You are on page 1of 61

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SAÚDE DE COIMBRA

Unidade Curricular de Investigação Aplicada

LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA
4ºANO

VALIDAÇÃO DO TESTE

NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Carlos José da Silva Tavares

Coimbra, Novembro 2008


ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SAÚDE DE COIMBRA

Unidade Curricular de Investigação Aplicada

LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA
4ºANO

VALIDAÇÃO DO TESTE

NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Área de Investigação
Validação de testes de avaliação em Fisioterapia

Aluno: Carlos José da Silva Tavares


Titular da Disciplina: Fisioterapeuta João Gil
Orientador: Fisioterapeuta Luís Cavalheiro

Coimbra, Novembro 2008


Dedicatória
Dedico este trabalho com a mais profunda gratidão a todas
as pessoas que contribuíram para a sua realização. Vocês
pertencem à realização deste sonho. Nada seria desta
vitória se não fossem vocês ao meu lado.

Obrigado pela garra, determinação, compreensão e apoio.


Nós conseguimos!

Carlos José da Silva Tavares


“A coisa mais indispensável a um homem
é reconhecer o uso que deve fazer
do seu próprio conhecimento”

Platão
Filósofo Grego (427 a.C. – 347 a.C.)
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, sobretudo à minha esposa, pela paciência,
compreensão e acompanhamento ao longo desta caminhada que culminou na
realização deste sonho.

Agradeço ao meu orientador, Fisioterapeuta Luís Cavalheiro, que sempre se


disponibilizou para ajudar na execução deste trabalho, e aos utentes que
despenderam do seu tempo para participar no estudo.

Em especial agradeço aos funcionários da FisioCoimbra sem os quais não teria


sido possível encontrar o equilíbrio e tempo necessário nesta tarefa.

A todos Estes e Aqueles que involuntariamente não referi,


Eterna Gratidão.

III
ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS III
INDICE DE QUADROS, TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS VII
1. RESUMO VIII
VIII
2. INTRODUÇÃO 9
3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 11
O DESPORTO E AS SOBRECARGAS NO SISTEMA NERVOSO 11
O SISTEMA NERVOSO 13
Princípios da mobilidade do sistema nervoso 13
O fundamento dos sintomas nas neuropatias compressivas 14
Mecanocepção 16
NEURODINÂMICA 17
A interface mecânica 17
Adaptações do sistema nervoso ao movimento 18
SÍNDROMES DOLOROSOS QUE AFECTAM O PÉ 20
Síndrome do Túnel do Tarso 21
Teste Neurodinâmico do Nervo Tibial 22
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE UM TESTE DE DIAGNÓSTICO 25
4. MATERIAL E MÉTODOS 32
4.1 Objectivos do Estudo 32
4.2 Hipóteses de Investigação 32
4.3 Local do Estudo 32
4.4 Tipo de Estudo e Instrumentos de Medida 33
4.5 Duração e Período do Estudo 33
4.6 População em Estudo 33
4.7 Tipo, Técnica de Amostragem e Dimensão da Amostra 34
4.8 Definição das Variáveis em Estudo 35
4.9 Método de Recolha de Dados 35
4.10 Estratégias a Utilizar Para o Tratamento Estatístico dos
Dados 35
5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 37
DESCRIÇÃO DA AMOSTRA 37
DESCRIÇÃO DAS PROPRIEDADES DO TNT NA AMOSTRA EM
ESTUDO 40
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 43
7. CONCLUSÃO 48
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
ANEXOS

IV
V
ÍNDICE DE QUADROS, TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS

Inervação do tecido conjuntivo de um nervo periférico: o


Figura 1 15
nervi nervorum
Diagrama 1 Conceito de Neurodinâmica 17
Figura 2 Anatomia regional do túnel do tarso 21
Resultados de um teste diagnóstico para identificar uma
Tabela 1 27
doença
Tabela 2 Cálculo da sensibilidade, especificidade 28
Tabela 3 Cálculo dos valores preditivos 29
Tabela 4 Cálculo da probabilidade pré-teste e desempenho 29
Curvas ROC representativas de três graus de capacidade
Figura 3 30
de discriminação
Tabela 5 Cálculo da probabilidade pré-teste e desempenho 31
Tabela 6 Idade 37
Tabela 7 Sexo e diagnóstico 37
Tabela 8 Pé com sintomas 37
Exames complementares de diagnóstico e médico
Tabela 9 38
responsável
G1 – Horas diárias de pé devido à actividade profissional,
Tabela 10 38
horas de treino semanal e calçado novo
Tabela 11 G1 – Início dos sintomas e reincidência 39
Tabela 12 G1 – Tipo e comportamento dos sintomas 39
Avaliação da marcha e manifestação dos sintomas quando
Tabela 13 40
a marcha foi realizada em bicos de pés e calcanhares
Respostas obtidas no sinal de Tinnel, TNT e sesitização do
Tabela 14 40
TNT
Tabela 15 Resultados do TNT na amostra em estudo 41
Tabela 16 Valores em % das variáveis diagnósticas 41
Gráfico 1 Análise dos resultados através das curvas ROC 42

VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

apud – abreviatura de citado por


D – Desempenho
et al. – abreviatura de et alius (e outro) e de et alii (e outros)
FN – Falso Negativo
FP – Falso Positivo
G1 – Grupo Experimental
G2 – Grupo de Controlo
in – abreviatura de dentro de, contido em
NF – Neck Flection
P – Probabilidade Pré-teste
ROC – Receiver Operating Characteristic
RV - – Razão de Verosimilhança Negativo
RV – Razão se Verosimilhança
RV+ – Razão de Verosimilhança Positivo
SLR – Straight Leg Raising
SN – Sistema Nervoso
SNC – Sistema Nervoso Central
SNP – Sistema Nervoso Periférico
SPSS – Statistical Package for Social Sciences
TNT – Teste Neurodinâmico do Tibial
VN – Verdadeiro Negativo
VP – Verdadeiro Positivo
VPN – Valor Preditivo Negativo
VPP – Valor Preditivo Positivo

VII
1. RESUMO

Introdução: A intervenção do fisioterapeuta depende de uma avaliação adequada. Para isso


devem ser aplicados testes de qualidade, verificando a importância do teste e se este é capaz
de identificar a presença de doença. Antes de ser adoptado o teste deve ser avaliado para
verificar a sua capacidade de acerto. Essa avaliação foi feita no presente estudo, aplicando-se
o TNT a dois grupos de pessoas: um grupo sintomático e outro assintomático. Objectivo:
avaliar a validade e fiabilidade do TNT, em indivíduos com sintomatologia à menos de 6
semanas. Metodologia: Este estudo revestiu a forma de um estudo prospectivo, comparativo e
cego. Foi realizado em duas instituições privadas, prestadoras de cuidados de fisioterapia, da
zona centro do país e que aceitaram colaborar no estudo. A amostra foi do tipo não-
probabilístico e a técnica de amostragem por conveniência, constituída por trinta e oito
indivíduos que aceitaram participar e que cumpriram os critérios de inclusão, sendo que destes
dezassete pertenceram ao grupo experimental e vinte e um ao grupo de controlo. O estudo
decorreu entre Junho e Outubro de 2008, sendo o período de estudo correspondente à altura
de recolha dos dados. Resultados: Da análise das variáveis do teste de diagnóstico,
obtivemos valores de sensibilidade de 64,7%, especificidade 90,5%, VPN 76%, VPP 84,6%, P
44,7%, D 78,9%, RV+ 6,5 e RV- 0,4. Os valores e ilações obtidas são confirmadas pela curva
ROC, que confirma ainda uma falta a rondar os 30% (valor da área 0,776) na identificação do
diagnóstico. Conclusão: Destes valores pudemos concluir que o TNT, não oferece segurança
máxima no diagnóstico da dor no calcanhar e fasceíte plantar, uma vez que demonstrou ser
mais útil na detecção dos indivíduos que não apresentavam a patologia, necessitando por isso
de ser usado em conjunto com outros testes de diagnóstico.

VIII
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

2. INTRODUÇÃO

Para que se realize uma avaliação de qualidade, devem ser utilizados procedimentos
criteriosos, uma vez que apenas uma organização lógica do conhecimento permite
tirar partido do saber em geral e especifica apenas o que deve ser medido em
determinado caso (1).

Ao considerarmos o fisioterapeuta como profissional que questiona, examina e


reflecte, devemos ter em conta o raciocínio clínico. Este raciocínio deve ser crítico e
fazer uso tanto da informação clínica como dos conhecimentos da biomecânica.
Temos ao nosso dispor uma série de medidas de avaliação que promovem este modo
crítico de avaliar, aumentando o conhecimento do processo de raciocínio de modo a
oferecer meios para testar as hipóteses inicialmente colocadas, encorajando deste
modo a uma reflexão baseada no conhecimento de cada caso (2).

A intervenção do fisioterapeuta depende de uma avaliação adequada. Para isso


devem ser aplicados testes de qualidade, verificando a importância do teste e se este
é capaz de identificar a presença de doença. Antes de ser adoptado o teste deve ser
avaliado para verificar a sua capacidade de acerto. Essa avaliação é feita aplicando-se
o teste a dois grupos de pessoas: um grupo doente e outro não doente (3).

As queixas dolorosas no pé são muito frequentes. O exagero de actividade física, a


má escolha dos calçados e as diversas patologias que afectam o pé são causas
possíveis. A região posterior e medial do pé é um local de patologia, denominada de
síndrome do túnel do tarso (4).

A disfunção do nervo tibial posterior, como contribuinte para a dor no tornozelo,


calcanhar e fasceíte plantar, é completamente subestimada e negligenciada. Este é o
síndrome do túnel do tarso e não selecciona uma faixa etária em particular, podendo
ocorrer em atletas jovens, indivíduos de meia-idade ou nos idosos. As causas podem
ser a pressão por tendões e músculos anómalos, neurilenomas, tendinite e
tenossinovite, quistos sinoviais, diabetes, uso excessivo com o pé em pronação e
traumatismos (5).

O nervo pode ficar comprimido ou irritado no túnel do tarso posterior, localizado na


parte medial do tornozelo. A área de sintomas geralmente encontra-se na região
medial do tornozelo e propaga-se ao longo da parte medial do pé e/ou calcanhar até à
parte plantar do pé. Pode produzir dor, parestesias e fraqueza dos músculos na parte
9
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

plantar do pé uma vez que o tibial posterior dá origem aos nervos plantares e digitais.
Assim, com frequência a afecção, passa despercebida por ter um quadro clínico
variado. O seu diagnóstico pode ser difícil e de etiologia discutível. Os resultados do
tratamento conservador ou cirúrgico nem sempre são efectivos, levando, às vezes, a
problemas de difícil solução (4).

Com o crescente interesse que se tem dado ao sistema nervoso (SN), tem-se
implementado deste um conceito mais amplo que envolva o sistema muscular,
esquelético e nervoso. Assim, o sistema nervoso deve ser tido em conta na avaliação
e protocolo de tratamento de qualquer situação patológica, pois muito dificilmente esta
é o resultado de apenas um destes sistemas mas sim da interacção que existe entre
eles (6).

De realçar a importância do conceito do exame das estruturas neuromeníngeas, que


tem vindo a ganhar popularidade como uma alternativa à avaliação de patologias ditas
músculo-esqueléticas (7).

