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Tertuliando

| Fanzine da Casa Comum das Tertúlias | http://fanzinetertuliando.blogspot.com |


Fundador e director_Luís Norberto Lourenço | Edições Casa Comum das Tertúlias
Agosto 07 | nº 6

Concerto dos
“Ventos da
Líria”

Clube de Castelo,
“Feira do Livro
Regional da Beira
Baixa | 4-8 /10/06
org. CCT e
Clube de Castelo Branco

02 | Resumo das Tertúlias (da 91º à 105º de 103)


pág

03 | Editorial_ “Nem Oásis, nem deserto”


pág

por Luís Norberto Lourenço

“Uma forma de comer há milénios antes de Cristo”


04 | por António Carlos Almeida
pág

07 | “Leitores de Camilo”
por Eng. Manuel Lopes Dias
pág

08 | Agenda Tertuliana e Campo da Poesia


Poema: “A Arte e, o Poder” por Henrique Líber
pág

Tertúlia: apresentação do livro “A formação da


Tertúlia: “A
sociedade liberal”|Cybercentro de Castelo Branco |
interculturalida
18/11/06| apoioCEHCP do ISCTE, com_Benedicta
de em museus”
Duque Vieira,Miriam Halpern Pereira, Luísa T.
|Museu
Oliveira e Cecília Vaz.
F.Tavares
Proença Jr.,
Castelo
Branco|10/03/07|
apoio SAMFTPJ,
com_ Isabel
Victor_
Dir.Mus.Trabalho
Michel
Giacometti de Exposição de Cerâmica e
Setúbal,Lúcia Escultura"Obras de
Alegrias e Mª M. 3.ºFogo" de João Alaiz |
Cardoso do 19/04/ 04 a 15/01/05 | CCT |
MTMGS Penamacor.
Tertuliando Fanzine da Casa Comum das Tertúlias
91. APRESENT. LIVRO DE POESIA “LUMINOSO NINGUÉM” DE PEDRO LÚCIO e APRES. REV.
PALAVRA EM MUTAÇÃO (N.º 3), B. M. Penamacor, 22 Setembro 2003, 21h

92. EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA “REFLEXOS” DE NUNO MARQUES, CCAC, Penamacor, 4 a 17 de


Outubro de 2003

93. APRESENTAÇÃO DO MAGAZINE ARTES, n.º 11 (OUT/2003), com Pedro Teixeira Neves (dir.), 5
Outubro de 2003, 16h, AGE, CB

94. TERTÚLIA SOBRE O REFERENDO: A IMPORTÂNCIA DO REFERENDO. O REFERENDO AO NOVO


TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA, 5 de Novembro de 2003, 21h 30m, Bibl. Mun. Aquilino Ribeiro, Vila
Nova de Paiva

95. EDUCAÇÃO, CULTURA, LITERATURA E MÚSICA DA LUSOFONIA, com: Prof. Dr. Pires Laranjeira e
Prof. Marco Tureta, com lançamento do CD “Cadeia Alimentar” de Marco Tureta, 8 de Novembro de 2003,
Resumo das tertúlias da 91.ª à 105.ª de 130

21h 30m, E.S.E. Castelo Branco

96. A POESIA E OS CONTOS DE TELMO, 14 de Novembro de 2003, 21h 30m, AGE, CB

97. TERTÚLIA SOBRE O REFERENDO: A IMPORTÂNCIA DO REFERENDO. O REFERENDO AO NOVO


TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA, com Dr. Guilherme Afonso (Advogado), 28 de Novembro de 2003,
21h 30m, AGE, CB

98. TERTÚLIA SOBRE A POLÍTICA, 12 de Dezembro de 2003, 21h 30m, AGE, CB

99. EXPOSIÇÃO DE ARTES DECORATIVAS DE TELMO, Bibl. Mun. Aquilino Ribeiro, V. N. Paiva,
4/Dez/2003 a 2/Jan/2004

100. TERTÚLIA SOBRE A ADOPÇÃO À LUZ DA NOVA LEI, 15 de Janeiro de 2004, 21h 30m, café Canecão,
V. N. Paiva.

101. TERTÚLIA SOBRE A IMIGRAÇÃO: A QUEM SERVE A CLANDESTINIDADE? Com: Carlos Vieira e
Castro (Olho Vivo), Isabel Bordalo (Dir. J. do Centro) e Sergei Vovk (imigr. ucraniano), 28 de Janeiro de
2004, 21h 30m, café Sátão (Sátão).

