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Governador Valadares
2009
1
Governador Valadares
2009
2
Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Profª. Ms. Ana Carolina de Oliveira Martins Moura – Orientadora
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________
Profª. Andréia Eliane Silva Barbosa
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________
Profª. Patrícia Carvalho do Canto
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________
Profª. Patrícia Malta Pinto
Universidade Vale do Rio Doce
3
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus pela oportunidade e pelo privilégio que nos foi dado, o de
concluir este trabalho, por ter nos ajudado nesta conquista, ter estado conosco em
todos os momentos, e não ter deixado as dificuldades nos abalar.
Aos professores do curso que exigiram de nós a dedicação aos estudos e que nos
fizeram compreender o real valor do conhecimento não só para a realização
profissional mas também para a vida.
Aos nossos colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos
trabalhos e dificuldades e, principalmente, por estarem conosco nesta caminhada
tornando-a mais fácil e agradável, pelos momentos de aprendizagem constante e
pela amizade solidificada, que, certamente, se eternizará.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo estudar a vulnerabilidade dos idosos ao HIV/AIDS,
conhecer o perfil epidemiológico e a incidência do HIV/AIDS na terceira idade no
Brasil desde o ano de 1985 a 2008; com intuito de contribuir nas elaborações futuras
de medidas de prevenção ao HIV. Apesar da epidemia do HIV/AIDS estar inserida
em todas as camadas sociais, observa-se que tem havido aumento no número de
casos em idosos. Os idosos são o grupo populacional que mais cresce fazendo com
que hoje o envelhecimento seja considerado um proeminente fenômeno mundial.
Com o crescente aumento da expectativa de vida, das oportunidades sociais, da
disponibilização de medicamentos para disfunção erétil, tem impulsionado a vida
sexual do idoso, tornando estes vulneráveis a adquirir HIV/AIDS. Outro fator
importante que expõem esta população ao HIV/AIDS é a carência de informações
sobre a doença, o preconceito contra o uso de preservativos, diagnósticos tardios e
falta de ações preventivas voltadas para esse grupo como também falta de
capacitação profissional. O aumento no número de pessoas contaminadas por
HIV/AIDS em mais de 60 anos emerge como um grande desafio para o Brasil
exigindo o estabelecimento de políticas públicas e estratégias que possam garantir
qualidade de vida a essas pessoas. As estratégias para a prevenção do HIV/AIDS
são caracterizadas pela identificação dos comportamentos envolvidos na
transmissão destas doenças, análise das determinantes dos comportamentos nos
diferentes grupos sociais e intervenções comportamentais para induzir e manter as
alterações do comportamento. Os enormes progressos do conhecimento e da
técnica não esvaziaram os desafios da prevenção, uma vez que tais avanços não
chegaram a alterar substantivamente os determinantes da vulnerabilidade ao
HIV/AIDS da população da terceira idade. Faz-se necessário que a Enfermagem
desenvolva seu senso crítico, sistemático, holístico, reflexivo e humanizado. Dito de
outra forma há necessidade de se associar a teoria à prática, para transformar a
atividade em práxis, que vai validar o conhecimento. A metodologia utilizada foi uma
revisão sistemática da literatura, tendo como ferramenta norteadora, material já
publicado sobre o tema; livros, artigos científicos, publicações periódicas e materiais
na Internet disponíveis nos seguintes bancos de dados: DATA SUS, SCIELO,
MINISTÉRIO DA SAÚDE, BIREME. Conclui-se que o estudo identificou algumas das
evidências que levam os idosos a tornarem-se susceptíveis e vulneráveis ao
HIV/AIDS, tais como: carência de informações, preconceito ao uso de preservativos,
diagnósticos tardios, políticas de prevenção e capacitação profissional; podendo
este ser uma ferramenta útil para os profissionais de saúde repensarem a sua
prática e direcionarem investimentos nesta área do conhecimento.