Mas que papel poderá ter o teste neuromeníngeo do tibial posterior na avaliação da
dor no calcanhar e fasceíte plantar?

Julgamos ser esta a questão que enquadra o presente trabalho.

10
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

O DESPORTO E AS SOBRECARGAS NO SISTEMA NERVOSO

No desporto em geral há um grande envolvimento dos nervos para a realização dos


muitos movimentos precisos e coordenados, havendo assim uma sobrecarga sobre as
estruturas neurais pelo seu uso frequente, podendo afectar o seu funcionamento
normal. Uma vez que a amostra dos indivíduos no presente estudo é constituído por
praticantes de futsal, achamos por bem iniciar a revisão bibliográfica precisamente
pelo estudo do envolvimento do sistema nervoso no desporto.

As lesões por uso excessivo dificultam o desempenho dos atletas há muito tempo. É
frequente a aplicação de cargas de pequena magnitude num tecido com estrutura de
colagéneo, não permitindo a sua adequação metabólica, esgotando o tecido e
(8)
desenvolvendo um processo inflamatório . Entre 1972 e 1982, Murphy e Baxter
realizaram 21 cirurgias que envolveram descompressão dos nervos periféricos no pé e
tornozelo consistindo na libertação dos tecidos moles no túnel do tarso e pé ou
remoção de protuberâncias corporais anormais que irritavam esses nervos (9).

Zusman acredita que esses processos inflamatórios provenham de irritabilidade


química, causando dano tecidual adicional – as alterações químicas e mecânicas na
estrutura levam a uma disfunção neural e a uma patologia no nervo periférico.
Segundo Ladeira este tipo de lesão ocorre principalmente quando as interfaces
mecânicas do sistema músculo-esquelético afectam nocivamente a aplicação de
cargas em certas áreas do tecido nervoso (10).

Várias são as formas de aparecimento dos sintomas de origem neural no desporto,


porém movimentos repetitivos também podem produzir lesões menores nos nervos
periféricos, as quais serão assintomáticas e desenvolverão sintomas apenas no futuro,
o que demonstra a importância da prevenção nesses casos (11).

Uma disfunção no suprimento sanguíneo é capaz de alterar a função neural normal. O


sangue fornece a energia necessária para a condução do impulso e também para o
(12)
movimento intercelular do citoplasma do neurónio . Além disso a fibrose diminuiria o
movimento das fibras nervosas, resultando em tracção, o que dificulta uma amplitude
de movimento completa com um deslizamento diminuído (13).

Dahlin explica que compressões crónicas e agudas do nervo periférico podem induzir
mudanças na microcirculação intraneural e na estrutura da fibra nervosa, aumento na
11
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

permeabilidade vascular com subsequente formação de edema e dano no transporte


axonal anterógrado e retrógrado, os quais contribuem para os sintomas clínicos e
deterioração da função nervosa. Mudanças morfológicas e funcionais nas células
nervosas podem ser observadas depois da compressão causada, provavelmente pela
inibição do transporte axonal (14).

Para Butler e Gifford, o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) ou do


sistema nervoso periférico (SNP), pode ser afectado se houver alguma alteração na
relação fisiológica do transporte de nutrientes e organitos do sistema nervoso, sendo
assim uma interrupção do transporte endoneural por forças de compressão ou de
tensão que pode colocar em risco a nutrição do nervo (15).

Os axónios são de extrema importância, pois além da função da condução nervosa


através da ajuda das células de Schwann e dos nódulos de Ranvier, que permitem o
estiramento do nervo através de túbulos endoneurais (6).

Para verificar a existência de sintomas relacionados com a compressão nervosa


devem ser realizados testes de tensão neural para os nervos específicos, tanto em
membros superiores como inferiores, com a finalidade de colocá-los em tensão
através de seu estiramento, podendo existir sinais sensoriais durante a sua execução
como parestesia e dor (6).

12
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

O SISTEMA NERVOSO

Princípios da mobilidade do sistema nervoso

O SNP geralmente é considerado como aquela parte do SN que fica para fora do
SNC, ou seja, cérebro e a espinal-medula. Os neurónios motores, sensoriais e
autónomos encontrados nos nervos espinhais, periféricos e cranianos são os
principais componentes do SNP (16).

Um factor a ser considerado na discussão sobre o funcionamento normal do SN é,


então, o movimento. Os elementos do tecido conjuntivo do nervo estão inerentemente
relacionados à protecção do nervo durante o movimento, ao mesmo tempo que
transmitem as forças do movimento. No SNP, esse tecido neural conjuntivo forma o
endonervo, o perinervo, o epinervo e no sistema nervoso central, a pia-máter, a
(17)
aracnóide e a dura-máter . Um nervo periférico possui três níveis de organização
dos tecidos conjuntivos sendo eles endonervo, perinervo e epinervo. Alguns autores
ainda consideram um quarto nível chamado de mesonervo (16).

A principal função do SN é promover a comunicação enquanto se adapta ao


movimento. Na discussão acerca do funcionamento normal do sistema nervoso, o
primeiro factor a ser considerado é a comunicação, constituída por dois componentes
de mecanismos eléctricos e químicos. O impulso eléctrico, que cria o potencial de
acção, é a forma mais comum de comunicação. O potencial de acção inclui o input
sensitivo aferente e o fluxo motor eferente. O outro componente da comunicação é
identificado como um processo químico que compreende o transporte axoplasmático.
Essa comunicação química fornece nutrição e recebe informações do tecido alvo por
meio do fluxo axoplasmático (17).

Sistema Contínuo

O SNC e SNP formam um tecido contínuo sendo considerados como um só. Esta
continuidade apresenta-se de três maneiras: primeiro, pela continuidade dos tecidos
conjuntivos, embora com diferentes formatos como o epinervo e a dura-máter. Com a
associação de um simples neurónio, há um grande número deste tecido conjuntivo.
Em segundo lugar, os neurónios estão interligados electricamente para que, por
exemplo, um impulso gerado no pé pode ser recebido pelo cérebro. Por fim,

13
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

quimicamente, pois os mesmos neurotransmissores existem na periferia e ao nível


central, e há um fluxo de citoplasma no interior dos axónios (6).

Há uma importante diferença entre os aspectos mecânicos do SN e de outras


estruturas do corpo. Como a sua função é a de carregar impulsos provenientes de e
para aquelas estruturas, é notável a importância da mecânica normal do tecido neural
e dos tecidos associados. Como descreve Butler, o SN não somente tem que conduzir
impulsos através de notáveis amplitudes e variedades de movimentos, mas também
tem que se adaptar mecanicamente durante os movimentos (6).

O ser humano tem a capacidade de realizar movimentos amplamente especializados


com o sistema nervoso alongado ou relaxado, estático ou em movimento. O conceito
da continuidade do SN reforça a ideia de que os movimentos dos membros e do
tronco podem ter um efeito mecânico local e global no SNP e no SNC (6) (16).

O fundamento dos sintomas nas neuropatias compressivas

Um importante mecanismo patológico no sofrimento nervoso é a hipoxia das fibras


nervosas devido a um comprometimento vascular. Vários autores demonstraram que a
excessiva pressão no túnel por onde o nervo passa é transmitida às veias do nervo.
Consequentemente, isto reduz o retorno venoso e gera acumulo de líquido no nervo.
Como resultado, ocorrerá diminuição do fluxo venoso, pressão intrafascicular
aumentada, edema intraneural, hipoxia, fibrose e morte das fibras nervosas. Esta série
de eventos evidencia a capacidade que a pressão mecânica em torno do nervo pode
influenciar a sua fisiologia interna (5).

Em indivíduos assintomáticos, uma pressão prolongada de 30 mmHg em torno do


nervo é suficiente para causar défice neurológico. Além disso, uma pressão de 30
mmHg é excedida em quase oito vezes, em indivíduos assintomáticos, durante os
movimentos activos e passivos das extremidades, chegando a pressões de até 238
mmHg. Curiosamente, em indivíduos com disfunções dolorosas de origem neural, têm
sido registradas pressões em repouso em torno de 50 mmHg. Portanto, há uma forte
relação entre a pressão em torno dos nervos, a diminuição do fluxo sanguíneo
intraneural e a produção dos sintomas (18) (19).

No que respeita ao transporte axonal, existem muitos sistemas de fluxos


axoplasmáticos diferentes dentro de um neurónio, onde três fluxos principais foram

14
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

identificados. Do corpo celular para os tecidos alvos, sendo um sistema de transporte


lento e um rápido chamado de fluxo anterógrado; dos tecidos alvos para os corpos
celulares, chamado de fluxo retrógrado. Uma alteração num destes mecanismos de
transporte será traduzida em sintomatologia (6).

Devemos considerar ainda os tecidos conjuntivos dos nervos periféricos, raízes


nervosas e o sistema autónomo que possuem uma inervação intrínseca os "nervi
nervorum" originados na ramificação axonal local, como mostra a figura 1 (6).

Figura 1 – Inervação do tecido conjuntivo de um nervo periférico: o nervi nervorum


Fonte: Butler (2002)

E - epineuro; NN - nervi nervorum; FN - fibra nervosa; VS - vaso sanguíneo; P - perineuro; PPV - plexo perivascular.

Foram observadas no endonervo, perinervo e epinervo terminações nervosas livres.


Terminações encapsuladas, como o corpúsculo de Paccini, têm sido observadas no
perinervo e epinervo (20).

Butler considera a dor da pressão local num nervo devida ao nervi nervorum mas
também reconhece que há uma falta de informações em relação à situação do nervi
(6)
nervorum nos estados de dor . A maioria dos nervi nervorum são amielinizados,
formando um esporádico plexo em todo o tecido conectivo do nervo periférico e
(21)
possuem predominantemente terminações nervosas livres . Bove e Light
demonstraram através de estudos electrofisiológicos que poucos nervi nervorum
possuem funções nociceptivas. Eles respondem a estímulos nocivos mecânicos,
químicos e térmicos. Muitos nervi nervorum são sensíveis ao excesso de alongamento
longitudinal de todo o nervo por eles inervados (22).
15
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Mecanocepção

A mecanocepção é uma via de entrada para a dor neurogénica, e ocorre quando as


fibras nervosas convertem eventos mecânicos em impulsos aferentes. Este
mecanismo ocorre tanto nos nervos normais como naqueles com alterações
patológicas (23).

Quando fibras nervosas normais são comprimidas ou estiradas experimentalmente,


impulsos são gerados a partir do local de stress mecânico. Os movimentos corporais
também desencadeiam impulsos nos nervos, tanto em condições normais quanto
patológicas. Em indivíduos assintomáticos, a realização de um teste neurodinâmico
gera sintomas de alongamento, dor e formigueiro. É importante notar que os sintomas
são frequentemente localizados na região do nervo correspondente (23).

Numa condição patológica, uma consequência conhecida da lesão nervosa é o


aumento da mecanocepção. Isto ocorre quando um stress mecânico aplicado num
nervo lesado gera impulsos e dor mais facilmente que o normal. Pesquisas actuais em
pacientes com neuropatia periférica comprovada e outras desordens neurológicas,
através de impulsos medidos por técnicas microneurográficas, têm registado quando a
estrutura neural patológica foi afectada mecanicamente. Duas observações foram
particularmente interessantes: os impulsos nervosos correlacionados directamente
com os sintomas, assim como os sintomas, foram provocados pela colocação da
estrutura neural específica sob tensão (23).

