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Joachim de Posada
E Ellen Singer

O MOTORISTA E
O MILIONÁRIO
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A NTESDA
PARÁBOLA

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Nascido em berço de ouro mas lançado na pobreza durante a adoles-


cência, aprendi muito mais sobre os riscos do fracasso do que sobre os
segredos do sucesso. Embora meus pais tenham conseguido se recu-
perar depois de perder tudo na meia-idade, eles jamais recobraram a
mentalidade da prosperidade e eu absorvi seus medos de uma forma
muito intensa. Esses temores alimentaram meu desejo de indepen-
dência financeira e, de certa maneira, me levaram a ganhar a vida
ensinando às pessoas como ser bem-sucedidas. Passei a dar palestras
motivacionais que influenciaram milhares de executivos e atletas
profissionais a baterem suas metas aplicando valiosos princípios do
sucesso. Contudo, não percebi naquela ocasião que estava deixando de
lado um termo importantíssimo da equação.
Até que um dia li sobre a teoria dos bombons, e minha vida
mudou – do mesmo jeito que a sua vai mudar – para sempre.
Depois que minha família perdeu tudo, as coisas nunca mais vol-
taram a ser como antes. Meus pais mudaram muito e eu também.
Acho que papai vivia apavorado com a possibilidade de falir outra
vez e, por conta disso, se tornou excessivamente cauteloso. Mesmo
após ter recuperado a fortuna, continuou dirigindo um velho
Chevrolet. Só se permitiu comprar uma Mercedes aos 81 anos (e
morreu nela dois anos depois). No fundo, eu compartilhava os mes-
mos medos, mas reagi de forma diametralmente oposta, esbanjando
todo o meu dinheiro. Minha vida era de opulência: viagens, mulhe-
res, presentes, carros de último tipo, joias caras. Não poupava um
centavo sequer e gastava mais do que ganhava. Devorava todos os
meus bombons assim que botava as mãos neles.
A esta altura, você deve estar pensando por que meu pai não me
fez parar. Por que não tentou incutir em mim os valores financeiros
que havia aprendido? Ele nunca me ensinou o segredo das pessoas
bem-sucedidas porque não sabia qual era. Meu pai foi capaz de pôr

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em prática alguns princípios essenciais não por conhecer a fórmula


do sucesso, mas por ter medo de perder tudo de novo. Quando você
é rico e de repente fica sem um tostão, aprende importantes lições de
vida, mas nem sempre sobra tempo para pensar sobre elas e muito
menos para passá-las adiante. Por isso, o segredo do sucesso conti-
nuou sendo um mistério para mim – um mistério que mais tarde
resolvi desvendar. Queria não só compreendê-lo como também ser
capaz de explicar:
• Por que algumas pessoas chegam lá e outras não.
• Por que algumas pessoas são bem-sucedidas enquanto outras falham.
• Por que 90% das pessoas que chegam aos 65 anos não são inde-
pendentes financeiramente e têm de continuar trabalhando, ou
viver da previdência social, ou rezar para que os filhos terminem
a faculdade, arrumem um bom emprego e possam ajudá-las na
fase final da vida.
Comecei a dar palestras motivacionais há mais de 30 anos. Nesse
período, já falei para plateias em cerca de 30 países e fiz conferências
para algumas das melhores empresas do mundo, tendo angariado uma
longa lista de clientes. Também trabalhei na área esportiva, motivan-
do atletas da NBA – a Associação Nacional de Basquete dos Estados
Unidos – e olímpicos. E descobri que a questão central é a mesma: por
que alguns chegam ao topo e outros não? Evidentemente não se trata
apenas de talento ou habilidade. O mundo está cheio de atletas bri-
lhantes que nunca foram bem-sucedidos e de outros menos talentosos
que construíram carreiras vitoriosas.
O desejo de desvendar o segredo do sucesso me levou a pesquisar
esse tema a fundo. Foi assim que tomei conhecimento de um estudo
comportamental realizado por um proeminente psicólogo america-
no, o Dr. Walter Mischel.
Não vou entrar em detalhes sobre esse estudo neste momento,
mas preciso lhe dizer uma coisa agora: eu descobri o segredo – já sei por
que algumas pessoas têm sucesso e outras não. É uma lição tão
importante que decidi escrever este livro.

