You are on page 1of 24

Doença Inflamatória Intestinal/ Doença

de Crohn
Doença Inflamatória Intestinal/ Doença
de Crohn
Índice
Índice..............................................................................................................3
Índice de Abreviaturas...................................................................................4
Introdução......................................................................................................5
Doença Inflamatória Intestinal.......................................................................6
Doença de Crohn............................................................................................7
Etiologia......................................................................................................... 8
Epidemiologia...............................................................................................10
Factores de Risco.........................................................................................11
Manifestações Clínicas.................................................................................12
Complicações...............................................................................................17
Exames Complementares de Diagnóstico....................................................18
Raio X........................................................................................................19
TC..............................................................................................................20
RMN...........................................................................................................21
Endoscopia................................................................................................22
Conclusão.....................................................................................................23
Bibliografia................................................................................................... 23
Índice de Abreviaturas

• DII – Doença inflamatória intestinal


Introdução

No âmbito da disciplina do curso de Licenciatura em Radiologia da Escola Superior de


Saúde Jean Piaget, foi proposta a realização de um trabalho de investigação com tema à
escolha, em que o tema escolhido neste caso foi Doença Inflamatória Intestinal mais
precisamente Doença de Crohn.

“ A doença inflamatória intestinal (DII) é um termo utilizado para descrever as


situações que são caracterizadas pela inflamação intestinal. A doença de Crohn e a
Colite Ulcerosa são as duas principais formas de DII.” Citado de Enfermagem Médico
Cirúrgica, volume III, página 1508.

Ambas têm características patológicas distintas, embora algumas sejam idênticas.

Neste trabalho de investigação irá ser abordada a Doença de Crohn.

A Doença de Crohn é uma doença inflamatória intestinal de origem não conhecida e


caracterizada pelo acometimento focal, assimétrico e transmural de qualquer parte do
tubo digestivo, ou seja, pode desenvolver-se desde a boca até ao ânus. Na maior parte
dos casos de Doença de Crohn, há inflamação do intestino delgado; o intestino grosso
pode estar envolvido, junto ou separadamente.

Este trabalho de investigação encontra-se dividido em x partes.

Para a realização deste trabalho de investigação recorreu-se a pesquisa bibliográfica


sobre o tema.
Doença Inflamatória Intestinal

A DII (Doença Inflamatória Intestinal) engloba duas doenças crónicas – a colite


ulcerosa e a doença de Crohn, com manifestações major no aparelho digestivo, mas com
atingimento sistémico importante, que afecta sobretudo adultos jovens.

A DII parece ser o resultado de uma activação inapropriada do sistema imune da


mucosa pela flora bacteriana intestinal. Embora permaneça grande controvérsia
relativamente à etiologia, vários estudos clínicos e laboratoriais indicam como
fundamentais, os factores genéticos e ambientais.

A DII existe em todo o mundo, mas com maior incidência nos países do Norte, sendo
muito rara em África e na América do Sul. Desde os primeiros relatos nos finais do
século XIX e até 1970, nota-se um aumento da incidência e prevalência da DII. Parece
haver tendência de estabilização ou crescimento mais lento nos países desenvolvidos,
desde os anos 80 e um aumento acentuado de incidência nos países em
desenvolvimento.

A apresentação clínica da DII na infância e adolescência tem aspectos semelhantes à


doença em adultos, mas pode ter uma forma de apresentação mais subtil, nomeadamente
através de um atraso de crescimento, na Doença de Crohn, que pode levantar problemas
de diagnóstico e fazer protelar o inicio do tratamento.

As manifestações clínicas podem ser gastrointestinais e sistémicas. As chamadas


manifestações extraintestinias surgem num número significativo de casos.
Doença de Crohn

A doença de Crohn é um distúrbio inflamatório agudo ou crónico de causa


desconhecida e de história natural incerta que ocorre em qualquer segmento do trato
gastrointestinal e com ocasionais manifestações sistémicas. (WILLIAM, pág. 954,
1979).

Apresenta-se sob três formas principais: inflamatória, fistulosa e fibroestenosante.