102. APRESENTAÇÃO DO LIVRO “IDEÁRIO POLÍTICO DUMA ELITE DE ESTADO. CORPO


DIPLOMÁTICO (1777/1793)”, do Prof. Dr. Júlio J. da C. Rodrigues da Silva (Doutor em História e
Teoria das Ideias, pela FCSH da U. N. Lisboa), c/ o autor, 28 de Fevereiro de 2004, 21h, B. M.
Penamacor.

103. Tertúlia "CENTRO SANITARIO TRANSFRONTERIZO", c/: Dr. Jose M. Francia, Dr. Carlos Almeida e
Dr.ª Rita Moreira, Centro Cultural "El Porvenir", Cidade Rodrigo, 17 de Abril de 2004, 17h, org. Tertúlia
“Los Escudos IV” e Casa Comum das Tertúlias.

104. A 25 de Abril de 2004, organizamos com a Tertúlia “Los Escudos IV”, a TERTÚLIA “O 25 DE ABRIL
VISTO DE ESPANHA”, com Dr. JOAQUÍN MARTIN HERNÁNDEZ, Bibl. Mun. C. Branco, 15h, Comem.
30 anos da "Revolução dos Cravos".

105. EXPO. COL. PINTURA “MAIS UM (ES)PASSO”, DE RICARDO LOURENÇO E DE VICTOR


LOURENÇO, Casa Comum das Tertúlias (CCT), Penamacor, 15 de Agosto a 15 de Setembro de 2004.
| Agosto 07 | nº 6

Tertuliando_ Fanzine da Casa Comum das Tertúlias


Fundador e Director_ Luís Norberto Lourenço (e-mail: luis.lourenco@portugalmail.pt)
Colaboradores_ António Jacinto Pascoal, Lopes Marcelo, Magda Nisa, Nuno Alexandre Barbosa, Carlos
Casaquinha, João Nery, Jorge Manuel Costa, Hernâni Cajado, Ana Fonseca, John Smith, Vera Lúcia Sousa,
Maria João Capelo, Fernanda Mateus, Bruno Matos e Nilson Medina
Paginação e grafismo_ John Smith
Propriedade_ Luís Norberto Lourenço
Edição_ Edições Casa Comum das Tertúlias (e-mail: casa_comum_tertulias@portugalmail.pt)
Impressão_ CyberCentro de Castelo Branco
Ficha Técnica

Gráfica_ Andreia Roque


Periodicidade_ mensal
Tiragem deste nº_ 200 exemplares
Publicidade_ Tlf.966417233
Sítio_ http://casacomumdastertulias5out2001.planetaclix.pt
Blogs_ http://republicalaica.blogspot.com
http://cctertulias.blogs.sapo.pt

02
http://casacomumdastertulias.blogspot.com
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http://fanzinetertuliando.blogspot.com
Fanzine da Casa Comum das Tertúlias Tertuliando
Luís Norberto Lourenço

Editorial
Durante estes meses que se passaram sem
edição da fanzine várias tertúlias e outras iniciativas
se realizaram, de algumas delas se dará conta com
“Nem oásis, fotos das iniciativas: sumariamente: uma visita

