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2.1.

4- Instrumento de recolha de dados

Para atingirmos os objectivos acima referidos, elaborámos uma entrevista, formato


de questões aberto, evitando sempre que possível questões que pudessem vir a ser
respondidas por sim ou não.

Estas entrevistas compõem-se dos seguintes blocos:

- Grupo I – Identificação

- Grupo II – Trissomia 21

- Grupo III – Programas de transição para a vida activa

- Grupo IV – Construção de P.T.V.A

- Grupo V – Resultados obtidos com o programa

Sendo que, estes blocos pertencem à entrevista realizada às técnicas da Cerci.

Para a mãe da mulher inserida no plano laboral, foi construída outra entrevista,
composta dos seguintes blocos:

- Bloco I – Dados pessoais

- Bloco II – Instituição frequentada

- Bloco III – Programas de P.T.V.A

- Bloco IV – Situação laboral

- Bloco V – Resultados da situação laboral

A entrevista às técnicas da Cerci é composta por vinte e quatro perguntas.

O primeiro grupo é constituído por quatro perguntas, (1 à 1.3); o segundo grupo por
duas, (2 à 2.1); o terceiro é constituído por seis questões (da 3 à 3.5); o quarto
grupo é representado por oito questões, (da 4 à 4.7), finalmente o quinto grupo é
composto por quatro perguntas, (da 5 à 5.3).

A entrevista à mãe da jovem é composta por vinte e cinco questões.


PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Do primeiro grupo fazem parte a 1ª e a 2ª questões.

O segundo grupo é composto pela 3ª e 4ª perguntas.

Do terceiro grupo fazem parte as questões, 5,6,7,8,9 e 10.

O quarto grupo, é constituído pelas perguntas, 11,12,13 e 14.

Do quinto grupo, fazem parte da15ª à 25ª pergunta.

2.1.5- Procedimentos

Foram construídas duas grelhas que contêm o guião das entrevistas.

Informaram-se as entrevistadas sobre as linhas gerais do trabalho de investigação.


Procurámos sensibilizar as entrevistadas no sentido de que o seu contributo seria
essencial para o êxito do trabalho. Assegurou-se às entrevistadas o seu anonimato
bem como o carácter confidencial das informações prestadas. Informaram-se
também as mesmas, que lhes serão fornecidos todos os dados acerca da entrevista
caso o solicitem.

Realizaram-se as entrevistas de acordo com o guião anteriormente elaborado.

Procurou-se alguma privacidade e antes de se dar início à entrevista foi pedida


autorização para a gravar em fita magnética e posteriormente transcreveu-se para
suporte de papel.

Procedeu-se depois à análise de conteúdos, onde se acedeu a um sistema de


categorias, sub categorias, indicadores e frequência. Com os referidos itens foram
construídas grelhas.

O estudo decorreu ao longo de sete fases:

- A primeira na qual se fez a escolha e elaboração do instrumento de análise.


Optou-se por uma entrevista aberta. Procedeu-se à preparação de um guião para a
elaboração das questões. Registaram-se as questões.

- A segunda, onde se procedeu à validação da entrevista por um professor do


ensino básico, uma educadora de infância do ensino regular e uma educadora de
infância do ensino especial, não pertencentes à amostra.
2
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

- Na terceira fase, fez-se o contacto com a Cerci no sentido de verificarmos qual a


probabilidade de a entrevista poder ser realizada nessa mesma Cerci e uma data a
agendar. Marcou-se uma data para a realização da entrevista.

- Na quarta fase contactou-se, telefonicamente, a mãe da jovem inserida na V.A. Foi


informada acerca do trabalho de investigação que se estava a realizar e da
importância do seu depoimento. Marcou-se um encontro, onde foi combinada a data
da realização da entrevista

- Na quinta fase fez-se um pedido formal à direcção da Cerci

- Na sexta etapa realizou-se a entrevista à mãe.

- Na sétima etapa realizou-se a entrevista às técnicas da Cerci.

2.1.6 - Validação das entrevistas

As entrevistas foram validadas por um professor e uma educadora de infância do


ensino regular e uma educadora de infância do ensino especial, já referido
anteriormente como não pertencentes à amostra, com o objectivo de ser detectada
alguma dificuldade de interpretação das questões. Para a entrevista à mãe da
jovem com S.D colocada na V.A, recorreu-se a uma colega do curso de N.E.E.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

2.1.7 – Blocos das entrevistas

2.1.7.1 - Guião da entrevista às técnicas da i

Blocos Objectivos específicos Formulário das questões a abordar

- Informar as entrevistadas sobre as linhas gerais do


trabalho de investigação.

- Solicitar a ajuda das entrevistadas referindo que o seu


contributo será essencial para o êxito do trabalho.
Legitimação da - Legitimar a entrevista e motivar as
entrevista entrevistadas
- Informar as entrevistadas que lhe serão fornecidos os
dados sobre a investigação caso o solicitem.

- Assegurar o carácter confidencial das informações


prestadas, assim como o anonimato do entrevistado.

- Recolher dados pessoais e - Nome; idade; anos de serviço; funções desempenhadas


Dados pessoais
profissionais na instituição.

Características da - Recolher informações sobre a - Solicitação de dados sobre a patologia: tipos;


Trissomia 21 Trissomia 21 características

- Pedido de informação acerca do que são os P.T.V.A.


- Recolher esclarecimentos sobre os
- Objectivos desses programas
programas de T.V.A
- População com Trissomia 21 abrangida.
- Recolher dados sobre os indivíduos
Programas de T.V.A
com Trissomia 21 e os P.T.V.A
- Qual a idade prevista para a passagem para os
P.T.V.A.

-Qual a idade aconselhada para terminar

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Blocos Objectivos específicos Formulário das questões a abordar

- Inquirir sobre os cuidados a ter na construção de P.T.V.A.

- Tipos de preocupação na inventariação de situações laborais


para indivíduos com Trissomia 21.

- Se existe possibilidade de arranjar situações laborais que não


prejudiquem os alunos.

- Se existe a preocupação das actividades corresponderem ao


- Preocupações presentes na potencial do indivíduo e às necessidades do mercado de trabalho.
Construção de
construção de P.T.V.A
P.T.V.A
- Se há preocupação em desenvolver o projecto num ambiente o
mais próximo possível do laboral.

- Se o D.M beneficiou com essa proximidade.

- Se o plano prevê a colocação em emprego protegido ou em


clima normal.

- Que factores considera importantes para uma boa integração no


trabalho.

- A que níveis o D.M.beneficiou com a transição para a vida activa.


- Verificar resultados finais do
- O acesso ao emprego torna-se mais fácil com os P.T.V.A.
Resultados obtidos programa
com o programa - Ingresso no mundo do
- Quais são as maiores dificuldades que um D.M encontra para e
trabalho
ao ingressar no mundo laboral.
- O D. M é treinado para um emprego competitivo.

Nota: Os nomes das pessoas entrevistadas são fictícios.

2.1.7.2 - Guião da entrevista à mãe da jovem portadora de T. 21

Blocos Objectivos específicos Formulário das questões a abordar

- Informar a entrevistada sobre as linhas gerais


do trabalho de investigação.

- Solicitar a ajuda da entrevistada referindo que o


seu contributo será essencial para o êxito do
Legitimação da - Legitimar a entrevista e motivar as trabalho
entrevista entrevistadas
- Informar a entrevistada que lhe será fornecida
os dados sobre a investigação caso o solicite.

- Assegurar o carácter confidencial das


informações prestadas, assim como o anonimato
do entrevistado e da sua filha.
B

- Recolher dados pessoais do - Nome


Dados pessoais
indivíduo
- Idade

5
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Blocos Objectivos específicos Formulário das questões a abordar

- Recolher informações acerca da - Pedido de informação acerca da escola que o


Instituição
instituição/escola que o indivíduo indivíduo frequentou e inseriu na V.A
frequentada
frequentou.
- Inserção e duração do P.T.V.A

- Idade de ingresso nesse programa

- Se houve a participação do individuo e dos pais


na elaboração do P.T.V.A
Programa de - Recolher informações acerca do
- Se os pais tiveram acesso às avaliações feitas
T.V.A P.T.V.A
ao individuo

- Idade de transição para a V.A

- Se foi inserida nalgum local de emprego

- Se estagiou no local

- Quem supervisionava o individuo no trabalho

- Critérios em que a escola se baseou para


atribuir esse local de emprego ao individuo
Situação laboral - Recolher esclarecimentos acerca de
- Se a escola/instituição teve em
atenção as doenças inerentes à Trissomia 21

- Se existe contacto entre a entidade


empregadora e os pais

- Inquirir se o indivíduo gosta do que faz

- Como o expressa

- Se é cumpridor dos horários

- Se faz comentários acerca do trabalho

- Preferências das tarefas que executa

- Se demonstra vontade em realizar outro tipo de


trabalho
Resultados da - Recolher informações acerca da
situação laboral satisfação do indivíduo no emprego - Se sai e entra em casa satisfeita

- Como faz o percurso até ao trabalho (necessita


ou não, de acompanhamento no percurso)

- Se sofre de alguma doença inerente à T.21

- Se costuma faltar com frequência

- Estado anímico em que o individuo chega a


casa

Nota: Os nomes das pessoas entrevistadas são fictícios.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3 – Apresentação dos resultados

Com o resultado das respostas às três entrevistas realizadas, foram construídas as


grelhas de análise de conteúdo que se seguem.

3.1 – GRELHA 1 - Grelha síntese de análise de conteúdo da entrevista à


coordenadora da Cerci

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

- “A nível cognitivo.”
Características orgânicas 2
-“ A nível dos cromossomas.”

-“Conseguem e que têm capacidades mesmo


a nível da escolaridade, de aquisições
académicas.”
Aprendizagem 2
- “…devidamente estimulados que já
conseguem atingir umas fasquias mais
altas…”

- …a nível também da estimulação e da


Interacção social integração e do aspecto social. 2

- “Conseguem realizar tarefas e são úteis.”


Características da
T:21
-“ A nível da destreza manual…”
Dificuldades 2
- “A nível de dificuldades respiratórias.”

-“ …existem três tipos…”


Tipos de Trissomia
2
existentes -“ …mosaicismo…translocação…
homogénea.”

- “Claro que sim.”


Conhecimento de
2
P.T.V.A`s
-“ …o nosso cá por exemplo.”

Programas de
T.V.A. -“ Desenvolvimento a nível pessoal, a nível
social.”
Objectivos 2
- “…integração no mundo do trabalho.”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

Alunos com T.21 a -“ Temos uma formanda e temos uma menina


frequentarem programas que está a fazer… um estágio… de
de T.V.A sensibilização.”
3
- “Temos duas.”

- “…casos com Trissomia 21 são muito


reduzidos.”

- “…a nível dos cursos de formação…tamos a


receber os jovens que vêm do ensino regular.
- …quando iniciamos estes cursos eram
jovens que vinham do educacional.”
Proveniência dos alunos 4
- “…grande parte da população… vêm… do
insucesso escolar.”
Programas de
T.V.A. - “…vêm todos das escolas do ensino regular.”

- “…depende das capacidades de cada


Idade prevista para a
jovem.” 2
passagem para P.T.V.A
- “…da maturidade e das capacidades.”

-“…alguns alunos estão na formação até aos


25 anos e até mais.”
Idade aconselhada para
terminar a V.A em função - “…há uma deterioração.” 3
das capacidades
- “…notamos que há uma perda de
capacidades.”

- “… têm que ser adaptados a cada caso.”

- “…quais são também aquelas apetências que


eles demonstram.”
Cuidados a ter na sua
4
construção - “Alguma maturidade deles, dos
conhecimentos, aquilo que eles também
aspiram.”

- “…as aspirações deles e das famílias.”

-“ …não os expor a muito pó.”


Preocupação existente na
inventariação de situações -“ …estarem sujeitos às intempéries.” 2
Construção de laborais
P.T.V.A

-“ Mais ou menos.”
Situações laborais - “…não há o ideal.” 3
adequadas
- “…não podemos arranjar uma redoma.”

- “…um jovem que nós tivemos cá com


Trissomia 21.”

- “…é contínuo, não é muito aconselhável, mas


Experiências ele tem que varrer o pátio.” 3

- “…quanto mais estiverem em contacto com


as situações mais se adaptam.”

8
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“ …tem havido reconversão de áreas.”


Preocupações a nível da
2
formação -“ …porque a nível do mercado há outras
necessidades.”

-“ A autorização é pedida ao centro de


emprego porque é ao centro de emprego que
Quem autoriza a nós apresentamos as candidaturas anuais.”
2
reconversão das áreas
- “São eles que subsidiam estes cursos todos
e o pessoal que trabalha…e verbas….
deslocações… tudo.”

- “… têm que ser adaptados a cada caso.”

- “…quais são também aquelas apetências que


eles demonstram.”
Cuidados a ter na sua
construção - “Alguma maturidade deles, dos 4
conhecimentos, aquilo que eles também
aspiram.”

- “…as aspirações deles e das famílias.”

Preocupação existente na -“ …não os expor a muito pó.”


inventariação de situações 2
laborais -“ …estarem sujeitos às intempéries.”

-“ Mais ou menos.”
Situações laborais
- “…não há o ideal.” 3
adequadas
- “…não podemos arranjar uma redoma.”
Construção de
P.T.V.A
- “…um jovem que nós tivemos cá com
Trissomia 21.”
3
- “…é contínuo, não é muito aconselhável, mas
Experiências ele tem que varrer o pátio.”

- “…quanto mais estiverem em contacto com


as situações mais se adaptam.”

-“ …tem havido reconversão de áreas.”


