À Deus por me haver concedido o dom da vida e me haver permitido
chegar à conclusão deste trabalho.
Aos meus pais , Joaquim Ferreira do Nascimento e Alzira do Nascimento
(in memoriam) que na trajetória de vida souberam acreditar no potencial dos seus filhos.
Aos meus filhos Diógenes, Diêgina, e Diogo por haverem compreendido os
momentos de ausência em prol da minha caminhada acadêmica
À colega Taciana T. Albuquerque, como apoio na elaboração deste estudo
monografia. À minha orientadora , Profª Maria do Rosário Sáles. Capítulo 1 – Resgate do Conhecimento
A Aprendizagem dos conceitos científicos
A ciência está no cotidiano do aluno de qualquer idade, criança ou adulto,
de qualquer classe social, pois está na cultura , na tecnologia , nos modos de pensar da sociedade de nossos dias. Toda criança detém , então um conhecimento que está contido na teoria científica. Este conhecimento é, todavia, fragmentado e o aluno deverá ser levado, pela ação do professor(a) a superar essa visão fragmentada para chegar a compreensão do conhecimento formal ou seja, o que o aluno já sabe , deve ser necessariamente articulado com o conceito científico que se lhe pretende ensinar. A ação de construir conhecimento na escola envolve a educação , o educador e o conhecimento formalmente organizado. Esta ação , todavia, insere-se no contexto sócio cultural , uma vez que a escola não existe como instituição independente. Inserida no tecido social , a escola tem uma dimensão política que reflete na dinâmica de sala de aula e evidentemente na formação do ser humano. É um equívoco considerar o aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como desenvolvimento intelectual. A construção do conhecimento envolve a emoção e por ser uma ação social, implica trocas efetivas . (Lima, Elvira Souza – Desenvolvimento e aprendizagem na Escola – aspectos culturais , neurológicos e psicológicos , Editora Sobradinho 107,1998 O aluno constitui conhecimento por meios de estratégias específicas que se modificam inclusive , em função de conteúdos aprendidos . Para que o conhecimento seja formado , há duas condições necessárias. Primeiramente, que a nova informação seja possível de ser compreendida pela criança , ou seja, precisa haver uma ligação possível entre aquilo que a criança já tem na memória e o que ela vai aprender. Em segundo lugar , que se estabeleça uma relação ativa da criança com o conteúdo a ser aprendido de forma que os conteúdos sejam organizados e integrados ao acervo de conhecimentos de que ela dispõe em sua memória.
As vivências na escola e fora dela são constituídas por ações e
interações que configuram, todas elas, o desenvolvimento da criança. Não cabe assim, o desenvolvimento da criança. Não cabe , assim, falar de experiência extra-escolar e da experiência escolar como antagônicas na formação da pessoa. É equivocado , pois , a posição que supõe que o educando-aluno na instituição e criança fora dela em casa, na turma da rua ou da igreja, na família , desenvolva processos independentes em cada uma das situações . A questão relevante que se coloca é compreender como essas experiências se organizam no desenvolvimento da personalidade , e da identidade na constituição do novo conhecimento.
Quando a criança entra na instituição educativa, sua experiência
ali e o que lhe é ensinado torna-se constitutivo de sua pessoa. Modificando-a continuamente. A aprendizagem é um processo múltiplo , isto é, a criança utiliza estratégias diversas para aprender, com variações de acordo com o período de desenvolvimento. Desta forma , todas as estratégias são importantes e não são mutuamente exclusivas. Podemos dizer que existem algumas estratégias que são importantes durante toda infância , como observar, imitar e desenhar. Registrar, levantar hipóteses sobre os fatos e as coisas e testá-las , são atividades que a escola pode desenvolver na criança a partir dessas estratégias. Somente as situações que de modo específico, problematizam o conhecimento levam a aprendizagem. Não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala de aula. Portanto, que promove a aprendizagem. Toda atividade que aí se de a criança , precisa ter uma interação clara, isto é, o objetivo precisa estar explicitado para o professor e para o aluno.
Para que ocorra a aprendizagem é necessário retomar-se o
conteúdo em momentos diferentes , pois o domínio de um conteúdo dar- se ao longo do tempo. Trabalhar muitas vezes o mesmo conteúdo , de formas diferentes , promove a ampliação progressiva dos conceitos.
O conhecimento atual sobre o desenvolvimento da criança e do
jovem nos leva a ampliar a concepção de currículo vigente: currículos são os conteúdos, as informações e as atividades humanas a partir das quais se formam novas memórias. Essas novas memórias servirão de suporte para a aquisição de conhecimentos posteriores , assim como problemas na vida cotidiana. (Adaptado de Neurociências e Aprendizagem , LIMA, Elvira Souza)
O desenvolvimento da função simbólica no ser humano é de
extrema importância , uma vez que é no exercício desta função que o ser humano pode construir significados e acumular conhecimentos. (Fonte: Memória e Imaginação , Elvira Souza Lima , Editora Sobradinho 107, 2006)
Uma questão que ainda parece está posta é: deve-se ou não
ensinar a ler e escrever na Educação Infantil?