ABSTRACT
This work aims to study the vulnerability of the elderly to HIV / AIDS, knowing the
epidemiological profile and the incidence of HIV / AIDS in the elderly in Brazil since
1985 to 2008, in order to contribute in future elaborations of preventive measures to
HIV. Despite the epidemic of HIV / AIDS be included in all social strata, it is observed
that there has been increase in the number of cases in the elderly. The elderly are
the group's fastest growing population causing aging today is considered a
preeminent worldwide phenomenon. With increasing life expectancy, social
opportunities, provision of drugs for erectile dysfunction, has driven the sex life of the
elderly, making them vulnerable to acquiring HIV / AIDS. Another important factor
that expose this population to HIV / AIDS is the lack of information about the disease,
the bias against the use of condoms, delayed diagnosis and lack of preventive
actions aimed at this group as well as lack of professional training. The increase in
the number of people infected by HIV / AIDS in more than 60 years emerged as a
major challenge for Brazil demanding the establishment of public policies and
strategies that can guarantee quality of life for these people. Strategies for prevention
of HIV / AIDS are characterized by identifying the behaviors involved in the
transmission of these diseases, analysis of the determinants of behavior in various
social and behavioral interventions to induce and maintain behavioral changes. The
enormous advances in knowledge and technology are not emptied the challenges of
prevention, since such advances not to significantly alter the determinants of
vulnerability to HIV / AIDS population of seniors. It is necessary that nursing develop
their critical thinking, systematic, holistic, reflective and humane. In other words there
is need to link theory with practice, to transform the activity in practice, which will
validate the knowledge. The methodology used was a systematic review, with the
guiding tool, material already published on the subject, books, papers, periodicals
and materials on the Internet available in the following databases: DATA SUS
SCIELO, MINISTRY OF HEALTH, BIREME. We conclude that the study identified
some of the evidence that lead the elderly to become susceptible and vulnerable to
HIV / AIDS, such as lack of information, bias towards condom use, delayed
diagnosis, prevention policies and professional training, may this is a useful tool for
health professionals to rethink their practice and directing investments in this area of
knowledge.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 9
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 11
2.1 AIDS NA ATUALIDADE................................................................................. 11
2.2 TERCEIRA IDADE......................................................................................... 15
2.3 SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE............................................................... 18
2.4 VULNERABILIDADE À AIDS NA TERCEIRA IDADE................................... 21
2.5 EVOLUÇÃO DA AIDS NA TERCEIRA IDADE.............................................. 24
2.6 MEDIDAS PREVENTIVAS............................................................................ 29
2.7 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA ENFERMAGEM............................ 32
3 METODOLOGIA.............................................................................................. 36
3.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................ 36
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS................................................................................................... 42
9
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
12400
12200
12000
11800
frequência
11600
> 60 anos de idade
11400
13 a 19 anos de idade
11200
11000
10800
10600
10400
rápido, mas, ocasionalmente, pode surgir um falso positivo. Por isso, caso o
resultado seja positivo, aconselha-se repetir o Elisa e, em seguida fazer o teste
Western Blot para que não restem quaisquer dúvidas. Por ser custoso e trabalhoso
esse último método só é utilizado como confirmatório dos resultados obtidos em
testes imunoenzimático (ELISA). Além disso, é mais sensível e define, com mais
precisão, a presença de anticorpos anti-HIV no sangue. Para sua realização utiliza
antígenos do HIV, obtidos em cultura de linhagem celular, separados
eletroforeticamente em bandas distintas, posteriormente transferida para membrana
de nitrocelulose. A reação ocorre entre antígenos em contato com os anticorpos,
presentes no soro ou no plasma de indivíduos infectados.
De acordo com Boundy et al. (2004) até o momento não existe cura para
a AIDS. Entretanto o tratamento inclui agentes retrovirais. Esses fármacos são
usados em diversas combinações e tem como função inibir a replicação viral do HIV.
Os agentes imunomoduladores reforçam o sistema imune, enquanto os fármacos
antiinfecciosos e antineoplásicos combatem as infecções oportunistas e cânceres
associados.
A utilização dos medicamentos geram para o paciente um elevado gasto,
o que contribuiu para a dificuldade a aderência ao tratamento. Sendo assim, no
Brasil, em novembro de 1996, foi promulgada a lei Federal nº. 9.313, de 13/11/96,
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que dispõe sobre a
obrigatoriedade do acesso universal e gratuito aos medicamentos antiretrovirais no
sistema público de saúde (BRASIL, 2003).