Preocupações a nível da
2
formação -“ …porque a nível do mercado há outras
necessidades.”

-“…abrimos uma vaga só para ele em


formação em posto de trabalho.”
Estágio 2
-“Nem era dado cá, era numa pastelaria.”

- “Era acompanhado por técnicos.”

-“ …era eu como psicóloga…a técnica de


politica social…um técnico de
acompanhamento em empresa que fazia os
apoios.”

Acompanhamento -“ …no posto de trabalho há sempre uma 4


pessoa que é a ligação.”

-“ Pertencente à empresa que nos faz a


ligação com os …funcionários de cá…”

9
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

- “Claro.”

-“ …rigidez de horário, assiduidade.”


Ambiente aproximado do
-“ Eles têm relógio de ponto.” 5
que o D.M irá encontrar
-“ …têm uma folha de presenças p´ra registar.”

- “…todos os dias têm uma ficha de avaliação.”

- “…de relacionamento com os monitores, com


Nível da avaliação os colegas, a nível da motivação p`ro trabalho, 1
o comportamento que eles manifestaram.”

- “…actualmente também há um grupo de auto


representantes.”
Direito de expressão 2
- “…há um elemento que é eleito por eles.”

-“…eles falam dos problemas que têm dentro


da sala, ou com os monitores, ou com os
próprios colega, ou fora.”

- “São os transmissores, tanto deles como …


4
da parte dos técnicos p´ra eles.”

- “A nível de refeitório, se gostam da comida,


se não gostam, se acham que é pouco…”

Finalidade/Objectivos -“ …reivindicativos são!”

Construção de - “Ficam mais interventivos…na escola …na


P.T.V.A sociedade.”
Resultados 2
-“ Isto reflecte-se no meio social onde estão
inseridos, e na família também.”

Benefícios da proximidade -“ É um passo para a integração.”


1
do ambiente de trabalho

-“…em clima normal de trabalho.”


Colocação em emprego
protegido ou em clima 1
normal de trabalho

Factores importantes para


uma boa integração no -“ …são as capacidades, as expectativas que
trabalho eles têm…”
2
- “…o relacionamento da instituição com a
entidade empregadora e com a família…”

-“ Quando eles sem daqui se a família não os


apoia e se não há uma ligação grande entre a
instituição e a família…as coisas funcionam
muito mal.”

-“ Eles têm que cumprir os horários…”


Importância da família no
- “…a família é que tem que mandar… sair da 4
processo
cama, têm que levar os almoços têm que tratar
da comida dos banhos da higiene.”

- “Se não há esta ligação e se a família não


aceita isto e não se compromete…a coisa não
corre bem.”

10
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“ A nível da auto estima”.

-“ Da autonomia”.
Benefícios para o D.M.
4
com a T.V.A -“ …eles sentirem-se úteis”.

-“ …o facto de serem remunerados,


tem muito peso para eles”.

Facilidade no acesso ao
-“…claro que é!”
emprego com a inserção 2
nos P.T.V.A
- “O aluno tem que passar por tudo isto”.

- “Primeiro porque há técnicos…p`ra apoiar”.


Motivos dessa facilidade
-“ …a empresa também se sente mais segura”.
4
-“ …há um acordo que se assina entre a
instituição, a empresa e a família”.

-“ Há garantias”.

- “É a adaptação, é o relacionamento com os


Dificuldades no mundo
colegas de trabalho, com as hierarquias…” 2
laboral
-“…adaptação ao trabalho efectivo.”

-“ …têm que ser muito bem estudados de


acordo com as capacidades que eles têm…”

-“ …em relação às exigências.”


3
-“ …há determinado tipo de tarefas que não se
coadunam com aquela pessoa que nós
queremos… colocar lá fora.”
Resultados obtidos
com o programa
-“ …os T.A.F.E (técnicos de acompanhamento
e formação em empresas) têm que fazer a
prospecção do mercado…”

-“ …têm que ir ver se aquilo que eles podem


oferecer a nível de tarefas se …adapta e se
está de acordo com os jovens que nós temos
e que
Cuidados a ter na escolha
queremos meter lá fora.”
dos locais 8
-“ …a nível dos contactos.”

-“ …se…metemos um jovem…numa
empresa…em que a entidade patronal diz: “…
não podem vir cá …e eu também não tenho
possibilidade de por aqui uma pessoa que se
responsabilize por esse jovem.”

- “…não interessa. “

- “….não tentamos que seja um emprego muito


competitivo.”
O D.M é treinado para um
- “…já sabemos…que eles vão falhar.” 3
emprego competitivo
- “…isso não vai resultar e eles
automaticamente são seleccionados, e são
mandados embora.”

- “Têm que ter um tipo de ocupação…em que


a competitividade não entre muito.”

Emprego aconselhável -“….geralmente eles vão sempre p’ra trabalhos 3


auxiliares.”

- “Um D.M. nunca deverá trabalhar num sítio


onde exista competitividade.”

11
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3.1.1 - GRELHA 2 - Grelha síntese de análise de conteúdo da entrevista à


educadora da Cerci

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“ Tem a ver com os cromossomas.”


Características
Característica orgânicas 2
-“ …existe um a mais.”
s
da Trissomia
- “Sei que existem três tipos.”
21 Tipos de Trissomia existentes 1

Programas de
P.T.V.A - “Sim, claro que tenho.”
2
Conhecimento de P.T.V.A`s
-“ Por exemplo o nosso…”

Designação do projecto -“ Saber mais ser melhor.” 1

-“…integração social de jovens…com idades


compreendidas entre os 12 e 18 anos de
idade.”

- “O treino de utilização da rede pública e dos


meios de transporte.”

- “A assertividade dos comportamentos e


atitudes na área da escolaridade e em
estágios de sensibilização pré profissional.”

-“A nível interno e a nível externo.”

-“ …inserir alunos com perturbações


cognitivas, motoras e comportamentais na
escola e na comunidade.”
Objectivos
-“Reforçar o elo entre a instituição e as
escolas, para um desenvolvimento global e
harmonioso dos alunos com e sem N.E.E
8
Estabelecer vínculos fortes com a família e as
redes sociais.”

-“Ajustar expectativas através de situações a


titulo experimental de acordo com as
capacidades dos alunos e indo ao encontro
das suas aspirações privilegiando tarefas
simples e de rotina.”

- “Informar e promover a participação dos pais


e encarregados de educação no P.T dos seus
filhos ou educandos.”

Alunos com T.21 a - “…temos duas meninas.”


frequentarem programas de 1
T.V.A

-“O jovem entra para um P.T. quando já tem


alguma maturidade…”
Idade prevista para a 3
passagem para P.T.V.A - “…capacidade para se adaptar.”

-“ A idade depende dos jovens…”

12
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

- “…se eles podem estar num curso de


Programas de formação até aos 25 e até mais velhos.”
P.T.V.A
Idade aconselhada para - “…temos alguns que ós 15, 16….achamos
logo que estão em condições p`ra trabalhar.” 3
terminar a V.A em função
das capacidades
- “…depende das capacidades e
competências que eles mostram.”

Cuidados a ter na sua - “Têm que ser adaptados às apetências


construção deles, às expectativas dos pais…tem que
haver o envolvimento da família.” 1

Preocupação existente na -“ Não os pôr em situações com muito pó… “


inventariação de situações - “…palha…”
laborais -“…situações respiratórias.” 3

- “…nem sempre é possível…”


Situações laborais 1
adequadas

Actividades de trabalho em - “Àh…sim…tanto às expectativas de trabalho,


consonância com o potencial como às expectativas deles e da família…”
e necessidades do mercado 1
laboral

-“ Sim…”

Ambiente aproximado do que - “…são habituados a picar o ponto.”


o D.M irá encontrar
4
-“ …a assinar a folha de presenças.”
Construção de
P.T.V.A -“ …a serem pontuais.”

- “…são representados por um responsável


Direito de expressão eleito por eles…” 1

-“ …tem sido um exercício de cidadania


surpreendente.”
Resultados -“ …não estavam habituados a terem voz
activa, a falar, a queixar-se, a exigir.” 3
-“ …tem sido importante para eles.”

- “Desde que eles estejam a nível das


Requisitos para a transição
autonomias.”
para o emprego
- “…a nível comportamental.”
5
-“…comportamentos socialmente aceites.”
- “…e que tenham o mínimo de
capacidades…”
- “…para que eles tenham a vivência do…que
é um ambiente laboral.”

Benefícios da proximidade do - “Claro!”


1
ambiente de trabalho

Colocação em emprego - “Colocação em clima normal.”


protegido ou em clima normal
1
de trabalho

13
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“ …interesse na tarefa e capacidade e


competência para a desenvolver.”
- “…tenha na empresa alguém que o
acompanhe.”
-“ …relacionamento da instituição com a
Construção de empresa.”
7
P.T.V.A -“ …exista um técnico na instituição que
Factores importantes para acompanhe a integração do jovem.”
uma boa integração no - “Que sejam trabalhadas as competências
trabalho sócias.”
- “Que a família considere pertinente a
inserção do jovem na empresa.”
- “…bom relacionamento com a empresa e
com a instituição por parte da família.”

-“…basta falar na integração na comunidade.”


- “…em vez de estar isolado…estar integrado
na comunidade é logo um benefício.”
Benefícios para o D.M com a -“ A nível da autonomia.”
6
T.V.A -“ …auto estima.”
-“…da remuneração.”
- “…por serem carentes dão muito valor aos
bens materiais.”

-“…de outra forma não é possível


Facilidade no acesso ao - Tem que fazer o processo de crescimento,
emprego com a inserção nos de amadurecimento e de vivências.” 2
P.T.V.A

Resultados
obtidos com o
-“O básico é adequar as competências do
programa
aluno às exigências do posto de trabalho.”
Dificuldades ao entrar no -“…é adequar as competências às
mundo laboral exigências.”
- “Normalmente são bem recebidos…”
-“…há casos em que não são.” 5
- “Quando isso acontece voltam p´ra cá até
serem colocados.”
-“…o próprio D.M tem dificuldades em gerir a
competitividade.”
-“Não me parece que um D.M deva ter um
O D.M é treinado para um emprego competitivo, … pode destruturá-lo e 3
emprego competitivo causar-lhe problemas.”
-“…ambiente securizante e calmo para eles
conseguirem desempenhar bem as funções.”

14
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3.1.2 - GRELHA 3 - Grelha síntese de análise de conteúdo da entrevista à mãe


da jovem portadora de T. 21, inserida na vida activa.

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

- “…andou em muitas escolas.”


Instituição
Proveniência - “…tinha p`rái uns 16 anos
frequentada 3
quando entrou p`rá Cerci.”
- “…foram eles que a puseram a
trabalhar no “ C.A:I” .”

-“…eu não fui informada se


Idade de ingresso no P.T.V:A
haveria algum programa…se o 1
houve não soube de nada.”

Tempo de permanência no -“…entrou para lá com 16


P.T.V.A anos…” 2
-“…esteve lá mais ou menos um
ano…”

-“…ia fazendo as actividades que


havia…bordados, bainhas…”
Actividades desenvolvidas 2
-“…coisitas que lá faziam para os
manterem entretidos…”

-“…nós achamos …que ela tem


algumas capacidades que os
outros que cá estão não têm…”
Programa de
P.T.V.A -“…passa a vida a apertar os
sapatos a um e a pentear o
outro…”
Critérios para a passagem ao
local de estágio
-“…ela ia passar a frequentar 4
uma instituição
de solidariedade social…três
dias por semana.”

- “Ia de manhã trabalhar e à


tarde a carrinha da Cerci ia
buscá-la…”

- “Nem sequer soube de nada…”


Participação do individuo ou 2
pais na construção do P.T.V.A
-“...à “Florbela” também não lhe
perguntaram nada…”

Acesso às avaliações por parte


-“…não…nunca me mostraram.” 1
dos pais

-“…tinha 18 anos mais ou


Construção de Idade de passagem para a V.A menos.”
2
P.T.V.A
-“…ia às manhãs 3 dias por
semana p´ró C.A.I.”

-“…esteve lá dois anos e tal sem


receber um tostão.”
-“…desculpavam-se sempre
Situação
Adversidades no local de parece que a minha filha ia p´rali
Laboral 3
estágio/emprego p´ra tirar o lugar a alguém…”
-“ Tão preocupada em arranjar
emprego p´ra filha se se
preocupasse mas era com outras
coisas…”
15
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“…acho que foi mesmo só por


verem que ela gostava de ajudar
os outros…”
Critérios para atribuição de
3
local de emprego
-“…por o “C.A.I” ser aqui, onde
moramos…”

-“…não me foi dito nada.”

-“Ãh…ela não tem problemas


nenhuns…”

-“…aqui à uns tempos é que


Preocupação existente na
andou com as mãos …a sair-lhe 3
inventariação de situações
a pele…”
laborais
-“…era de um detergente que
elas lá usavam.”
Situação
Laboral
-“…gosta de dar de comer aos
meninos, fazer as camas lavar o
Preferências laborais 1
chão, limpar a loiça…gosta de
tudo o que faz…”

-“…não sei…”

-“…estava lá a trabalhar com as


Supervisionamento 2
educadoras e eram elas que lhe
ensinavam o que tinha que
fazer.”

-“…a “Florbela traz o recado se


as educadoras precisam de falar
2
Contacto com os pais comigo…”

-“…se eu precisar…vou lá eu …”

-“…levanta-se às 8 horas, só
começa a trabalhar às 9…”
Responsabilidade
Com a situação Cumprimento do horário -“…não a deixo ir embora senão 3
laboral às 8:30h já ia a caminho.”