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Preste atenção no que vou lhe dizer: todo mundo tem de apren-
der a teoria do bombom. Compreendê-la pode significar a diferença
entre ser rico e ser pobre. O segredo do sucesso deve ser transmiti-
do a todas as crianças do mundo. Ensinei-o à minha filha. Agora
quero passá-lo a você, para que repasse aos seus filhos.
Este livro é para empresários, funcionários e colaboradores, para
atletas e pessoas que querem vencer na vida, para professores, que
têm a enorme responsabilidade de educar nossos jovens, e, sem dúvi-
da, para os adolescentes que querem mudar de atitude, a fim de
alcançar sucesso na vida.
Mas, antes de começar a leitura da parábola do bombom, reflita a res-
peito desta história: três rãs desciam o rio em cima de uma folha. Uma
delas decide mergulhar. Quantas rãs permanecem em cima da folha?
A maioria das pessoas vai responder “duas”. Errado. As três rãs
continuam em cima da folha.
Como assim? Ora, decidir pular e realmente pular são duas coisas
completamente diferentes.
Quantas vezes você decidiu fazer dieta para perder peso e descobriu
três meses depois que os números da balança não se alteraram?
Quantas vezes resolveu parar de fumar, mas não resistiu e acendeu um
cigarro na primeira vez que saiu com os amigos? Quantas vezes tomou
a decisão de arrumar seu quarto no fim de semana, mas na segunda-
-feira a bagunça estava pior do que antes?
Se isso soa familiar e gera algum sentimento de identificação,
espero que você realmente decida ler este livro e aplicar seus ensina-
mentos, o que lhe permitirá dar um salto para o sucesso.
O filósofo e ensaísta inglês Francis Bacon declarou: “Saber é
poder.” Ele estava certíssimo, mas faltou uma palavra para que sua
afirmativa fosse à prova de erros: “Usar o saber é poder.” Se você sabe
mas não usa seu conhecimento, então não sabe. Simples assim.
Leia o livro e pratique tudo o que aprender. Sua vida vai passar
por uma revolução.
Aprendi o segredo. Parei de devorar todos os meus bombons. Quan-
do terminar esta leitura, você também terá parado de comer os seus.

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A PARÁBOLA

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DEVORAR TODOS
OS
BOMBONS É UMA ATITUDE
AUTODESTRUTIVA

Normalmente tranquilo e seguro de si, Jonathan Patient parecia um


pouco abatido ao deixar uma tensa reunião de negócios. Ao entrar
na limusine, pôde ver seu motorista enfiando na boca o último peda-
ço de hambúrguer coberto com ketchup.
– Arthur, você está comendo o bombom de novo! – disse, em tom
de reprovação.
– Bombom? – Arthur ficou surpreso tanto pela rispidez do chefe
como por suas palavras. (O magnata do mercado de tecnologia era
conhecido por usar e abusar de metáforas.) – Para falar a verdade, era um
Big Mac. Não ligo muito para doces. Nem me lembro da última vez
que comi um bombom. Deve ter sido na Páscoa...
– Calma, Arthur. Sei que você não estava comendo um bombom
de verdade. Só que passei a manhã ao lado de “devoradores de bom-
bons” e fiquei decepcionado ao ver você fazendo a mesma coisa.
– Estou sentindo que vem uma história por aí, Sr. Patient.
– Isso mesmo, Arthur. Vou contá-la a caminho de casa. A
Esperanza está preparando uma magnífica paella, que você adora, se
me recordo bem. Pedi a ela que começasse a servir às 13 horas, ou
seja, daqui a 20 minutos, o que vai coincidir com o ponto central da
minha história, como você verá.
– Mas o que o bombom tem a ver com isso?
– Paciência, Arthur. Paciência. Logo, logo você vai saber.

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Arthur deu partida na luxuosa limusine Lincoln e se embrenhou


suavemente no trânsito do centro da cidade. Depois, enfiou o exem-
plar do New York Times com as palavras cruzadas quase terminadas
no para-sol do lado do carona. Jonathan Patient acomodou-se no
banco de couro traseiro e começou a falar.