A inflamação da Doença de Crohn é transparietal, atingindo todas as camadas da parede


intestinal. Segue-se um padrão granulado “empedrado” em que as zonas afectadas são
divididas por tecido normal. Granulomas na mucosa, estreitamentos no lúmen,
espessamentos na parede intestinal, nódulos na mucosa e ulcerações são manifestações
características da doença. As lesões podem provocar perfurações e formar fistulas que
se ligam à bexiga, vagina ou outros segmentos do intestino mesentérico. Podem formar-
se cicatrizes nos tecidos quando as lesões melhoram, impedindo a normal absorção de
nutrientes, e estenoses, provocando obstrução intestinal.
Etiologia

Não se conhece uma causa para esta patologia, no entanto várias pesquisas apontam
para factores ambientais, alimentares ou infecções pré-existentes como agentes
etiológicos da doença. Notou-se também que em indivíduos com hábitos tabagicos a
predisposição para esta doença aumenta duas a quatro vezes mais do que num individuo
não fumador.

Segundo, DAYAL Y & DELELLIS (1991) a etiologia da doença de Crohn encontra-se


relacionada com três tipos de factores:

• Factores Infecciosos:

Os agentes frequentemente presentes na génese da doença de Crohn são os virus,


dentre eles os rotavírus de Epstein-Barr e alguns RNA (ácido ribonucleico),
vírus citopáticos. Bactérias semelhantes a Pseudomonas, anaeróbios entéricos,
Mycobacterium Kansaii com parede celular defeituosa e Yersinia enterocolítica
também foram implicados na causa da doença, porém essa associação ainda de
provas definitivas.

• Factores imunológicos:

Evidências apontam para os distúrbios imunológicos como principais causadores


da Doença de Crohn. Observam-se alterações da imunidade humoral e celular,
como secreção aumentada de imunoglobulinas de mucosa, anormalidade nos
números de linfócitos B e T circulantes e respostas exacerbadas de macrofagos.
Parece que complexos antigeno-anticorpos, circulantes estão envolvidos na
causalidade da doença extra-intestinal.

• Factores psicogénicos

Sabe-se que o sistema nervoso pode influenciar profundamente as funções


motoras, sensoriais, vasculares e metabólicas do sistema digestivo, levando à
exacerbação da doença intestinal.
Apesar da carga hereditária não explicar por si só o surgimento da Doença de
Crohn ela aumenta em vinte e cinco vezes a probabilidade de um parente do 1º
grau de desenvolver esta doença.
Epidemiologia

A Doença de Crohn é relativamente rara, verificando-se taxas de incidência anual entre


os 0,8 a 3,5 por 100 000 pessoas e uma taxa de prevalência global de 30 a 40 pacientes
por 100 000 pessoas. Recentemente verificou-se um aumento da doença, no entanto
toma-se difícil determinar se tal se deve a um aumento real nos números, se a melhores
técnicas d diagnostico e epidemiológicas.

As populações ocidentais parecem ser acometidas mais frequantemente do que as


restantes áreas do globo, sendo ainda de salientar que ambos os sexos são afectados
igualmente e com maior incidência a partir da quinta década de vida.
Factores de Risco

Segundo PHIPPS, SANDS & MAREK, (1999) são diversos os factores de risco da
Doença de Crohn:

• Idade entre os 15 e os 25 anos;

• Raça branca;

• Risco ligeiramente superior nas mulheres;

• Descendentes de Judeus, mas não aplicável aos nascidos em Israel;

• Parentes em primeiro grau de pessoas com DII;

• Residentes nos Estados Unidos, Grã-Betanha, norte da Europa e Escandinávia;

• Tabagismo;

• Uso de anticoncepcionais orais (entre mulheres de raça branca).


Manifestações Clínicas

Gerais

• Anorexia

• Náuseas

• Perda de peso

• Fadiga

• Mal-estar

• Febre e leucocitose (febre elevada e leucócitos> 15.000/mm³ sugerem um


abcesso)

• Anemia ferropénica

Específicas da Doença de Crohn

• Três a cinco grandes dejecções por dia semi-sólidas;

• Fezes contendo muco e possivelmente pus, mas raramente sangue;

• Esteatorreia, se o intestino delgado for afectado;

• Dores tipo cólica no quadrante inferior direito – podem ser intensas e simular
apendicite; é mais difusa do que localizada.