-“ Está sempre com pressa e a


olhar p´ró relógio.”

- “Gosta muito.”
Satisfação com o emprego 2
“-…quando estamos de férias…
diz-me:”…já estou com
saudades dos meus meninos…”

Resultados da
situação laboral - “Sempre…”

-“ Só se estiver doente…”
4
Satisfação ao ir para, e ao
-“…ou então se no infantário
regressar do trabalho
alguma colega a
chateia…”

- “Normalmente…chega sempre
bem disposta…”

16
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

-“…eu vejo que está satisfeita…”


-“…se não gastasse daquilo que
Gosto pela actividade que faz não andaria tão contente.”
3
desempenha -“…chegar aborrecida…por não
gostar de lá
estar…não tem nada a ver com
isso.”

-“…tem lá uma colega…às vezes


faz a vida negra à “Florbela…”

-“…tira-lhe o relógio mexe-lhe na


mala, ela não gosta nada que lhe
3
Dificuldades no mundo laboral mexam nas coisas dela.”
Resultados da
situação laboral -“…diz-lhe que o patrão a
despede e nesses dias vem mais
triste.”

-“Normalmente chega sempre


bem disposta.”
Grau de satisfação 2
-“…conta tudo…o que se passa
no infantário.”

-“…tem direito a faltar durante o


ano 40 horas…nunca falta nem
Faltas ao trabalho um dia de trabalho.” 2

-“…não quer faltar.”

17
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3.2 – Apresentação dos resultados das entrevistas

Da entrevista, à coordenadora da Cerci resulta que a mesma dá uma certa


importância às características orgânicas, à aprendizagem, à interacção social e
refere também as dificuldades sentidas pelos portadores de T.21, a nível de
destreza manual. Refere que, os indivíduos com S.D. “têm capacidades mesmo a
nível da escolaridade” e “devidamente estimulados, conseguem atingir fasquias
mais altas”. Refere-nos que os P.T.V.A têm como objectivo “o desenvolvimento a
nível pessoal e a integração no mundo do trabalho” e que a maioria dos alunos que
lhes chegam provêm do ensino regular. Casos como a T.21 são muito raros.

Menciona também que não há uma idade limite para iniciar nem para terminar a
vida activa, frisa que isso irá depender das capacidades e maturidade de cada
jovem, no entanto, nota-se uma perda das capacidades e deterioração com o
avanço da idade.

No que respeita aos cuidados a ter na construção dos P.T.V.A, menciona-nos que
têm que ser adaptados a cada caso e respeitar as aspirações dos alunos e das
famílias.

Refere que nos casos com T.21 é conveniente não os expor a muito pó, nem a
intempéries, no entanto não há situações laborais ideais, e diz também, que não
podem arranjar uma redoma de vidro para colocar os alunos dentro dela.

Menciona que os alunos têm um ambiente aproximado do que irão encontrar lá fora
e uma preparação a nível de rigidez de horários, assim como a assiduidade e
avaliação que lhes é feita regularmente na Cerci.

Conta, que a proximidade do ambiente de trabalho é um passo para a integração e


que os factores responsáveis por uma boa integração no trabalho são:

As capacidades e expectativas que os alunos têm e o relacionamento da instituição


com a entidade empregadora e com a família, salientando que esta tem um papel
muito importante no processo de integração no trabalho.

Salienta que o D.M beneficia, com o programa, a nível da auto-estima e da


autonomia.

18
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Ao nível das dificuldades que o D.M encontra na T.V.A, refere a adaptação ao


trabalho efectivo e o relacionamento com os colegas.

Salientou-nos também que a escolha dos locais de emprego tem que ser estudada
de acordo com as capacidades de cada jovem e que cabe aos técnicos de
acompanhamento e formação em empresa fazer a prospecção do mercado.

Refere-nos, que na sua opinião, o D.M nunca deverá trabalhar num local onde haja
competitividade, pois irá falhar e será mandado embora.

Da entrevista feita à educadora da Cerci, resulta que nos refere as características


orgânicas da T.21 e também os tipos existentes. É-nos referido pela própria, que
tem conhecimento de P.T.V.A`s e fala-nos dos objectivos desses programas, dando
aos mesmos alguma importância.

Diz-nos que a idade para a passagem para P.T.V.A depende dos jovens e da sua
capacidade para se adaptar, bem como a idade aconselhada para terminar,
depende das capacidades e competências que os jovens mostram. Refere-nos os
cuidados a ter na construção de P.T.V.A`s e a preocupação existente na
inventariação de situações laborais que, segundo a mesma, nem sempre é possível
arranjar situações adequadas. Faz referência a algumas situações de proximidade
do ambiente de trabalho que o D.M. irá encontrar, bem como dos benefícios dessa
proximidade.

Quanto à mesma, existem vários factores importantes para uma boa integração do
D.M no trabalho. Faz referência aos benefícios que o D.M recebeu com a T.V.A e
sobre a facilidade no acesso ao emprego com a inserção nos mesmos.

Enumera-nos algumas dificuldades sentidas pelo D.M ao entrar no mundo laboral,


com é o caso da má recepção que alguns têm por parte dos colegas.

Diz-nos também, que o D.M deverá trabalhar num emprego onde não haja
competitividade, num ambiente securizante e calmo para que possa desempenhar
bem as suas funções.

19
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Da entrevista feita à mãe da jovem colocada na V.A, resulta que, a mesma refere
que não teve conhecimento nem participação em nenhum P.T.V.A. que pudesse ter
sido feito à sua filha, diz ainda que não soube sequer, se tal programa existiu, pois
os critérios nos quais a instituição se baseou para atribuir um local de emprego,
foram somente os de verificar que a mesma passava o tempo a ajudar os outros
utentes da instituição.

É-nos mencionado que nunca houve acesso, por parte dos pais, às avaliações
feitas à sua filha. È salientado o facto de a jovem ser bastante cumpridora dos
horários, de gostar do que faz, chegando a casa satisfeita, no entanto é-nos dito
também que por vezes a mesma chega triste a casa, devido a alguma falta de
sensibilidade por parte de uma das colegas.

20
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3.2.1– GRELHA 4 - Análise de conteúdo do Projecto de transição para a vida


activa

Elementos do
P.T.V.A Conteúdo Inferências

- Treino de utilização da via pública e de meios de


transporte.

- Assertividade dos comportamentos e atitudes.


- Na área da escolaridade.

- Estágio de sensibilização pré – profissional a


nível interno e externo.

- Inserção de alunos com perturbações


cognitivas, motoras e comportamentais na escola
e na comunidade.

- Reforçar o elo entre a instituição e as escolas


para um desenvolvimento global e harmonioso
dos alunos com e sem N.E.E.

- Estabelecer vínculos fortes com a família e as


redes sociais.
É-nos referido no presente P.T.V.A a
importância de um estágio de pré
- Ajustar expectativas através de situações a titulo
sensibilização profissional, assim como a
experimental, de acordo com as capacidades dos
inserção de alunos com perturbações a
alunos, indo ao encontro das suas aspirações
todos os níveis na escola e na
privilegiando tarefas simples e de rotina.
comunidade.
- Informar e promover a participação dos pais
e/ou encarregados de educação, no processo de
Salienta-se também a importância dada à
Objectivos transição dos seus filhos e/ou educandos.
participação dos pais nos P.T.V.A. dos
seus filhos ou educandos, bem como o
- Proporcionar a cada aluno atendido, um
desenvolvimento de um plano individual
acompanhamento personalizado norteado pelo
para cada aluno, a fim de facilitar a sua
diagnóstico das suas dificuldades, necessidades
transição e integração a nível social e
e expectativas.
profissional.
- Desenvolver um plano individual para cada
aluno atendido, que facilite a sua adaptabilidade e
oriente a transição para a sua integração social e
futura inserção profissional.

- Possibilitar experiências de integração social na


comunidade e no meio empresarial através de
estágios de sensibilização, com vista ao
desenvolvimento de competências pessoais e
sociais e que contribua para a orientação
vocacional e profissional de cada aluno.

- Sensibilizar e interagir com todos os agentes


educativos envolvidos que possam facilitar a
construção e a prossecução do projecto de vida
de cada aluno (os próprios pais, professores,
empresários e a comunidade em geral)
nomeadamente nas acções de concepção,
desenvolvimento, acompanhamento e avaliação

“Este projecto de transição destina-se a um grupo


de 11 alunos com patologias diversificadas, aos
professores, técnicos e auxiliares que participem Conclui-se que este P.T.V.A é destinado
e ajudem a integração dos alunos, aos pais e/ou não só aos alunos, mas a todos aqueles
encarregados de educação dos alunos “. que são responsáveis pela sua inserção
Destinatários na sociedade.

21
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

22
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Elementos do
P.T.V.A Conteúdo Inferências

Escolha de uma coordenadora do projecto para


coordenar e dinamizar a nível das escolas,
empresas e firmas todo o processo – acompanhar
os alunos aos projectos de escolarização;
desenvolver actividades de expressão, trabalhos
manuais e outros na sala.

- Escolha de duas auxiliares pedagógicas da


instituição para acompanhamento dos alunos aos
estágios e durante as actividades realizadas na
sala.
É perceptível, que a escola,
- Reuniões de coordenação com professores, dinamiza todos os meios
auxiliares pedagógicas e outros técnicos para ser disponíveis, para que os alunos
Desenvolvimento posto em marcha este plano de transição. tenham um percurso pré laboral que
do P.T.V.A lhes facilite de algum modo a sua
- Reunir sempre que necessário com pais e/ou inserção no plano laboral.
encarregados de educação e equipa técnica para
acessoriamento em aspectos médico-terapêuticos,
pedagógicos e de inclusão na comunidade.

- Orientações didácticas e pedagógicas por parte


da equipa de técnicos, da coordenadora de
projecto e da coordenadora de valência.

- Entrevistas individuais aos encarregados de


educação dos alunos observados e que
necessitem de intervenção de necessidades
especiais.

- Material pedagógico de reforço e apoio.

- Outros materiais pedagógicos.


É visível, por parte da instituição, o
recurso a todos os meios que de
- Escalas de comportamento.
Técnicas e alguma forma possam incentivar os
instrumentos alunos.
- Mapas de assiduidade.

- Reunião final entre a coordenadora pedagógica e


a coordenadora de projecto, para tomada de
decisões conjuntas sobre linhas de trabalho,
A avaliação do decorrer do projecto
adaptações necessárias e etapas conseguidas.
cabe a toda a equipa envolvida,
Avaliação coordenadora pedagógica,
- Reuniões semestrais com os orientadores dos
coordenadora do projecto,
estágios.
orientadores de estágio e
professoras.
- Reuniões trimestrais com as professoras das
duas turmas participantes.

23
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

4 - GRELHA 5 - Grelha síntese das entrevistas

Com o resultado das três grelhas de análise de conteúdo das entrevistas


construímos uma grelha síntese.

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

Características
- “A nível cognitivo”
orgânicas
4
- “Tem a ver com os cromossomas”

Características
- “…devidamente estimulados que já conseguem atingir
da T.21 Aprendizagem 2
umas fasquias mais altas…”

Interacção social -“ Conseguem realizar tarefas e são úteis.” 2

Dificuldades - “A nível de dificuldades respiratórias.” 2

- “…existem três tipos…”


Tipos de Trissomia
- “…mosaicismo…translocação…homogénea…” 3
existentes

Instituição
Proveniência -“…tinha p´rai uns 16 anos quando entrou p´ra Cerci.” 3
frequentada
Programa de
T.V.A. Conhecimento de - “Sim, claro que tenho.”
4
P`s.T.V.A - “Por exemplo o nosso.”

Designação do projecto - “Saber mais ser melhor.” 1

- “Desenvolvimento a nível pessoal, a nível social.”


- “…integração no mundo do trabalho.”
- “…inserir alunos com perturbações cognitivas, motoras e
comportamentais na escola e na comunidade.”
Objectivos
- “Informar e promover a participação dos pais e 12
encarregados de educação no P.T dos seus filhos ou
educandos.”
-“…ia fazendo as actividades que havia…bordados,
bainhas…”

- “Temos uma formanda e temos uma menina que está a


Alunos com fazer…um estágio de sensibilização.” 4
T.21 a frequentarem - “Temos duas”
programas de T.V.A - Casos com Trissomia 21 são muito reduzidos.”
4
Proveniência dos alunos -“…grande parte da população… vêm do insucesso
escolar.”
Idade de ingresso no
- …”eu não fui informada se haveria algum programa…se
P.T.V.A 1
houve não soube de nada.”
-“…depende das capacidades de cada jovem.”
Idade prevista para a - “A idade depende dos jovens”
passagem para P.T.V.A - “O jovem entra para um P.T. quando já tem alguma 5
maturidade…”

Idade aconselhada para -“…depende das capacidades e competências que eles


terminar a V.A em mostram.” 6
função das capacidades -“…notamos que há uma perda de capacidades
24
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

Tempo de permanência
Programas de - “…entrou p´ra lá com 16 anos…”
no P.T.V.A
T.V.A - “…esteve lá mais ou menos um ano 2
Critérios para a
- “…nós achamos que ela tem algumas capacidades que os
passagem ao local de 4
outros que cá estão não têm…”
estágio
Participação do
individuo ou pais na - “Nem sequer soube de nada...” 2
construção do P.T.V.A
Acesso às avaliações
-“…não…nunca me mostraram.” 1
por parte dos pais
- “…têm que ser adaptados às apetências deles, às
Construção de expectativas dos pais…tem que haver o envolvimento da
Cuidados ater na sua
P.T.V.A família.” 5
construção
- “…quais são também aquelas apetências que eles
demonstram.”
Idade de passagem
- “…tinha 18 anos mais ou menos.” 2
para a vida activa
Preocupação existente
- “ Não os expor a muito pó.”
na inventariação de 5
- “…situações respiratórias.”
situações laborais
- “…nem sempre é possível…”
Situações laborais
- “…não há o ideal…” 4
adequadas
- “…não podemos arranjar uma redoma.”
Actividades de trabalho
em consonância com o
- “Ah…sim…tanto às expectativas de trabalho, como às
potencial do aluno e 1
expectativas deles e da família.”
necessidades do
mercado laboral
- “…é continuo, não é muito aconselhável, mas ele tem que
varrer o pátio.”
Experiências 3
- “…quanto mais estiverem em contacto com as situações
mais se adaptam.”