16
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

NEURODINÂMICA

A fisiologia é o caminho através do qual os nervos geram dor, e muito do que é


observado no paciente é uma expressão das alterações fisiopatológicas. Os
fisioterapeutas que desejam mobilizar o tecido neural devem incluir habitualmente a
fisiologia no seu raciocínio. Isto deve levá-los a uma compreensão mais precisa das
desordens neurais e do seu mecanismo de tratamento, como nos mostra o diagrama
1. Assim, nos últimos anos, tem-se apresentado um conceito de neurodinâmica com o
objectivo de facilitar a inclusão da fisiologia no tratamento mecânico do sistema
nervoso (5).

Diagrama 1 – Conceito de Neurodinâmica


Fonte: Shacklock (2007)

Neurodinâmica

Mecânica Fisiologia

Patomecânica Patofisiologia

Patodinâmica

A neurodinâmica é a interacção entre a mecânica do sistema nervoso e a fisiologia. Na


ausência de outros factores, a mecânica normal e a função fisiológica permitirão
movimentos e posturas livres de dor. Em condição patológica, a patomecânica e a
fisiopatologia alteradas podem interagir, resultando em patodinâmica. Nesta situação,
actividades diárias que sobrecarreguem mecanicamente as estruturas neurais podem
produzir dor. Movimentos corporais e posturas que promovem stress mecânico nos
nervos têm sido revistos por outros autores (6) (23) (24) .

A interface mecânica

De acordo com Butler, a interface mecânica pode ser definida como o tecido ou
material adjacente ao sistema nervoso que pode mover-se independentemente do

17
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

sistema. O músculo tibial posterior é um exemplo de interface mecânica do nervo tibial


posterior, visto passar através do túnel do tarso (6).

Além das interfaces mecânicas, Chayton afirma que existem ainda locais onde as
estruturas neurais são mais vulneráveis como a passagem por articulações altamente
móveis, canais ósseos, buracos de conjugação, camadas fasciais, e músculos
contracturados (25).

Adaptações do sistema nervoso ao movimento

Alguns dos movimentos do sistema nervoso podem ser observados nos nervos
periféricos e na espinal-medula. O encurtamento do nervo ulnar e o alongamento dos
nervos radial e mediano ocorrem na flexão do cotovelo. O leito do nervo mediano fica
20% mais comprido quando o cotovelo e o punho estão estendidos do que quando
estão flexionados (5). Nos testes de tensão dos membros há um grande movimento dos
nervos durante os testes. Em cadáveres foram observados até 2 cm de movimento do
nervo mediano em relação à sua interface mecânica, durante os movimentos do
(25)
pescoço e punho . O canal vertebral fica 5-9 cm mais comprido na flexão do que na
extensão da coluna vertebral (26).

O SN possui um mecanismo de adaptação ao movimento, caracterizado por:

• presença de comprimento em excesso no sistema nervoso (26);

• mobilidade do nervo em relação ao tecido circundante (por exemplo, o ramo


interósseo posterior do nervo radial move-se no interior do músculo
supinador) ou o movimento no interior do próprio nervo quando os
fascículos se movimentam contra o epineuro externo e cada fascículo se
move em relação ao fascículo adjacente (6).

Relações entre movimento e tensão

Em estudos do teste Straight Leg Raising (SLR) em cadáveres, Breig (1978) apud
Butler, observou que o movimento neural começa cedo na amplitude de movimento, e
(6)
que além de 70º existe pouco movimento, embora a tensão aumente rapidamente .
Butler explica bem a relação entre movimento e tensão na seguinte afirmação:
18
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

“De maneira geral, se uma parte do corpo for movida e


as outras partes do corpo forem mantidas em posição
neutra, haverá menos tensão e mais movimento do
sistema nervoso em relação às interfaces. Ao contrário,
se o mesmo movimento fosse realizado com partes do
corpo em tensão, haverá aumentos grandes na tensão
intraneural mas pequeno movimento do sistema
nervoso” (6).

Distribuição de tensão e movimento

Nos movimentos realizados pelo corpo humano, as consequências para o SN


distribuem-se por uma distância maior do que para as estruturas não neurais. A
dorsiflexão do tornozelo irá influenciar o SN na coluna lombar e talvez mais adiante.
Os músculos e as articulações afectadas pela dorsiflexão estarão abaixo do joelho,
embora o tecido fascial possa ser tensionado a níveis mais superiores (6).

19
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

SÍNDROMES DOLOROSOS QUE AFECTAM O PÉ

A dor no pé é uma queixa muito comum que pode ser causada por inúmeras afecções
ósseas e dos tecidos moles. Essas afecções são classificadas de acordo com a sua
origem anatómica e a localização predominante da dor. Acham-se incluídas, entre
outras, as fasceítes plantares, esporões do calcâneo. É importante enfatizar que essas
doenças têm em comum anomalias mecânicas locais, mas também podem estar
associadas a doenças sistémicas, principalmente as de origem inflamatória.

Nos casos de sintomatologia bilateral, as patologias reumáticas devem ser incluídas.


Segundo Snider, em pacientes com dor em ambos os calcanhares, existe uma
(27)
associação positiva com as espondiloartropatias . Cyriax afirma que as doenças
alternativas são: degeneração da bursa do calcanhar, pela modificação da natureza
própria para absorção de impacto do tecido subcutâneo, fazendo com que o impacto
seja transferido para as laterais, com perda grande de efectividade; e a artrite. O
mecanismo contínuo de sobrecarga pode empurrar o periósteo para longe da sua
origem a partir do calcâneo (28).

De acordo com Cailliet, na patologia da bursa no calcâneo doloroso, não ocorre uma
dor localizada como na fasceíte plantar. A bursa é composta por gordura e tecido fibro-
elástico encapsulados em espaços formados por septos fibrosos. O tecido jovem tem
uma elasticidade que funciona como "amortecedor de choques" mas esta diminui com
a idade e o peso do corpo deve ser sustentado por um calcâneo não almofadado (29).

Outra patologia é a contractura de Dupuytren que é similar à encontrada na palma da


mão, pode aparecer na aponevrose plantar. Este quadro apresenta nódulos lobulados
sólidos que parecem estar dentro da aponevrose plantar. Como podemos verificar, a
dor na fáscia plantar e no calcanhar pode ser confundida com outras patologias,
nomeadamente com o síndrome do túnel do tarso, por isso é importante saber
diferenciá-la.

Para Hebert et al, o diagnóstico diferencial inclui a fasceíte plantar, o síndrome do


túnel do tarso, as fracturas de stress do calcâneo, a bursite calcânea e as
compressões nervosas (30).

Seguidamente iremos focar-nos na fasceíte plantar e no síndrome do túnel do tarso,


bem como na descrição do nervo tibial posterior e o seu possível envolvimento nestas
patologias, por compressão na sua interface.

20
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Síndrome do Túnel do Tarso

O síndrome do túnel do tarso é a denominação utilizada para a neuropatia


(31)
compressiva do nervo tibial na região do tornozelo . As manifestações clínicas são
semelhantes àquelas observadas no síndrome do túnel do carpo, porém, relacionadas
com o pé: queixas de dor e parestesias ocorrendo na região plantar e dedos, de
predominância nocturna. Recebe o nome de túnel do tarso posterior para diferenciar
do síndrome do túnel do tarso anterior, esta última definida como a compressão do
nervo fibular profundo pelo retináculo dos extensores. Pode ser de etiologia primária
(idiopática) ou secundária a uma série de patologias da região do tornozelo, como
tumores (lipomas, schwanomas, quistos ou gânglios), traumas, variantes anatómicas
(ossos ou músculos acessórios), doenças vasculares (varicosidades), doenças
endocrinológicas (hipotiroidismo) ou a diabetes (32).

Figura 2 – Anatomia regional do túnel do tarso


Fonte: Aguiar (2003)

Como nos mostra a figura 2, o túnel do tarso tem como cobertura o retináculo dos
flexores – um espessamento da fáscia profunda da perna – e o assoalho composto
pelos ossos talus e calcâneo. O retináculo dos flexores estende-se entre o maléolo
medial e o calcâneo, recobrindo o feixe vascular e nervoso. Esta estrutura anatómica
forma um túnel por onde passam o nervo tibial, a artéria e veias tibiais posteriores,
além dos tendões dos músculos tibial posterior, longo flexor do hálux e longo flexor

21
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

dos dedos. Distalmente ao retináculo, encontra-se a inserção fibrosa do músculo curto


abdutor do hálux e a inserção da fáscia plantar (33).

A disfunção do nervo tibial posterior, como contribuinte para a dor no tornozelo,


calcanhar e fasceíte plantar, é completamente subestimada e negligenciada. O
síndrome do túnel do tarso e não selecciona uma faixa etária em particular, podendo
ocorrer em atletas jovens, indivíduos de meia-idade ou nos idosos. As causas podem
ser compressão por tendões e músculos anómalos, neurilenomas, tendinite e
tenossinovite, quistos sinoviais, diabetes, uso excessivo com o pé em pronação e
traumatismos (5).

O nervo pode ficar comprimido ou irritado no túnel do tarso posterior, localizado na


parte medial do tornozelo. A área de sintomas geralmente encontra-se na região
medial do tornozelo e propaga-se ao longo da parte medial do pé e/ou calcanhar até à
parte plantar do pé. Pode produzir dor, parestesias e fraqueza dos músculos na parte
plantar do pé uma vez que o tibial posterior dá origem aos nervos plantares e digitais.
Assim, com frequência a afecção, passa despercebida por ter um quadro clínico
variado. O seu diagnóstico pode ser difícil e de etiologia discutível. Os resultados do
tratamento conservador ou cirúrgico nem sempre são efectivos, levando, às vezes, a
problemas de difícil solução (4).

Teste Neurodinâmico do Nervo Tibial

Os exames que avaliam o envolvimento do tecido neural, têm sido alvo de pesquisas
que procuram relatar a importância destes. Os testes neurodinâmicos têm sido
utilizados como testes acessórios nas avaliações neuro-ortopédicas, sendo utilizados
para examinar desordens do sistema nervoso (34).

Alguns autores como Elvey, denominam estes testes como testes de provocação.
Porém, Butler não considera este termo apropriado e prefere utilizar teste de tensão
neurodinâmico, pois aproxima-se mais à realidade do estado de tensão do tecido
nervoso e adjacente (6) (35).

Para a eficácia de um bom tratamento, o paciente deve passar por uma avaliação
criteriosa, seguindo os moldes das avaliações tradicionais, porém adicionado à
observação do estado mecânico do sistema nervoso (36).

22
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Como referido anteriormente, uma das características mais notáveis da biomecânica


do SN é a mobilidade que o mesmo possui. A sua mobilidade é tal, que ele pode
mover-se dependente ou independentemente das estruturas que cruza, ou seja, as
interfaces mecânicas. Uma interface mecânica pode ser definida como o tecido ou
estrutura adjacente ao sistema nervoso que pode mover-se independentemente do
sistema. A introdução de um fluido tal como edema ao redor do sistema nervoso
poderá gerar uma interface patológica (6).

A neurodinâmica surge da necessidade de estudar as interacções entre a mecânica e


a fisiologia do SN quando se avalia e trata um paciente, utilizando técnicas de
mobilização do SN. O termo patodinâmica pode ser utilizado para descrever a
combinação dos processos patofisiológicos e patomecânicos do SN (23).