Diante de uma doença com alta taxa de letalidade, no ano de 2003 foi
iniciado um estudo realizado pelo Exército Americano com o governo da Tailândia,
participaram voluntários de ambos os sexos: homens e mulheres, num total de 16
mil participantes não portadores de HIV, com faixa etária de 18 a 30 anos de idade,
que viviam em regiões de altas taxas de infecção pelo HIV. Todos, antes de
participarem, receberam aconselhamento sobre a prevenção do vírus HIV. Metade
dos voluntários recebeu a vacina e a outra metade recebeu um placebo. Entre os
voluntários que receberam a vacina, o risco de infecção pela AIDS foi 31,2% menor
do que entre os que tomaram o placebo. Ao todo, 125 pessoas foram contaminadas
durante os testes, 74 no grupo dos que tomaram placebo, e 51 no grupo dos que
tomaram vacinas (BRASIL, 2009).
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Os idosos são o grupo populacional que mais cresce fazendo com que
hoje o envelhecimento seja considerado um proeminente fenômeno mundial. Para o
ano 2050, estima-se que haverá cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta
anos e mais no mundo; a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento
(ZORNITTA, 2008).
Valentini e Ribas (2003) relatam que o aumento da população idosa vem
acompanhado de evolução científica que, de certa forma, garante longevidade e
melhores condições para uma velhice saudável.
Segundo Barbosa e Soler (2000), o envelhecimento é um processo natural
da vida humana, trazendo consigo uma série de modificações biopsicossociais, que
alteram a relação do homem com o meio no qual está inserido, que juntamente com
o desgaste progressivo de tecidos, órgãos e da capacidade física e cognitiva, tende
a buscar o isolamento, quer por vontade própria, quer por indução social,
acentuando o processo de perdas que desencadeia turbulências emocionais e
psíquicas que ocasionam profunda infelicidade e diminuem a qualidade de vida de
maneira agressiva.
Essas mudanças biopsicossociais mais visíveis com o avanço da idade
são: dificuldade de adaptação a novos papéis; desmotivação e dificuldade de
planejar o futuro; necessidade de trabalhar perdas e adaptar-se a mudanças;
alterações psíquicas, depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios e,
por fim, baixa auto-estima e auto-imagem. Esse estágio da velhice vem
acompanhado de associações a sentimentos destrutivos de inutilidade e perda,
situação essa que agrava ainda mais a condição existencial do idoso, pois acirra
conflitos internos relacionados a tais conceitos. Com o declínio gradual das aptidões
físicas, quer dizer, com o impacto do envelhecimento, o idoso tende a ir trocando
seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco
ativas (VALENTINI; RIBAS, 2003).
O envelhecimento populacional vem ocorrendo nos países em
desenvolvimento num espaço de tempo mais curto do que no de países
desenvolvidos. Esse descompasso se dá devido à redução da mortalidade, redução
da fecundidade e migração. Este crescimento será bem mais evidenciado no
Terceiro Mundo, onde, possivelmente no ano 2025, as maiores populações de
idosos pertencerão aos países em desenvolvimento, sendo que o Brasil será o sexto
país com maior numero de idosos, isto é, com mais de 30 milhões de idosos. O
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Brasil era uma nação de jovens, agora, caminha para tornar-se um país de idosos
(BARBOSA; SOLER, 2000).
De acordo com o último censo demográfico realizado no Brasil, a
população idosa cresceu 35% nos últimos 10 anos e representava, no ano 2000,
8,56% da população do país (BRASIL, 2007).
Mattos e Nakamura (2007) expõe que ainda há uma grande
desvalorização e preconceito em relação à terceira idade, o idoso geralmente é
atribuído pela sociedade como inválido e incapaz crônico.
Zornitta (2008) aponta que nos dicionários emocionais da população,
velhice é sinônimo de decadência, de decrepitude, de perda, de dignidade e que
enquanto o idoso se deixar considerar um problema social e não parte de uma
solução política cultural, não haverá reconhecimento e a velhice será tida apenas
como fim da existência.
Envelhecer é um processo geralmente considerado de maneira
extremamente desagradável pela sociedade, pois o indivíduo começa a sentir que,
em muitas habilidades biológicas e sociais, não consegue se desenvolver como
costumava ser, devido a isso, chega-se a pensar na velhice como sinônimo de
doença, fraqueza e improdutividade, invalidez. O envelhecimento deve ser tratado
como um processo natural do desenvolvimento humano, numa perspectiva de que
cada fase da vida implica transformações, adaptações, aceitação e construção
(VALENTINI; RIBAS, 2003).