Preocupações a nível da -“…porque a nível do mercado há outras necessidades.”


2
formação

-“A autorização é pedida ao centro de emprego porque é ao


Quem autoriza a centro de emprego que nós apresentamos as candidaturas
2
reconversão das áreas anuais.”

Estágio -“Nem era dado cá, era numa pastelaria.” 2

-“Era acompanhado por técnicos.”


Acompanhamento - “…no posto de trabalho há sempre uma pessoa que é a 4
ligação.”

-“…rigidez de horário, assiduidade.”


Ambiente aproximado
-“…todos os dias têm uma ficha de avaliação.”
do que o D.M irá 9
-“…a assinarem a folha de presenças.”
encontrar

-“…de relacionamento com os monitores, com os colegas, a


Nível da avaliação nível da motivação p´ró trabalho, o comportamento que eles 1
manifestaram

-“…actualmente também há um grupo de auto


representantes.”
Direito de expressão 3
-“…são representados por um responsável eleito por
eles…”

-“…eles falam dos problemas que têm dentro da sala, ou


Finalidade/objectivos com os monitores, ou com os próprios colegas, ou fora.” 4

Factores importantes -“…são as capacidades e expectativas que eles têm.” 9


para uma boa - “…bom relacionamento com a empresa e com a instituição
integração no trabalho por parte da família.”

25
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

-“Ficam mais interventivos…na escola…na sociedade.”


Resultados 5
-“…tem sido um exercício de cidadania surpreendente.”

Categoria Subcategoria Indicadores Frequência

Requisitos para a
-“Desde que eles estejam a nível das autonomias…
transição para o 5
-“…a nível comportamental
emprego

Benefícios da -“É um passo para a integração.”


proximidade do -“Claro!” 2
Construção de ambiente de trabalho
P.T.V.A
Colocação em emprego
protegido ou em clima -“…em clima normal de trabalho.” 2
normal de trabalho

-“Quando eles saem daqui se a família não os apoia e se


Importância da família
não há uma ligação grande entre a instituição e a família… 4
no processo
as coisas funcionam muito mal.”

-“…eles sentirem-se úteis.”


-“…o facto de serem remunerados tem muito peso para
Benefícios para o D.M
eles.” 10
com a T.V.A
-“ A nível da autonomia.”
-“…basta falar na integração na comunidade.”

Facilidade no acesso ao -“…claro que é!”


emprego com a inserção -“ Tem que fazer o processo de crescimento, de 4
nos P.T.V.A amadurecimento e de vivências.”
Motivos dessa facilidade -“…a empresa também se sente mais segura.”
-“ Há garantias.” 4
Resultados
obtidos com o -“É a adaptação, é o relacionamento com os colegas de
programa Dificuldades no mundo trabalho, com as hierarquias…”
laboral -“ O básico é adequar as competências do aluno às
exigências do posto de trabalho.”
Resultados 10
obtidos com o -“…tem lá uma colega…às vezes faz a vida negra à
programa “Florbela”.

Cuidados a ter na -“…têm que ser muito bem estudados de acordo com as
8
escolha dos locais capacidades que eles têm.”

-“…isso não vai resultar e eles automaticamente são


seleccionados, e são mandados embora.”
O D.M é treinado para
-“ Não me parece que um D.M deva ter um emprego 6
um emprego competitivo
competitivo, …pode destruturá-lo e causar-lhe problemas.”

Emprego aconselhável -“…geralmente eles vão sempre p´ra trabalhos auxiliares.”


3

Situação laboral Adversidades no local -“…esteve lá dois anos e tal sem receber um tostão.”
3
de estágio/emprego

Preferências laborais - “...gosta de tudo o que faz…" 3

- “…estava lá a trabalhar com as educadoras e eram elas


Supervisionamento que lhe ensinavam o que tinha que fazer.” 2
_”…por o C.A.I ser aqui onde nós moramos”
Critérios para atribuição
3
do local de emprego.”
Contacto com os pais - “…a “Florbela traz o recado se as educadoras precisam de
falar comigo.” 2

Responsabili- Cumprimento do horário _”Está sempre com pressa e a olhar para o relógio.”
3
dade com a
situação laboral
Faltas ao trabalho -“…não quer faltar.”
2

26
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Resultados da Satisfação com o -“ Gosta muito.”


2
situação laboral emprego

Satisfação ao ir para e -“…ou então se no infantário alguma colega a chateia…”


Resultados da ao regressar do trabalho 4
situação laboral
Categoria Subcategoria Indicadores Frequência
Gosto pela actividade -“…se não gostasse daquilo que faz não andaria tão
Resultados da que desempenha contente.” 3
situação laboral

Grau de satisfação -“ Normalmente chega sempre bem disposta.”


2

Nota: A instituição onde a “Florbela trabalha, “C.A.I”, tem um nome fictício.

4.1 – Discussão dos resultados

Depois de analisadas as entrevistas, as respectivas grelhas de análise de conteúdo


e o conteúdo do P.T.V.A. que nos foi cedido pela Cerci, é possível verificar qu2e as
situações laborais atribuídas a pessoas portadoras de T.21, nem sempre respeitam
as suas limitações e que por vezes é atribuído, a essas pessoas, o emprego que
aparece e não aquele para o qual a pessoa demonstra mais aptidão.

No caso da “Florbela”, foi-nos dito pela mãe, que o emprego lhe foi atribuído pelo
facto de ela” passar o tempo a ajudar os outros utentes da Cerci onde estava
inserida”. Sabe-se, também pela entrevista, que onde está a trabalhar lida
constantemente com detergentes, facto esse que já lhe provocou algumas alergias
a nível de pele nos membros superiores.

Infelizmente, casos como este continuam a acontecer, mesmo aqueles que


obedecem a um plano de transição para a vida activa.

Os elementos de que as escolas se sentem mais carentes são professores de apoio


com formação na área da deficiência intelectual e da transição, psicólogos e
pessoal auxiliar que tenha competência para acompanhar os jovens na sua
integração social e laboral. A dificuldade das escolas em organizarem programas de
formação laboral e de transição, e em se articularem com serviços e instituições que
possam colaborar na transição dos alunos é também outra das carências.

As dificuldades inerentes à formação laboral são consideradas entraves à inserção


profissional dos ex-alunos, devido à sua ausência ou inadequação. Por vezes a
ausência de respostas ou ajudas por parte do Instituto do emprego e formação
27
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

profissional e dos centros de emprego, são também entraves enormes à inserção


profissional de pessoas com deficiência.

No que se refere à família e por vezes a atitudes inadequadas por parte desta, tais
como baixas expectativas dos pais em relação aos filhos, não aceitação de
programas de cariz funcional, falta de colaboração na sua educação ou mesmo
desinteresse, leva a que os jovens, também eles, se desinteressem e acabem por
desacreditar no seu futuro e na sua vida activa e acabem por desistir, como foi o
caso relatado pela psicóloga da Cerci na sua entrevista. Pois é sabido que se os
jovens não tiverem o apoio dos pais nesse percurso, sozinhos não conseguem levá-
lo a bom termo.

Nos artigos 17º, 18º e 19º da lei de bases do sistema educativo, referida na
fundamentação teórica deste trabalho, é-nos dito que os mesmos delimitam a
prioridade de inserção de pessoas portadoras de deficiência na sociedade, porem é
sabido que certas empresas aceitam estas pessoas para poderem usufruir dos
benefícios fiscais inerentes a esse processo, sem que no entanto sejam oferecidas
as mínimas condições de trabalho a essas pessoas,

A declaração de Salamanca, também referenciada anteriormente neste trabalho,


refere que os jovens com N.E.E devem ser ajudados para fazerem uma transição
da escola para a vida adulta, essa ajuda é encontrada através dos P.T.V.A`s, dos
técnicos que os manobram, das empresas que aceitam pessoas com deficiência e
das famílias, estas com um papel importantíssimo no que concerne à inserção na
vida activa e na sociedade por parte do jovem com D.M.

Para que o jovem com D.M defina metas e identifique o papel que quer
desempenhar na sociedade é necessário que a escola e outros parceiros sociais se
associem para que sejam encontradas novas respostas educativas para estes
jovens partindo das suas motivações e interesses.

É imprescindível que o jovem tenha acesso a estágios de pré sensibilização


profissional para que dessa forma possa decidir o que é a sua motivação, interesse,
e apetências.

28
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

5 - Conclusão

A nossa preocupação neste trabalho tem a ver sobretudo com aquilo que é feito e
de que forma, para que haja integração de jovens deficientes na vida activa, se
realmente existe preocupação em respeitar as suas características inter e intra
pessoais e se as escolas têm em atenção os problemas inerentes à T.21, ao
implementarem programas de T.V.A para indivíduos com essa patologia.

Procurou-se no presente trabalho, dar uma ideia geral sobre aquilo que é a
educação especial e a sua evolução em Portugal, desde uma primeira fase, de
segregação até à inclusão. Falou-se no conceito de N.E.E e de deficiência mental.
Demos a conhecer o que pesquisámos sobre Síndrome de Down, ou Trissomia 21 e
falámos na transição para a vida activa, bem como de projectos e modelos e o
envolvimento dos alunos nesses projectos. Falou-se um pouco, do que a esse nível
se fez em Portugal, assim como nos serviços a envolver num P.T.V.A.

Neste estudo utilizámos a técnica da entrevista.

Realizámos três entrevistas, duas a técnicas em contacto directo com jovens em


fase de transição para a vida activa e uma à mãe de uma jovem, portadora de T.21,
inserida no plano laboral. Com o resultado destas entrevistas ficámos a perceber
que, no que toca aos estágios de sensibilização pré profissional e à transição para a
vida activa, “escreve-se uma coisa e faz-se outra”, isto é, a realidade não
corresponde, efectivamente, aquilo que se encontra escrito, pois no projecto de
transição, obtido por nós podemos verificar que um dos objectivos desse projecto é:

“Ajustar expectativas através de situações a título experimental, de acordo com as


capacidades dos alunos, indo ao encontro das suas aspirações privilegiando tarefas
simples e de rotina” no entanto, no caso prático por nós descrito, verificámos que
nem a aluna nem os pais participaram no P.T.V.A. não tendo uma nem outros,
sequer opinado, acerca do que seriam as suas expectativas. Por sua vez, o

29
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

emprego que lhe foi atribuído, não deveu obediência a nenhum critério, nem
respeitou os problemas inerentes à patologia da jovem, Trissomia 21, tendo sido a
mesma, colocada num local onde diariamente lida com detergentes, poeiras etc.

Concluímos, assim, e após análise de todos os documentos recolhidos durante a


nossa investigação, que, de facto, não é ainda possível fazer uma inserção na vida
activa como técnicos, pais e jovens gostariam, pois nem sempre existe um emprego
que se adapte ao jovem, nem sempre as empresas estão dispostas a recebe-los,
nem sempre os colegas de trabalho os respeitam e estimam como pessoas de
direitos, pertencentes a esta sociedade.

O nosso estudo foi limitado a uma só instituição – Cerci – e a um só caso de


inserção na vida activa, não pretendendo, portanto, generalizar os resultados.

O estudo em causa teve algumas limitações, como sejam o factor tempo e a porção
da amostra, pois era nosso desejo alargar a mesma a outras Cerci´s, comparar
outros P.T.V.A, entrevistar outros jovens inseridos na vida activa e com a mesma
patologia da nossa jovem, entrevistar colegas de trabalho de jovens com
deficiência, realizar observações directas em estágio e em posto de trabalho. Por
falta de tempo, como já se referiu, não nos foi possível realizar o estudo dessa
forma, ficando portanto, a sugestão para trabalhos futuros.

30
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

6 - Referências bibliográficas

- Agência Europeia. (2002). Transição da escola para o emprego, principais


problemas, questões e opções enfrentados pelos alunos com necessidades
educativas especiais em 16 países europeus. DenmarK: Victoria Soriano.

- Bairrão, J. (1998). Os alunos com necessidades educativas especiais – subsídios


para o sistema de educação. Lisboa: Editorial Ministério da Educação.

- Bautista, R. e vários. (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa:


Dinalivro.

- Benárd, da C. (1996). A escola inclusiva do conceito à prática. Lisboa: Instituto de


Inovação Educacional.

- Bogdan, R. & Biklen S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto


Editora.

-Boletim Oficial da Comissão Nacional de Coordenação para o AEDP 2003, Nº II


Maio 2004.

-Campos, B. (1991). Educação e desenvolvimento Pessoal e Social. Porto: Ed.


Afrontamento.

- Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da investigação – Guia para auto


aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

- Constituição da Republica Portuguesa – (4ª revisão – Setembro de 1997), Texto


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- Correia, L.M. (1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes
regulares. Porto: Porto Editora.

-Correia, L.M. (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto Editora.

31
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

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- Diário de noticias. (Fevereiro de 1988).

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- D S M IV – R.(2002). (IV ed). Lisboa: Climepsi editores.