Sendo assim, uma lesão no tecido neural, implica alterações das suas propriedades
mecânicas (movimento e elasticidade) e fisiológicas, alterando a sua neurodinâmica.
Tais lesões podem resultar em disfunções nos tecidos que recebem a sua inervação.
Como consequência, as estruturas músculo-esqueléticas podem estar comprometidas
numa disfunção de origem neural (23).

O exame do sistema neuro-músculo-esquelético tem concentrado a sua atenção nos


vários complexos articulares. Nos últimos anos foram incorporadas ao processo de
avaliação, técnicas que enfatizam a mecânica do sistema nervoso. A utilização de
testes que envolvam a mobilidade do SN requerem um conhecimento que relacione a
neuromecânica e a neurofisiologia. Esses dois factores fazem parte do funcionamento
normal do SN (37).

Os testes neurodinâmicos envolvem aplicação de um conjunto de movimentos


passivos destinados a testar a capacidade de adaptação do tecido neural a diferentes
posições funcionais. Os movimentos a realizar serão, portanto aqueles que alongam o
tecido neural a testar (34).

Embora o conceito de avaliação da mobilidade neural seja relativamente recente, já


em 1864 Lasège propôs um teste de tensão para o diagnóstico da dor ciática que
actualmente é conhecido como Straight Leg Raising (SLR) e em 1929 Bragard
descreveu o teste utilizado hoje em dia para o nervo cubital (6).

O SLR é realizado com o paciente em decúbito dorsal, com o tronco e ancas em


posições neutras. O fisioterapeuta posiciona uma mão sob o tendão de Aquiles e a
23
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

outra acima do joelho. A anca é flexionada com o joelho mantido em extensão até
revelar uma resposta sintomática predeterminada, ou até atingir o limite de amplitude
de movimento da anca. O valor da amplitude de movimento deverá ser comparado ao
SLR do membro contra lateral, e ao que é considerado normal (6).

O teste neurodinâmico do tibial (TNT) é uma variação do SLR, sendo que as forças
sobre o SN tendem para o nervo tibial. Com base no trajecto distal do nervo na
extremidade inferior, os movimentos do TNT consistem no SLR e flexão
dorsal/eversão do tornozelo e do pé (sendo estes últimos os primeiros componentes
do teste seguidos de SLR). Isto implica tensão directa no nervo quando este passa em
torno da superfície póstero-medial do tornozelo e entra no pé através do túnel do tarso
posterior como nervo tibial posterior (5).

Segundo Shacklock, a resposta normal ao teste é o estiramento na região dos


gémeos, sensação esta que se estende em direcção à parte medial do tornozelo e
superfície plantar do pé, podendo estender-se também até à região posterior do joelho
(5)
.

No entanto Butler e Gifford (1989) apud Di Fábio, afirma que nem sempre um teste de
(38)
tensão positivo indica que o sistema nervoso é o responsável pelos sintomas .
Deste modo, e para verificar se existe ou não envolvimento do sistema nervoso,
realizamos movimentos diferenciais, que são movimentos distais à região em causa
sendo utilizados para movimentar as estruturas neurais no local do problema,
preferencialmente às estruturas músculo-esqueléticas. Se ocorrer uma mudança de
sintomas simultaneamente com a realização dos movimentos diferenciais, um
mecanismo neurodinâmico pode estar implicado (5).

24
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE UM TESTE DE DIAGNÓSTICO

Na prática clínica, os profissionais acabam por adquirir uma rotina de avaliação. Cada
um deles identifica, segundo a experiência, as categorias de informação que pensam
ser particularmente úteis para a identificação do problema e tomada de decisões.
Frequentemente o profissional que avalia cai no erro de se focar apenas numa
hipótese, sendo esta a sua favorita. Esta é uma limitação inerente no reconhecimento
do problema, uma vez que ao tentar organizar as hipóteses favoritas, estas acabam
por se tornar o centro das atenções, cingindo a ponderação para outras possíveis
hipóteses (2).

Tendo à disposição um número significante de testes, o fisioterapeuta deve considerar


vários aspectos. Para uma mesma patologia temos vários testes disponíveis. Por sua
vez, para cada teste existem várias técnicas. Cada teste pode ser utilizado também
para identificar diferentes patologias (39).

Assim, para cada patologia, para diferentes graus ou estágios evolutivos da patologia,
para cada técnica utilizada e para cada indicação, as propriedades operacionais dos
testes modificam-se e, consequentemente, a sua interpretação. Portanto, temos que
conhecer como cada teste actua em cada situação, para melhor escolher o mais
adequado. Devemos ainda considerar se está indicado usar apenas um dos testes
disponíveis ou mais de um; e mais ainda, se escolhermos mais de um, teremos que
analisar a sua estratégia de uso (39).

De acordo com Douglass os dois padrões básicos que deveriam estar presentes num
teste de diagnóstico seriam validade e fiabilidade que representariam se os resultados
dos testes poderiam ser repetidos pelo mesmo ou por diferentes examinadores (40).

Segundo Pereira a validade faz referência ao grau em que o teste está apropriado
para medir o verdadeiro valor daquilo que é medido, observado ou interpretado. A
validade indica-nos se os resultados representam a “verdade” ou o quanto se afastam
dela. Num teste diagnóstico, a questão a ser investigada passará a ser a sua
capacidade de discriminar correctamente indivíduos doentes e sãos. Um instrumento
seria válido quando se pudesse obter através dele a maior exactidão possível num
diagnóstico. A validade é ser definida como a medida da verdade, a exactidão (41).

Douglass também definiu a validade como a relação entre os resultados dos testes e
os resultados do padrão-ouro. Na avaliação de um teste de diagnóstico, muitas

25
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

expressões são definidas de modo semelhante. É o que acontece com os termos:


precisão, credibilidade, fiabilidade e reprodutibilidade (40).

Wenzel e Verdonschot afirmaram que o teste de diagnóstico seria preciso quando ele
medisse consistentemente. Precisão seria medida pela comparação de resultados a
(42)
partir de repetidas medições do mesmo objecto . Para Ferreira et al, a precisão
poderia ser avaliada pelos indicadores de credibilidade e fiabilidade. A credibilidade
estaria na dependência do paciente, na medida em que ele poderia ou não dizer a
verdade, devendo o profissional fazer-se valer de métodos para obter o máximo de
exactidão possível. Já a fiabilidade estaria mais relacionada com o examinador, que
deveria estar preocupado com a padronização dos instrumentos ou testes, além de
realizar um bom treino antes de ser iniciado o teste (43).

A reprodutibilidade poderá ser definida, segundo ten Bosch e Angmar-Mansson como


a capacidade de um método de produzir os mesmos resultados sob diferentes
circunstâncias. Quando em tal variação somente um examinador fosse envolvido, a
reprodutibilidade intra-examinador seria encontrada. Quando fossem utilizados mais
examinadores, o processo de variação levaria à reprodutibilidade inter-examinador,
que usualmente seria maior do que a primeira (44).

Sempre que possível, a medição da variação intra e inter-examinador deverá ser


(45)
conduzida sem o conhecimento dos participantes . Como isto seria difícil de ser
alcançado, podemos admitir que o grau de variação descrito em estudos de pesquisa
diagnóstica é menor do que o obtido na prática clínica.

O método seria considerado melhor quando a variação dos seus resultados fosse
pequena. A padronização das circunstâncias de medição contribuiria para uma
pequena variação (44).

Pereira chamou a atenção para o facto de que nem sempre existiria uma relação entre
reprodutibilidade e validade. Um teste de baixa reprodutibilidade forçosamente
conduziria a uma baixa validade, o que significaria pouca utilidade. Já um teste de alta
reprodutibilidade, no entanto, não asseguraria alta validade. Ele poderia dar resultados
idênticos ou próximos quando o processo diagnóstico fosse repetido, mas todos os
resultados poderiam estar errados (41).

Para se validar um teste, uma comparação do diagnóstico dele obtido poderá ser feita
com o diagnóstico estabelecido por um teste de exactidão máxima, denominado de
26
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

padrão-ouro. Se o teste em questão indicasse que haveria doença e o padrão-ouro


confirmasse, teria ocorrido um acerto. Se o teste indicasse a doença, mas o padrão-
ouro negasse, estaríamos diante de um erro. Numa série de aplicações de um teste,
quanto mais resultados verdadeiros no grupo doa indivíduos com determinada doença,
mais sensível seria o teste.

Em contrapartida, quanto mais resultados verdadeiro no grupo de indivíduos


assintomáticos fossem obtidos, mais específico seria o teste (41).

Para Filho, quando se avalia um teste diagnóstico quatro situações são possíveis,
como mostra a tabela 1 (46).

a) O teste é positivo e o paciente tem a doença - Verdadeiro Positivo (VP);

b) O teste é positivo mas o paciente não tem a doença - Falso Positivo (FP);

c) O teste é negativo e o paciente tem a doença - Falso Negativo (FN);

d) O teste é negativo e o paciente não tem a doença - Verdadeiro Negativo (VN).

Tabela 1 - Resultados de um teste diagnóstico para identificar uma doença


Fonte: Filho (2004)

Através de uma tabela de matriz de decisão de diagnóstico, como esta poderemos


observar melhor os resultados de um teste e compará-los com aqueles fornecidos pelo
padrão-ouro, medindo-se as proporções entre acertos e erros. Na verdade trata-se de
uma tabela onde as colunas representam a presença ou ausência de doença e as
linhas, os testes com seus resultados positivos e negativos. Ao analisarmos a tabela,
observamos que existem duas situações, onde será alcançada a exactidão: os VP,
27
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

onde a lesão é diagnosticada pelo teste e confirmada pelo padrão-ouro, e os VN,


tendo o teste excluído a possibilidade de doença, onde ela realmente não existia. Em
relação aos possíveis erros, temos os FP, representados pelos indivíduos sãos
considerados doentes, e os FN, correspondendo aos doentes que não foram
detectados pelo teste (43).

Conhecendo-se a proporção de acertos (VP e VN) e de erros (FP e FN), são


estabelecidos os diversos parâmetros pelos quais a validade será expressa:
sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos, como podemos
analisar na tabela 2 (41).

Tabela 2 – Cálculo da sensibilidade, especificidade


Fonte: Pereira (1995)

A sensibilidade pode ser definida como a capacidade que o teste apresenta para
detectar os indivíduos verdadeiramente positivos, ou seja, diagnosticar correctamente
(41) (43) (47)
os doentes . De acordo com Fletcher, R.H., Fletcher, S.W. e Wagner um teste
sensível deveria ser o teste de escolha quando a probabilidade de deixar de
(48)
diagnosticar a doença fosse grande . Testes sensíveis também seriam úteis nas
fases iniciais de um processo diagnóstico, quando um grande número de
possibilidades seriam consideradas, e se quisesse reduzi-las. Especificidade é a
capacidade do teste em detectar os VN, isto é, de diagnosticar correctamente os
indivíduos sãos (41) (43) (45).

O ideal seria utilizar um teste em que ambas as propriedades, sensibilidade e


especificidade, fossem de 100%. Na prática, isto raramente seria possível, pois elas
estão relacionadas de maneira inversa. A tentativa de melhorar a sensibilidade
frequentemente resulta na deterioração da especificidade (41).

28
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

O valor preditivo positivo (VPP) é a proporção de doentes entre os considerados


positivos ao teste. Valor preditivo negativo (VPN) tem sido definido como a proporção
de indivíduos sãos entre os negativos ao teste (41) (Tabela 3).

