelar a ordem e impor a sua autoridade em todos os quadrantes da nação".
Essa lei também facultou as autoridades policiais remeterem todos os dados, provas e
esclarecimentos que obterem de um delito, com uma exposição do caso e suas
circunstâncias aos juízes competentes (relatório).
A reforma desta lei apenas aconteceu em 20 de setembro de 1871 com a Lei nº 2.033,
cuja regulamentação ocorreu em 22 de novembro do mesmo ano, pelo Decreto nº
4.824.
Em virtude dessa reforma a Justiça foi separada da Polícia, pois tornou os cargos de
polícia incompatíveis com os cargos de juiz municipal e com os de juiz substituto.
A formação de culpa passou aos juízes de direito e aos juízes municipais, de forma que
os membros da polícia não podiam pronunciar.
Com essa Lei surgiu também o Inquérito Policial e foram modificados alguns institutos
como a prisão preventiva, fiança, recursos e habeas corpus.