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Plano Inicial de Estimulação

Cognitivo – Motora OUTUBRO 2010

Introdução

A população idosa está a aumentar a um ritmo cada vez mais significativo, sendo o
envelhecimento um processo recente na história da humanidade. A Organização
mundial de Saúde (OMS) considera este facto como uma história de sucesso das
políticas de saúde públicas e sociais e, consequentemente, a maior conquista do Homem
no último século.
Actualmente Portugal é um país envelhecido, estando criadas todas as condições para
que este fenómeno possa proliferar e aumentar ainda mais. Criaram-se uma série de
factores que propiciam o envelhecimento, sendo um dos mais visíveis a associação do
decréscimo da taxa de natalidade com a queda da mortalidade.
O principal problema que pode afectar o idoso como consequência da evolução das suas
perturbações, doenças e do seu estilo de vida, é a perda da capacidade funcional, ou
seja, a perda das aptidões físicas e mentais necessárias para a realização das actividades
básicas do quotidiano.
O envelhecimento biológico afecta todos os seres vivos, sendo inevitável. As células,
órgãos e organismos encontram-se sujeitos ao contínuo desgaste e à degeneração
progressiva que conduzem, depois de intervalos variáveis, à alteração irreversível do
funcionamento fisiológico e à morte. Os sistemas de homeostase e auto-regulação, que
permitem manter um delicado equilíbrio do meio e do ser humano, começam
gradualmente a funcionar de maneira pouco eficaz ou insuficiente. As toxinas
acumulam-se no organismo, o ritmo de reparação das estruturas orgânicas decresce e a
capacidade de recuperação e funções vitais do indivíduo declinam.
O envelhecimento caracteriza-se orgânica e biologicamente pelos seguintes sinais:
aparecimento de rugas e progressiva perda da elasticidade e viçosidade da pele;
diminuição da força muscular, agilidade e mobilidade das articulações; aparecimento de
cabelos brancos e/ou, eventualmente, perda definitiva dos cabelos (alopecia),
principalmente entre os indivíduos do sexo masculino; declínio na produção de certas
hormonas, afectando a capacidade auto regenerativa dos tecidos; distúrbios nos sistemas
respiratório, circulatório (arteriosclerose, problemas vasculares cardíacos etc.),

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urogenital; redução da acuidade sensorial, nomeadamente no que se refere à capacidade


auditiva, visual, bem como em relação ao paladar, causado por uma redução de papilas;
as sensações tácteis tornam-se menos apuradas, e os reflexos mais lentos. A memória
também sofre alterações, por vezes graves.
O envelhecimento propicia a perda gradual das aptidões funcionais do organismo,
aumentando consequentemente risco de sedentarismo. Estas alterações biopsicossociais,
diminuem a qualidade de vida do idoso ao limitar a capacidade para executar
vigorosamente as AVD (actividades da vida diária), debilitando assim a sua saúde. O
sedentarismo tende a acompanhar o envelhecimento, sendo um importante factor de
risco para o aparecimento de doenças degenerativas crónicas.
A prática de exercício físico, para além de combater o sedentarismo, também contribui,
expressivamente, para a manutenção da aptidão física e cognitiva do idoso, seja na sua
vertente da saúde como nas capacidades funcionais. A actividade física para pessoas
com mais de 60 anos, além de fazer bem ao corpo, ajuda a mente, melhorando
significativamente as capacidades mnésicas e de raciocínio. Um estilo de vida activo
conduz a uma melhoria da saúde mental, sendo uma boa forma de gestão e precaução de
desordens como a depressão e a demência. A Depressão e a demência transportam o ser
humano para um estado de perda da independência e quase inevitavelmente, da
autonomia.

Breve caracterização dos clientes do Centro Social e Paroquial de São


Pedro de Pedroso

Deste modo, sendo a população cliente do Centro Social e Paroquial de S. de Pedroso


maioritariamente constituída por sujeitos com idade superior a 60 anos (muitos deles
apresentando alguns distúrbios cognitivos, leves ou graves, achou-se por bem fazer uma
aposta clara na intervenção/estimulação cognitivo-motora dos clientes, estipulando
assim este primeiro programa a implementar.