- Estrela, A. (1984). Teoria e prática de observação de classes – Uma estratégia de


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- Ferreira, F. (1987). Somos diferentes, não somos mendigos. T V 7 dias.

- Fundação Calouste Gulbenkian. (1991). IV Encontro Nacional De Educação


Especial “ Comunicações”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de
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- Instituto do Emprego e Formação Profissional, Departamento de Emprego. (2004).


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Formação Profissional.

- Lopes, M. C. da S. L. de S. (1997). A Educação Especial em Portugal. Distrital de


Braga: Edições APPACDM.

Macieira, L. (2000). Síndrome de Down e obstrução respiratória. Acta pediátrica


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- Martins, M. A. D. (s.d). Deficiência mental e desempenho profissional. Lisboa:


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- Miranda, C. L. (1997). Alunos com Necessidades Especiais nas Classes


Regulares. Porto: Porto Editora.

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- Miranda, C. L. (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto Editora.

- Ministério da Educação. (1998). Transição para a vida adulta. Jovens com


necessidades educativas especiais. Ministério da Educação. Departamento de
Educação Básica.

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guia para professores. Porto: Porto Editora.

- Nunes, de A. (1998). Sindroma de Down: Qualidade na Prestação de Serviços.


Tese de Doutoramento em Medicina apresentada à faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

-Quivy, R. e Campenhoudt, L.V. (2003). Manual de Investigação em Ciências


Sociais (III ed). Lisboa: Gradiva.

- Rett, A. (1996). A criança com lesão cerebral: problemas médicos, educativos e


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- Ryan, P. (1999). The school work transition. Issues for future investigation. Paris :
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- Sailor, W. (1991). Le passage des jeunes handicaps de l`école a la vie active.


Paris : OCDE.

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Deficiência. (s.d). Deficiência mental e desempenho profissional. Lisboa:
Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com
Deficiência.

- Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência. (1995). Normas Sobre Igualdade de Oportunidades para Pessoas com
Deficiência. Lisboa: Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das
Pessoas com Deficiência.

- Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência. (1999). Projectos de investigação e desenvolvimento em reabilitação.
Ciclo de conferencias CITE 98. Lisboa: Secretariado Nacional Para a Reabilitação e
Integração das Pessoas com Deficiência.
33
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

- Sprinthall, N. & Coolins, W. (1994). Psicologia do Adolescente: Uma abordagem


desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

- Warnock Report. (1978). Reino Unido.

Documentos electrónicos

- Fenacerci, (1997). O papel da Cerci na construção da escola inclusiva, from


http://www.fenacerci/infotec/infotec6.htm.

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The Arc (s.d). The individual with disabilities education act: Transition from school to
work and community life, from http:// thearc.org/faqs/qa-idea-transition.html.

Legislação

- Declaração de Madrid (2003).

- Declaração de Salamanca (1994).

- Decreto- Lei nº 35/90; 16 de Janeiro de 1990.

- Decreto-Lei nº 319/91; Diário da Republica nº 193, de 23 de Agosto de 1991, I


Série – A.

- Despacho conjunto nº 105/97; Diário da Republica, nº149,de 1 de Julho de 1997,II


Série.

- Constituição da Republica Portuguesa (1992).

- Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei nº 46/86, de 14 de Outubro

- Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência, (1995). Secretariado Nacional de Reabilitação. Lisboa.

34
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

- Lei PL 94/142; Estados Unidos, 1975.

35
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

7 - Bibliografia Geral

- Agência Europeia. (2002). Transição da escola para o emprego, principais


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Instituto de Inovação Educacional.

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- Bautista, R. e vários. (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa:


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- Benárd, da C. (1996). A escola inclusiva do conceito à prática. Lisboa: Instituto de


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- Bender, M. e Valletutti, P. (1985). Teaching the moderality and severeli


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- Boletim Oficial da Comissão Nacional de Coordenação para o AEDP 2003, Nº II


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- Campos, B. (1991). Educação e desenvolvimento Pessoal e Social. Porto: Ed.


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- Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da investigação – Guia para auto


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- Casal, João Carlos Vieira. (1989). Propostas de programas de formação


profissional em instituição de educação especial. Documento a publicar.

- Constituição da Republica Portuguesa – (4ª revisão – Setembro de 1997), Texto


Editora.

- Correia, L.M. (1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes
regulares. Porto: Porto Editora.

- Correia, L.M. (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto Editora.

- Costa, A. J. e Melo S.A. (1998). Dicionário de língua Portuguesa. (VIII ed.). Porto:
Porto editora.

- Costa, Ana Mª Bénard. (1996). Currículos funcionais. Vol I. Sua caracterização:


Lisboa. Instituto de Inovação Educacional.

- Costa, Ana Mª Bénard. (1996). Currículos funcionais. Vol II. Instrumentos para
desenvolvimento e aplicação. Lisboa. Instituto de Inovação Educacional.

- Departamento da educação básica. Núcleo de orientação educativa e de


educação especial. (1997). Transição dos jovens com deficiência mental da escola
para a vida adulta: proposta de texto de orientação para as escolas. Lisboa: ed. do
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- Direcção geral dos ensinos básico e secundário. Departamento de educação


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geral dos ensinos básico e secundário.

- D S M IV – R. (2002). (IV ed). Lisboa: Climepsi editores.

- Estrela, A. (1984). Teoria e prática de observação de classes – Uma estratégia de


formação de professores. Lisboa: INIC.

- Felgueiras, I. (1994). As crianças com necessidades educativas especiais: como


as educar? Lisboa: Instituto de inovação educacional.

- Ferreira, F. (1987). Somos diferentes, não somos mendigos. T V 7 dias.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

- Fundação Calouste Gulbenkian. (1991). IV Encontro Nacional De Educação


Especial “ Comunicações”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de
Educação.

- Instituto do Emprego e Formação Profissional, Departamento de Emprego. (2004).


Valor Acrescentado do Trabalhador com (D)eficiência. S.l: Instituto do Emprego e
Formação Profissional.

- Lopes, M. C. da S. L. de S. (1997). A Educação Especial em Portugal. Distrital de


Braga: Edições APPACDM.

- Macieira, L. (2000). Síndrome de Down e obstrução respiratória. Acta pediátrica


Portuguesa, nº3, vol, 31.

- Martins, M. A. D. (s.d). Deficiência mental e desempenho profissional. Lisboa:


Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração Das Pessoas Com
Deficiência.

- Miranda, C. L. (1997). Alunos com Necessidades Especiais nas Classes


Regulares. Porto: Porto Editora.

- Miranda, C. L. (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto Editora.

- Ministério da Educação. (1998). Transição para a vida adulta. Jovens com


necessidades educativas especiais. Ministério da Educação. Departamento de
Educação Básica.

- Nielsen, L. B. (1999). Necessidades educativas especiais na sala de aula – Um


guia para professores. Porto: Porto Editora.

- Niza, S. (1996). Necessidades especiais de educação: da exclusão à inclusão na


escola comum. Liboa: Instituto de inovação educacional.

- Nunes, de A. (1998). Sindroma de Down: Qualidade na Prestação de Serviços.


Tese de Doutoramento em Medicina apresentada à faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

38
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

- Patrício, Mª Isabel Simões. (2004). Percursos académico e profissional do


estudante com deficiência na universidade de Coimbra. Coimbra: universidade de
Coimbra.

-Quivy, R. e Campenhoudt, L.V. (2003). Manual de Investigação em Ciências


Sociais (III ed). Lisboa: Gradiva.

- Rett, A. (1996). A criança com lesão cerebral: problemas médicos, educativos e


sociais. (IV ed). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

- Ryan, P. (1999). The school work transition. Issues for future investigation. Paris :
OCDE.

- Sailor, W. (1991). Le passage des jeunes handicaps de l`école a la vie active.


Paris : OCDE.

- Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência. (s.d). Deficiência mental e desempenho profissional. Lisboa:
Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com
Deficiência.

- Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência. (1995). Normas Sobre Igualdade de Oportunidades para Pessoas com
Deficiência. Lisboa: Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das
Pessoas com Deficiência.

- Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência. (1999). Projectos de investigação e desenvolvimento em reabilitação.
Ciclo de conferencias CITE 98. Lisboa: Secretariado Nacional Para a Reabilitação e
Integração das Pessoas com Deficiência.

- Sprinthall, N. & Coolins, W. (1994). Psicologia do Adolescente: Uma abordagem


desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

- Wang, M. (1994). Atendendo alunos com necessidades especiais: Equidade e


acesso. Lisboa: Instituto de inovação educacional.

- Warnock Report. (1978). Reino Unido.

39
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Documentos electrónicos

- Fenacerci, (1997). O papel da Cerci na construção da escola inclusiva, from


http://www.fenacerci/infotec/infotec6.htm.

- Gomes, C. (2003). Novo modelo de intervenção em contexto de transição para a


vida activa, from http://www.psicologia.com.pt/artigos/imprimir.php?codigo=A0140

The Arc (s.d). The individual with disabilities education act: Transition from school to
work and community life, from http:// thearc.org/faqs/qa-idea-transition.html.

Legislação

- Declaração de Madrid (2003).

- Declaração de Salamanca (1994).

- Decreto- Lei nº 35/90; 16 de Janeiro de 1990.

- Decreto-Lei nº 319/91; Diário da Republica nº 193, de 23 de Agosto de 1991, I


Série – A.

- Despacho conjunto nº 105/97; Diário da Republica, nº149,de 1 de Julho de 1997,II


Série.

- Constituição da Republica Portuguesa (1992).

- Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei nº 46/86, de 14 de Outubro

- Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com


Deficiência, (1995). Secretariado Nacional de Reabilitação. Lisboa.

- Lei PL 94/142; Estados Unidos, 1975.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

APÊNDICES

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Apêndice I

Entrevista às Técnicas da Cerci

Grupo I – Identificação

1 – Nome
1.1 – Idade
1.2 – Anos de serviço
1.3 – Funções desempenhadas na instituição

Grupo II – Trissomia 21 (T.21)

2 – Sabe o que é a T.21?


2.1 – Sabe que tipos de Trissomia existem?

Grupo III – Programas de Transição para a vida activa (P.T.V.A)

3 – Tem conhecimento de P.T.V.A?


3.1 – Quais?
3.2 – Quais são os objectivos desse programas?
3.3 – População com T.21 abrangida por esses programas?
3.4 – Qual a idade prevista para a passagem para P.T.V.A?
3.5 – No seu entender qual é a idade aconselhada para terminar a vida activa?

Grupo IV – Construção de P.T.V.A

4 – Quais os cuidados a ter na construção de P.T.V.A?


4.1 – Atendendo às doenças inerentes à T.21 que tipos de preocupação existem na
inventariação de situações laborais para indivíduos com essa patologia?
4.2 – Conseguem sempre, arranjar situações laborais que não prejudiquem os
alunos?
4.3 – Na construção dos P.T.V.A, existe a preocupação de as actividades de
trabalho corresponderem ao potencial de trabalho dos aprendizes e às
necessidades do mercado laboral?
42
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

4.4 – Existe a preocupação de desenvolver o projecto num ambiente o mais


aproximado possível do ambiente laboral que o D.M irá encontrar?
4.5 – Considera essa proximidade importante?
4.6 – O projecto prevê a colocação em emprego protegido ou em clima normal de
trabalho? Em que situações?
4.7 – Que factores considera importantes para uma boa integração no trabalho?

Grupo V – Resultados obtidos com o programa

5 – A que níveis o D.M beneficiou com a T.V.A?


5.1 – O acesso ao emprego é facilitado estando o D.M inserido nos P.T.V.A?
5.2 – Quais são as dificuldades que um D.M encontra ao tentar ingressar no mundo
laboral?
5.3 – De alguma forma, o D.M é treinado para um emprego competitivo?

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Apêndice II

Entrevista à mãe da “Florbela”

I – Dados pessoais

1 -Nome
2 – Idade

II – Instituição frequentada

3 – Qual a instituição ou escola que a “Florbela” frequentou e a inseriu na V.A?


4 – Nessa instituição esteve inserida em algum P.T.V.A? Qual foi a sua duração?

III – Programa de T.V.A

5– Com que idade ingressou nesse programa?


6 – Na elaboração do P.T.V.A houve a participação da “Florbela”? E dos pais?
7– Os pais tiveram acesso às avaliações feitas à “Florbela”?
8– Com quantos anos transitou para a V.A?
9– Foi inserida nalgum local de emprego?
10– Estagiou no local?

IV – Situação laboral

11– Quem a supervisionava?


12– Quais os critérios em que a escola se baseou para atribuir esse local de
emprego à “Florbela”?
13 – Acha que a escola/entidade responsável pela sua colocação nesse local, teve
em atenção as doenças inerentes à T.21, concedendo-lhe assim, funções que não a
prejudiquem?
14 – A entidade empregadora contacta com os pais quando necessário?

V – Resultados da situação laboral

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

15 – A “Florbela” gosta do que faz? Como o expressa?


16 – É cumpridora dos horários?
17 – Comenta o dia a dia, quando regressa a casa?
18 – O que gosta mais de fazer no local de trabalho? E menos?
19 – Nunca demonstrou vontade em realizar outro tipo de trabalho?
20– Sai de casa satisfeita?
21– Entra em casa satisfeita?
22– Faz o percurso até ao local de trabalho de que modo? Sozinha ou
acompanhada?
23– Sofre de algum tipo de problema:
- Cardíaco - Gastrenterológico
- Oftalmológico - Imunitário
- Ortopédico - Dermatológico
- Reumatológico, ou outro?
-
24 – Falta com frequência ao trabalho?
25 – Chega a casa cansada, insatisfeita, zangada, irritada, com falta de paciência?

