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Universidade Federal de Pernambuco

Clarissa Miranda
Hugo Napoleão
Maria Gabriela Veloso

COMUNICAÇÃO ORAL

Teoria da Comunicação
Rodrigo Bisão

Recife
2010
Resumo

Propomos com o nosso trabalho mostrar a evolução da comunicação


oral, seu papel fundamental na formação da sociedade, e hoje, como meio de
compartilhamento de significados simbólicos. Nosso trabalho aborda várias
temáticas: teorias sobre origem da linguagem e seus principais estudiosos, sua
função psico-social, a linguagem na comunicação, elementos do diálogo,
influência da linguagem, a palavra falada e a oralidade na publicidade, e todas
elas convergem para o ponto principal: explicar como a linguagem se tornou
esse elemento óbvio de comunicação.

PALAVRAS-CHAVE: comunicação, linguagem, oralidade, teorias.


Introdução

Segundo Aristóteles, o ser humano é dotado de “logos”, palavra de


origem grega que significa razão, denota também, e sobretudo, linguagem.
Então, o homem é capaz de utilizar o discurso racional, característica que o
permite partilhar significados simbólicos e pensar sobre o que é justo e injusto;
útil e inútil; certo e errado. O ser humano é, por natureza, um ser social.
Qualquer tipo de conhecimento só será completo ao ser comunicável, e
só o será a partir da Linguagem.

I – A Origem da Linguagem

Desde a remota antiguidade já existem estudos e teorias acerca da


origem da Linguagem. Segundo a Gênese do Velho Testamento (Teoria do
Criacionismo) Deus criou adão para que ele atribuísse nome às coisas.
Posteriormente, Santo Agostinho acreditava que essas palavras criadas por
Adão constituíam a língua comum da raça humana.
Os estudos mais modernos acerca dessa tema compilam teorias de
diversos pensadores, que ora concordam, ora discordam. O primeiro surgiu por
volta do século XIX, com a Frenologia, do alemão Franz Gall, que procurrava
uma região exata para a Linguagem no cérebro.
Em 1861, um médico e antropólogo francês, Paul Broca, apresentou um
homem com 51 anos de idade, que apresentava afasia desde os 20 anos, e
como causa da mudez indicou uma lesão no cérebro do paciente, esse local da
lesão ficou conhecido como a “Circunvolução de Broca”, local que atribuíram
como centro da Linguagem.
Já entre 1906 e 1917, um neurologista, também francês, Pierre Marie,
antecipou concepções contemporâneas ao afirmar que não existe uma só
localização, mas vários dispositivos cerebrais que servem à função da
Linguagem. Criou a Teoria da Linguagem-Movimento.
Em 1933, a Teoria de Paul Broca é enfim derrubada por Dimitri, que
apresenta pessoas com tumores no local conhecido como “Circunvolução de
Broca” sem a perda da fala.
Hoje se admiti que a Linguagem abarca todo o organismo, fazendo uso
da voz, dos olhos, das mãos, de todo o corpo.

Aspectos relevantes:

“A linguagem é uma instituição psico-social que somente surge e evolui


na vida social”. (PENTEADO, 1997, p.34). Em outras palavras, a linguagem é
uma característica humana, que só pode ser desenvolvida em um meio social.
E é isso que diferencia o homem dos outros animais, que apenas possuem um
reflexo condicionado, não sendo empregado independente da situação em que
sobrevêm; a sua capacidade de se comunicar através de uma língua, sendo de
extrema importância para o desenvolvimento de sua inteligência.
Entre muitas experiências que procuram mostrar essa vantagem do
homem em relação aos animais, ate mesmo os animais “faladores”, como
corvos e papagaios, que somente repetem palavras, sem ter consciência do
que dizem, é importante destacar o experimento realizado por George Gusdorf,
onde ele observa o desenvolvimento de um bebê humano e um bebê
chimpanzé, notando que ate os dezoito meses eles compartilham de uma igual
comparação. A partir de então a comparação perde o sentido, tendo a criança
humana um novo impulso no desenvolvimento, atribuído ao umbral da
linguagem. (GUSDORF, 1917 apud PENTEADO, 1997, p.35).
Para estudar a comunicação oral, é preciso saber quais são os
elementos que regem a comunicação em geral, dados bastante difundidos pela
teoria matemática da Escola Norte Americana de Chicago, são eles:

O transmissor - O receptor - A mensagem - O meio

Desenvolvimento:

“A linguagem é uma instituição psico-social que somente surge e evolui


na vida social”. (PENTEADO, 1997, p.34). Em outras palavras, a linguagem é
uma característica humana, que só pode ser desenvolvida a partir de
interações simbólicas dentro de um meio social – deve-se ao francês Paul
Chauchard a Teoria Social da Linguagem, que a admite como função social e
não biológica, para ele a Linguagem é extremamente relacionada à vida social
e as crianças que crescem fora desse contexto jamais aprendem a falar.
Confirmando essa concepção social da Linguagem existem vários
casos de crianças que cresceram fora da sociedade, sendo criadas apenas por
animais , como o caso do “Selvagem de Aveyron”, um garoto que foi
encontrado no sul da França, por volta de 1799. Viveu isolado na selva até os
12 anos, foi resgatado de volta à sociedade e adotado por um médico e
educador, Jean Gaspard, que se dedicou a ensinar Vitor(nome dado ao garoto
mais tarde) a falar, e se comportar como humano. Vitor morreu aos 40 anos e
não conseguiu aprender a se comunicar através da fala.
Entre muitas experiências que procuram mostrar essa vantagem do
homem em relação aos animais, ate mesmo os animais “faladores”, como
corvos e papagaios, que somente repetem palavras, sem ter consciência do
que dizem, é importante destacar o experimento realizado por George Gusdorf,
onde ele observa o desenvolvimento de um bebê humano e um bebê
chimpanzé, onde ele nota que ate os dezoito meses eles compartilham de uma
igualdade comparação. A partir de então a comparação perde o sentido, tendo
a criança humana um novo impulso no desenvolvimento, atribuído ao umbral
da linguagem. (GUSDORF, 1917 apud PENTEADO, 1997, p.35).
Para estudar a comunicação oral, é preciso saber quais são os
elementos que regem a comunicação em geral, dados bastante difundidos pela
teoria matemática da Escola Norte Americana de Chicago, são eles:

1. O transmissor - aquele responsável por mandar a mensagem.


2. O receptor - aquele a quem a mensagem é destinada.
(obs.: tanto o transmissor quando o transmissor podem trocar de
papeis na comunicação, havendo um feedback.)
3. A mensagem - é o objetivo da comunicação humana, é o que o
transmissor transmite e o que o receptor recebe.
4. O meio - se caracteriza por ser onde a mensagem é transmitida. Ex:
televisão, rádio, palestra.
São nesses elementos em que se baseiam muitas das teorias que
tiveram profunda importância no estudo da comunicação, como a idéia de
comunicação de massa, onde o receptor passa a não assumir um papel de
transmissor, caracterizando um sistema de mão única, ou ate mesmo as idéias
de McLuhan, onde ele afirma que “o meio é a mensagem”, em outras palavras,
o meio em que a comunicação se estabelece, não apenas constitui a forma
comunicativa, mas determina o próprio conteúdo da comunicação.
Na oralidade pode-se dividir três entidades, que adquirem papel
fundamental no processo comunicativo:

1. Voz - que se trata do som emitido.


2. Fala - que e trata da articulação, dos fonemas.
3. Linguagem - que se trata de todo o necessário para a comunicação.

É fato que a comunicação oral tem uma finalidade linguística, ligada a


transmissores, receptores, mensagem e meio, mas ela também está além
disso, retratando a personalidade de quem fala, seu estilo, moral, emoções,
atitudes... até mesmo a profissão e a classe social a que pertence. É nesse
jogo que entra as variedades lingüísticas, como gírias e expressões sócias,
regionais. Esses traços podem ser demonstrados através de tais elementos:
Dicção/ articulação, ênfase, entonação, voz, projeção vocal, ressonância,
respiração e altura da voz. De forma mais detalhada, podemos dividir em
fatores as fortes influencias exercidas na voz:

