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A metáfora COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO
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Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a metáfora na perspectiva cognitiva que tem
como teóricos os linguistas Lakoff e Johnson (1980). Ao analisar os conceitos que envolvem a
teoria da metáfora conceptual observaremos que esta se encontra presente em algumas áreas do
ensino. No caso desse artigo, nos deteremos nessa análise metafórica nas áreas da Biologia e da
Matemática.
Considerações Iniciais
Desde os estudos clássicos sobre a retórica, alguns elementos linguísticos são
observados com algum aprofundamento. Esse aprofundamento é, muitas vezes,
resultante de um embate de idéias que nem sempre são convergentes; apesar da
divergência aparente, principia uma reorganização das idéias sobre o polêmico objeto de
estudo, de enfoque.
Caso curioso desse fenômeno é, por exemplo, a metáfora. Em se fazendo um
breve apanhado de sua conceituação e até mesmo aplicabilidade no discurso, percebe-se
que sua observância e as considerações sobre ela são ora divergentes, ora convergentes,
mas seu fim tem sido o da progressão do uso, conhecimento e aplicação desse recurso
cognitivo.
Depois de um breve percurso histórico sobre o tema da metáfora, neste artigo,
pretendemos observar sua concepção e aplicação, conforme os conceitos defendidos
pela Teoria da metáfora conceptual postulados por Lakoff e Johnson (1980), a fim de
checarmos sua aplicabilidade em discursos vários, sobretudo na sua utilização cotidiana,
conforme propõem os autores acima mencionados.
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sistema conceptual, como uma projeção entre um domínio fonte, e um domínio alvo,
que é explorado e expresso com os elementos fornecidos pelo domínio fonte. Lakoff e
Johnson (1980) expõem três categorias de metáforas conceptuais: as estruturais, as
orientacionais e as ontológicas.
A metáfora estrutural ocorre quando um domínio conceptual alvo é estruturado
com
base no domínio conceptual fonte.
• Você deve administrar bem o seu tempo.
• Estou desperdiçando meu tempo contigo
As metáforas orientacionais implicam a organização de conceitos pela
relação que estabelecem entre si e partem da experiência corporal, física sobre o
espaço. Alguns exemplos dessas relações de orientações espaciais são: em cima, em
baixo, dentro, fora etc.
• Estou me sentindo para cima hoje.
• Meu astral subiu.
As metáforas ontológicas baseiam-se em nossa experiência com objetos ou
substâncias físicas, através das quais lidamos com noções abstratas, ou seja, as
experiências são concebidas em termos de objetos, substâncias e recipiente de um
modo geral sem especificar exatamente que tipo de objeto, substância ou recipiente
está sendo significado (Kövecses, 2002). Um bom exemplo é a metáfora:
INFLAÇÃO É UMA ENTIDADE.
• A inflação destruiu o nosso poder de compra.
• Domamos a inflação.
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2 – Em torno do mito
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3- O Experiencialismo
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estratégia de comunicação limitada, pois, nestes livros, trata-se de uma luta em que o
vírus quase sempre é o vencedor.
Os livros didáticos analisados pelas autoras optam pelas dimensões bélicas para
estruturar o modelo e o funcionamento do HIV/Aids, deixam de lado a idéia de
interação dos textos científicos com o leitor, o que se coaduna com o postulado de que
“a essência da metáfora é compreender e experienciar uma coisa em termos de outra”
(Lakoff & Johnson, 2002). Logo, as metáforas permitem atribuir sentido às nossas
experiências e as expressões metafóricas são mudadas para adequar o modelo elaborado
pelos cientistas ao modelo pedagógico e dele obter adesão dos alunos e do professor na
situação de ensino (Contenças,
1999).
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Considerações finais
Como dissemos no início desse artigo, o tema metáfora vem sendo enfocado já
muito, evidentemente nem sempre de forma contígua, mas mesmo os reveses, ou por
causa deles, esse elemento vem se robustecendo de aspectos que lhe configuram como
sendo um fenômeno amplíssimo de aplicação e finalidade.
Quer nos estudos clássicos sobre a retórica, no objetivismo, subjetivismo ou
experiencialismo, a metáfora vem se fazendo observar e aplicar recursivamente devido à
naturalidade com que ela é aplicada nos discurso mais variado, demonstrando-se como
elemento cognitivo compreensível e aplicável no cotidiano de qualquer enunciador,
conforme observamos neste artigo.
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Referências
BLACK, M., 1962. Models and Metaphors: Studies in Language and Philosophy. Ithaca, New York:
Cornell University Press.
HASKELL, R. E. Gianbatista and the discovery of metaphoric cognition. In: HASKELL, R. E. (Ed.).
Cognition and symbolic structures: the psychology of metaphoric transformation. Ablex: Norwood, 1987.
KOVECSES, Z. Metaphor: A Practical Introduction, Oxford University Press, 2002.
LAKOFF, G.; JONHNSON, M. Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago
Press, 1980.
RICOEUR, P. (1975). A metáfora viva. Porto, Portugal: Rês Editora