Tabela 3 – Cálculo dos valores preditivos


Fonte: Pereira (1995)

No Teorema de Bayes, o valor preditivo do resultado de um sinal clínico ou de um


teste, para uma doença em particular, é predeterminado pela prevalência da doença
na população em estudo, onde, a prevalência, expressa a probabilidade de doença
antes de o teste ser realizado, denominada probabilidade pré-teste (P) (3) (Tabela 4).

Tabela 4 – Cálculo da probabilidade pré-teste e desempenho


Fonte: Medronho (2003)

A avaliação do desempenho (D) do teste depende da maneira como se sabe se a


patologia está verdadeiramente presente ou ausente, e expressa a proporção de
acertos de um teste diagnóstico entre verdadeiros positivo e negativo em relação a
todos resultados possíveis (3).
29
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Wenzel e Verdonschot lembraram que os problemas na interpretação da sensibilidade


e especificidade de um teste diagnóstico têm sido discutidos por muitos autores.
Geralmente os testes têm avaliado a sensibilidade independentemente da
especificidade, embora a sensibilidade seja altamente dependente da especificidade
(42)
.

De acordo com Berkey et al e Van Rijkon, dois métodos estariam actualmente


disponíveis para avaliar a sensibilidade e a especificidade simultaneamente: regressão
logística e análise ROC. A análise de regressão logística, contudo, seria somente
fiável quando largas bases de dados estivessem disponíveis. A análise da curva ROC
(receiver operating characteristic) seria um método muito apropriado quando bases de
dados menos extensas estivessem presentes (Figura 3) (49) (50).

Figura 3 - Curvas ROC representativas de três graus de capacidade de discriminação


Fonte: Verdonschot (1993)

A partir da curva ROC é possível decidir qual o melhor ponto de corte de uma
distribuição, de modo a definir os níveis de sensibilidade e especificidade mais
adequados. Quanto mais a curva se afasta do ângulo superior esquerdo do gráfico,
mais inadequado será o ponto de corte da distribuição. A visualização simultânea dos
dois parâmetros de diagnóstico na curva permite escolher aquele que é mais útil, isto
é, o que tem melhor poder diagnóstico, em função dos seus níveis de sensibilidade e
especificidade. O melhor teste será o que mais se aproxime do limite superior
esquerdo da figura (41) (48).
30
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Por último temos a razão de verosimilhança (RV) que é definida como a razão entre a
probabilidade de um determinado resultado de um teste diagnóstico em indivíduos
portadores da doença e a probabilidade do mesmo resultado em indivíduos sem a
doença (3).

A RV para o teste positivo (RV+) expressa quantas vezes é mais provável encontrar
um resultado positivo em pessoas doentes quando comparado com pessoas não
doentes. A RV para o teste negativo (RV-) expressa quantas vezes é mais provável
encontrar um resultado negativo em pessoas doentes quando comparado com
pessoas não doentes. A RV para o teste negativo (RV-) expressa quantas vezes é
mais provável encontrar um resultado negativo em pessoas doentes quando
comparado com pessoas (3).

Tabela 5 – Cálculo da probabilidade pré-teste e desempenho


Fonte: Medronho (2003)

Constatou-se que a principal determinante da avaliação do resultado de um teste é a


prevalência ou probabilidade prévia da doença em questão. Mesmo que o teste
diagnóstico tenha altos valores de sensibilidade e especificidade, se a prevalência da
doença naquele paciente for baixa, o resultado positivo do teste terá pouco valor,
porque terá grande hipótese de ser um resultado FP. Por outro lado se a prevalência
da doença for alta e o resultado do teste for negativo, haverá grande hipótese de ser
FN. Obviamente, os melhores testes são aqueles que apresentam poucos resultados
FP e FN (46).

31
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Objectivos do Estudo

O principal objectivo deste estudo é o de avaliar a validade e fiabilidade do teste TNT.

Constituem ainda objectivos específicos deste trabalho determinar os valores da


sensibilidade, especificidade, VPP, VPN, P, D, RV+ e RV-.

4.2 Hipóteses de Investigação

Face à revisão bibliográfica efectuada e ao objectivo proposto, elaborámos as


seguintes hipóteses de investigação:

- Acreditamos que o TNT é mais específico do que sensível quando aplicado nos
indivíduos da amostra;

- Esperamos que o VPP e VPN demonstrem utilidade na identificação da ausência da


patologia;

- Contamos que o valor da P não seja demasiado baixo nem demasiado elevado;

- Pensamos que o valor do D demonstra uma proporção razoável de testes


verdadeiramente positivos e verdadeiramente negativos, em relação à totalidade dos
resultados obtidos;

- Acreditamos que os valores da RV indicarão que o TNT não provoca grandes


mudanças da probabilidade.

4.3 Local do Estudo

O estudo decorrerá em duas instituições prestadoras de cuidados de Fisioterapia:


FisioCoimbra (S. M. do Bispo) e FisioCoimbra (Condeixa-a-Nova).

32
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

4.4 Tipo de Estudo e Instrumentos de Medida

O presente estudo revestiu a forma de um estudo prospectivo, comparativo e cego


relativamente ao observador, uma vez que o fisioterapeuta examinador não teve
conhecimento prévio do grupo amostral (51).

Houve apenas um momento de avaliação e incluiu um grupo de indivíduos com


diagnóstico de dor no calcâneo e fasceíte plantar – grupo experimental (G1) e um e
um grupo de indivíduos assintomáticos – grupo de controle (G2).

Houve apenas um tempo de avaliação para cada um dos indivíduos da amostra, onde
foi aplicado o TNT e os dados encontrados comparados entre si, de modo a analisar o
real desempenho do teste em estudo.

O teste foi iniciado com o indivíduo em decúbito dorsal, sem almofada e em posição
anatómica. Iniciou-se pela flexão dorsal/eversão do tornozelo e do pé seguida de
flexão da anca, com o joelho em extensão; este movimento foi feito até onde foi
praticável a amplitude, atendendo às respostas obtidas (5).

O passo seguinte foi realizar a sensitização do teste, pedindo ao indivíduo para levar o
queixo ao peito, de modo a aumentar a tensão no sistema nervoso e verificar se
existiu ou não alteração na resposta do teste.

Os dados foram listados de acordo com os sintomas, locais das queixas e a frequência
com que aparecem e comparados entre os dois grupos, e em seguida, relacionados
com as variáveis em sensibilidade, especificidade, VPN, VPP, P, D e RV.

4.5 Duração e Período do Estudo

O estudo teve a duração de cinco meses, entre Junho e Outubro de 2008, sendo o
período de recolha dos dados correspondente aos meses de Julho, Agosto e
Setembro.

7.6 População em Estudo

Para a realização do presente trabalho, a população do G1 foi constituída por


praticantes de futsal, com diagnóstico de dor no calcanhar ou fasceíte plantar e

33
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

sintomatologia há menos de seis semanas, e que por este motivo se encontravam a


realizar tratamentos de fisioterapia nas instituições mencionadas.

A população do G2 foi constituída igualmente por praticantes de futsal assintomáticos.

Critérios de inclusão

Foram incluídos no estudo (G1) todos os indivíduos adultos (18 ou mais anos),
praticantes de futsal, com diagnóstico de dor no calcanhar e fasceíte plantar, que
realizaram tratamentos de fisioterapia, no período e locais já referenciados. Apenas
foram incluídos indivíduos cuja sintomatologia estava presente há menos de seis
semanas e que aceitaram colaborar no estudo.

Quanto ao G2 foram incluídos no estudo todos os indivíduos adultos (18 ou mais


anos), praticantes de futsal, assintomáticos e que aceitaram colaborar no estudo.

Critérios de exclusão

Indivíduos com antecedente cirúrgico no membro inferior ou coluna, casos com


antecedentes de fractura na perna e pé, entorses, problemas na coluna com queixas
nos últimos três meses e indivíduos diabéticos. Estes critérios foram válidos para
ambos os grupos em estudo.

Consentimento

Toda a participação dos utentes neste estudo esteve sujeita à obtenção do


consentimento esclarecido, através da assinatura de um documento que reconhecia
toda a informação necessária para esse consentimento. Nesse documento constavam
os objectivos e finalidades do estudo, bem como o compromisso de garantia de
confidencialidade dos dados e do carácter voluntário da sua participação.

4.7 Tipo, Técnica de Amostragem e Dimensão da Amostra

No presente estudo, o tipo de amostra foi não probabilística e a técnica por


conveniência. A amostra foi recolhida de entre os elementos da população em estudo,
que cumpriram os critérios de inclusão, obtendo-se uma amostra final constituída, por

34
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

dezassete indivíduos no G1 e vinte e um indivíduos no G2, perfazendo uma amostra


total de trinta e oito indivíduos.

4.8 Definição das Variáveis em Estudo

Identificaram-se, neste estudo, como variáveis dependentes a especificidade do teste,


a sensibilidade do teste, VPP, VPN, P, D, RV+ e RV-.

As restantes variáveis utilizadas como idade, sexo, diagnóstico, exames


complementares, médico responsável, lado sintomático, número de horas que o
individuo passa de pé devido à sua actividade profissional, número de horas de treino
semanal, uso de calçado novo durante o treino/jogos nas últimas seis semanas,
tempo decorrido desde o início dos sintomas, reincidência dos sintomas, tipo de
sintomas, comportamento dos sintomas, teste de Tinnel foram consideradas apenas
como variáveis de caracterização.

4.9 Método de Recolha de Dados

Em ambos os grupos houve apenas um tempo de avaliação. O autor do trabalho após


a obtenção do consentimento esclarecido, aplicou um questionário (Anexo) de modo a
obter os dados genéricos de caracterização e específicos da patologia (estes últimos
apenas no G1).

A aplicação do protocolo de avaliação (Anexo) onde se aferiu a existência de


alterações na marcha, aparecimento de sintomas ao realizar-se a marcha em bicos de
pés e calcanhares, sinal de Tinnel, o teste TNT e a sua sensitização, foi da
responsabilidade de um fisioterapeuta que não o autor do estudo, que recolheu os
dados relativos às respostas obtidas.

4.10 Estratégias a Utilizar Para o Tratamento Estatístico dos Dados

Para a descrição e caracterização geral da amostra foram utilizadas medidas


estatísticas de tendência central como a média, e de dispersão como o desvio padrão,
para além das frequências e respectivas percentagens.

35
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Para a descrição das propriedades do TNT na amostra em estudo, recorreu-se às


fórmulas apresentadas anteriormente no ponto 6 do presente trabalho. Através da
aplicação dessas fórmulas foi-nos possível chegar ao valor da sensibilidade,
especificidade, VPN, VPP, P, D, RV+ e RV-.

Para a análise, registo e processamento da informação estatística foi usado o


Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 16.0 para Windows.

36
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

A amostra do estudo foi constituída por trinta e oito indivíduos, dos quais dezassete
pertencentes ao G1 e vinte e um ao G2. A recolha de dados realizou-se nas
instituições atrás mencionadas. Nos trinta e oito indivíduos estudados, a média de
idades registadas foi de 24,58 ± 4,78 anos, oscilando entre um mínimo de 18 anos e
um máximo de 34 anos (Tabela 6).