nem deserto” cultural a Setúbal, uma tertúlia sobre jogos


populares infantis, a tertúlia sobre leitores de
Neste regresso às lides “fanzínicas” da Casa Camilo, tertúlia sobre a interculturalidade em
Comum das Tertúlias, oferecemos aos nossos leitores e museus, a apresentação do livro “A Formação da
tertulianos, textos de novos colaboradores. A versão blog Sociedade Liberal” e a apresentação de dois livros
do “Tertuliando – Fanzine da Casa Comum das de poemas de Isabel Agos.
Tertúlias”, tem estado activa e vem sendo actualizada, Em Outubro (ver pág. 8), jornada tertuliana
não constrangida por outros factores que não o mero em Salamanca, numa organização conjunta, a 5.ª,
tempo disponível para a actualizar e a possibilidade de ter com a Tertulia Rona Dalba" (ex-Escudos IV) de
acesso à Internet. Salamanca e com o Ateneo de Salamanca.
Neste período de “travessia no deserto” (a ironia Alguns agradecimentos: ao Cybercentro de
aqui ganha uma nova dimensão), não estivemos parados: Castelo Branco que imprime, apoia graficamente
aprendemos (e esquecemos porventura outro tanto), esta publicação e nos tem cedido o seu espaço para
organizámos tertúlias e visitas culturais, fizemos novos várias iniciativas, à Câmara Municipal de Castelo
contactos, estabelecemos novas pontes culturais e Branco pela cedência de espaços municipais para
fizemos novos amigos tertulianos. iniciativas, tais como: a Biblioteca Municipal de
O Dr. António Carlos Almeida, Licenciado em Castelo Branco, à Junta de Freguesia de Castelo
História, apaixonado pelo Egipto, envia-nos desde Branco, pelo apoio a esta publicação e à Feira do
Setúbal um texto sobre alimentação no Egipto Antigo que Livro Regional da Beira Baixa, ao Clube de Castelo
aqui publicamos. Será nosso convidado numa próxima Branco que connosco organizou aquela Feira, à
tertúlia. Câmara Municipal de Proença-a-Nova pelo apoio
O Eng. António Manuel Lopes Dias, Engenheiro igualmente à Feira, ao Museu do Trabalho Michel
Agrónomo, homem de grande cultura, um camiliano, foi Giacometti de Setúbal, à Sociedade dos Amigos do
nessa qualidade nosso convidado para a tertúlia “Leitores Museu de Francisco de Tavares Proença Júnior, co-
de Camilo”. São as conclusões dessa tertúlia que aqui organizador da visita cultural a Setúbal.
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publicamos. Pela Cultura e pela Cidadania.
No Campo da Poesia, publicamos mais alguns Por Castelo Branco.
poemas, o poeta Henrique Líber foi o escolhido.
Do nosso Arquivo Tertuliano damos a conhecer
mais algumas fotografias das nossas iniciativas, bem
como imagens digitalizadas de notícias sobre nós. Aqui se
publicam também as capas de algumas publicações por
nós apresentadas, bem como outras de tertúlias amigas,
como a capa do n.º 7 da revista “La Tertúlia”, uma edição