– Aos quatro anos, participei de um estudo que mais tarde se tor-


nou bastante conhecido. Não que eu fosse uma criança especial.
Simplesmente tinha a idade certa no momento certo. Meu pai fazia
MBA em Stanford, e um de seus professores estava procurando meni-
nos e meninas do pré-escolar para fazer parte de uma experiência
sobre os efeitos da gratificação adiada. Basicamente tratava-se do
seguinte: crianças como eu eram deixadas sozinhas numa sala. Um
adulto entrava e colocava um bombom na nossa frente. Em seguida,
dizia que precisava sair por 15 minutos e avisava que, se a gente não
comesse o doce enquanto ele estivesse fora, ganharia um segundo
bombom na sua volta.
– Dois por um. Um investimento com 100% de retorno! Mesmo
para uma criança de quatro anos, era uma situação bem interessante
– comentou Arthur com humor.
– Com certeza. Mas, aos quatro anos, 15 minutos é um tempo
muito longo. E, sem um adulto por perto para dizer não, era muito
difícil resistir à tentação – lembrou Jonathan.
– E o senhor comeu o bombom?
– Não, mas fiquei tentado uma dúzia de vezes. Cheguei a lambê-lo.
Estava morrendo de vontade de saborear aquele bombom. Tentei can-
tar, dançar, qualquer coisa que me distraísse. Depois do que pareceram
horas de espera, a simpática mulher voltou.
– E ela lhe deu mais um bombom?
– Deu sim. E foram os dois melhores bombons que já comi na
minha vida.
– E qual era o propósito da experiência? Eles lhe disseram? – per-
guntou o motorista.

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– Não na época. Só vim a saber muitos anos depois. Os mesmos


pesquisadores fizeram o possível para encontrar o maior número de
“crianças do bombom” – no primeiro estudo éramos cerca de 600, eu
acho – e pediram aos pais que avaliassem os filhos em uma série de
habilidades e características pessoais.
– E o que seus pais disseram a seu respeito?
– Nada. Eles nunca receberam o questionário. Naquela altura, eu
já estava com 14 anos e nós havíamos nos mudado algumas vezes.
Contudo, os pesquisadores encontraram umas 100 “famílias do
bombom”, e os resultados foram impressionantes. Descobriram que
as crianças que não comeram o doce, e até aquelas que resistiram à
tentação por mais tempo, saíam-se melhor na escola, tinham mais
facilidade para se relacionar socialmente e administravam o estresse
melhor que as crianças que devoraram o bombom assim que o adul-
to saiu da sala. Aqueles que resistiram tiveram mais sucesso do que
os que comeram a guloseima.
– Com certeza, o senhor se encaixa na definição dos bem-sucedi-
dos – disse Arthur. – Mas ainda não entendi como não ter comido
um bombom aos quatro anos poderia transformá-lo em um bilioná-
rio da web aos 40.
– É claro que não é uma consequência direta. Mas a capacidade
de adiar a gratificação por iniciativa própria provou ser um forte
indicador de realização.
– Por quê?
– Vamos voltar ao comentário que eu fiz quando o vi comendo
aquele Big Mac. Ou melhor, tente lembrar o que você me disse hoje
de manhã sobre a paella da Esperanza. Ela não tinha prometido um
prato caprichado para você comer no almoço?
– Para falar a verdade, ela disse que reservaria a melhor parte para
mim, aquela com mais lagosta – revelou Arthur, sorrindo –, mas não
era para eu lhe contar.
– E, mesmo com toda essa mordomia, o que você estava fazendo
30 minutos antes de ela lhe servir a melhor paella da cidade?
– Comendo um Big Mac... comendo o bombom! Agora entendi.

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Não aguentei esperar pelo almoço e estraguei o apetite com uma


coisa que posso ter a qualquer hora.
– Isso mesmo. Preferiu a gratificação instantânea, em vez de espe-
rar por algo que realmente quisesse.
– Puxa vida, o senhor tem toda a razão. Mas ainda não entendi a
moral da história. Será que comer ou não comer os bombons tem
alguma relação com o fato de o senhor estar sentado no banco tra-
seiro da limusine, relaxando, enquanto eu estou aqui, dirigindo?
– Arthur, o que posso lhe dizer é que acredito que a capacidade de
adiar a gratificação faz toda a diferença do mundo. Amanhã, no tra-
jeto até o escritório, eu lhe explico um pouco mais sobre a teoria do
bombom. Espero você às nove horas. Estou ansioso pelo almoço
delicioso que está me esperando. E você, Arthur? O que vai fazer?
– Ficar longe da Esperanza até que tenha apetite de novo.


Arthur saltou, abriu a porta do carro e depois a da casa para Jo-


nathan Patient. Além de lhe pagar um bom salário, o Sr. Patient lhe
ensinara lições valiosas nos últimos cinco anos. Embora ainda não
entendesse por que, desconfiava que a teoria do bombom seria a
mais importante de todas. Decidido, o motorista saiu da proprieda-
de e foi até o mercado mais próximo. Comprou uma caixa de bom-
bons.

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