Tabela 6: Idade
Idade
N 38
Média 24,58
Desvio Padrão 4,78
Mínimo 18
Máximo 34

Da análise da tabela 7 pode-se constatar que a amostra é constituída maioritariamente


(86,8 %) por indivíduos do sexo masculino. Quanto ao diagnóstico, temos vinte e um
indivíduos assintomáticos, que correspondem ao G2. No que respeita ao G1, dos
dezassete indivíduos, catorze apresentam um diagnóstico de fasceíte plantar e apenas
três de dor no calcanhar.

Tabela 7: Sexo e diagnóstico


n (=38) %
Sexo
Masculino 33 86,8
Feminino 5 13,2
Diagnóstico
Assintomático 21 55,3
Fasceíte Plantar 14 36,8
Dor no Calcanhar 3 7,9

Dos dezassete indivíduos sintomáticos, a maioria (76,5%) apresentou a sintomatologia


no pé dominante (Tabela 8).

Tabela 8: Pé com sintomas


n (=17) %
Dominante 13 76,5
Não dominante 2 11,8
Bilateral 2 11,8

De referir ainda que neste grupo, a uma maioria não realizou exames complementares

37
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

de diagnóstico (64,7%) e que o diagnóstico clínico foi, na maioria dos casos (76,5%),
da responsabilidade do médico de família (Tabela 9).

Tabela 9: G1 – Exames complementares de diagnóstico e


médico responsável
n (=17) %
Exames complementares de diagnóstico
Nenhum 11 64,7
Rx 4 23,5
Ecografia 2 11,8
Médico responsável
Médico de família 13 76,5
Médico especialista 4 23,5

Dos indivíduos sintomáticos (G1), apenas dois passam menos de 4 horas diárias de
pé devido à sua actividade profissional. Já no que respeita às horas de treino
semanais, apenas um indivíduo treina menos de 4 horas por semana. De referir ainda
que dos elementos deste grupo, uma minoria (29,4%) usou calçado novo durante os
treinos, nas últimas seis semanas (Tabela 10).

Tabela 10: G1 – Horas diárias de pé devido à actividade


profissional, horas de treino semanal e calçado novo
n (=17) %
Horas diárias de pé devido à
actividade profissional
Menos de 4 2 11,8
Entre 4 e 6 5 29,4
Entre 6 e 8 4 23,5
Mais de 8 6 35,3
Horas de treino semanal
Menos de 4 1 5,8
Entre 4 e 8 8 47,1
Entre 8 e 12 8 47,1
Uso de calçado novo nas
últimas 6 semanas
Sim 5 29,4
Não 12 70,6

Os sintomas tiveram início há menos de 2 semanas em apenas três indivíduos do G1.


Dos dezassete indivíduos deste grupo, oito apresentaram sintomatologia noutras
ocasiões (Tabela 11).

38
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Tabela 11: G1 – Início dos sintomas e reincidência


n (=17) %
Início dos sintomas
Entre 4 e 6 semanas 7 41,2
Entre 2 e 4 semanas 7 41,2
Menos de 2 semanas 3 17,6
Reincidência dos sintomas
Sim 8 47,1
Não 9 52,9

O principal sintoma referido pela maioria dos indivíduos (52,9%) foi a dor, contrapondo
com a dormência, apenas presente em 5,9% do grupo. Apesar de 29,4% não
conseguir identificar o padrão do comportamento dos sintomas, 11,8% referiu que os
sintomas são piores ao acordar e 11,8% em repouso (Tabela 12)

Tabela 12: G1 – Tipo e comportamento dos sintomas


n (=17) %
Tipo de sintomas
Dor 9 52,9
Formigueiro 2 11,8
Dormência 1 5,9
Falta de força 0 0
Não sabe distinguir 5 29,4
Comportamento dos sintomas
Constantes 4 23,5
Pior ao acordar 2 11,8
Pior em repouso 2 11,8
Pior após actividade intensa 4 23,5
Sem padrão definido 5 29,4

Pela aplicação do protocolo de avaliação, já mencionado anteriormente, constatou-se


que dos trinta e oito indivíduos da amostra (G1 e G2), apenas oito apresentaram
alterações na marcha. A avaliação da marcha teve por base a dissociação de cinturas,
o apoio do pé e comparação das fases de apoio e oscilantes entre membros inferiores.
Ao pedir aos indivíduos para realizarem a marcha no bico dos pés, a maioria (68,4%)
não referiu qualquer queixa. O mesmo aconteceu quando se pediu para realizar a
marcha nos calcanhares, onde 76,3% não referiu queixas (Tabela 13). De referir que
tanto no que respeita a alterações na marcha como ao aparecimento de sintomas
quando a marcha foi realizada em bicos de pés e calcanhares, as alterações e queixas
foram detectadas apenas nos indivíduos do G1. Nos restantes vinte e um indivíduos
(G2), não foram identificadas alterações nem aparecimento de sintomas quando a
marcha foi realizada em bicos de pés ou calcanhares.

Tabela 13: Avaliação da marcha e manifestação dos sintomas


39
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

quando a marcha foi realizada em bicos de pés e calcanhares


n (=38) %
Alterações da marcha
Sim 8 21,1
Não 30 78,9
Marcha em bicos de pés
Sem sintomas 26 68,4
Aparecimento sintomas 12 31,6
Marcha nos calcanhares
Sem sintomas 29 76,3
Aparecimento sintomas 9 23,7

O sinal de Tinnel, aplicado para aferir a função do nervo tibial no túnel do tarso quando
aplicada uma pressão, apresentou-se positivo em apenas 26,3% dos indivíduos da
amostra. O TNT apresentou treze respostas positivas, confirmadas pela sensitização
do teste através do Neck Flection (NF) (Tabela 14).

Tabela 14: Respostas obtidas no sinal de Tinnel, TNT e


sesitização do TNT
n (=38) %
Sinal de Tinnel
Positivo 10 26,3
Negativo 28 73,7
TNT
Positivo 13 34,2
Negativo 25 65,8
Sensitização TNT (NF)
Resposta de origem nervosa 13 34,2
Resposta de origem muscular 25 65,8

DESCRIÇÃO DAS PROPRIEDADES DO TNT NA AMOSTRA EM ESTUDO

Como já referido, o síndrome do túnel do tarso pode ser facilmente confundido com o
diagnóstico de fascíte plantar e dor no calcanhar. Daí o interesse da aplicação do TNT
de modo a tentar aferir o envolvimento da componente neural na sintomatologia

apresentada pelos indivíduos . No entanto o facto do teste reproduzir os sintomas do
doente não quer dizer, necessariamente que haja disfunção mecânica do tecido
neural, pelo que foi necessária a aplicação da componente NF de modo a sensitizar o
teste, o que nos levou a treze respostas positivas, como já pudemos verificar pela
análise da tabela 14. De referir ainda que, uma vez que o fisioterapeuta que aplicou o
protocolo de avaliação não tinha conhecimento prévio do grupo amostral, os testes
foram executados bilateralmente.


Descrição do TNT exposto no ponto 3 do presente trabalho.
40
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

Pela aplicação do TNT nos trinta e oito indivíduos da amostra, foi possível identificar
os VP, VN, FP e FN, representados na tabela 15.

Tabela 15: Resultados do TNT na amostra em estudo


Resultado do teste Presença de patologia Ausência de patologia Total
Positivo 11 2 13
Negativo 6 19 25
Total 17 21 38

Através dos resultados obtidos na tabela 15, foi-nos possível relacionar esses valores
com as variáveis em sensibilidade, especificidade, VPN, VPP, P e D, estando os

resultados expressos na tabela 16 .

Tabela 16: Valores em % das variáveis diagnósticas


Variáveis diagnósticas %
Sensibilidade 64,7
Especificidade 90,5
VPN 76,0
VPP 84,6
Probabilidade pré-teste 44,7
Desempenho 78,9

Avaliamos também, a RV que é definida, como referido anteriormente, como a razão


entre a probabilidade de um determinado resultado de um teste diagnóstico em
indivíduos portadores da doença e a probabilidade do mesmo resultado em indivíduos
sem a doença. Obtivemos um valor de 6,5 para a RV+ e de 0,4 para a RV-.

Por último, efectuamos a análise através das curvas ROC. O resultado está patente no
gráfico 1, em que os valores obtidos na área sob a curva foram de 0,776.
Gráfico 1: Análise dos resultados através das curvas ROC


Os valores obtidos foram calculados pela aplicação das fórmulas descritas no ponto 3 do presente trabalho.

41
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL
ROC Curve

1,0

0,8
Sensitivity

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

1 - Specificity

Diagonal segments are produced by ties.

Gráfico 1: Curva ROC representativa do grau de


capacidade de discriminação do TNT

42
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O processo de "diagnosticar" uma doença pode variar de probabilidade zero a


probabilidade de 100%. Dependendo do conhecimento do profissional e dos métodos
complementares usados, essa probabilidade diagnóstica deslocar-se-á mais para um
dos extremos, ou seja, a doença poderá ser totalmente descartada (0%) ou
confirmada (100%) (52).

Para se validar um teste, uma comparação do diagnóstico dele obtido poderia ser feita
com o diagnóstico estabelecido por um teste de exactidão máxima, denominado de
padrão-ouro. O padrão-ouro (gold standard), por definição, é um método diagnóstico
(53) (54)
perfeito para se predizer a presença ou ausência de doença . No entanto, a
literatura tem demonstrado que até mesmo os padrões-ouro estão sujeitos a
variabilidade (55) (56).

De acordo com a pesquisa elaborada na literatura, a verificação da validade dos testes


usados no diagnóstico de neuropatias compressivas é difícil porque não há um
padrão-ouro bem definido, embora muitos estudos utilizem os testes
electrodiagnósticos como parâmetros de comprovação diagnóstica. Num estudo
descrito por MacPoil, os exames imagiológicos não se revelaram indispensáveis no
diagnóstico da fasceíte plantar. No entanto parecem ser úteis na avaliação de outras
causas de dor no calcanhar. Num estudo recente, Osborne et al avaliou as alterações
radiográficas em 27 indivíduos com diagnóstico de fasceíte plantar e comparou os
resultados com um grupo de 79 indivíduos pertencentes ao grupo controle. Neste
estudo cego apenas um avaliador investigou as radiografias. Foram observados
esporões no calcâneo em 85% dos indivíduos sintomáticos e em 46% dos indivíduos
assintomáticos. A espessura da fáscia plantar e as anormalidades da bursa eram os
dois factores que melhor diferenciaram o grupo sintomático, com uma sensibilidade de
85% e uma especificidade de 95% (57).

No entanto, será de referir que até o momento, não foi descrito qualquer teste de
diagnóstico que ofereça segurança absoluta para que o diagnóstico seja realizado com
base apenas na sua aplicação, sem a realização concomitante de, pelo menos, um
(58)
outro teste . Então, se um método padrão-ouro com uma relativa imprecisão é
utilizado, um novo teste não será melhor que o padrão-ouro, mesmo que esteja mais
próximo da verdade (59).

43
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

No presente estudo, o ideal para aferir a validade e fiabilidade do TNT seria obtermos
valores de sensibilidade e especificidade de 100%. No entretanto, em nenhum teste
usado na prática clínica se pode esperar demonstrar este nível da exactidão, sendo o
seu objectivo caracterizar natureza dos erros (51).