• Fatores físicos – relacionado com as limitações corporais, como por


exemplo, o tamanho e a formada caixa torácica ou o comprimento,
grossura e textura dos ressonadores ou das cordas vocais.
• Fatores psico-emocionais – relacionado com o estado de espírito, com
o dinamismo emocional e intelectual do indivíduo. Tensão, medo,
ansiedade, insegurança, excitação podem ser transmitidos pela voz.
• Fatores Culturais – relacionados com as normas culturais de um grupo
social.
Por conclusão, pode-se entender que a voz exerce três funções:
1°. De representação – conta alguma coisa, a mensagem em si.
2°. De expressão – revela algo a respeito do orador, sua personalidade.
3°. De apelo – deseja e provoca a reação da platéia.
Há vários teóricos que estudam a incrível diversidade na oralidade e
suas razões e funções na sociedade, e é essa diversificação que nos dá tantas
possibilidades de comunicação.
Sartre foi um visionário francês de muitas habilidades. Ele que foi
filósofo, escritor e crítico, em um dos seus textos começa a analisar a
linguagem, criticando os lingüistas da época, por terem uma visão antiquada
sobre a língua, tratando essa como se não fosse algo vivo e em mutação. A
partir disso, mostra para as pessoas, que a língua tem elementos do meio
externo que a influenciam bastante e não é certo tentar apenas manter uma
regra, sem estudar a razão para a mesma existir.
Sartre se identifica com Parain justamente por isso. Parain entendia
perfeitamente esses elementos do meio externo, e ele fala, em sua obra, que é
praticamente impossível as pessoas terem exatamente o mesmo jeito de falar,
já que todos os fatores em sua vida deveriam então ser iguais.
“A imagem de um objeto evocada por uma palavra é quase idêntica para
duas pessoas, com a condição de que falem a mesma língua, que
pertençam a mesma classe social, à mesma geração, ou seja que estejam
em circunstâncias em que as diferenças possam ser consideradas
praticamente omissíveis”
Já Stanislavsky um dramaturgo russo, queria fazer com que as pessoas
entendessem a diferença entre a palavra escrita e a falada, de como através da
fala se pode sentir coisas que ao ler não conseguimos, era comum ele mandar
seus atores falarem a palavra noite cinqüenta vezes, todas elas de forma
diferente, com outras entonações e querendo expressar diferentes
sentimentos, para que eles então entenderem o poder da fala no seu trabalho.
Henri Bérgson, filósofo francês, tinha algumas ideias um tanto quanto
difusas e filosóficas sobre a linguagem, ao modo de ver dele, ao falar nós
perdemos parte do nosso pensamento, pois tentamos o compactar em palavras
e essas impedem q o pensamento cresça até atingir uma espécie de ascensão
espiritual.
E é a partir de todas essas ideias que começamos a entender o poder
da linguagem na comunicação, e todo o seu poder como forma de expressão e
de interação na sociedade. A influência da comunicação oral na publicidade é
tremenda, até mesmo na escrita, às vezes utilizam formas coloquiais naturais
da fala para se aproximarem do seu público alvo, ou então por forma de
associação a sons, onomatopéias, por exemplo, é bem comum, como na figura
1.

