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1 INTRODUÇÃO
A energia nuclear, já tem utilização há largas décadas e pertencendo a todo um
conjunto de alternativas energéticas disponíveis e/ou existentes, a sua implementação é
sempre envolta em factores de relativa complexidade. Dizer apenas e só, que a energia
nuclear aparece como uma fonte alternativa, viável e aceitável, devido às elevadas
quantidades de energia que consegue gerar parece ser um pouco prematuro. Argumentar
que se trata de uma fonte que pouco contribui para o efeito estufa, aparece como factor
favorável, mas por si só também não chega. Há que pensar em custos também e neste
ponto a energia nuclear envolve números bastante elevados. Efectivamente, dizer sim
ou não à energia nuclear é uma discussão bastante extensa, mas acima de tudo terá que
ser ponderada quanto à sua sustentabilidade, no verdadeiro sentido do que isto implica.
Assim pensando em termos sustentáveis, a energia nuclear tem que ser analisada no
plano económico, no plano ambiental e no plano social. Deste cruzamento dos três
vectores componentes da sustentabilidade, ainda se pode levantar a questão política.
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2.2 Fusão:
A fusão nuclear é um processo contrário ao que acontece na cisão. Aqui não há
divisão de núcleos mas sim a sua junção. Da colisão de dois núcleos e consequente
fusão gera-se energia. Citando (Matias, pp. 33-34): “ O principio baseia-se na fusão de
dois núcleos tais como o Deutério, um isótopo do hidrogénio, de numero de massa
igual a dois. As condições necessárias para a fusão são a alta concentração de
elementos de fusão, altas temperaturas e altas densidades. Note-se que entre as
diversas reacções de fusão nuclear a temperatura mínima de ignição anda à volta de
1,2x108 K A esta temperatura é criado um plasma onde todos os componentes estão no
estado iónico... “ . Com efeito, verifica-se que as reacções de fusão nuclear ainda só se
conseguem executar em regime de laboratório, em termos experimentais. A
investigação neste campo, continua a procurar formas de efectuar fusão controlada e na
perspectiva disso se verificar, a sua utilização como fonte de energia, de forma eficiente,
traria, “quantidades de energia virtualmente ilimitadas à disposição da
humanidade”.(Matias, pp.34).
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figura 2: gráfico retirado de WMA, "The Economics of Nuclear Power", (Abril 2010)
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figura 3: gráfico retirado de WMA, "The Economics of Nuclear Power", (Abril 2010)
Em suma as centrais nucleares estão a produzir de modo mais eficiente com custos
operacionais e de manutenção baixos em relação as tecnologias alternativas. A par disso
o preço do urânio contínua estável e assim deverá continuar. A energia nuclear tem um
grande potencial para o futuro, isto para além da vantagem económica. Nas próximas
décadas haverá uma exigência energética maior. Os combustíveis fósseis continuam na
ordem do dia mas este cenário representa uma boa oportunidade para a energia nuclear.
Economicamente falando, além do custo baixo da energia nuclear, as sanções que se
começam a aplicar em relação a queima de combustíveis fósseis (devido ao CO2
emitido), aparecem como um factor, também favorável às nucleares e a potenciar um
maior interesse por parte dos investidores.
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Sendo o urânio um material natural, também ele tem limites. Torna-se então
indispensável compreender o que se passa em torno do seu ciclo de vida, enquanto
combustível nuclear.
figura 4: retirada do WMA, "Nuclear Fuel Cycle",(2010), apresenta em esquema o fluxo associado ao
ciclo de vida do combustível, bem como as relações entre cada uma das etapas.
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dos 20g/KWh. Veja-se a seguinte tabela que resume os valores de energia consumidos
em cada etapa do ciclo de vida de uma central nuclear, retirada de WMA, "Comparative
Carbon Dioxide Emissions from Power Genertation".
figura 6: Valores de consumo energético nas várias etapas do ciclo de vida de combustível nuclear
A análise está estimada para 40 anos. Sabendo que o seu "output" energético será de
7 TWh por ano, perfazem-se 280 TWh ao longo desse tempo, ou seja 3024 PJ. Portanto,
o "input" energético consumido é de 1,74 %. No gráfico seguinte, apresenta-se o
cenário relativo às emissões de CO2 de várias fontes energéticas e evidencia-se a
vantagem clara das nucleares.
figura 7: Valores de CO2 emitidos directa e indirectamente por cada fonte energética. Gráfico retirado de
WMA, "Comparative Carbon Dioxide Emissions from Power Genertation".