03
da “Tertulia Rona Dalba”.
pág
Tertuliando Fanzine da Casa Comum das Tertúlias
Há muito, muito tempo, ainda era uma António Carlos Almeida
criança costumavam-me contar histórias à mesa
para me distraírem. Dessas histórias ficou a
Uma forma de comer há
curiosidade desses tempos e de imaginar o que milénios antes de Cristo
no passado os povos da Antiguidade Oriental,
nomeadamente os egípcios podiam comer. As cheias do Nilo eram meninas caprichosas pois eram
A nossa história de hoje centra-se elas que transformavam a economia do Egipto num
simplesmente nos seus hábitos alimentares, já período de estabilidade ou crise financeira. Dali nasciam
que de uma certa maneira podemos retirar as colheitas de trigo e cevada que se transformavam em
informações a partir deles, os seus costumes, a alimentos base desta civilização: O pão e a cerveja que
altura em que cultivavam determinados era necessário estarem frescos, mas podiam ser
alimentos, que posição determinadas carnes incluídos em diferentes ingredientes como demonstram
tinham nalgumas classes sociais e de que forma a cenas tumulares. Essas cenas incluíam cenas desde a
elas podiam transmitir esse mesmo poder. tritura do trigo num pilão onde os operários separavam o
Por isso o caminho que iremos fazer hoje grão, peneiravam-no e moíam-no. Depois basta
irá permitir-nos conhecer um pouco melhor estes imaginá-lo a fumegar a dar entrada numa mesa egípcia
homens e mulheres, de que forma eles com figos ou ainda aromatizados com grão de joio. E a
representavam essas iguarias nos seus túmulos cerveja?
para os fazerem acompanhar na outra vida. Tal como o pão, a cerveja devia manter-se
É que aqui a morte não combina com a sempre fresca e sempre pronta a ser servida em
tristeza que lhe é habitual, mas sim um simples qualquer recepção, os últimos avanços da ciência
intervalo onde ela pode ser equivalente aquilo arqueológica descobriram-se restos de figos, tremoços,
que ela podia ter tido na sua vida. Assim sementes de gergelim e mel. No entanto as imagens não
conseguimos ver representações de figuras nos dão qualquer indicação sobre o seu processo de
esculpidas ou pintadas que foram encontradas fabrico, mas sobre as diferentes etapas da elaboração
nas estelas, e na mesa de oferendas junto aos da cerveja. Ela não só fazia parte da mesa dos vivos,
túmulos. A comida podia estabelecer uma série como também dos mortos que a população acreditava
de emoções entre pessoas e isso pode ver-se que se continuavam a alimentar, foi através dessas
nalguns exemplares que esses túmulos contêm oferendas que podemos ouvir o seu testemunho. Um
até hoje. Basta lembrarmo-nos de algumas testemunho que serviu de base à ciência que nos
personagens da literatura, em que a comida era permitiu construir aquilo que as diferentes classes
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uma forma de comunicar e exercitar os podiam comer no seu dia-a-dia. Percebemos então que
sentimentos que podiam falar por si,mas as pão e cerveja eram a base da alimentação, pão e cerveja
imagens e as provas científicas através de restos eram a base da alimentação, e eram também a moeda
de comida podem fazer-nos chegar até a esses com que pagavam a todos os trabalhadores. Na
momentos inesquecíveis da história do Antigo realidade trigo e cevada para que pudessem elaborar a
Egipto. sua dieta alimentar. Ali estava o trigo como base desse
A nossa história começou há mais de três mesmo regime mas podiam acrescentar um
mil anos nas margens do rio Nilo, onde era aí que determinado número de verduras e legumes, tais como
começava tudo. Heródoto disse com razão de lentilhas, favas, queijo e sobretudo diversos tipos de

04 que o Nilo é um dom do Egipto. peixe.