Figura 1

O que, possivelmente, vem primeiro à cabeça das pessoas quando


pensam em comunicação oral na publicidade são aqueles vendedores que
usam a voz como forma de divulgação do seu produto. Eles fazem sucesso
através do “boca-a-boca”, já que não possuem recursos financeiros para
divulgação por outros meios, é bastante comum encontrarmos isso em feiras,
mercados e ambulantes na rua. Há diversos estudos e teorias sobre esse
modo de publicidade e já foi comprovado que funciona, pois o potencial cliente
sente a interação por parte do vendedor, além de causar uma diferenciação
dos seus concorrentes, que tem o mesmo produto e o mesmo preço, com esse
fator, ele leva o cliente a reconhecer e criar uma relação direta com o produto e
o vendedor e assim valorizá-los ajudando-o a alcançar o sucesso.
Luiz Beltrão, professor e doutor famoso no Brasil e no mundo por
estudar a área de comunicação midiática e difundir suas pesquisas para todo o
campo acadêmico, foi pioneiro na área de Folkcomunicação, explica que esse
nome que vem da mescla de folclore com comunicação, e é também conhecido
como comunicação dos marginalizados por envolver pessoas que de certa
forma são excluídas pela sociedade, indivíduos que ainda não fazem parte da
galáxia de Gutemberg. Esse modo de comunicação tem uma influência
histórica, muito forte e peculiar, exemplo disso, são os cantadores, aquelas
pessoas que normalmente chegam e fazem versos na hora, com apenas a
viola, e que hoje são os grandes predecessores desse tipo de publicidade oral.
No artigo de Maciel e Ferrari “Lições de Folkmarketing” eles executam
pesquisas no centro de recife para atestar a eficiência da publicidade oral feita
pelos ambulantes, encontrando diversos casos bem sucedidos, desde
vendedores de água a amoladores de alicates, todos eles se diferenciavam da
concorrência pelo que falavam, outra curiosidade, é que o vendedor de água,
ao entrar no transporte público oferecendo a água, leva as pessoas a refletirem
que precisam de água e assim compram, mesmo que na hora não estejam com
tanta sede.
A pessoa que trabalha usando a voz como instrumento direto do seu
trabalho não pode ser qualquer uma, existem fatores decisivos que influenciam
diretamente no seu trabalho, e que normalmente são naturais, ela tem que ser
criativa, persuasiva, extrovertida, saber improvisar e isso vai da personalidade
de cada um. O que influencia na hora de criar o que se vai falar e o modo como
se vai falar, são fatores externos, o que a indústria cultural está produzindo
nesse determinado tempo: a novela ou a música do momento e também
fatores internos, o que tem por trás dessa pessoa, seus costumes e suas
crenças, sua criação.
Em tempos de cultura global, Luiz Beltrão nos fala de Folkcomunicação,
em tempos de uma indústria cultural ditadora, de Internet e comunicação virtual
e impessoal, falar, interagir, criar laços realmente faz a diferença, não só de um
ponto de vista comercial, para manter um cliente por meio de uma suposta
intimidade no atendimento, mas sim para que o convívio saudável e necessário
para todo ser humano em sociedade não deixe de existir, o falar vai ser sempre
um modo de ligação entre as pessoas.
CONCLUSÃO
Bibliografia

TELES, Expedito. et al. Fundamentos Científicos da Comunicação.


Petrópolis: Vozes, 1973.

CAMARA JUNIOR, J. Mattoso. Manual de Expressão Oral & Escrita. 16Ed.


Petrópolis: Vozes, 1998.

VICTORIA REYZÁBAL, Maria. A Comunicação Oral e sua Didática. Bauru:


EDUSC, 1999.

PENTEADO, Jose Roberto Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana.


13Ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

PICCOLOTTO, Leslie; MARIA FREIRE SOARES, Regina. Técnicas de


Impostação e Comunicação Oral. 02Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1986.

MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das Teorias da


Comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação como Extensões do


Homem (understanding media). São Paulo: Cultrix, 1964.

INSTITUTO METODISA DE ENSINO SUPERIOR. Comunicação e


Sociedade. 03Ed. São Paulo: Cortez, 1980.

MACIEL, Betania; FERRARI, Cerize. Lições de Folkmarketing: a


comunicação utilizada pelos vendedores ambulantes no ato da venda de
seus produtos. CESBAM- AESO, 2004.

BELTRÃO, Luiz. Comunicação e Folclore. São Paulo: ed. Melhoramentos.


1971.

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