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Apêndice III
Pedido de autorização para realização de entrevista, à direcção da Cerci.

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ANEXOS

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Anexo – I

Respostas da entrevista à coordenadora da Cerci

Grupo I – Identificação

1 – Nome
R: -“Chamo-me Graça Marques”

1.1 – Idade
R: - “------“

1.2 – Anos de serviço


R: - “Olhe tenho… 25…não…não…entrei em 80 …p´tanto…tenho 25, sim é isso,
25.”

1.3 – Funções desempenhadas na instituição


R: - “Eu sou psicóloga clínica. Na altura quis ir p´ra um hospital…mas… ãh…não se
proporcionou…e depois….bem …apareceu isto e olhe… aproveitei…e…já…já cá
estou há 25 anos e gosto…e gosto …gosto muito.”

Grupo II – Trissomia 21 (T.21)

2 – Sabe o que é a T.21?


R: - “É uma deficiência a nível…a nível cognitivo…a nível dos…cromossomas e tem
determinado tipo de características. Antigamente pensava-se que efectivamente,
que…as pessoas com esta deficiência não tinham grandes capacidades a nível
cognitivo, agora sabe-se que desde que sejam devidamente estimulados e o mais
breve possível…o mais cedo possível, que efectivamente há alguns casos em que
eles conseguem. Conseguem e que têm capacidades mesmo a nível da área da
escolaridade, de aquisições académicas que têm…antigamente pensávamos
mesmo que era…só até…vá lá…a nível de uma terceira…um terceiro/quarto ano de
escolaridade. Há também casos que devidamente estimulados que já conseguem

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

atingir umas fasquias mais altas…e depois… a nível também da estimulação e da


integração e do aspecto social, efectivamente as pessoas conseguem realizar
tarefas e são úteis…embora haja determinadas características…portanto…a nível
da destreza manual têm dificuldades a…estão mais atreitos… também a nível de
dificuldades respiratórias…mas também…isto…agora também…a nível dos
antibióticos também é controlado, tanto que antigamente pensava-se que era por
volta dos 30 e tal anos que era a idade do declínio…da morte…e agora vê-se que
não. Com os apoios isto é tudo mais simples. Antigamente isto era tudo muito mais
complicado, não havia apoios, não havia medicação…as pessoas não estavam
muito alerta para esta problemática.”

2.1 – Sabe que tipos de Trissomia existem?


R: - “Sei…sim…sei…sei que existem três tipos de Trissomia… ou seja…hum…
hum…o mosaicismo…a translocação …e… hum…a…a…homogénea.”

Grupo III – Programas de Transição para a vida activa (P.T.V.A)

3 – Tem conhecimento de P.T.V.A?


R: - “Sim…Claro que sim!”

3.1 – Quais?
R: - “Olhe…o nosso cá por exemplo.”

3.2 – Quais são os objectivos desse programas?


R: - “Então…é o desenvolvimento a nível pessoal, a nível social e por ultimo… o
objectivo final é a integração no mundo do trabalho.”

3.3 – População com T.21 abrangida por esses programas?


R: - “Nós a nível de estatística…olhe…nós actualmente temos na…ali na…sala da
lavandaria temos uma …uma formanda…que é como…os que estão na formação
são os formandos…temos uma formanda e temos uma menina que está a fazer
uma… um estágio… de sensibilização… também. Temos duas. É um número
reduzido, porque cada vez mais…nós a nível dos cursos de formação…tamos a
receber os jovens que vaem do ensino regular. Antigamente não, quando iniciámos

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

estes cursos eram jovens que vinham do centro educacional e que quando tinham
capacidades transitavam prá formação. Agora não contam-se pelos dedos os
jovens que vêm do centro educacional. A maior parte da população…grande parte
da população… vêm…do insucesso escolar…como as faltas que dão…da…da…
portanto…a nível comportamental…vêm todos das escolas do ensino regular.
Portanto estes casos como a Trissomia 21, são muito reduzidos…mas estes dois
casos são …portanto a “Manuela” veio…veio…aqui da escola d`alembrança, do
Feijó, e esta menina que nós agora temos, duas tardes…duas tardes por semana,
vem à segunda e vem à sexta feira…hum…que é a “Ana Rita” vem ali do
agrupamento Conceição e Silva, agrupamento do comandante Conceição e Silva.
Tem 16/17 anos.”

3.4 – Qual a idade prevista para a passagem para P.T.V.A?


R: - “Atão…depende das capacidades de cada jovem, cada caso é um caso…
depende da…da…do…da maturidade…da…da…bem da maturidade e das
capacidades.”

3.5 – No seu entender qual é a idade aconselhada para terminar a vida activa?
R: - “Bem…alguns alunos estão na formação até aos 25 anos e até mais…nós
temos cá jovens que já ultrapassaram essa idade, portanto…mas…claro há uma
deterioração…há uma deterioração...nós também…nomeadamente nós temos um
jovem que já é cá funcionário…que já é funcionário normalmente…mas nós
notamos que, por exemplo, ele de ano p´ra ano está a perder capacidades, mas ele
também não tem só uma deficiência, ele também tem uma psicose e ptanto com a
medicação que faz e com isso nós…nós notamos isso…ele antes era…não é o ser
responsável, não se esquecia tanto das coisas, agora esquecesse mais das
coisas…hum…
Abstrai-se mais. Demora mais tempo a fazer…mas ele faz os percursos, ele vai aos
notários, ele vai aos tribunais, ele vai aos bancos, aos bancos fazer depósitos…
tudo. Antigamente demorava menos tempo nos transportes, agora demora mais
tempo, distrai-se mais. Ptanto…nós notamos que há uma perda de capacidades.
Olhe vai aos bancos e nunca foi roubado, vai aos correios levar e registar cartas…
Ele não gosta dos fins-de-semana. Assim que chega a sexta-feira vem logo ter
connosco e diz: “Agora vai ser um martírio.” “Um martírio? Porque menino?” Porque
é o fim-de-semana.” “Oh “João” mas é tão bom p´ra

50
PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

descansarmos e p´ra dormirmos mais um bocadinho.” “ Ãh… mas eu não gosto…


não gosto.”

Grupo IV – Construção de P.T.V.A

4 – Quais os cuidados a ter na construção de P.T.V.A?


R: - “ Pois têm que ser adaptados…têm que ser adaptados a cada caso. Ver bem o
caso conhece-lo e quais são também aquelas apetências que eles demonstram.
Tem que se tentar adaptar tudo. Alguma maturidade deles, dos conhecimentos,
aquilo que eles também aspiram, as aspirações deles, que são muito importantes, e
das famílias…e das famílias também.”

4.1 – Atendendo às doenças inerentes à T.21 que tipos de preocupação


existem na inventariação de situações laborais para indivíduos com essa
patologia?
R: - “ Ter o cuidado de não os expor a muito pó…estarem sujeitos às intempéries.”

4.2 – Conseguem sempre, arranjar situações laborais que não prejudiquem os


alunos?
R: - “Mais ou menos …mais ou menos, não há o ideal. Por exemplo um jovem que
nós tivemos cá com Trissomia 21 que foi ali p´ra escola de Miratejo, é continuo, não
é muito aconselhável, mas ele tem que varrer o pátio, levanta-se o pó e aquelas
poeiras…e às vezes está mais constipado…mas tentamos…nós também não temos
as condições ideais p`ra trabalhar, temos que nos adaptar nós próprios, não
podemos arranjar uma redoma, eles não podem estar numa redoma, quanto mais
estiverem em contacto com as situações mais se adaptam…sim mais se
adaptam…”

4.3 – Na construção dos P.T.V.A, existe a preocupação de as actividades de


trabalho corresponderem ao potencial de trabalho dos aprendizes e às
necessidades do mercado laboral?
R: - “Nós a nível da formação da… fazemos isso e da…um exemplo, tem havido
reconversão de áreas, hum…desde 89 que nós temos reconvertido áreas, porque a
nível do mercado há outras necessidades que aquelas áreas que nós tínhamos no
início já não correspondem, e então temos adaptando…hum…temos adaptando.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Nós começámos com encadernação, em 89 tínhamos encadernação, tínhamos a


área dos têxteis, que eram arranjos de costura e disto e daquilo e daqueloutro e
depois também tínhamos jardinagem e carpintaria. Entretanto a encadernação foi
reconvertida para a área das limpezas, ptanto, brigadas, tentar organizar brigadas
de limpeza que é o que agora existe por ai, está espalhado por todos os lados.
Depois a área dos têxteis adaptámos pá lavandaria também, que de…há imensa
saída a nível da lavandaria. Tínhamos… tivemos também uma área de pastelaria,
com um jovem apenas porque …era nosso aluno e tinha, esse vinha da
educacional, ptanto o grande desejo dele era ir para pastelaria, hum…na casa Pia
havia um curso mas como ele tinha uma D.M não o aceitaram, porque na casa Pia
desde que tenha o rótulo de D.M não aceitam. De maneira que abrimos, pedimos
autorização ao Instituto do Emprego para abrirmos uma vaga só para ele em
formação em posto de trabalho. Nem era dado cá, era numa pastelaria. Era mesmo,
mesmo na pastelaria, estava mesmo no local de trabalho. As coisas correram muito
bem, entretanto ele estava no último ano e por causa de problemas familiares, a
mãe era alcoólica, destabilizada e aquilo tudo, ele acabou por desistir do curso. Era
acompanhado por técnicos, ptanto naquela altura era eu como psicóloga e como
coordenadora, e era também a técnica de politica social que nos temos a nível da
formação. Depois, entretanto, também entrou um técnico de acompanhamento e
formação em empresa, um T.A.F.E, que fazia os apoios…também…no posto de
trabalho há sempre uma pessoa que é a ligação. Pertencente à empresa e que nos
faz a ligação com os tais funcionários de cá. Também temos ligação de cá para lá,
através dos técnicos. Presencial ou então a nível telefónico. Também há avaliação
feita pelos nossos técnicos, em conjunto com a pessoa que está responsável por a
pessoa lá no local de trabalho. Há duas avaliações por ano e também há duas
reuniões de pais por ano. Bem, como eu estava a dizer, então ele desistiu já no
último ano por causa de problemas familiares…ptanto…entretanto quando ele
desistiu do curso, nós pedimos a reconversão desta área para serviços
administrativos, auxiliar de serviços administrativos…porque também tínhamos ai
um jovem que podia ser posto nesse tipo de área e de aprendizagem. Também
pedimos autorização e agora… ele entretanto… este jovem acabou também o curso
e entretanto…está em Almada através do P.O.C e entretanto pedimos autorização p
´ra reconverter p´ra ajudante de cozinha. E é o que agora temos, desde 2005 temos
um jovem ajudante de cozinha. A autorização é pedida ao Centro de Emprego
porque é ao Centro de Emprego que nós apresentamos as candidaturas

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

anuais. São eles que subsidiam estes cursos todos e o pessoal que trabalha
e… e… verbas p´ra material, p´ra batas, fardas…tudo….deslocações…tudo.”

4.4 – Existe a preocupação de desenvolver o projecto num ambiente o mais


aproximado possível do ambiente laboral que o D.M irá encontrar?
R: - “Claro! Por isso é que há a rigidez de horário, a assiduidade, que também é
importante. Eles têm relógio de ponto…e além disso ainda têm uma folha de
presenças p´ra registar…depois, todos os dias têm uma ficha de avaliação que é
feita pelos monitores. A nível de relacionamento com os monitores, com os colegas,
a nível da motivação p´ro trabalho, o comportamento que eles manifestaram…
ptanto…têem isso tudo…e actualmente também há um grupo de auto
representantes que também é muito bom. Hum…ptanto…funciona mais ou menos
como aqueles…os antigos delegados de turma que havia…o responsável da turma.
Ptanto em cada uma das áreas há um elemento que é eleito por eles …hum…e que
depois um de cada área, com um T.A.F.E, foi ela que implementou este grupo de
auto representantes, ptanto eles falam dos problemas que têm dentro da sala, ou
com os monitores, ou com os próprios colegas, ou fora. São os transmissores, tanto
deles como depois também da parte dos técnicos p`ra eles, para tentarem perceber
também as coisas que eles não percebem muito bem mas que há razão para que
as coisas existam assim. A nível de refeitório, se gostam da comida, se não gostam,
se acham que é pouco, se…áh, refilam! Ai eles reivindicativos são! Ficam mais
interventivos…na escola…na sociedade…também porque depois isto reflecte-se no
meio social onde estão inseridos, e na família também.”

4.5 – Considera essa proximidade importante?


R: - “Exactamente! É um passo para a integração.”

4.6 – O projecto prevê a colocação em emprego protegido ou em clima normal


de trabalho? Em que situações?
R: - “Os nossos, da formação, em clima normal de trabalho.”

4.7 – Que factores considera importantes para uma boa integração no


trabalho?
R: - “Atão! …são as capacidades, as expectativas que eles têm, o relacionamento e

depois …há…o relacionamento da instituição com a entidade empregadora e com


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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

família, a família é essencial. Quando eles saem daqui, se a família não os apoia e
se não há uma ligação grande entre a instituição e a família…as coisas funcionam
muito mal. Eles têm que cumprir os horários…ptanto…a família é que tem que
mandar…sair da cama, têm que levar os almoços têm que tratar da comida, dos
banhos, da higiene disto daquilo e daqueloutro, se a família efectivamente não está
empenhada, e se não há uma ligação grande da…da instituição…porque às vezes
os empregados dizem: “Olhe, ele traz pouca comida, ele não traz comida p´ra meio
da manhã, ele come pouco, ele parece que tá com fome, ele não vem limpo, ele
cheira mal…” e depois a instituição entra em contacto com a família. “Ó dona não
sei quê, tem que ter cuidado, olhe isto e aquilo e aqueloutro…” Se não há esta
ligação e se a família não aceita isto e não se compromete, não se responsabiliza…
a coisa não corre bem.”

