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A proposta dos anarquistas é contraditória ao sistema capitalista mas, não deve ser
confundida com o individualismo pois, como já foi dito, está fundamentada na
cooperação e aceitação da realidade por parte da comunidade. De acordo com os
principais pensadores anarquistas, o homem é um ser que por natureza é capaz de
viver em paz com seus semelhantes mas órgãos governamentais acabam inibindo esta
tendência humana de cooperar com o resto da sociedade.
Com isso, podemos perceber que uma sociedade anarquista não é algo totalmente
descontrolado como todos pensam, muito pelo contrário, esta é uma sociedade bem
estruturada e organizada, só que esta organização está baseada neste instinto
natural do homem. Ou seja, ela depende da autodisciplina e cooperação voluntária,
e não uma decisão hierárquica.
A sociedade cria uma construção artificial, na qual a ordem é imposta de cima para
baixo, como em uma pirâmide. Já no anarquismo a sociedade não seria uma
estrutura e sim um organismo vivo que cresce em função da natureza.
Por isso, os anarquistas abominam a formação de qualquer partido político pois estes
acabam com a espontaneidade de ação, burocratizando-se e exercendo alguma forma
de poder sobre o resto da população. Eles também temem as estruturas teóricas na
medida em que estas podem se tornar autoritárias ou "sentenciosas".
Daí o anarquismo ser conhecido como algo vivo, e não uma simples doutrina, a
ausência de poder e controle na mão de alguns torna o movimento anarquista algo
frágil e flexível. A crítica ao poder do Estado leva à tentativa de inverter a pirâmide
hierárquica de poder, o que formaria um sociedade descentralizada que procura
estabelecer um relação de forma mais direta possível. A responsabilidade começa nos
núcleos vitais de civilização, onde também são tomadas as decisões, local de
trabalho, bairros, etc.. Quando estas decisões não são possíveis de ser tomadas,
formam-se federações. O importante, porém, é manter a participação e aprovação
de todas as pessoas envolvidas.
Apesar de o anarquismo ser diferente na Europa e Brasil, ele tinha uma mensagem
comum nos dois: a liberdade e a igualdade só serão conquistadas com o fim do
capitalismo e do Estado que o defende. O anarquismo considerava, assim como o
socialismo, que a propriedade privada era o principal problema da sociedade,
argumentando que os "recursos naturais da terra" pertencem à todos, ou seja, sua
apropriação para uso pessoal é roubo. O sistema capitalista causou o
empobrecimento e exploração de muitos para a riqueza e avareza de poucos. Os
fortes obrigaram os fracos à servir e em uma luta incessante pela riqueza as diversas
nações entraram em guerra. Assim, claramente, podemos perceber que o capitalismo
foi criado para atender à necessidade de uma classe dominadora e exploradora e não
ao resto da sociedade.
A socialização da propriedade, unicamente, não pode mudar nada, pois acabar com a
propriedade privada sem acabar com o governo burocrático só faria com que se
criasse uma classe privilegiada em sua própria preservação. Todas as formas de
governo acabam usando de determinada doutrina para "roubar" a liberdade do
homem e satisfazer a "casta governante". Todas, usam da repressão policial ou
militar para impor a sua vontade diante do povo, e, as leis, de um modo geral, são
decretadas pelos poderosos para legitimar sua tirania. Na sociedade capitalista
quando os pobres protestam contra os ricos, a polícia e o exército entram em ação;
mais tarde estes pobres reprimidos têm de pagar as despesas destes dois órgãos e
ainda do judiciário, que servem para dominar os trabalhadores.
O anarquismo, apesar da lei repressiva de 1872, que fez muitas vítimas, alastrava-se
de uma maneira espantosa, através da palavra, imprensa e do fato, adquirindo o
partido revolucionário, vastas proporções, como ficou visto no conselho de Marselha,
onde os operários franceses, em um número enorme, se declaravam pelo
anarquismo. Em Lyon, como em outros grandes centros industriais, as idéias
libertárias desenvolveram-se largamente, tendo sido, no pequeno período de três
meses, publicados 16 periódicos revolucionários e um grande número de folhas
soltas.