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Fanzine da Casa Comum das Tertúlias Tertuliando
Entre estes estavam os siluros, carpas, percas, Os egípcios combinavam vários ingredientes
tilápios, ou ainda as tainhas, um peixe bastante para dar sabor, designadamente o alho com a cebola,
apreciado pelas suas ovas com que se fazia o a salsa, o aipo e os coentros. Os egípcios também
poutargue, ou ainda o peixe-gato, os barbos e as secavam, salgavam, prensavam e fumavam as carnes
enguias. Depois de ser pescado, o peixe era para expulsar a água dos tecidos. As gorduras animais
submetido a diversos tratamentos, sendo eram usadas quer na cozinha, quer nas receitas
preparado para ser consumido fresco ou médicas. Mas o leite e os seus derivados tinham um
conservado durante muito tempo. Desde quando papel fundamental na alimentação, já que este
era pescado até ser cozinhado o peixe era produto era essencial nas oferendas, não sendo
submetido a diversas operações. Escamado, frequentemente usado na cozinha para confeccionar
abria-se e limpava-se, tudo isto era feito sempre pratos. Para além disso sabe-se que os egípcios
nos locais próximos da pescaria. Depois de seco consumiam ovos de pata e de ganso.
ao sol era arrumado dentro de vasos onde se A carne era grelhada fora de casa, de
alternava camadas de peixe com camadas de sal, preferência num assador virado a Sul para evitar que o
que fazia com que este perdesse a água. O peixe fumo entrasse dentro de casa. Dentro das cozinhas
era a principal fonte de proteína. Era cozinhado deviam apenas existir pequenos compartimentos para
principalmente grelhado, assado. o fabrico diário do pão e da cerveja, já que estes
As carnes não eram consumidas por deviam estar sempre frescos.
qualquer bolsa, e apenas se podiam comer em Já que a população não tinha acesso à carne
dias de festa. Esta só era consumida após a regularmente, consumia verduras e legumes. A fruta
redistribuição feita pelos sacerdotes na era considerado um produto de luxo. Dos frutos
consagração de oferendas e doações, mas era podemos considerar os figos, jubaba e a tâmara que
muito apreciada. Cozinhava-se a carne da vaca, eram usados para adoçar os bolos, e também
cabra, ovelha e porco, embora este não fosse fabricavam vinhos à base das frutas, nomeadamente
consumido pelos sacerdotes. No consumo da romãs, figos e tâmaras.
carne temos três figuras extremamente No caso dos doces descobrimos umas
importantes: o faraó, a família real e as instituições bolachas feitas de uma massa chufa, retirada a partir
religiosas. Quando chegava a mesa o boi tinha já da planta do papiro. As bolachas eram usadas na sua
esquartejado desde que fora abatido. maioria para o culto religioso. As imagens encontradas
Para além das carnes mencionadas, eram confirmam as nossas suspeitas, ao revelarem vasilhas
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também consumidos antílopes, gazelas, ratos e de madeira contendo uma enorme quantidade de
hienas. Surgem ainda as aves: gansos, patos, massa de chufa. Havia dois tipos de bolachas: uma
codornizes, perdizes e pássaros aquáticos. com polpa de chufa frita e outra à base de tâmaras e
As formas de cozinhar as carnes eram mel. Ainda neste percurso descobrimos que os
diversificadas, já que estas eram preparadas fora doceiros fabricavam também remédios para combater
dos edifícios em locais ao ar livre para não encher a tosse.
as casas de fumo. Assim as carnes eram assadas Quanto a esta história ainda falta acrescentar
ou grelhadas (sendo esta última forma a mais que as horas das refeições eram extremamente
apreciada). O boi raramente era cozinhado inteiro, importantes para o bom funcionamento da população.
chegando sempre à mesa em partes, como
referimos.
05
pág
Tertuliando Fanzine da Casa Comum das Tertúlias
Faziam-se três refeições por dia, uma antes de estabelecido pela sua hierarquia que se podia verificar
saírem para o trabalho, uma ao meio-dia quando pelas profissões especializadas que cada indivíduo
faziam uma pausa no trabalho e uma à noite já em tinha abraçado desde a mais tenra idade.
casa, altura a que davam maior valor, “punham a Assim cervejeiros, padeiros, doceiros,
conversa em dia”, também era a altura escolhida açougueiros, jardineiros e membros do clero
para as recepções e consoante as posses recebiam trabalhavam para que a sua comida fosse bem
os seus convidados numa sala apropriada a estes distribuída. A cada um deles a forma de ser e de estar
eventos. Era à entrada que os anfitriões recebiam os contribuiu para compreender melhor um pouco a
seus convidados, não se esquecendo de nada, história de um povo que tinha um enorme prazer
desde a decoração à posição hierárquica dos naquilo que comia. Dessa forma eles acreditavam que
convidados que se sentavam homens de um lado e a morte era uma continuação da vida e que poderiam
mulheres de outro. A esta refeição chamavam os oferecer aos seus entes queridos alimentos que lhes
egípcios "mesyt". Já as cenas que habitualmente permitissem viver na Duat tal como viveram em vida.
vemos nas imagens sobre banquetes não nos Mas a história da alimentação dos antigos egípcios não
deixam perceber de que forma os egípcios comiam, termina aqui. Ela pode ser continuada por cada um de
apenas vemos as suas mãos que não tocavam na nós em cada uma das imagens encontradas pela
comida que desaparecia, apenas os vemos, na arqueologia que permitem ter uma visão completa
maioria das vezes, a beberem. Assim o mistério dessa experiência única e maravilhosa que é comer.
torna-se o essencial na nossa história para que Comer torna-se então não só uma experiência cultural
possamos construir um modelo alimentar ou fazer como histórica. Comer no Antigo Egipto era afinal uma
um tratado de cozinha. experiência cultural, social e iconográfica. As imagens
Sabemos que as receitas egípcias não eram representadas nos túmulos dão-nos uma visão dos
complicadas e eram bastante fáceis de executar, gostos dos Antigos Egípcios e do modo como eles
algumas delas correspondem a um tipo de dieta rico preparavam os seus alimentos. Cabe a cada um de nós
e diversificado para uma alimentação saudável. Mas ter uma experiência dessas na próxima vez que
sabemos também que existia na moral uma série de entrarmos num desses túmulos. Porque a história da
preceitos que os faziam saber estar à mesa quando alimentação está toda aí à espera de quem a escreva.
estavam na casa de um superior hierárquico. A
religião também impunha as suas normas já que se bibliografia_Nathalie Baum, “Alimentation – Egytpe”, in: Historia –
estabelecia que tipo de animais se podiam comer Thematique, nº97 – Sep./Oct., Pierre Baron (dir.), pp. 11-12 | Edda
em função dos cultos. Bresciani, “Alimentos e bebidas no Antigo Egipto”, in: J.L Flandrin,
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Não chegou até nós qualquer registo sobre a M. Monatnari (dir.), História da Alimentação, Vol. 1, 1998 |
culinária egípcia, apenas as informações dispersas M.ª Helena Trindade Lopes, O Egipto Faraónico – Guia de estudo,
em imagens, em escritos, ou relevos esculpidos e Ed. Assoc. Port. Egiptologia, 2003, pp. 48, 49| Idem, «Os prazeres
que nos permitem isso sim, fazer avançar no Antigo Egipto», in: Estudos Orientais, nº 9, M.ª Helena Trindade
algumashipóteses. Lopes (dir. e coord.), Inst. Oriental da U. Nova de Lisboa (2006),