No caso dos idosos, é necessário fazê-los perceber, aceitar e aprender a
conviver com a manifestação de suas emoções, convivendo com seus limites e
reciclando seus hábitos para poderem criar novos projetos e perspectivas de vida. O
ser idoso deve estar ativo e adaptar-se com as novas limitações reais, continuando a
perseguir finalidades, que dêem sentido a vida, não havendo a necessidade de
tornar esse período razão de angústia (MATTOS; NAKAMURA, 2007).
Envelhecer não significa enfraquecer, ficar triste ou assexuado.
Entretanto, em nossa cultura, diversos mitos e atitudes sociais são atribuídos às
pessoas com idade avançada, principalmente os relacionados à sexualidade,
dificultando a manifestação desta área em suas vidas (CAETANO, 2008).
Há poucos anos, envelhecer acarretava, na maioria dos casos, em uma
diminuição da velocidade do pensamento e articulação motora, acompanhado de
doenças típicas e comuns a essa parcela da população, como no caso das diabetes,
18
Rodrigues et al. (2008) define sexualidade como uma energia que nos
motiva a procurar amor, contato, ternura, intimidade; que se integra no modo como
nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser sensual e ao mesmo
tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por
isso, influencia também a nossa saúde física e mental.
A sexualidade é uma necessidade fundamental do ser humano, cuja
dinâmica e riqueza deve ser vivida plenamente. Esta nasce, cresce e evolui com o
ser humano, sendo por isso necessária para a realização plena, como pessoa, de
todo o indivíduo. O amor e prazer que daí se retira não terminam com o
envelhecimento (VALLESCAR, 2006).
Para compreender a sexualidade do idoso, é preciso levar em conta que o
comportamento sexual é definido por vários princípios: cultura, religião e educação,
estes valores influenciam intensamente o desenvolvimento sexual, determinando
como se irá vivenciá-lo e lidar com ele por toda a vida. Dessa forma, o bem estar do
idoso é resultado do equilíbrio entre as diversas dimensões da sua capacidade
funcional e social. Assim, quanto mais ativo o idoso, maior sua satisfação,
consequentemente melhor a sua qualidade de vida (CAETANO, 2008).
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Até bem pouco tempo parecia impossível uma pessoa acima de 60 anos
ser sexualmente ativo, pois era considerada velha para tal. Hoje, com os avanços da
medicina, e o aumento da expectativa de vida, a realidade é outra. Acredita-se cada
vez mais, que a sexualidade não esteja vinculada à idade cronológica e pode ser
exercida pelo chamado idoso sem necessidade de abstinência (SOUZA, 2009).
Para Mattos e Nakamura (2007) a atividade sexual em qualquer idade é
demonstração de um estado de boa saúde, tanto física, como mental, estes são uns
dos aspectos da sexualidade mais importante no processo de envelhecimento.
De acordo com Barbosa e Soler (2000) encarar a sexualidade idosa como
saudável e natural está longe de ser compreendido e aceito pela sociedade. O sexo
na terceira idade está envolto em preconceitos, delírios de grandeza, complexos e
frustrações, mas a terceira idade não é necessariamente uma barreira para uma
vida sexual ativa.
Questões que envolvem sexualidade são consideradas, muitas vezes,
como tabus pela sociedade. Esta postura faz com que os indivíduos encontrem
grandes dificuldades em expor suas dúvidas e angústias.
Ao nos referirmos a sexualidade na terceira idade, nos defrontamos com
uma série de preconceitos e tabus ainda existentes, a sexualidade nem sempre é
tratada com abertura; fazendo com que a idéia de que os idosos são seres
assexuados influenciando de forma negativa a vida do idoso (MATTOS;
NAKAMURA, 2007).
Sabe-se que as questões sexuais sofrem influências marcantes em cada
cultura, essas influências podem forçar o indivíduo a ficar à margem de informações
importantes para o desenvolvimento de sua sexualidade. Apesar da abertura social
que há para discussão de assuntos desse âmbito, a maioria da população ainda
apresenta-se constrangida para discutir tais assuntos, principalmente quando
questões relacionadas à sexualidade na terceira idade (BARBOSA; SOLER, 2000).