Anarquismo na França
Uma das figuras mais importantes do anaquismo na França foi Koenigsten, porém sua
importância não esta ligada às bombas que produziu e sim à sua morte. Mas, ele não
foi o pai do "terror anarquista" . Foi nesta mesma França que os discípulos de
Proudhon realizaram a primeira Internacional; onde se desenvolveu primeiramente o
anarco-sindicalismo; o individualismo anarquista e onde o terrorismo chegou às mais
sinistras proporções. Foi lá também que os poeta, escritores e pintores se
influenciaram pela doutrina anárquica no glorioso fim de século.
Mas, até o final de 1870, o que prevaleceu na França foi a doutrina mutualista. Esta,
perdeu a sua influência para as idéias coletivistas através destes Bakuninistas: Elisée
Reclus, Benôite Malon, Albert Richard e outros.
É interessante notar que a comuna de Paris não foi nem anarquista e nem Marxista,
mesclando-se com todas as correntes políticas de sua época. Com sua queda em 1871
a Internacional dos anarquistas foi considerada subversiva, tendo que se tornar
clandestina, o que provocou o exílio de todos os libertários o ano de 1879 ( um pouco
depois da unificação de diversos grupos) foi o da anistia aos participantes da
Comuna, houve a reestruturação das diversas correntes politicas e o conseqüente
aumento das divergências.
Foi por conta de Ravachol que mais uma fase violenta teve início: de 1892 à 1984
foram cometidos onze atentados à dinamite, que resultaram em nove mortos. O
ministro residente da Sérvia sofreu um atentado e o presidente foi apunhalado e
morto. O país inteiro estava amedrontado e os instrumentos de ação utilizados pelo
governo acabaram com a imprensa libertária, processaram os líderes e dissolveram os
grupos autônomos.
Anarquismo na Itália
Os sucessores de Malatesta, assistiram pasmados ao enfraquecimento do anarquismo
italiano depois da Segunda Guerra Mundial. Depois do fracasso da reconstrução da
USI- União Sindical Italiana- as discuções passaram a ser apenas de nível ideológico.
O tradicional humanismo anarquista influenciou e organizou os anarquistas só em
relação à suas preocupações quanto as perdas do anarco-sindicalismo, que estava
perdendo espaço na organização dos trabalhadores, para o reformismo. Este
reformismo foi marcado por lutas dispersas sem nenhum conteúdo radical ou
realmente revolucionário.
Outra divisão gerou os GAF- Grupos Anarquistas Federados-, que duraram até 1971 e
tentaram criar uma "base teórica para os grupos de afinidade".
Outra corrente formada destas cisões foi a dos comunistas libertários ou anarco-
comunistas que tinham com plataforma a organização elaborada pelos russos exilados
na França. Aliados a outros grupos anarco-comunistas, formados fora da FAI eles
formaram núcleos de defesa sindical em cidades e fábricas.
Os anarco-sindicalistas são até hoje fortes na região da Toscana e trabalham para
reconstruir uma oposição sindical revolucionária dentro dos sindicatos considerados
reformistas.
A ascensão destas correntes da FAI foi em 1977, com o movimento estudantil. Eles
defenderam a autonomia nas fábricas e escolas, apoiaram o feminismo, os grevistas e
os marginalizados em geral: presos, homossexuais, ecologistas, etc.. Em setembro
deste mesmo ano se reuniram mais de 40.000 jovens em um congresso em Bolonha.
Eles dormiram em praças, comeram através das cooperativas agrárias, levaram jogos
e esportes por toda a cidade e denunciaram a violência policial.
Desde o século passado que a Itália tem características muito particulares quanto aos
seus movimentos libertários. O primeiro periódico italiano, o "II Proletário" era
prodhoniano, apesar deste ter pouca influência posteriormente. Mas um dos líderes
do "Rissorgimento", Carlos Pisacane, foi quem difundiu as idéias e teorias de
Proudhon, tendo nitidamente um caráter libertário.
Andrea Costa abandonou a causa, se elegeu para a câmara dos deputado e ajudou na
fundação do Partido Socialista Italiano.