Nesta história da alimentação podemos pp.17-18 | Pierre Tallet, História faraônica – A alimentação no Egito
observar que para além de comerem, os antigos antigo, Ed Senac, trad. Olga Cafalchio | Elsa C. C. Rêgo, As
egípcios também forneciam alimentos para deuses Mesas de oferenda do império médio (Dissertação de Mestrado em
e os seus antepassados. A alimentação História das Civilizações Pré-Clássicas), 1996 [policopiado]

06
pág

correspondia também a um convívio social


Fanzine da Casa Comum das Tertúlias Tertuliando
Eng. Manuel Lopes Dias Não há páginas em vernáculo com a
beleza e a economia de palavras deste grande
escritor.
“Leitores de Camilo” Depois foram mostradas várias edições
A Casa Comum das Tertúlias, dirigida por Luís primeiras de Camilo e lidos excertos de vários
Lourenço, convidou-me para falar sobre Camilo C. livros do escritor e de estudos sobre o escritor.
Branco. Leio Camilo, há mais de 40 anos, a quem
considero um génio. Tenho uma colecção de Camilo e Nota:
Camiliana com mais de quinhentos volumes que no seu O Eng.º António Manuel Lopes Dias, enviou-nos a nosso
núcleo central tem mais de sessenta primeiras e pedido um manuscrito que transcrevemos e agora
segundas edições do Mestre. passámos a divulgar. O autor deste texto foi nosso

Do espólio Camiliano tem trezentos e poucos convidado para a última tertúlia, intitulada “Leitores de
livros do torturado de Ceide e duzentos e poucos sobre o Camilo”, realizada no Cybercentro de Castelo Branco, a 5
grande escritor, a maior parte dos melhores escritores de Maio de 2007, pelas 16h, numa organização da Casa
portugueses desde a segunda metade do séc. XIX. Comum das Tertúlias e com moderação de Luís Norberto

Depois duma introdução rápida sobre o escritor Lourenço.