Dos valores apresentados no ponto anterior, pudemos constatar que o TNT nos
indivíduos da amostra apresentou uma sensibilidade do teste razoável (64,7%) e uma
especificidade do teste boa (90,5%). Estes valores apontam, em primeiro lugar, para o
tal grau de inexactidão do teste uma vez que os resultados se afastam dos 100%. No
entanto os seus valores indicam que o TNT é mais específico do que sensível, o que
nos mostra que o TNT terá mais probabilidades de excluir os indivíduos sem doença
do que propriamente em identificar a doença. Estes valores podem ser explicados pelo
facto de terem sido registadas duas respostas positivas ao TNT no grupo de vinte e
um indivíduos assintomático e seis respostas negativas no grupo de dezassete
indivíduos sintomáticos. Estas respostas “não esperadas” poderão, por exemplo, estar
relacionadas com a necessidade de refinar os critérios de inclusão ou exclusão, ou
então com o tamanho da amostra.

Os valores e ilações obtidas são confirmadas pela curva ROC, que confirma ainda
uma falta a rondar os 30% (valor da área 0,776) na identificação do diagnóstico.

Estes valores vão de encontro aos valores de sensibilidade e especificidade num


estudo realizado por Kinoshita et al (2001), no qual foi aplicado o teste denominado
pelos autores de Teste de Dorsiflexão-Eversão no Diagnóstico do Síndrome do Tarso
a 50 indivíduos assintomáticos e 37 sintomáticos. O teste apresentou uma
sensibilidade de 81% e uma especificidade de 99% (57).

Já estudos em realizados por Coveney et al e Selvaratman et al (1997) aplicando o


teste neurodinâmico padrão do mediano 1 em indivíduos com síndrome do túnel do
(5)
carpo, este mostrou uma sensibilidade de 82% e uma especificidade de 75% . Neste
estudo o teste apresenta maior utilidade em diagnosticar os indivíduos realmente
doentes. Estas diferenças relativamente aos valores encontrados no nosso estudo
talvez estejam relacionadas com o facto de não termos informações relativamente ao
tipo de estudo e técnica de amostragem nos referidos estudos.

Como refere Flores, o valor deste teste diagnóstico não depende apenas da
sensibilidade e especificidade, mas também da prevalência da doença na população
(60)
alvo . Assim, o VPP obtido foi de 84,6%, que nos indica que a patologia se
44
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

confirmou em 84,6% dos indivíduos sintomáticos, e o VPN de 76%, que nos indica nos
indivíduos assintomáticos, 76% estavam realmente sãos. No fundo o que estes
valores indicam é que com a aplicação do TNT maior será a certeza de que uma
pessoa com resultado positivo tenha realmente a doença. O resultado do VPP vai de
encontro aos estudos, mencionados anteriormente, realizados por Coveney et al e
Selvaratman et al (1997), cujo VPP foi elevado (93%) (5).

A aplicação do TNT neste estudo revelou uma probabilidade pré-teste de 44,7% e um


desempenho de 78,9%. O valor da probabilidade pré-teste mostra que a amostra em
estudo é boa uma vez que, segundo Guimarães (2008), amostras que contenham
apenas pacientes com probabilidade pré-teste muito alta ou muito baixa de doença, só
são aceitáveis em situações específicas (por exemplo, testes de rastreio e
frequentemente são aplicados a populações de baixo risco de doença; exames
invasivos, que de modo geral, só são aplicados em populações de risco alto). De igual
modo, Flores afirma que “a probabilidade pré-teste expressa a probabilidade de
(60)
doença existir em determinada população antes de ser realizado o teste” . Deste
modo, a probabilidade pré-teste presente neste estudo, parece-nos razoável uma vez
que apresenta valores intermédios.

O facto de se verificar um valor de 78,9% para a variável desempenho, indica-nos que


o TNT é capaz de fornecer uma proporção razoável de testes verdadeiramente
positivos e verdadeiramente negativos, em relação à totalidade dos resultados obtidos.
De acordo com o que descreve Flores no artigo A Medicina Baseada em Evidências e
o Diagnóstico Laboratorial, este valor terá ainda mais impacto, uma vez que a
probabilidade pré-teste não apresentou valores nem demasiado baixos nem
demasiado altos (60).

Como vimos anteriormente na pesquisa bibliográfica, a RV é definida como a


possibilidade do resultado de um teste em particular para uma pessoa com a doença
em estudo, dividido pela probabilidade daquele resultado de teste para uma pessoa
sem a doença em estudo. Obtivemos então o valor de 6,5 para a RV+ e de 0,4 para a
RV-. Segundo Flores, quanto maior o valor da RV+ de um teste, maior a sua
capacidade de diagnosticar a doença, enquanto que um valor de RV– baixo revela
(60)
uma baixa suspeita da doença, em indivíduos com teste negativo . No presente
estudo, podemos concluir que o TNT tem alguma capacidade em diagnosticar
indivíduos com fasceíte plantar, dor no calcanhar e síndrome do túnel do tarso, mas é
mais eficaz em determinar os indivíduos realmente sãos, uma vez que permite aferir

45
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

uma baixa possibilidade de existirem tais patologias sempre que o seu resultado seja
negativo.

(51)
Analisando os valores de referência apresentados por Jaeschke et al (1994) os
valores de RV+ determinados na aplicação do TNT no presente estudo são
susceptíveis de poderem provocar uma mudança moderada na probabilidade,
enquanto que relativamente à RV- os valores encontrados podem provocar pequenas
mudanças, mas por vezes importantes na probabilidade. Assim sendo, reforçamos a
ideia que o TNT apresenta interesse uma vez que os valores da RV encontrados não
provocam grandes mudanças na probabilidade nem, ao contrário, alteram a
probabilidade num pequeno e insignificante grau.

A partir destes resultados podemos concluir que o TNT em indivíduos com fasceíte
plantar, dor no calcanhar ou síndrome do túnel do tarso é mais específico que
sensível, sendo útil, sobretudo, na exclusão de indivíduos sem a doença. O resultado
apresentado por estas variáveis é reforçado pelos VPP e VPN, os quais nos levam a
crer que o teste também possa ser capaz de nos dar algum grau de certeza de que um
indivíduo com resultado positivo tenha realmente a doença. No entanto, os critérios de
exclusão devem ser revistos, uma vez que poderão haver outras patologias que
provoquem a compressão do nervo, nomeadamente ao nível do joelho (6).

Estes valores associados aos valores de probabilidade pré-teste, desempenho e RV


levam-nos a concluir que o TNT é um teste de importância bastante relevante na
avaliação de indivíduos que apresentam queixas ao nível do calcanhar e fáscia
plantar. No entanto, e de acordo com o que anteriormente foi referido, os valores
indicam-nos que este será um teste mais útil a identificar os indivíduos não doentes do
que propriamente a identificar a doença.

Apesar destas aferições corroborarem as hipóteses inicialmente colocadas, pensamos


que o tamanho da amostra deveria ser maior. De igual modo, constituíram limitações
ao presente estudo o facto de não ter sido feita uma sub divisão no G1, de modo a
obter sub-amostras mais diferenciadas no que respeita a algumas variáveis, que neste
estudo revestiram o género de variáveis de caracterização, tais como: início dos
sintomas, reincidência dos sintomas, tipo de sintomas e comportamento dos sintomas.
Pensamos que seria uma boa proposta para futuros trabalhos que possam ter o TNT
como teste de referência.

46
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

De acordo com a pesquisa efectuada, este estudo foi o primeiro com o objectivo de
determinar a validade e a fiabilidade do TNT em indivíduos com diagnóstico de dor no
calcanhar e fasceíte plantar, em indivíduos com sintomatologia presente à menos de
seis semanas. Os resultados poderão ajudar os profissionais de saúde,
nomeadamente, os fisioterapeutas, a perceber que nestas patologias vulgarmente
referenciadas como sendo de origem músculo esquelética, a componente nervosa
também poderá estar presente, sendo muitas vezes negligenciada. Concentrando-nos
num modelo de avaliação das estruturas neuro-músculo-esqueléticas, poderemos
obter dados relevantes durante o processo de avaliação que irão repercutir-se na
eficácia da nossa intervenção.

47
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

7. CONCLUSÃO

Este estudo teve o intuito de verificar a validade e fiabilidade do TNT, quando aplicado
a indivíduos com diagnóstico clínico de dor no calcanhar ou fasceíte plantar, utilizando
para isso as variáveis do teste diagnóstico.

Constatou-se que o TNT é mais específico do que sensível, o que nos leva a concluir
que é mais útil em identificar os indivíduos que realmente não apresentam a patologia.
Assim sendo, não será possível usar apenas o TNT como teste exclusivo para
diagnosticar a patologia.

No entanto, ficou claro que nunca devemos avaliar uma condição de dor no calcanhar
ou fasceíte plantar com base apenas nas estruturas músculo-esqueléticas, uma vez
que a componente nervosa pode estar presente e contribuir para a sintomatologia
apresentada.

No entanto, espera-se que futuros estudos sejam efectuados noutras amostras


relativas, e outras populações, no sentido de apoiar os resultados obtidos.

48
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Viel E. O diagnóstico Cinesioterapêutico. São Paulo: Editora Manole; 2001.

2. Jones M. Clinical reasoning and pain. Revista Manual Therapy 1995; 1: 7-24.

3. Medronho RA. Testes diagnósticos. São Paulo: Atheneu; 2003.

4. Filho DCM, Galbiatti JA, Fialho HSA. Avaliação anatómica do túnel do tarso. Revista
Brasileira de Ortopedia 2000; 35(8): 282-89.

5. Shacklock M. Neurodinâmica Clínica. São Paulo: Elsevier; 2007.

6. Butler D. Movilización del Sistema Nervioso. Barcelona: Editorial Paidotribo; 2002.

7. Lewis J, Ramot R, Green A. Changes in Mechanical Tension in the Median Nerve:


Possible implications for the upper limb tension test. Physiotherapy 1998; 84(6): 254.

8. Izzi J, et al. Nerve injuries of the elbow, wrist, and hand in athletes. Clinical Sports
Medicine 2001; 20(1):203-17.

9. Murphy PC, Baxter DE. Nerve entrapment of the foot and ankle in runners. Clinical
Sports Medicine 1985; 4 (4): 753-63.

10. Zuzman M. The absolute visual analogue scale (AVAS) as a measure of pain
intensity. Australian Journal of Physiotherapy 1986; 32: 244-246.

11. Coppieters MW et al. Addition of test components during neurodynamic testing:


Effect on range of motion and sensory responses. Journal of Orthopaedic & Sports
Physical Therapy 2001; 31(5): 226-237.

12. Chang YG, Hyun KS, Hun KJ. Neurobiology and Neurobiomechanics for Neural
Mobilization [dissertação]. South of Korea: Dept. Rehabilitation Medicine, Yeungnam
University Medical Center; 2001

13. Mackinnon SE. Pathophysiology of nerve compression. Hand Clinical 2002; 18(2):
231-41.

49
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

14. Dahlin LB. Aspects on pathophysiology of nerve entrapments and nerve


compression injuries. Neurosurgery Clinical of North America 1991; 2(1):21-9.

15. Butler D, Gifford L. The concept of adverse mechanical tension in the nervous
system Part1: Testing for "Dural Tension". Physiotherapy 1989 Jan; 11(75).