Carlos Cafiero, em 1882, convocou os anarquistas para uma entrada em massa na
social-democracia. O proletariado italiano passou a apoiar o socialismo parlamentar,
reduzindo os anarquistas à minoria. Estes, sobreviveram graças às atividades
incessáveis de Saverio Merlino e Malatesta. Como em toda Europa, no começo do
século a Itália sofreu o renascimento das ações libertárias com o anarco-sindicalismo.
Anarquismo na Espanha
Este foi o único país do mundo no qual as idéias de Bakunin se concretizaram
tornando-se um poder real. Foi lá inclusive, que o anarco-sindicalismo alcançou seu
apogeu.
O problema dos anarquistas espanhóis é que eles não podiam se manter fiéis à sua
doutrina, ao mesmo tempo que participavam de uma guerra e uma constante luta
pelo poder.
Por outro lado, eles podiam acrescentar à sua honra uma extraordinária experiência
na guerra civil, tendo praticado com muito sucesso a coletivização dos meios de
produção e realizando na prática a autogestão espanhola.
Anarquismo na Rússia
Os estudiosos se interessam muito pelo anarquismo particularmente russo. Isto
porque foi lá que o anarquismo surgiu no final de século XIX, se desenvolveu e
organizou-se.
No final deste mesmo século, o anarquismo sofreu uma tendência terrorista herdada
de Nechaev. Alguns grupos não foram contra mas também não fizeram parte dos
atentados terroristas que criaram o grupo Narodnaja Volja, responsável pelo
assassinato do Czar Alexandre II. Isso desencadeou exílios e prisões e anos mais tarde
formaram se os primeiros grupos declaradamente anarquistas na Rússia.
Em 1903, foram publicados vários jornais que, juntamente com greves, tumultos no
campo demonstrações estudantis e descontentamento no exército, deu a estas
manifestações um sentido de liberdade.
Depois da Primeira Guerra Mundial, período em que o anarquismo sumiu quase que
por inteiro os anarquistas se confundiram com todas as forças de esquerda que
queriam transformar a Russia em uma república. Para isso foi preciso que todos os
exilados voltasse para que o anarquismo russo retomasse o seu brilho.
O lado bom é que não há socialistas no Brasil, o único grupo que nos atiça é o dos
carregadores e anexos do Rio, muito bem organizados em torno de bons advogados.
Depois por volta de 1890, o sul do Brasil teve uma fracassada experiência anarquista,
financiada pelo imperador.
A primeira iniciativa dos anarquistas brasileiros foi tentar expandir o seu trabalho
através do voluntarismo. Os primeiros jornais anarquistas e anarco-sindicalistas
tentaram se sustentar apenas de contribuições, porém, os militantes eram poucos e
não possuíam muitos recursos econômicos. Assim, poucos foram os jornais
anarquistas que publicaram mais de cinco números, todos pediam exaustivamente
contribuições em seus editoriais. A terra livre, o jornal melhor sucedido antes da
primeira guerra mundial, só editou setenta e cinco números em cinco anos. O tempo
passava e os anarquistas procuravam um suporte financeiro mais eficaz, passaram a
vender assinaturas; usaram de recursos outrora considerados corruptos, como rifas e
festas.
Estas últimas eram freqüentes, e seu êxito dependia muito mais das atrações sociais
do que de sua dedicação ideológica.
"A ação direta era a bandeira do sindicalismo revolucionário" . Cada ação direta,
greves, boicotes, sabotagens, etc, era considerada um meio dos trabalhadores
aprenderem a agir de uma maneira solidária na sua luta por melhores condições de
trabalho, contra o seu inimigo comum, os capitalistas. Cada uma dessas ações diretas
é uma batalha na qual o proletário conhece as necessidades da revolução por meio
de sua própria experiência. Cada uma delas prepara o trabalhador para a ação final:
a greve geral que destruirá o sistema capitalista.