Até os profissionais de saúde, e em especial os médicos, do clínico geral
ao geriatra, não valorizam as queixas sexuais do paciente idoso. Evitam tocar nesse
assunto, seja por medo de não saberem lidar com ele, seja por não saberem o que
fazer com as respostas que as pessoas podem dar. As pessoas idosas, nas quais
ainda é intenso o desejo sexual, experimentam por essa razão, um sentimento de
culpa e de vergonha (BRASIL, 2006).
20
A possibilidade de uma pessoa idosa ser infectada pelo HIV parece ser
invisível aos olhos da sociedade e dos próprios idosos, visto que a sexualidade,
nesta faixa etária, ainda é tratada como tabu tanto pelos idosos quanto pela
sociedade em geral (FONTES; SILVA, 2004).
Saldanha e Vasconcelos (2008) ressalta que os idosos estão vulneráveis
a adquirir HIV/AIDS devido a algumas questões culturais que ainda permanecem
como a infidelidade e multiplicidade de parceiras adquiridas na trajetória da vida dos
homens que hoje tem mais de 60 anos, e não praticam sexo seguro porque isso
nunca fez parte da vida deles.
Seguindo esta linha de raciocínio Prilip (2004) destaca que os próprios
idosos se consideram imunes ao vírus. Pouco ou quase nada se fala a respeito de
uma possível disseminação da epidemia entre esse grupo de pessoas. Para muitos,
a idéia de contrair HIV/AIDS em uma idade avançada não existe, porque a
informação sobre prevenção é direcionada quase exclusivamente aos jovens e a
consciência sobre fatores de risco para idosos é baixa.
A percepção de que os amigos são mais vulneráveis a contrair HIV/AIDS
apresenta-se como fator de vulnerabilidade para os idosos, principalmente quando
tal percepção é associada ao preconceito com relação a AIDS, fato que é
potencializado pelo baixo nível de escolaridade e pouca informação adequada. Além
disso, a percepção de vulnerabilidade e o preconceito, decorrentes de crenças
equivocadas, apontam para as esferas sociais, político-institucionais e
comportamentais associadas às diferentes suscetibilidades dos indivíduos,
demandando a necessidade de ações em saúde pública específicas para essa
categoria social (FONTES et al., 2008).
Com o crescente aumento da expectativa de vida, das oportunidades
sociais, da disponibilização de medicamentos para disfunção erétil, tem
impulsionado a vida sexual do idoso, tornando estes vulneráveis a adquirir HIV/AIDS
(FONTES; SILVA, 2004).
Prilip (2004) ressalta que aliado aos tratamentos hormonais, às próteses e
aos avanços da indústria farmacêutica, que estão ampliando a vida sexual da
população idosa, outro fator importante que expõem esta população ao HIV/AIDS, é
a carência de informações sobre a doença, o preconceito contra o uso de
preservativos, e falta de ações preventivas voltadas para esse grupo.
Segundo Brasil (2006), do ponto de vista da AIDS, não é a sexualidade
23
que torna os vulneráveis ao HIV/AIDS, mas as práticas sexuais que são realizadas
de forma desprotegida, e este é um pressuposto válido para todas as idades.
Quanto à prevenção, a falta de campanhas direcionadas à AIDS na
terceira idade, faz com que esta população esteja geralmente menos informada
sobre HIV e menos consciente da vulnerabilidade (FONTES; SILVA, 2004).
Fonseca; Castilho e Scwarcwald (2000) relata que os idosos tendem a ver
as camisinhas primeiramente como uma medida contraceptiva, não preventiva, de
modo que as mulheres que já não temem uma gravidez não-desejada podem não
insistir em seu uso. Estas também sofrem as mudanças físicas da idade, que afetam
sua vulnerabilidade ao HIV.
Um dos desafios da prevenção do HIV/AIDS entre os idosos é a crença
errônea de que estes não estão em risco de contrair HIV ou outras doenças
sexualmente transmissíveis. Também a falta de consciência dos profissionais de
saúde é uma barreira à educação dos idosos sobre os riscos do HIV (GOMES;
SILVA, 2008).
Mesmo em programas voltados à terceira idade a dificuldade de
organizadores e de participantes em abordar o tema sexualidade impede que as
informações sobre a prevenção atinjam essa população (ZORNITTA, 2008).