Grupo V – Resultados obtidos com o programa

5 – A que níveis o D.M beneficiou com a T.V.A?


R: - “A nível da auto estima, da autonomia, eles sentirem-se úteis, que trabalham,
que ganham, p´ra eles é extremamente importante o facto de serem remunerados,
tem muito peso para eles. É um factor essencial!”

5.1 – O acesso ao emprego é facilitado estando o D.M inserido nos P.T.V.A?


R: - “É! Eu acho que é…é, é, claro que é! Atão não é? O aluno tem que passar por
tudo isto. Não pode vir de casa e entrar p´ró emprego…ptanto…nem…nem…tenho
conhecimento de nenhum caso assim. Têm que passar por nós. Primeiro porque há
técnicos que se disponibilizam, técnicos p´ra apoiar e também porque a empresa
também se sente mais segura. Por exemplo, a nível da formação há um acordo que
se assina entre a instituição, a empresa e a família, vem tudo estipulado e
efectivamente quando nós apresentamos esta documentação a empresa sente-se
muito mais segura. Há garantias.”

5.2 – Quais são as dificuldades que um D.M encontra ao tentar ingressar no


mundo laboral?
R: - “É a adaptação, é o relacionamento com os colegas de trabalho, com as

hierarquias e depois é a adaptação ao trabalho efectivo. Efectivamente é isso. Tem


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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

que ser bem…estes trabalhos e ptanto estes locais têm que ser muito bem
estudados de acordo com as capacidades que eles têm, mas também têm que ser
estudados em relação às exigências, porque há determinado tipo de tarefas que
não se coadunam com aquela pessoa que nós queremos empre…colocar lá fora. A
nível da formação, os T.A.F.E têm que fazer a prospecção do mercado, têm que
ver…têm que ver quais são as empresas que têm possibilidades de receber um ou
dois dos nossos jovens. Depois têm que ir ver se aquilo que eles podem oferecer a
nível de tarefas se…se adapta e se está de acordo com os jovens que nós temos e
que queremos meter lá fora. Portanto…tem que haver um trabalho nesse sentido e
depois a nível dos contactos, isso tem que ficar logo estabelecido, porque se por
exemplo, metemos um jovem num determinado local e numa empresa mas que…
em que a entidade patronal diz: “Não, vocês não podem vir cá, porque enquanto…
quando cá vêm distraem os outros trabalhadores e eu também não tenho
possibilidade de pôr aqui uma pessoa que se responsabilize por esse jovem.”
Portanto à partida embora assim de um modo geral houvesse ali uma possibilidade,
isso não vai funcionar. Portanto não interessa.”

5.3 – De alguma forma, o D.M é treinado para um emprego competitivo?


R: - “Bom…nós não tentamos que seja um emprego muito competitivo porque isso
já sabemos que à partida…que eles vão falhar, não é? Têm que ter um tipo de
ocupação e de emprego em que efectivamente a competitividade não entre muito…
pronto…eles geralmente…eles vão sempre p´ra trabalhos auxiliares vão sempre ou
para varrer…ou p´ra…vão sempre com alg…com excepções se nós pomos ou se
os empregamos numa empresa em que a competitividade é um dos factores
primordiais…não, porque isso não vai resultar e eles automaticamente são
seleccionados, e são mandados embora. Um D.M nunca deverá trabalhar num sítio
onde exista competitividade.”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Anexo – II

Respostas da entrevista à educadora da Cerci

Grupo I – Identificação

1 – Nome
R: - “Chamo-me “Maria Rosa Vicente”

1.1 – Idade
R: -“------“

1.2 – Anos de serviço


R: - “Hum… trabalho há 21. Este é …portanto o vigésimo segundo. Mas não foram
todos aqui na Cercisa.”

1.4 – Funções desempenhadas na instituição


R: - “Sou educadora e também faço parte da direcção. Estou a trabalhar com os
jovens no centro educacional…sou eu a responsá…a coordenadora do projecto.”

Grupo II – Trissomia 21 (T.21)

2 – Sabe o que é a T.21?


R: - “sei. Tem a ver com os cromossomas…existe um a mais.”

2.1 – Sabe que tipos de Trissomia existem?


R: - “Sei que existem três tipos.”

Grupo III – Programas de Transição para a vida activa (P.T.V.A)

3 – Tem conhecimento de P.T.V.A?


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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

R: - “Sim, claro que tenho!


3.1 – Quais?
R: - “Quais são os programas? Por exemplo o nosso…que temos aqui…outros que
há na…onde é que foi?... que havia outro?... áh! Na APPACDM, na quinta dos
Inglesinhos. O programa de transição que temos a funcionar cá, designamos por:
“saber mais, ser melhor” e este projecto tem como finalidade a integração social de
jovens da Cercisa, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos de

idade…portanto o trabalho desenvolve-se em várias áreas. O treino de utilização da


rede pública e dos meios de transporte, a assertividade dos comportamentos e
atitudes na área da escolaridade e em estágios de sensibilização pré profissional, a
nível interno e a nível externo. Portanto…a nível… o que é que nós pretendemos
com o projecto? Pretendemos isto. Pronto…quais são os objectivos que temos?
Portanto…inserir alunos com perturbações cognitivas, motoras e comportamentais
na escola e na comunidade, reforçar o elo entre a instituição e as escolas, para um
desenvolvimento global e harmonioso dos alunos com e sem NEE, estabelecer
vínculos fortes com a família e as redes sociais, ajustar expectativas através de
situações a titulo experimental de acordo com as capacidades dos alunos e indo ao
encontro das suas aspirações privilegiando tarefas simples e de rotina. Informar e
promover a participação dos pais e encarregados de educação no P.T dos seus
filhos, ou educandos. Ptanto, isto são os objectivos.

3.2 – Quais são os objectivos desses programas?


R: - “ Hã …olhe …paciência… já me antecipei à pergunta, são precisamente esses
que lhe acabei de mencionar!

3.3 – População com T.21 abrangida por esses programas?


R: - “Agora, aqui na nossa instituição, só temos dois alun… duas meninas …até são
meninas.”

3.4 – Qual a idade prevista para a passagem para P.T.V.A?


R: - “O jovem entra para um P.T quando já tem alguma maturidade e quando se
percebe alguma… capacidade para se adaptar. A idade depende dos jovens, cada
caso é um caso…aqui não temos receitas. Isto aqui não há receitas, olhe se
reparar…6, 18, 15, 16, ptanto isto é tudo…à volta disso…não é taxativo.”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

3.5 – No seu entender qual é a idade aconselhada para terminar a vida activa?
R: - “Olhe depende da idade em que se morre! Pode ser aos 80 pode ser aos 90,
somos activos até morrer…espero eu…de que…atão isso depende…se eles podem
estar num curso de formação até aos 25 e até mais velhos…ainda não estão
habilitados para trabalhar, por outro lado, temos alguns…que ós 15, 16 anos
passam por aqui 1 ano e achamos logo que estão em condições p´ra trabalhar. Mas
tal como para iniciar depende das capacidades e das competências que eles
mostram, também p´ra terminar é assim.”

Grupo IV – Construção de P.T.V.A

4 – Quais os cuidados a ter na construção de P.T.V.A?


R: - “Têm que ser adaptados às apetências deles, às expectativas dos pais, da
família, tem que haver o envolvimento da família.”

4.1 – Atendendo às doenças inerentes à T.21 que tipos de preocupação


existem na inventariação de situações laborais para indivíduos com essa
patologia?
R: - “Não os pôr em situações com muito pó… palha…situações respiratórias.”

4.2 – Conseguem sempre, arranjar situações laborais que não prejudiquem os


alunos?
R: - “Tentamos…nem sempre é possível…”

4.3 – Na construção dos P.T.V.A, existe a preocupação de as actividades de


trabalho corresponderem ao potencial de trabalho dos aprendizes e às
necessidades do mercado laboral?
R: - “Àh…sim…p´tanto…tanto às expectativas de trabalho, tipo de trabalho, como
às expectativas deles e da família…p´tanto atendendo às duas situações.”

4.4 – Existe a preocupação de desenvolver o projecto num ambiente o mais


aproximado possível do ambiente laboral que o D.M irá encontrar?
R: - “sim, sim, sim, sim! Eles aqui…assim…são habituados a picar o ponto como no
trabalho real, a assinar a folha de presenças…hum…a serem pontuais, são
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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

representados por um responsável eleito por eles e que, a nível de auto


representação tem sido um exercício de cidadania surpreendente, porque eles não
estavam habituados a terem voz activa, a falar a queixar-se, a exigir e isso permite-
lhes esse espaço de reflexão, de exigência. Que aliás em casa não o têm…não…
não…as famílias não o permitiram, a sociedade não permite…P´tanto este espaço
de reflexão, de participação…hum…tem sido muito importante para eles. Desde
que eles estejam, a nível das autónomas, a nível comportamental, que é muito
importante, os comportamentos socialmente aceites, eles…e que tenham o mínimo
de capacidades, imediatamente são postos lá fora, para que eles tenham a vivência
do local normal de trabalho e o que é um ambiente laboral. Nós por exemplo, temos
alguns casos que vão de manhã p´rá formação em posto de trabalho e que depois,
de tarde, regressam aqui à escola e continuam mais ou men…actividades mais ou
menos idênticas. Mas já aqui assim, no grupo da escola, enquanto que da parte da
manhã estão no local normal de trabalho.”

4.5 – Considera essa proximidade importante?


R: - “Claro!”

4.6 – O projecto prevê a colocação em emprego protegido ou em clima normal


de trabalho? Em que situações?
R: - “Colocação em clima normal.”

4.7 – Que factores considera importantes para uma boa integração no


trabalho?
R: - “Que o jovem tenha interesse na tarefa e capacidade e competência para a
desenvolver, que tenha na empresa alguém que o acompanhe, o relacionamento da
instituição com a empresa, que exista um técnico na instituição que acompanhe a
integração do jovem, que sejam trabalhadas as competências sociais e que a
família considere pertinente a inserção do jovem na empresa e o interesse da tarefa
e que também o valorize e depois que haja também um bom relacionamento com a
empresa e com a instituição por parte da família para que… quando for necessário,
possamos entrar em contacto com ela para a informar do que se passa com o
jovem.”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Grupo V – Resultados obtidos com o programa

5 – A que níveis o D.M beneficiou com a T.V.A?


R: - “Ôh!!! Imensos benefícios… basta falar na integração na comunidade não é?

Em vez de estar isolado, o facto de estar integrado na comunidade é logo um


beneficio…que para mim…salta logo assim à vista. Depois a nível da autonomia,
auto estima, da remuneração…os nossos…mesmo estes mais novos que estão no
T.V.A do educacional, os que estão em estágio recebem. O mínimo. Ptanto é 1 euro
por hora, ptanto aquilo dá um valor mínimo, mas…chega a ser 5 euros por mês é…
o dia de pagamento ptanto o dia 30 é um dia de festa, porque vão logo comprar as
pastilhas, ou porque estão a juntar, porque em casa não têm não é? Não têm
ninguém que lhe diga: “Olha, tens aqui uma semanada, ou tens aqui uma mesada
e… então… ou é para as guloseimas que nunca têm ou então porque estão a juntar
para comprar um MP3…houve um que já comprou. Depois nós damos mais uns
pozinhos prájudar…dai o dinheiro ser importante, não é por ser o dinheiro mas é o
que permite. Porque eles…por serem carentes, dão muito valor aos bens materiais.”

5.1 – O acesso ao emprego é facilitado estando o D.M inserido nos P.T.V.A?


R: - “É! Porque de outra forma, não é possível. Se não houver um projecto, se ele…
não passar por tudo isto, não chega aos 18 anos e não vai trabalhar. Tem que fazer
o processo de crescimento, de amadurecimento e de vivências, eu acho que…sim.”

5.2 – Quais são as dificuldades que um D.M encontra ao tentar ingressar no


mundo laboral?
R: - “O principal. O básico é adequar as competências do aluno às exigências do
posto de trabalho, não é? Pensamos: este aluno tem estas competências assim,
assim, assim, o posto de trabalho exige isto, não, então não pode ser para este
aluno, tem que ser p´ra este. Porque este é que corresponde a estas condições.
Portanto, é adequar as competências às exigências. Já se tem dado o caso de os
funcionários da empresa rejeitarem o nosso aluno. Tivemos um aluno num viveiro
de peixes, esse aluno estava numa tarefa…indiscriminada…de varrer…apanhar uns

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

paus…varrer lá o recinto, mas entretanto, as coisas …da parte dele estavam a


correr bem, mas da parte dos outros funcionários não. Começaram a rejeitar porque
começaram a ver que o seu lugar estava em risco, então maltrataram-no, bateram-
lhe, tivemos que o retirar. Normalmente, são bem recebidos…mas há casos em que
não são. Quando eles se começam a aperceber que aquele é um candidato e que
está ali a retirar-lhe o seu lugar, ou possivelmente o de outra pessoa…há
problemas…não têm sido…felizmente muito frequentes, mas p´rái uns dois casos
ou assim já aconteceram. Geralmente gostam dos nossos alunos, mas há casos
que não. Quando isso acontece, voltam p´ra cá até serem colocados.”

5.3 – De alguma forma, o D.M é treinado para um emprego competitivo?