Manifestações Extra-Intestinais

• Artrite (4%-23%)

Envolvimento das grandes articulações: ancas, tornozelos, punhos e cotovelos.

Incidência migratória e assimétrica, não deformante.

• Ocular (4%-10%)
Uveíte, episclerite, retinopatia serosa

• Cutânea (3%-6%)

Eritema nodoso: aparecimento de nódulos avermelhados dolorosos na superfície


tibial anterior.

Piodemite gangrenosa: ulceração necrotizante dolorosa, mais frequente nas


pernas.

• Hepatobiliar (4%-5%)

Colelitíase, Fígado gordo, cirrose, colangite (70% dos doentes com colangite
tem colite ulcerosa)

• Renal (4%-23%)

Cálculos renais, Obstrução uretral.

A Doença de Crohn caracteriza-se por inflamação crónica que se estende por todas as
camadas da parede intestinal, mas é mais comum no íleon terminal e cólon. Aí ocorre a
formação de granulomas e inflamação em sectores distintos, intercalados de forma bem
delimitada por outros completamente saudáveis.

A Doença de Crohn apresenta uma heterogeneidade de manifestações que têm a ver


com a localização, extensão e gravidade da doença.

Numa fase aguda manifesta-se por:

• Dor abdominal em cólica com náuseas e vómitos – é o sintoma que mais


frequentemente acompanha as agudizações da Doença de Crohn. Localiza-se no
quadrante inferior direito, é constante e encontra-se geralmente associada a uma
massa abdominal palpável e sensível. Duas das importantes causas de dor
abdominal são as crises de oclusão intestinal e os abcessos. As crises de oclusão
têm a ver com zonas estreitadas do intestino que ficam obstruídas e causam em
geral cólicas intensas, por vezes acompanhadas de vómitos e de sensação de
distensão abdominal. Os abcessos, por outro lado, dão habitualmente uma dor
contínua, bem localizada, piorando com os movimentos, e muitas vezes
acompanhada de febre.

• Febre pode aparecer acompanhado ou antecedendo outras queixas. Se se trata de


uma febre baixa, entre 37° e 38°C, persistente, pode indicar a presença de uma
infecção ou apenas actividade persistente da doença, a justificar uma alteração
da terapêutica. Se por outro lado surgir uma temperatura elevada, com “picos”
de 39° a 40°C, poderemos estar perante uma complicação aguda, eventualmente
um abcesso ou outro processo infeccioso necessitando de terapêutica agressiva.
Em caso de febre alta deverá registar a temperatura e tentar controla-la com
Paracetamol. Um episódio de febre alta sem causa evidente num doente com
doença de Crohn justifica avaliação médica nas primeiras 24 horas.

• Diarreia – Muitos doentes têm habitualmente evacuam fezes sem formato,


provavelmente devido à má absorção de sais biliares. Geralmente não se observa
pus, muco e sangue macroscópico nas fezes. Em caso de agravamento súbito
(aumento importante do número de evacuações, ou fezes subitamente mais
liquidas) haverá que tentar perceber a causa do agravamento.

• Anemia – causada pela perda de sangue oculto, pelo efeito da inflamação


crónica sobre a medula óssea ou pela má absorção de folato e vitamina B12.

Ao exame abdominal, há aumento da sensibilidade à palpação na fossa ilíaca


direita e, ocasionalmente, pode ser notado empastamento ou massa inflamatória
a esse nível.

osteopenia (redução de massa óssea) é um problema que afecta os doentes com


DII, com particular incidência e gravidade na idade pediátrica, já que mais de
90% da massa óssea é atingida durante a infância e adolescência. Os factores
mais importantes na sua origem são: nutrição inadequada (défice de vitamina D
e cálcio), terapêutica crónica com corticosteroides e diminuição da actividade
física. No sentido de prevenir a desmineralização óssea, são preconizadas
algumas medidas quando se trata uma criança com Doença de Crohn.

O carácter sistémico da DII é bem demonstrado na existência de múltiplas


manifestações que acompanham tanto a Colite Ulcerosa como a Doença de
Crohn, podendo mesmo sobrepor-se, em termos de gravidade clínica, à doença
intestinal.