16. Umphred DA. Reabilitação neurológica. 4ª ed. São Paulo: Manole; 2004.

17. Petersen CM, Foley RA. Testes de movimentos activos e passivos. São Paulo:
Manole; 2003.

18. Werner CO, Haeffner F, Rosen I. Direct recording of local pressure in the radial
tunnel during passive stretch and active contraction of the supinator muscle. Arch.
Orthop. Traumat. Surg. 1980; 96: 299.

19. Gelberman RH, et al. The carpal tunnel syndrome. A study of carpal canal
pressures. J. Bone Joint Surg. 1981; 63 (A): 380.

20. Shacklock MO. Positive upper limb tension test in a case of surgically proven
neuropathy: analysis and validity. Manual Therapy 1996 Jun; 3(1): 154-161.

21. Hall TM, Elvey RL. Nerve trunk pain: physical diagnosis and treatment. Manual
Therapy 1999 May; 2(4): 63-73.

22. Bove GM, Light AR. Ummyelinated nociceptors of rat paraspinal tissues. Journal
Neurophysiology 1995 May; 1(73): 1752-1762.

23. Shacklock MO. Neurodinamics. Physiotherapy 1995 Jan; 1(81): 9-15.

24. Elvey, RL. Treatment of arm pain associated with abnormal brachial plexus tension.
Australian Journal of Physiotherapy 1986; 32:225-230.

25. Chaytow L. Técnicas de palpação: avaliação e diagnóstico pelo toque. São Paulo:
Manole; 2001.

26. Stokes M, Panturin E. Conceitos de tratamentos músculo-esqueléticos aplicados à


neurologia – Tensão Neural adversa: Neurodinâmica. In: Neurologia para
fisioterapeutas. São Paulo: Editorial Premier; 2000.
50
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

27. Snider RK. Tratamento das doenças do sistema musculoesquelético. São Paulo:
Manole; 1985.

28. Cyriax JH, Cyriax PJ. Manual ilustrado de Medicina Ortopédica de Cyriax. 2ª ed.
São Paulo: Manole; 2001.

29. Cailliet R. Lumbar discogenic disease: why the elderly are more vulnerable.
Geriatrics 1975; 30(1): 73-6.

30. Hebert S, et al. Ortopedia e Traumatologia – Princípios e Prática. 3ª ed. Porto


Alegre: Artmed; 2003.

31. Aguiar PHP, Tella OI, Tedesco-Marchese A. Síndrome do Túnel do Tarso


Posterior. In: Tatagiba M. Nervos Periféricos – Diagnóstico e Tratamento Clínico e
Cirúrgico. Rio de Janeiro: Revinter; 2003.

32. Mumenthaler M, Schliack H. Lesions of individual nerves of the lower limb plexus
and the lower extremities. In: Mumenthaler M, Schliack H. Peripheral Nerve Lesions –
Diagnosis and Therapy. Sttutgard, Thieme Med. Pub 1991. p. 297-343.

33. Wood BM. Compressive neuropathies of the lower extremity. In Gelberman RH.
Operative Nerve Repair and Reconstruction. Philadelphia: J.B. Lippicott Co. 1991. p.
1197-1210.

34. Silva RBX, Salgado ASI. Fisioterapia manual na síndrome dolorosa miofascial.
Terapia Manual 2003; 2:74-77.

35. Elvey RL. Physical evaluation of the peripheral nervous system in disorders of pain
and dysfunction. Journal of Hand Therapy 1997 Jun; (10): 122–129.

36. Marinzeck S. Mobilização neural - aspectos gerais. São Paulo; 2000. Disponível
em: http://www.terapiamanual.com.br/artigos.php. Acesso em: 12 Set. 2008.

37. Magee JD. Avaliação musculoesquelética. 3ª ed. São Paulo: Manole; 2002.

38. Di Fábio RP. Neural Mobilisation: The Impossible. Journal of Orthopaedic & Sports
Physical Therapy 2001; 31(5): 224-225.

51
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

39. Lijmer JG. Empirical Evidence of Design-Related Bias in Studies of Diagnostic


Tests. JAMA 1999 Sept 15; 282(11):1061-1066.

40. Douglass CW. Evaluating diagnostic testes. Adv Dent Res 1993; (7): 66-69.

41. Pereira MG. Aferição dos Eventos. In: Epidemiologia: teoria e prática. Rio de
Janeiro: Guanabara-Koogan; 1995. cap.17: p. 358-376.

42. Wenzel A, Verdonschot EH. Some considerations in the evaluation of diagnostic


tests in dentistry. Dentomaxillofac Radiol 1994; (23): 179-182.

43. Ferreira EF, et al. Testes de diagnóstico: Conhecendo suas propriedades e


adequando sua utilização em lesões cariosas. Revista do CROMG 1999 Jan/Abr; (5).

44. Ten Bosch JJ, Angmar-Mansson B. Characterization and validation of diagnosis


methods. Monogr Oral Sci 2000; (17): 174-189.

45. Verdonschot EH, Wenzel A, Bronkhorst EM. Applicability of receiver operating


characteristic (ROC) analysis on discrete caries depth ratings. Community Dent Oral
Epidemiol 1993a; (21): 203-208.

46. Filho BL. Utilização Racional dos Testes Diagnósticos em Cardiologia. São Paulo;
2004. Disponível em: http://www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/utiliza.htm. Acesso em 20
Fev 2008.

47. Downer MC. Concurrent validity of an epidemiological diagnostic system for caries
with the histological appearance of extracted teeth as validating criterion. Caries Res
1975; (9): 231-246.

48. Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH. Diagnóstico. In: Epidemiologia clínica. 3ª
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. cap. 3: p. 52-83.

49. Berkey CS, et al. Statistical methods for comparing dental diagnostic procedures.
Community Dent Oral Epidemiol 1990; (18): 169-176.

50. Van Rijkom HM, Verdonschot EH. Factors involved in validity measurements of
diagnostic testes for approximal caries – a meta-analysis. Caries Res 1995; (29): 364-
370.
52
VALIDAÇÃO DO TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL

51. Fritz JM, Wainner RS. Examining Diagnostic Tests: An Evidence-Based


Perspective. Physical Therapy 2001 Sep; 9(81): 1546-1564.

52. Kleinrensink GJ et al. Upper limb tension test as tools in the diagnosis of nerve and
plexus lesions: anatomical and biomechanical aspects. Clinical biomechanics.
Rotterdam 2000 Jan; 1(5): 9-14.

53. Wenzel A, Hintze H. Comparison of microscopy and radiography as gold standards


in radiographic caries diagnosis. Dentomaxillofac Radiol 1999ª; (28): 182-185.

54. Hintze H, Wenzel A. Diagnostic outcome of methods frequently used for caries
validation: a comparison of clinical examination, radiography and histology following
hemisectioning and serial tooth sectioning. Caries Res 2003; (37): 115-124.

55. Wenzel A, et al. Impact of the validator and the validation method on the outcome
of oclusal caries diagnosis. Caries Res 1994; (28): 373-377.

56. Wenzel A, Verdonschot EH. Some considerations in the evaluation of diagnostic


tests in dentistry. Dentomaxillofac Radiol 1994; (23): 179-182.

57. MacPoil TG, et al. Heel Pain—Plantar Fasciitis: Clinical Practice Guidelines Linked
to the International Classification of Function, Disability, and Health from the
Orthopaedic Section of the American Physical Therapy Association. J Orthop Sports
Phys Ther 2008; 38(4): A1-A18.

58. Pinto PR, Moraes GC, Minghini BV. Confiabilidade de um modelo de avaliação
para portadores de ler/dort: A experiência de um serviço público de saúde. Rev bras
Fisioter 2005; 1(9): 85-91.

59. Souza GG, et al. Teste de Valsalva ortostático no refluxo venoso. J Vasc Br
2005;4(3): 270-4.

60. Flores RE. A Medicina Baseada em Evidências e o Diagnóstico Laboratorial.


NewLab 2006; 73: 92-103.

53
ANEXOS
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Eu,____________________________________________________________

_ recebi informação sobre o estudo Validação do Teste Neurodinâmico do

Tibial, em indivíduos com diagnóstico de dor no calcanhar e fasceíte plantar,

com sintomatologia à menos de seis semanas, no âmbito disciplina

Investigação Aplicada, leccionada no 4º ano de Fisioterapia, na Escola superior

de Tecnologias da Saúde de Coimbra, da autoria do aluno Carlos José da Silva

Tavares, sob orientação do Prof. Doutor Luís Cavalheiro, e aceito participar,

tendo o direito de cancelar a minha participação em qualquer altura, sem dar

explicações ou ter qualquer tipo de penalização. Aceito as regras da

confidencialidade deste estudo e concordo que os dados recolhidos sejam

usados com objectivos científicos.

Data: __/__/2008

Assinatura do Participante: _________________________________________


Processo nº: _____

TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL NO DIAGNÓSTICO


DIFERENCIAL DE DOR NO CALCÂNEO E FASCITE PLANTAR

QUESTIONÁRIO
Assinalar com uma X o item correspondente. Para os pontos 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11,
12, 13 e 14, apenas consideramos as respostas dos indivíduos sintomáticos.

1. Idade: ____ anos

2. Sexo: 1 Masculino 2 Feminino

3. Diagnóstico : 1 Fasceíte Plantar 2 Dor no Calcanhar 3


Assintomático

4. Médico responsável: 1 Médico de família 2 Médico especialista

5. Lado afectado: 1 Dominante 2 Não dominante 3 Bilateral

6. Exame complementar de diagnóstico: 1 Sim 2 Não Qual? ______

7. Profissão: ______________________

8. Média de horas que, devido à sua actividade profissional, passa de pé,


por dia?

1 Menos de 4 horas
2 Entre 4 a 6 horas
3 Entre 6 a 8 horas
4 Mais de 8 horas

9. Quantas horas semanais tem de treino/jogo?

1 Menos de 4 horas
2 Entre 4 a 8 horas
3 Entre 8 a 12 horas
4 Mais de 12 horas

10. Nas últimas 6 semanas, usou calçado novo nos treinos/jogos?

1 Sim
2 Não
11. Início dos sintomas:

1 Entre 4 a 6 semanas
2 Entre 2 a 4 semanas
3 Menos de 2 semanas

12. É a primeira vez que tem este tipo de queixas?

1 Sim
2 Não

13. Qual o principal sintoma apresentado?

1 Dor
2 Formigueiro
3 Dormência
4 Falta de força
5 Não sabe distinguir

14. Como se comportam os sintomas?

1 Constantes
2 Pior ao acordar
3 Pior em repouso
4 Pior após actividade intensa
5 Sem padrão definido

Data: __/__/2008

O Fisioterapeuta: ________________________________________
Processo nº: _____

TESTE NEURODINÂMICO DO TIBIAL NO DIAGNÓSTICO


DIFERENCIAL DE DOR NO CALCÂNEO E FASCITE PLANTAR

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
Assinalar com uma X o item correspondente. Avaliar bilateralmente. Para
sensitizar, ponto 6, pedimos ao indivíduo que leve “o queixo ao peito”.

1. Alterações da marcha?

1 Sim
2 Não

2. Marcha em bico dos pés?

1 Normal
2 Refere queixas

3. Marcha em calcanhares

1 Normal
2 Refere queixas

4. Sinal de Tinnel

1 Positivo
2 Negativo

5. TNT

1 Positivo
2 Negativo

6. Sensitização (NF)

1 Nervoso
2 Muscular

Data: __/__/2008

O Fisioterapeuta: ______________________________________________

You might also like