R: - “A própria deficiência mental, o próprio D.M tem problemas em gerir a
competitividade, seja a que nível for, não só laboral. Inclusivamente com o colega
do lado, quando se dá conta existe disputa e pode gerar agressividade. Não me
parece que um D.M deva ter um emprego competitivo, porque pode destruturá-lo e
causar-lhe problemas. Tem que ser um ambiente securizante e calmo para eles
conseguirem desempenhar bem as funções.”

Anexo – III

Respostas da entrevista à mãe da “Florbela”

I – Dados pessoais

1 – Nome?
R: - “A minha filha chama-se “Florbela”.

2– Idade?
R: - “A minha filha…tem agora…31 anos. Nasceu a 4 de Agosto de 74. O ano da
Revolução. Era p´ra nascer em Setembro, mas em Agosto o meu marido cismou
que havíamos de ir a Santarém… é a terra dele, e com esta coisa da revolução…e
depois a minha sogra também… enfim o médico depois disse-me que foi do
cansaço…já estava muito perto do tempo…não devia ter feito aquela viagem…”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

II – Instituição frequentada

3– Qual a instituição ou escola que a “Florbela” frequentou e a inseriu na V.A?


R: - “Ui!...ela andou em muitas escolas…nos morávamos em Lisboa e ela andou lá
em externatos…alguns deles nem eram comparticipados pelo Estado e eu tinha que
pagar a totalidade…ainda tenho aqui os recibos…o primeiro onde ela andou,
pagava 5 contos…mas vivíamos bem…depois viemos morar “p´raqui” e a “Florbela”
tinha p´rai uns 16 anos quando entrou p´ra Cerci, que foram eles que a puseram a
trabalhar no C. A. I”.

4– Nessa instituição esteve inserida em algum P.T.V.A? Qual foi a sua


duração?
R: -“Olhe…ora bem…ela entrou p´ra lá com 16 anos, como lhe disse…depois
esteve lá…mais ou menos um ano…assim…sem fazer nada… quer dizer lá ia
fazendo as actividades que havia…bordados, bainhas, (depois passava a vida a
querer fazer-me bainhas aqui em casa), bem… e outras coisitas que lá faziam para
os manterem entretidos…depois um dia o senhor Luís, que agora é o coordenador,
chamou-me lá, porque ela vinha na carrinha…ia e vinha…e disse-me:
(- “Olhe dona “Fátima”, chamei-a cá porque quero falar consigo, porque é assim…a
“Florbela”…está aqui todo o dia…e o que nos achamos é que ela tem algumas
capacidades que os outros que cá estão não têm e passa a vida a apertar os
sapatos a um a pentear o outro a abotoar a camisa a outro…e decidimos que não
seria mau para ela não estar todo o dia aqui neste ambiente…”) pronto e depois foi
assim… disse-me que ela ia passar a frequentar uma instituição de solidariedade
social aqui da zona, três dias por semana. Ia de manhã trabalhar e à tarde a
carrinha da Cerci ia buscá-la e ficava lá até vir p´ra casa à hora dela.”

IV – Programa de T.V.A

5– Com que idade ingressou nesse programa?


R: -“Sinceramente…eu não fui informada se haveria algum programa…se o houve
eu não soube de nada:”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

6– Na elaboração do P.T.V.A houve a participação da “Florbela”? E dos pais?


R: - ”Nem sequer soube de nada… só soube, como já lhe disse, quando me
chamaram lá à Cerci p´ra me dizerem que era mal empregado a “Florbela” estar ali
todo o dia sem fazer nada…e à “Florbela” também não lhe perguntaram nada…
porque senão eu tinha que ter sabido.”

7– Os pais tiveram acesso às avaliações feitas à “Florbela”?


R:” - Não, não…nunca me mostraram…”

8– Com quantos anos transitou para a V.A?


R: - “Bem…ela esteve…mais ou menos até finais de 91…princípios de 92 na Cerci,
entrou p´ró C.A.I em 92…tinha 18 anos mais ou menos.”

9– Foi inserida nalgum local de emprego?


R: -“Foi. Como já lhe contei…disseram-me que ela ia às manhãs, três dias por
semana, p´ró C.A.I…e foi p´ra lá que depois foi trabalhar.”

10– Estagiou no local?


R: -“Sim, olhe, esteve lá dois anos e tal sem receber um tostão, nem 50 escudos lhe
deram ao menos p´ra um chupa e depois, um dia que fui lá ó C.A.I p´ra falar com o
senhor presidente, (já lá tinha ido uma data de vezes…passava p´ra lá os dias… e
davam-me sempre uma desculpa, ãh… Hoje não pode atende-la porque está em
reunião…hoje não está cá…amanhã…está de férias…bem…desculpavam-se
sempre parece que a minha filha até ia “p´ráli” p´ra tirar o lugar a alguém…inda
passei um bocado…) p´ra ver como é que ficava a situação da minha filha…depois
de tanto tempo de espera, ainda por cima me disse:
“- Oh dona “Fátima”! Por amor de Deus! Elas nem sequer me disseram nada que a
senhora cá tinha vindo à minha procura!” Era aquela “senhora” que está lá na
secretaria que tem a mania que manda lá em tudo, que não lhe transmitia os meus
recados…… depois ainda teve a lata de me dizer:
(-“Sinceramente!...Tão preocupada em arranjar emprego p´rá filha se se
preocupasse mas era com outras coisas…”) Bem… mas depois de ter falado com o
presidente, então a “Florbela lá foi chamada um dia p´ra assinar o contrato…mas foi
na minha presença. Se visse a alegria dela no caminho p´ra casa… ainda vejo a
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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

carita dela toda contente a dizer-me:


(- “Mainhã”!!! Yes!!!...conseguimos “mainhã”) Depois de muito esforço…lá tínhamos
conseguido…é verdade…”

IV – Situação laboral

11– Quem a supervisionava?


R: - Oh…não sei…ela lá, estava a trabalhar com as educadoras e eram elas que lhe
ensinavam o que tinha que fazer…acho eu que era assim…”

12 – Quais os critérios em que a escola se baseou para atribuir esse local de


emprego à “Florbela”?
R: - ”Oh…olhe…acho que foi mesmo só por verem que ela gostava de ajudar os
outros e por o C.A.I ser aqui, onde moramos…não me foi dito nada…eu é que acho
que foi por isso.”

13 – Acha que a escola/entidade responsável pela sua colocação nesse local,


teve em atenção as doenças inerentes à T.21, concedendo-lhe assim, funções
que não a prejudiquem?
R: - “Ãh…quer dizer… ela não tem problemas nenhuns…aqui à uns tempos é que
andou com as mãos, assim a sair-lhe a pele, mas acho que era de um detergente
que elas lá usavam, eu depois fui lá falar ao infantário e puseram a “Florbela” a
limpar a loiça enquanto não ficou melhor. Agora já está boa, já me disse: (-“ Mainhã,
agora já limpo as mesas, elas já disseram que já estou boa das mãos.”)

14 – A entidade empregadora contacta com os pais quando necessário?


R:” - Sim, A “Florbela” traz o recado quando as educadoras precisam de falar
comigo, ou então se eu precisar de saber alguma coisa ou de dizer alguma coisa
vou lá eu. Mas é ao infantário, à sala onde ela está, à secretaria só vou lá quando é
preciso mesmo alguma coisa que não me resolvem no infantário.”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

V – Resultados da situação laboral

15 – A “Florbela” gosta do que faz? Como o expressa?


R:” - Gosta muito, felizmente p´ra ela… e p´ra mim. Às vezes, quando estamos de
férias no Algarve, se já passaram assim uns dias, vira-se p´ra mim e diz-me:
(-“Mainhã”, falta muito p´ra irmos embora? É que já estou com saudades dos meus
meninos…e eles perguntam por mim…e eu não estou lá p´ra lhe dar de comer.”) Eu

bem lhe digo que estão lá outras pessoas p´ra dar de comer aos meninos, mas logo
me responde que eles gostam é dela e pronto…as férias já são assim passadas,
com ela desejosa de vir embora.”

16 – É cumpridora dos horários?


R:” – Ai meu Deus!...então, ela levanta-se às 8 horas, só começa a trabalhar às 9,
toma banho, faz o pequeno-almoço, porque eu ainda estou na cama, um dia cereais
outro dia torradas, ou o que lhe apetecer e depois senta-se no sofá a ver os
desenhos animados, isto porque eu não a deixo ir embora, senão às 8:30h já ia a
caminho. Está sempre com pressa e a olhar p´ro relógio, (“- Mainhã”, já são horas?
Vou-me embora, senão despedem-me.”) Sempre muito aflita.”

17 – Comenta o dia a dia, quando regressa a casa?


R: “- Sim, sim, é uma boca rota, conta tudo, o que se passa em casa e o que se
passa no infantário.”

18 – O que gosta mais de fazer no local de trabalho? E menos?


R:” – Diz que gosta de dar de comer aos meninos, fazer as camas, lavar o chão,
limpar a loiça…ãh…gosta de tudo o que faz… nunca me disse que não gostava de
fazer fosse o que fosse.”

19 – Nunca demonstrou vontade em realizar outro tipo de trabalho?


R:” – Bem…pelo que diz… eu vejo que está satisfeita…mesmo que quisesse fazer
outra coisa…se calhar não o saberia expressar…mas também se não gostasse
daquilo que faz não andaria tão contente.”

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20 – Sai de casa satisfeita?


R:” – Sempre. E se levar roupa nova então…ninguém pega nela…sai por ai fora,
toda contente…”

21 – Entra em casa satisfeita?


R:” – Só se estiver doente…ela sofre muito quando está com a menstruação e
nessas alturas chega mais murcha…ou então se no infantário alguma colega a
chateia…agora anda muito preocupada porque as colegas lhe dizem que está muito
gorda, ela come bem, gosta de comer, mas até está mais magra porque anda no

ginásio e continua na natação, ela nada muito bem, aprendeu a nadar na


APPACDM quando lá esteve em miúda, e já ganhou bastantes medalhas. Às
vezes…tem lá uma colega…que é assim um bocado…esquisita…é educadora…e
ás vezes faz a vida negra à “Florbela”, tira-lhe o relógio, mexe-lhe na mala, ela não
gosta nada que lhe mexam nas coisas dela, vem cá uma senhora limpar-me a casa
duas vezes por semana, o dia antes dela vir a “Florbela esconde tudo o que mais
gosta só p´rá senhora não lhe mexer em nada, lá a colega… depois é mazinha…
diz-lhe que o patrão a despede e nesses dias vem mais triste e fica muito
preocupada que seja realmente verdade, mas depois lá converso com ela e tal… e
fica melhor”.

22 – Faz o percurso até ao local de trabalho de que modo? Sozinha ou


acompanhada?
R: “ – Ela vai a pé, também é aqui perto, mas vai sempre a pé e vai sozinha. P´ró
ginásio, que é mais longe, os sábados que a irmã não vai por ter que trabalhar,
também vai sozinha.”

23 – Sofre de algum tipo de problema:


- Cardíaco - oftalmológico
- Ortopédico - Gastrenterologico
- Imunitário - Dermatológico
- Reumatológico, ou outro?

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

R:” – Quando era pequenina, era um bocado trapalhona a andar e o médico disse-
me que tinha os pés chatos…realmente, depois, comprei-lhe umas botas
ortopédicas e melhorou…agora graças a Deus não tem nada. Quando foi p´ra ir
agora p´ró ginásio, teve que fazer uma data de exames e electrocardiogramas e
felizmente não tem nada.”

24 – Falta com frequência ao trabalho?


R:” – Não, olhe, tem direito a faltar durante o ano 40 horas e ela nunca falta nem um
dia de trabalho. Quando tem uma consulta ou qualquer coisa tento sempre marcá-la
depois dela sair. Nunca se constipa nem…graças a Deus, constipamo-nos mai nós
do que ela… nada disso…mas mesmo quando está menstruada não falta porque
diz que o patrão a despede e então não quer faltar.”

25 – Chega a casa cansada, insatisfeita, zangada, irritada, com falta de


paciência?
R:” – Normalmente… chega sempre bem disposta… e se eu a lá for buscar e a
levar ao café, então ainda fica melhor. Às vezes quando a chateiam, lá as colegas,
ou que vem com dores da menstruação, como já lhe contei, então é que vem
piorzita mas que tenha a ver directamente com o trabalho… chegar aborrecida…
por não gostar de lá estar ou coisa assim…não, não tem nada a ver com
isso….hum…por vezes é que me diz:
(-“Mainhã”, hoje os meninos estavam muito chatos, subiam p´rás mesas, gritavam,
metiam-se debaixo das mesas, fizeram muito barulho, dói-me a cabeça.”)
“Isso acontece mais, quando falta alguma funcionária e juntam as crianças das duas
salas. Ficam p´rai…perto de 50 crianças, no mesmo espaço, tudo a fazer barulho…
está claro que é demais p´ra qualquer pessoa:”

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Anexo – IV

Documentos facultados pela mãe da jovem portadora de Trissomia 21.

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PRESSUPOSTOS DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA EM INDIVÍDUOS COM TRISSOMIA 21

Anexo – V

Projecto de transição para a vida activa

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Palavras – chave

Segregação
Integração Capacidade
Inclusão Intelectual
Educação especial Oligofrénico
Necessidades educativas especiais Enclaves
Deficiente mental Direitos
Síndrome de Down Laboral
Trissomia 21 Potencial
Vida activa Sensibilidade
Projectos Inventariação
Transição Treino
Relacionamento Sociedade
Auto estima Comportamentos
Independência Gastrenterológico
Patologias Objectivos
Inerentes Ambiente
Profissão

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