e sobre a sua vida, em que abordei as facetas mais
salientes da “floresta” extraordinária de todas as suas
publicações, desde a novela ao artigo de jornal, da
poesia ao teatro, da epistolografia fabulosa até às
disputas literárias, todas elas com bom senso e bom
gosto. A sua vida trágica, tão trágica, que ainda foi
possível muitas vezes fazer alegrias no meio de tanta
tristeza e tantas dificuldades económicas. Num século
dezanove, que entre nós, ter leitores acima de dez
centenas era preciso ser um génio como Camilo. 126.ª Iniciativa – Tertúlia “Jogos populares
infantis”, com: José Luís A. Pires e Cláudia Cravo
Outra faceta extraordinária era o conhecimento Jorge, Biblioteca Municipal de Castelo Branco,
15/09/06, 21h 30m, org. CCT.
que tinha dos portugueses que viviam no campo, nas
aldeias, nas quintas, nas pequenas parcelas do nosso
país, além dos meios urbanos onde também gostava de
| Agosto 07 | nº 6
frequentar e de viver, nomeadamente o meio portuense,
o português profundo está belissimamente descrito em
Camilo e quem o lê entende o seu concidadão com mais
facilidade.
Temos pena que este homem tivesse que
escrever em “sprint” pois o dinheiro escasseava sempre
e afligia-o constantemente. O que lhe valia era a sua
125.ª Iniciativa – Tertúlia “Apresentação dos
perfeição para escrever para não perder tempo a livros de poesia 'Kupapata dos sentidos' e
emendar tudo aquilo que produzia. Camilo ainda seria 'Quase poemas' de Isabel Agos”, da Papiro
Editora, por Lopes Marcelo, Cybercentro de
maior do que foi, se tivesse, uma economia estável, que Castelo Branco, 8/07/06, org. CCT
lhe permitisse escrever devagar.
07
pág
Dia 4 - 21h 30m Dia 5 - 21h 30m
Concerto com Paulo Sanches Concerto com Paulo Sanches
Programa: Poemas musicados de Fernando Programa: Poemas musicados de Fernando

Agosto
Pessoa Pessoa Ambienta Café
Biblioteca Municipal de Portalegre Apoio: Ambienta Café
Apoio: Biblioteca Municipal de Portalegre

5.ª iniciativa conjunta com a "Tertulia Rona


Dalba" (ex-Escudos IV) e o Ateneo de
A ARTE E, O PODER [poema] * Salamanca, no Ateneo de Salamanca e no
Hotel Rona Dalba:

Para um poeta escrever,


Livre de convenções, 20 de Outubro de 2007 - 17h
Em inteira liberdade... Tertúlia: Apresentação do fanzine "Cadernos
Terá sempre que viver Ultra-Periféricos" (N.º 8)
Todo o caudal de emoções, Local: Hotel Rona Dalba
Sentido p`la sociedade! Com: arquitecto Vasco Câmara Pestana (ed.),
Pode ver no cristianismo do poeta Carlos Baptista. Edição Bilingue.
a ideia redentora;
Pode ver no comunismo, 20 de Outubro de 2007 - 19h30
a prática salvadora; Inauguração da Exposição de pintura
Ou, sei lá... preconizar, Mulheres da Beira: resistências de granito e
o direito de cantar, doçura de mel e rosmaninho, de Gabriela
A beleza de uma flor, Simões (20 de Outubro a 17 de Setembro de
2007)
Para exaltar a mulher
Local: Ateneo de Salamanca
Que o seu coração quer,
Com toda a força do amor!
Agenda Tertuliana

Só não pode, 20 de Outubro de 2007 - 20h 30m


é depender, Concerto com o “Quarteto Aeminium”
Da vontade de um poder;
Outubro

Programa: fado de Coimbra e baladas de José


Seja lá ele qual for! ... Afonso
Para oferecer à Local: Ateneo de Salamanca
cidade,
O fruto do seu talento,
Com inteira LIBERDADE!...
Sempre livre ... ...
Como o vento! ... ...

*Por: Henrique Líber [pseudónimo]

Publicado no:
http://fanzinetertuliando.blogspot.com

128.ª Iniciativa – Tertúlia:


apresentação do livro “A
formação da sociedade
liberal” | Cybercentro de
Castelo Branco | 18 /11/
2006 | organização CCT |
Apoio CEHCP do ISCTE |
Com a presença da autora,
Benedicta M. Duque Vieira
|Apresentado por: Miriam
Halpern Pereira, Luísa
Tiago de Oliveira, | Leituras
de Cecília Vaz e moderação
Luís N. Lourenço.

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