Menezes (2005) aponta que existe uma precariedade em programas de
orientação de DST's e AIDS na terceira idade. E por preconceito e constrangimento
em usar e adquirir os seus preservativos, a terceira idade é o grupo de maior risco
para doenças sexualmente transmissíveis.
Quanto ao governo, percebe-se certa falta de prioridade e ausência de
políticas públicas. A proposição de políticas demanda conhecimento de causa e há
muito pouca preocupação com questões da terceira idade. Há, sim, políticas
públicas emergenciais, assistenciais, localizadas, e nada de caráter preventivo
(VALENTINI; RIBAS, 2003).
Segundo Fontes e Silva (2004), várias são as causas responsáveis pelo
aumento de casos de AIDS entre os idosos, como por exemplo: as notificações
tardias; o número de pesquisas insuficientes na área; dificuldades no diagnóstico e
resistência para aderir ao tratamento.
Com o surgimento dos medicamentos antiretrovirais, a AIDS passa para o
grupo das doenças crônicas, contribuindo para o envelhecimento das pessoas
24
soropositivas que contraíram o vírus na fase adulta, e passam, dessa forma a fazer
parte do quadro epidemiológico da AIDS na velhice (ZORNITTA, 2009).
Outro fator contribuiu para o aumento do número de casos de idosos
infectados pelo HIV/AIDS: transfusão sanguínea. Prilip (2004) relata que até meados
dos anos 80, quando os métodos para seleção de doadores e controle de sangue
não eram tão rigorosos, a transfusão sanguínea representava o principal fator de
risco para a aquisição do vírus HIV entre os idosos, chegando a ser apontada como
responsável pela maioria das contaminações ocorridas em pessoas com 60 anos ou
mais. Atualmente, observa-se que a maioria dos casos de AIDS nos pacientes nesta
faixa etária pode ser atribuída ao contato sexual ou ao uso de drogas injetáveis.
Até o diagnóstico da doença é um tanto complexo entre os idosos.
Primeiramente pelo fato de que muitos profissionais raramente consideram doenças
sexualmente transmissíveis - HIV/AIDS - na velhice, seja por julgamentos próprios,
ou por concepções errôneas, em função de crenças sobre a sexualidade e a
vulnerabilidade ao HIV nesta faixa etária (FIGUEIREDO; PROVINCIALI, 2006).
O crescimento da população idosa e a vulnerabilidade a que esta
população está exposta a contrair o HIV/AIDS, a invisibilidade que são tratados
pelos profissionais de saúde e a ausência de políticas públicas voltadas à
prevenção, impulsiona o aumento dos números de casos confirmados de AIDS na
terceira idade, alterando o perfil epidemiológico da AIDS na terceira idade na
população brasileira na atualidade.
600000
505760 (97,6%)
500000
400000
frequência
população total
300000
idosos
200000
100000
12141 (2,4%)
0
9000
8035
8000
7000
frequência 6000
5000 sexo masculino
4106
4000 sexo feminino
3000
2000
1000
0
como uma doença cada vez mais presente nas instituições de saúde, sendo
indispensável aos profissionais de saúde, particularmente aos enfermeiros dispor de
conhecimentos e habilidades pedagógicas em atividades com vistas à educação, ao
controle e à prevenção da transmissão do HIV. Assim, as alternativas educacionais
com vistas à sua prevenção devem estar pautadas em orientações cuja essência
seja a valorização da vida e a construção das alternativas de prevenção num clima
de liberdade, responsabilidade e solidariedade humana.
Brasil (2008) relata que o desenvolvimento das ações de prevenção junto
aos idosos deve privilegiar a construção coletiva das estratégias, valorizando a
participação dos idosos nesse processo, de forma que eles se reconheçam como
responsáveis pela promoção da saúde. A discussão de temas como cidadania,
relação de gênero, sexualidade, uso de drogas, etnia e direitos humanos favorecem
a construção de valores e atitudes saudáveis, promovendo o desenvolvimento da
autonomia e do senso de responsabilidade individual e coletivo.