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Objectivos:

• Gerais: promoção e estimulação dos clientes para a actividade física, e estilo de


vida mais activo; promoção de exercícios para estimular o funcionamento
cognitivo, tentando minimizar, deste modo, e o máximo possível o estado de
letargia dos clientes. As actividades aqui delineadas servirão irão contribuir na
socialização dos clientes e minimizar o estado de sedentarismo.

• Específicos: - realização de exercícios físicos, adequados aos clientes, às suas


necessidades e condição física geral. Tentar-se-á realizar exercícios que
promovam o desenvolvimento muscular e movimentação do máximo de
articulações e músculos possíveis. Assim, irão ser desenvolvidos exercícios com
bolas, tiras elásticas e outros materiais apropriados ao efeito, com o intuito de
desenvolver a força nas mãos, nos braços e movimentar (quando possível) os pés
e as pernas. Estes exercícios irão estimular a actividade circulatória dos clientes
e, concomitantemente fazer com que se mantenham com o metabolismo
acelerado, melhorando e propiciando condições de funcionamento cognitivo.
- os exercícios com musica, visam o relaxamento. Deste modo
promover-se-á um exercício com vista ao relaxamento muscular, propiciando
uma sensação de conforto e bem-estar. Este exercício irá fazer com que os
estados de irritação, ansiedade e possível melancolia/estado pré-depressivo
sejam diminuídos.
- as tarefas “Dinâmica de apresentação”e “obedecer ao mestre” são
tarefas que vão desenvolver e fomentar o contacto social e as relações de
socialização. Servem também para espicaçar e desenvolver a criatividade, pois
são exercícios que obrigam a raciocinar.
- as actividades “Percepção da textura” “, “Responder a perguntas”,
“Adivinhar objectos sem os ver”, “Percepção de sabores”e “Dramatização de
histórias”, são utilizadas com vista a desenvolver e fomentar o exercício

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cognitivo. Deste modo os clientes vêem-se obrigados a utilizar todas as suas


faculdades mentais, os seus sentidos, de modo a conseguir realizar com êxito as

tarefas. Neste caso irá ser dada muita informação ao cliente, que irá obrigar a
operações cognitivas complexas e do mesmo modo estimular a actividade
cognitiva e o (re) aprimorar das capacidades mnésicas e sensoriais.

Método e Procedimento

O Programa de Estimulação Cognitivo-Motora desenrolar-se-à seguindo um plano de


três sessões, em grupo, sendo a periodicidade de uma vez por semana. As sessões
realizar-se-ão preferencialmente no período da manhã, pois é o período em que os
clientes se encontram mais activos, sendo também a altura em que a estimulação
cognitiva surte mais efeito, pois a predisposição para trabalho físico e cognitivo (devido
aos factores orgânicos: fadiga músculo-esquelética reduzida em relação a outros
períodos do dia, estado de vigília acentuado, etc…; e aos factores cognitivos:
desenvoltura de raciocínio acentuado, cansaço mental em valores mínimos) é maior.

As actividades foram seleccionadas com o intuito de desenvolver com os idosos


exercícios que estimulem de forma simples os mecanismos de memorização, além da
aptidão física.
Cada encontro será dividido em três momentos de modo a trabalhar cada um desses
processos.
Deste modo os grupos a formar irão ter entre 10 e 15 participantes, de ambos os
sexos. Tentar-se-á formar grupos o mais homogéneos possível, no que respeita às
capacidades físicas e mentais dos participantes.

Sessões
As sessões irão ter uma duração no intervalo de 60 a 90 minutos, de modo a que cada
participante execute as tarefas pretendidas. As sessões não irão ultrapassar os 90

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minutos, pois a partir daí o cansaço, a fadiga mental irá instalar-se nos participantes
causando défices de atenção e cada vez menor predisposição para o “trabalho”.

1ª sessão:

• Dinâmica de apresentação: cada pessoa (à vez) diz o nome e faz 1 movimento


livre; os restantes clientes repetem o nome do “actor” e o movimento por ele
efectuado. Todos têm de fazer.