• Artralgias e artrite

Ocorrem frequentemente e podem preceder o diagnóstico de DII. Habitualmente,


acompanham a actividade da doença intestinal e melhoram com o tratamento da
doença de base. Existem duas formas: periférica (joelhos, tornozelos, cotovelos,
punhos) e axial (espondilite anquilosante e sacroileite).

• Lesões muco cutâneas

As úlceras aftoides orais são frequentes na DII e, habitualmente, acompanham


exacerbações da doença. Estomatite aftosa, gengivite e queílite granulomatosa
podem, raramente, associar-se a DII, sobretudo Doença de Crohn. O eritema
nodoso e o pioderma gangrenoso (PG) têm etiologia vascular e correlacionam-se
com a actividade da doença intestinal e com envolvimento articular.

• Complicações oftalmológicas

As mais frequentes são a episelerite, irite e uveíte. A episelerite costuma


acompanhar surtos de agudização da doença de base e melhora com o tratamento
desta. A irite e a uveíte são indepentes da actividade da doença intestinal.

• Doença hepatobiliar – colangite esclerosante primária.

• Complicações pancreáticas

Existem alguns relatos de complicações pancreáticas sendo que a causa pode ser
a doença de base e/ou os medicamentos usados no seu tratamento,
nomeadamente a azatioprina, que pode originar pancreatite aguda.

• Complicações urológicas

Ocasionalmente pode verificar-se obstrução do trato urinário por conglomerado


de ansas inflamadas ou formação de fístulas entre o intestino e estruturas do
aparelho urogenital. Estão também descritos casos de nefrite intersticial.

• Complicações tromboembólicas
Esta complicação potencialmente grave é relativamente frequente nos adultos,
havendo apenas algumas descrições na idade pediátrica.

Outras manifestações da doença são as fistulas que são comunicações anormais que
permitem a passagem das fezes entre partes dos intestinos, ou do intestino com a
bexiga, a vagina ou a pele.
Complicações

Com o passar do tempo, podem surgir complicações da doença, entre as mais comuns
estão os abcessos (bolsas de água) dentro do abdómen, as obstruções intestinais
causadas por segmentos com estreitamento – causada pela inflamação ou por aderências
de partes inflamadas dos intestinos. Também podem surgir a desnutrição e litíase biliar,
devido à má absorção dos sais biliares. Outras complicações ainda menos frequentes,
são o cancro do cólon e hemorragias digestivas.
Exames Complementares de Diagnóstico

O diagnóstico da Doença de Crohn pode ser difícil, porque as manifestações clínicas


são inespecíficas, heterogéneas e, por vezes, não valorizadas pelo doente, e mesmo pelo
médico assistente, até fases avançadas da doença.

Inicia-se o diagnóstico com uma cuidada anamese do doente, ou seja, começa com uma
cuidadosa história que inclui o padrão de sintomas, a sua gravidade e duração, e todos
os antecedentes familiares, bem como hábitos de vida e outras doenças que possua.
Muitas das características da DII sobrepõe-se e o diagnóstico correcto depende do
estabelecimento de uma panóplia de achados contributivos. Realizam-se exames às
fezes relativamente aos leucócitos, parasitas, sangue e exame cultural, para excluir
origem infecciosa dos sintomas. Os exames laboratoriais devem incluir hemograma
completo, velocidade de sedimentação e o nível de albumina sérica, embora nenhum
dos exames laboratoriais, por si só, sejam elementos exclusivos de diagnóstico.

Geralmente é pedido um clister opaco para avaliar alterações morfológicas no intestino;


fornece dados preciosos acerca da estrutura do cólon, pode ser realizado rapidamente e
fornece um registo permanente para uma futura comparação. As clássicas “lesões em
anel” da doença de Crohn
Raio X
TC
RMN
Endoscopia
Conclusão

Bibliografia

• MARCK, Philips Sandes, Enfermagem Médico-cirúrgica; Volume III.


Loures: Luso Ciencia.2003
• SEELEY, Rod R.; STEPHENS, Trent D.; TATE, Philip; Anatomia &
Fisiologia. 6ª Ed. Loures: Luso Ciência – Edições técnicas e Cientificas,
Lda., 2005.

You might also like