A prevenção às DST/AIDS entre os maiores de 60 anos é algo muito
complexo e representa um desafio para as atuais políticas de saúde pública que
concentra sua atenção na população jovem (entre os 20 a 34 anos). Os programas
de prevenção do HIV devem considerar também aspectos psicológicos,
socioeconômicos e culturais que interferem na vulnerabilidade deste grupo etário,
antes e depois da infecção. Para haver maior alcance de suas ações, os programas
devem desenvolver-se nos locais frequentados por estes (centros de dia, centros
recreativos, etc.) e utilizar uma linguagem especifica para este grupo (CALDAS;
GESSOLO, 2007).
Campanhas de prevenção contra a AIDS em idosos devem ser
organizadas, para cumprimento do Artigo 10 do capítulo IV da Política Nacional do
Idoso instituída através da Lei n.º 8.842, de 04/11/94, que tem como objetivo
proteger esse segmento da população, garantir ao idoso a assistência à saúde, nos
diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde, além de prevenir,
promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas
profiláticas (BRASIL, 2003).
Não é fácil mudar as concepções das pessoas idosas, principalmente no
tocante as suas crenças e suas atitudes. Mas através de políticas públicas de saúde
claras e eficientes, e que compreendam a magnitude e a transcendência do
problema, direcionando a prevenção especialmente aos idosos com relação à
31
disseminação do vírus, para que essa nova clientela que a cada dia mais se expõem
ao risco de contrair um HIV/AIDS, por serem tão vulneráveis, criem um vínculo com
os profissionais, esclarecendo acerca do assunto, conhecendo cada vez melhor a
sua realidade, as formas de contaminação e de prevenção, conferindo certo poder e
respeito que permitem conduzir o paciente ao exercício de sua autonomia.
Este estudo propõe uma nova atuação dos profissionais da enfermagem
para esse problema grave e urgente que é a AIDS na terceira idade, doença
epidêmica desencadeada não somente pelo vírus da imunodeficiência humana, mas
também pelos preconceitos, discriminações e injustiça social. Espera-se modificação
no comportamento dos profissionais. O medo de assistir o paciente soropositivo,
preconceito de uma velhice assexuada, precisam ser dissipados dessa categoria.
Destacamos quão imprescindível é a conscientização e mudança no
comportamento, não só da equipe de enfermagem, mas de todas as pessoas
envolvidas na área da saúde, que trabalham com o portador de HIV/AIDS.
O profissional enfermeiro deve perceber o mundo como uma totalidade
complexa, e caracterizar o conhecimento também como realidade complexa. Como
totalidades, mundo, conhecimento, saber e paradigma podem relacionar-se
interdisciplinarmente. Porém, é fundamental gritar bem alto que o combate eficiente
à difusão da AIDS nessa, faixa etária, começa com a preocupação com a vida e com
os ideais de justiça. Acima de tudo, depende da nossa capacidade de construir uma
política de solidariedade dentro de uma sociedade democrática.
Por isso, é preciso que a Enfermagem desenvolva seu senso crítico,
sistemático, holístico, reflexivo e humanizado, sendo necessário associar a teoria à
prática, para transformar a atividade em práxis, validando assim o conhecimento.
Os enfermeiros são considerados fontes confiáveis de informação sobre
saúde e, comumente, as pessoas se sentem bastante à vontade com eles para
discutir questões íntimas de sua pessoa, desfrutando de uma posição privilegiada,
dentre outros profissionais, para educar as pessoas sobre as formas de reduzir o
risco de transmissão do HIV.
Por isso, os espaços de tratamento também precisam ser pensados
simultaneamente como espaços de prevenção. Talvez a estratégia mais sensível
para detectar contextos vulnerabilizadores e possibilidades de construção de
respostas sociais.
35
3 METODOLOGIA
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARONSON, Wilson; BRITO, A. M.; SOUSA, Valdiléia; Viver com AIDS na terceira
idade, 2006. Disponível em:
<http://www.aidscongress.net/article.php?id_comunicacao=296>. Acesso em: 11 fev.
2009.
BRASIL, Ministério da Saúde. Vacina reduz risco de infecção pelo HIV em mais
de 30%, 2009. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISE77B47C8ITEMID126B9FB0F04040BF8
9E30B7D2E4C8065PTBRIE.htm>. Acesso em: 25 set. 2009.
CALDAS, José; GESSOLO, Kleber. AIDS depois dos 50: um novo desafio para as
políticas de saúde pública, 2007. Disponível em:
<http://www.aidscongress.net/pdf/285.pdf>. Acesso em: 17 set. 2009.
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