Se isso ainda é uma questão talvez seja porque ela está mal formulada. Quem sabe a pergunta deveria ser: deve-se ou não aprender a ler e escrever na Educação Infantil?
Essa diferença faz sentido quando concebemos a alfabetização
como um processo no qual o aprendiz vai construindo e reconstruindo suas idéias sobre o sistema de escrita . Um longo processo que não ocorre só na escola , mas também na vida e no mundo, pois a escrita está por toda a parte no meio urbano; Portanto, desse ponto de vista, aprender ou não a ler e escrever na Educação Infantil passa a ter um significado muito diferente. Passa a significar não só a ter acesso a informação sobre a escrita dentro de situações de aprendizagem intencionalmente planejadas pela professora para ajudar a criança a avançar em seu processo de alfabetização , mas também ter ou não oportunidade de participar, de alguma forma , de práticas sociais , mediadas pela escrita. Mas que aprende e quem não aprende a ler e escrever na Educação Infantil? Os filhos da classe média e alta aprendem a ler na Educação Infantil. Sempre aprenderam.
Quando são ensinados , como atualmente e mesmo quando não
eram ensinados , como antigamente (aprender aqui, não significa passar diretamente de um estado de analfabeto para um de alfabetizado). Por que? Porque vivem imersos em um cotidiano cheio do que chamamos hoje de eventos de cultura escrita. Uma família de classe média, mesmo quando não composta por leitores de livros , realiza uma grande prática quantidade de práticas realizadas pela escrita: vive e circula em lugares que têm placas com nomes da rua (e as crianças observam os adultos utilizando essas informações e são freqüentemente as beneficiarias delas). As crianças de classe média costumam receber informações sobre como seu nome é escrito (em letra de forma) e , frequentemente , os dos pais e irmãos. Recebem jogos com letras para brincar, possuem livros de histórias mesmo que não saibam ler e , principalmente, costumam ter adultos que lêem para elas. E agora , além de tudo isso, crianças cada vez menores têm acesso ao computador e , principalmente , ao processador de textos.
Os pais que garantem todas essas oportunidades não estão ,
com isso, se propondo a ensinar nada. Essas práticas fazem parte , do mundo onde elas vivem: o mundo letrado. Um mundo que maior parte das escolas públicas de Educação Infantil , não deixa entrar (ou tenta substituir por uma caricatura das práticas tradicionais de cópia e memorização de padrões silábicos, práticas que são e continuam sendo hegemônicas na escola fundamental).
Também não se trata de adiantar a escolarização, de trazer para
a Educação Infantil as práticas do ensino fundamental. Os espanhóis dizem que “La letra consangre entra” e este parece um bom retrato da alfabetização que se faz na maioria das classes de 1ª série : mecânica e sem sentido, uma tortura para as crianças ativas e reflexivas. Ninguém em sã consciência propia trazer isso para a Educação Infantil.
O contato das crianças tanto com a escrita quanto com a
linguagem que se usa para escrever (que é um direito de todas as crianças , embora só as das camadas mais abastadas da sociedade o usufruam) não precisa e não deve ser, nem de longe, semelhante ao “ba-be-bi-bo-bu” das 1ª´s séries. E os textos que vamos oferecer a elas não precisam nem devem se parecer em nada com os pseudo-textos , os “Ivo viu a uva” das cartilhas. O que precisamos compreender é que o processo de alfabetização é longo, e começa assim que a criança se encontra com material impresso , desde que alguém diga a ela o que está escrito. E que a maioria das crianças que estão na escola pública depende quase exclusivamente das oportunidades escolares para ter acesso ao mundo da cultura escrita. Esse acesso tem um papel decisivo em suas possibilidades de sucesso escolar. É preciso deixar claro que fazer entrar na língua escrita na Educação Infantil não significa propor uma linha de educação compensatória. Todas as crianças , ricas ou pobres, têm direito a aprender tanto o sistema alfabético da escrita em português como a linguagem escrita, que chamamos da acesso desde cedo, que é usada para escrever vai bem além da reflexão sobre o modo de funcionamento do sistema de escrita , ao chegar á escrita alfabética. A leitura diária de histórias pela professora e o contato sistemático com o material impresso fazem uma diferença significativa no desenvolvimento da competência leitora e escrita dos alunos . Trazer para dentro da escola as práticas sociais de leitura que existem nas famílias sociais de leitura que existem nas famílias letradas pode fazer uma enorme diferença. (FERREIRO, Emília e Teberosky , Ana – Psicogênese da Língua Escrita – Porto Alegre: ARTMED,1980