Nestas ações, considerava violência algo aceitável, sendo justamente este o fato que
distinguia o anarco-sindicalismo das outras formas de sindicalismo brasileiras. A
sabotagem, eram considerada especialmente eficaz para o proletariado, se não
pudessem entrar em greve, estes, poderiam agredir seus exploradores de outra
forma, empregando a filosofia de que para um mau pagamento há um mau trabalho.
A destruição de equipamentos tocaria no ponto fraco do sistema, pois as máquinas
são mais difíceis de se substituir do que os trabalhadores.
Hoje em dia, ainda há no Rio e na Bahia jornais anarquistas, que publica a história do
anarquismo e edita anarquistas brasileiros.
Principais Anarquistas
Bakunin
Bakunin nasceu em 30 de Maio de 1814, e morreu dia primeiro de Julho de
1876 em Berne na Suiça. Ele foi um aristocrata russo que se tornou
anarquista e revolucionário.
Bakunin achava que o homem era bom por natureza mas corrompido pela
existência de instituições estatais. Ele constantemente atacava a violência
do Estado, a religião e o sistema econômico bancário por permitir que
pessoas recomeçassem suas vidas em associações voluntárias de indivíduos
livres. Ele era totalmente contra as idéias de Marx, a quem via como um
autoritário. Apesar disso Bakunin nunca explicou como as suas teorias
poderiam ser realizadas e ganhou vários adeptos tanto na Itália quanto na
Espanha.
Emma Goldman
A anarquista americana Emma Goldman nasceu no dia 27 de junho de
1869, na Rússia, e morreu no dia 14 de maio de 1940. Ela combinou a
tradição anarquista dos imigrantes europeus com o radicalismo americano.
Depois de um breve casamento em Nova Iorque ela teve uma íntima
relação com o anarquista Alexander Berkman. Mais tarde, os dois
planejaram precipitadamente uma revolta anarquista, com o assassinato
do industrial Henry Clay Frick. O plano fracassou e ela passou a rejeitar
certas coisas como a propriedade privada, o casamento, a religião, etc.,
tornando-se uma verdadeira comunista.
Foi presa por obstruir a conspiração em 1917 e foi deportada para a Rússia
em 1919. Depois de se desiludir com as pressões bolcheviques na Rússia ela
foi para a Inglaterra, através de um "falso casamento". Sua última
participação em movimentos trabalhistas foi na Espanha, na guerra civil
que durou de 1936 até 1939.
Errico Malatesta
Sacco e Vanzetti
Nicola Sacco, nascido em 22 de abril de 1891 e Bartolomeu Vanzetti,
nascido em 11 de junho de 1888, foram as principais figuras do caso de
assassinato que gerou a maior polêmica do século XX. Ambos eram
anarquistas italianos e foram acusados de assassinar dois homens. Eles
conseguiram fugir mas logo foram presos novamente e condenados à
morte. Eles morreram eletrocutados em Massachussets, em 22 de agosto
de 1927.
O caso gerou a indignação de muitos pois a defesa foi acusada de ter sido
convencida da culpa dos dois por causa de suas posições políticas. Em 1926
a defesa tentou reabrir o caso depois de um condenado a prisão ter
testemunhado, dizendo que o assassinato tinha sido cometido pela Gangue
Morelli. Mas, mesmo assim, o juiz recusou este pedido.
Pierre-Joseph Proudhon
O livro foi elogiado por Marx que se transformaria mais tarde no grande
grítico das idéias de Proudhon. Durante a revolução de 1848-9, Proudhon
tornou-se deputado independente da Asembléia Nacional e fundou um
Banco do Povo para demonstrar na prática as suas teorias de crédito livre e
editou uma série de diários altamente críticos, começando com Le
Representant du Peuple, qque lhe valeu uma longa temporada na prisão
sob o reinado de Napoleão III. Posteriormente um outro livro De la Justice,
levou a que fosse julgado e exilado na Bélgica. De volta a Paris, suas
críticas corajosas fizeram dele um líder respeitado entre os operários, e
um grupo de discípulos seus, os Mutualistas, teve participação ativa na
criação da Primeira Internacional.
FONTE: http://www.geocities.com/capitolhill/lobby/3526/index.html