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4 PERSPECTIVAS FUTURAS
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cujos reactores foram construídos depois dessa data e ainda existem em actividade em
varias partes do globo (sem descurar as operações de manutenção e actualização, já
referidas na segurança), e actualmente está-se na geração III cujo arranque teve início
no Japão em 1996. Antes de referir qualquer perspectiva futura, convém salientar ainda
os atributos-base das centrais da actual geração III:
A SFR utiliza sódio líquido como refrigerador e permite altas densidades energéticas.
É uma das tecnologias que passa a incorporar toda a actividade dentro do núcleo do
reactor e recorre ao urânio empobrecido (com baixo teor de U-235) como combustível
inicial, em temperaturas de refrigeração de 500 a 550⁰C. A geração de electricidade
ocorre através de um circuito secundário onde se encontra o sódio líquido.
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5 CONCLUSÕES:
Depois da análise ao panorama da realidade da energia nuclear, tanto nos dias de
hoje como nas perspectivas estimadas para o futuro, os indicadores de sustentabilidade
são cada vez maiores em todos os campos:
Economicamente, acompanhando o crescimento das necessidades energéticas
mundiais, a nuclear consegue produzir em quantidades elevadas a preço reduzido;
Com a evolução da tecnologia, a construção de centrais torna-se mais barata, dando
maiores possibilidades aos eventuais investidores;
Ambientalmente, as emissões de CO2 claramente baixas, surgem em destaque
dando mais fundamento à posição das nucleares na defesa e preservação do
planeta;
As densidades energéticas altíssimas da energia produzida, com quantidades de
combustível relativamente baixas, garante à nuclear a sua aplicação efectiva no
sector industrial;
A mesma densidade energética, também permite à energia nuclear, dentro daquelas
que geram resíduos, ser das que menores quantidades produz em relação à energia
gerada. Em termos macro, a energia dispendida em transportes, na alimentação da
central e em todo o ciclo de vida do combustível, é apenas uma ínfima parte
daquilo que esta fonte produz;
A energia nuclear reutiliza combustíveis e prolonga a disponibilidade de recursos,
reafirmando a sua atitude sustentável e alcançando o carácter de energia renovável;
A segurança associada a ameaças externas, aos resíduos, à operação da central e ao
seu fim de vida, são situações controladas. Não se descura que um acidente pode
trazer danos graves, mas a sua probabilidade de ocorrência é baixíssima. Portanto,
isto não manifesta entraves significativos à afirmação das nucleares. Aqui, é o
factor social que interfere e a opinião pública pode manifestar um carácter mais
pessimista, se for fundamentada com os acidentes ocorridos na história. Porém, a
fiabilidade das nucleares é elevada e a confiança do público advirá com a
confirmação desse facto.
A fraqueza mais significativa das energias nucleares, tem que ver com a questão da
proliferação que, primeiro, dá mais força ao pessimismo no seio social, mas além disso
levanta uma problemática de cariz político. Em destaque, ficam as centrais que utilizam
plutónio que se debatem entre o problema sociopolítico e as vantagens ambientais e
económicas. O impasse aqui gerado, pode ser o principal obstáculo para um maior
crescimento desta fonte energética. Porém, os avanços referidos para as centrais de
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Geração IV, podem manifestar além de todas as vantagens que as centrais actuais ja
têm, economicas e ambientais, um contributo positivo para a não proliferação.
O uso de plutónio nas centrais SFR de geração IV evita que seja utilizado para fins
militares, (pois não é isolado como na centrais anteriores).
O uso possível de MOX, cujo plutónio pode provir de armas, ajudando no
desarmamento nuclear.
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