• Actividade física com bola: realizar movimentos de alongamento e


movimentação dos músculos com uma bola. Adequar a bola à condição dos
idosos.
• Percepção da textura: avaliar a textura dos objectos (liso/rugoso, fino/grosso,
grande/pequeno, pesado/leve …

2ª sessão

• Actividade de “obedecer ao mestre”: com tempo limitado (curto), cada um


dos participantes realiza um movimento; os restantes participantes imitam o
movimento.
• Actividade “responder a perguntas”: fazer perguntas simples aos
participantes “um animal que voa?”, “um animal de 4 patas?”, “uma fruta que
se come com casca?”, etc… Procura-se assim deste modo estimular a memória
dos idosos.
• Adivinhar objectos sem os ver: colocar à disposição de cada participante
objectos do dia-a-dia, de modo que eles adivinhem o que é.

3ª sessão

• Percepção de sabores: cada participante prova 2 alimentos diferentes e tenta


adivinhar o que come. Trabalha-se desta forma a percepção e a memória

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• Dramatização de histórias: contar uma história simples (narrativa do


quotidiano: escovar os dentes, almoçar, tomar banho …). Cada
movimento/acção da história é realizado pelos participantes.

• Relaxamento/descontracção: fechar os olhos e imaginar lugares bonitos; por


músicas para cantar e dançar.

Recursos Necessários

• Humanos: Técnico (Psicólogo; pontualmente um auxiliar);

• Físicos: Sala com capacidade para 15 utentes, no máximo, com espaço para
desenvolver diversas actividades físicas e outras em que seja necessário
trabalhar com diversos recursos instrumentais;

• Instrumentais: Mesas; cadeiras para todos os intervenientes nas sessões


(incluindo Técnico e pontualmente Auxiliar); Utensílios de uso diário; Fruta;
Comidas; Flores; Instrumentos com grau de textura e maleabilidade
diferenciados; Bolas diversas; Aparelhagem de Música com leitor de cd; CD’s
diversos de música popular, de dança e mais antiga; CD de música relaxante;
Objectos de uso diário e recorrente no quotidiano dos clientes (escova de dentes;
pentes; esponja de banho; colher; panos; etc. …)

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ANEXOS

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Anexo a
Lista de Participantes
Lar Jubilar Centro Dia
Ana Sousa Alberto Monteiro Abílio Cardoso Alberto Pereira

Albina Carvalho Américo Silva Ana Costa Ana Oliveira

Aurora Moreira Ana Carvalho Ângela Moura Alzira Silva

Conceição Campos António Aguiar S. António Dias S. António Hélder

Emília Rodrigues Artur Valente Bernardete Pereira Egídio Carvalho

Joaquim Carvalho Emídio Moura Ermelinda Pereira Fernando Almeida

Joaquim Sousa Gracinda Tavares Gracinda Oliveira Helena Marques

José Fontes Joaquim C. Sousa Joaquim C. Ferreira Joaquim S. Pereira

Laura Esteves José Costa José Matos Guida da Cunha

Laurinda Jesus Laura Silva Laurinda Alfama Manuel Lourenço


Manuel S. Marques Margarida Costa Mª Adosinda
Lusanira
Cerqueira.
Mª Arminda Maria da Conceição Mª da Glória
Manuel Patrício
Silveira
Mª Helena Guedes Mª de Jesus da Mª Emília Figueiras
Manuel Soares
Rocha
Mª Emília Calisto Mª Laurinda Castro Mª Lourdes
Maria Ermelinda
Ascenção
Mª de Lurdes Sá Mª de Lurdes S. Mª Ludovina Mota
Maria Etelvina
Pinto Melo
Maria Fernanda Mª Rocha da Silva Maurício José Olga Paula

Maria Martins Olívia Moura Oriana Costa Preciosa Sousa

Maria Odete Rita Silva Rosa Mota Teresa Gomes

Maria Palmira Vitalina Macedo Julinda

Rosa de Jesus
Rosa Rocha
Senhorinha

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Silvério

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Anexo b
Constituição dos Grupos

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Total : 64
Participantes

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Anexo c
Folha de Presenças e Avaliação

Sessão : Data:

Dinâmica de Actividade Percepção


Cliente apresentação física com bola da textura
Observações

Legenda: + (Participa correctamente); + (esteve presente e activo); - (não participou da


actividade); F (faltou à sessão); FJ (falta justificada)

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