You are on page 1of 10

CÉLULA DE CARGA

Maurício Carer, Edver Carraro


Universidade de Caxias do Sul - UCS
Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 - CEP 95070-560 Caxias do Sul - RS
mauricio.cx@terra.com.br , suporte@oleoplanver.com.br

Resumo. Com o avanço tecnológico em


máquinas e equipamentos industriais, o
mercado de trabalho nos submete a reduzir 1. INTRODUÇÃO
custo, tempo de manufatura e
conseqüentemente prazo de entrega. Para Neste experimento realizou-se a
isso faz-se necessário a implementação de construção experimental de uma célula de
sistemas de controle, onde possam medir a carga do tipo duas vigas engastadas, que
grandeza desejada, transformar esta utiliza quatro sensores extensométricos,
determinada grandeza em linguagem de onde foram fabricados seus componentes de
máquina, fazer um pós-processamento dos acionamento mecânicos e uma parte do seu
dados coletados, analisá-los, e circuito eletrônico. A fim de demonstrar sua
posteriormente tomar uma decisão. Estes aplicação prática, realizar medidas
sistemas são utilizados em máquinas CN, experimentais e extrair uma análise sobre as
CNC, robôs, linhas de montagem, e etc. O mesmas, o objetivo deste trabalho é
processo de medir uma determinada proporcionar o aprendizado sobre o
grandeza, e transformá-la em outra funcionamento deste sensor e sobre seus
grandeza no qual a linguagem de máquina componentes.
ou computador entenda é denominada No ensaio realizado em laboratório
sensor. De uma série de sensores efetuaram-se cinco séries de medições das
comerciais, será abordado neste relatório o massas na célula de carga, a fim de verificar
sensor extensométrico, utilizado em células a tensão de saída gerada pelos
de carga. Existem diversas aplicações para extensômetros. Com esta é possível
este tipo de dispositivo no qual, é analisada converter em uma grandeza desejada como,
sua empregabilidade para determinar o tipo por exemplo, peso (N), massa (Kg), pressão
a escolher. Células de carga são (Pa), e etc. A flexão, ou deformação sofrida
constituídas de um ou mais sensores pela célula é muito pequena, com isso é
extensômetro de resistência elétrica (Strain necessário amplificar o sinal que sai do
Gage). extensômetro para ser medido.
Neste relatório experimental
realizaram-se medições de massas com o 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
auxílio de uma célula de carga do tipo duas
vigas engastadas, no qual foram feitas 2.1. Célula de carga
medições a fim de demonstrar sua
funcionalidade e seus componentes bem Célula de carga é um dispositivo
como fazer uma análise dos resultados. eletromecânico que mede a deformação ou
flexão de um corpo e a transforma em uma
Palavras-chave: Célula de carga, saída de tensão. O sinal em microvolts é
Extensômetro de resistência elétrica, Strain alterado proporcionalmente à medida que
Gage.
aplicamos uma carga em sua estrutura física.
A célula é constituída de um ou mais
extensômetros, e um circuito denominado
ponte de Wheatstone. O tipo de aplicação da
célula é o fator determinante para a escolha
da quantidade de extensômetros e
configuração do circuito da ponte. As
figuras 1, 2 e 3 mostram exemplos de
aplicações de células.

Figura 3 – Célula de torque estático.

Neste relatório houve a construção de


uma célula de carga em alumínio (Al) do
tipo duas vigas engastadas, com quatro
extensômetros e uma ponte inteira de
Wheatstone, que tem a finalidade de medir
força, peso, ou pressão, como mostram as
figuras 4, 5 e 6.

Figura 1 – Célula de compressão.

Figura 4.

Figura 5.

Figura 2 – Célula de torque.


Figura 8 – Esquema eletro-mecânico de
funcionamento do desbalanceamento da
ponte.
Pode-se observar nas figuras 8 e 10, que
esta célula é auto compensada, pois quando
aplicada uma força os extensômetros 1 e 4
Figura 6. medem, e o 2 e 3 não se alteram.

2.2. Strain Gage

O extensômetro de resistência elétrica


(strain gage), é um resistor elétrico
composto de uma grade metálica sobre uma
camada isolante de substrato de polímero.
Este é colado sobre uma estrutura de teste no
qual é sensível a variação de sua resistência
em função de uma carga aplicada, podendo-
se então estudá-la, medindo e verificando o
comportamento de sua estrutura. Estas
estruturas por sua vez, apresentam
deformações que podem ser monitoradas de
diversas formas, dentre as quais: por relógio
comparador, por detector eletrônico de
deslocamento, por fotoelasticidade, por
camada frágil e por strain gage, dentre
outros.
O strain gage é comumente utilizado
pela sua versatilidade. Um sensor de força
ou de pressão, por exemplo, nada mais é do
que uma estrutura mecânica planejada a
deformar-se dentro de certos limites.
O extensômetro realiza a medição em
duas direções. A direção principal é a
melhor escolha a ser feita, pois possui a
Figura 7 – Desenho técnico de construção da maior sensibilidade, ao contrário da direção
célula de carga. secundária que é dada pelo coeficiente de
poisson (υ), como pode ser observado na
figura 9.
Utilizaram-se quatro extensômetros de
350Ω nesta célula de carga.
Figura 9 – Strain Gage.
Figura 10 – Ponte inteira de Wheatstone
O fator K fornecido pelo fabricante é utilizada na célula de carga.
dado pela equação 1.
A saída Eo da ponte inteira é dada por:

(1)

Onde:
K = fator do extensômetro
R = resistência inicial
∆R = variação resistência
L = comprimento inicial
∆L = variação do comprimento
Onde:
2.3. Ponte de Wheatstone
ε = ∆l/l = deformação relativa = µm/m =
O circuito da ponte de Wheatstone é microstrain
utilizado para medir o desbalanceamento
entre os extensômetros e resistores, causado K = fator do extensômetro
pela deformação sofrida da estrutura. O
desbalanceamento é medido pela variação de R = 350Ω
tensão e posteriormente transformado na
grandeza desejada.
Existem diversos tipos de configurações
de ponte, nos quais podemos citar ¼, ½ e
ponte inteira, em que a última obtém um
melhor resultado, pois possui elevada
sensibilidade. Neste experimento utilizou-se
uma ponte inteira, como exemplifica a figura
10.
Figura 11 – Exemplo de ¼ ponte
Wheatstone.

Figura 12 – Exemplo de ½ ponte


Wheatstone.

2.4. Amplificador para ponte inteira

O sinal de saída do extensômetro Figura 13 – Esquema eletrônico do


possui uma variação muito pequena. amplificador OP 07.
Com isso é necessário amplificá-lo, para
posteriormente efetuar a medição.
Utilizou-se um amplificador OP 07, do
laboratório para efetuar as medições. O
amplificador utilizado não é adequado,
pois foi projetado para dois
extensômetros de 120Ω com ½ de ponte
de Wheatstone, e utilizado neste
experimento que possui quatro
extensômetros de 350Ω e ponte inteira.
Devido a esta situação não ser
adequada, pode-se perder sensibilidade
na saída do amplificador. O esquema
eletrônico do amplificador pode ser
observado na figura 13, bem como a
alimentação da ponte de Wheatstone na
figura 14.

Figura 14 – Esquema eletrônico da ligação


da fonte + - 2,5V.

3. EXPERIMENTO

O objetivo deste experimento é realizar


a medição da variação da tensão em função
da deformação sofrida pela célula de carga,
através dos pesos padrão, verificando assim
suas características.

3.1. Material utilizado

- 01 osciloscópio;
- 01 amplificador OP 07 para meia ponte;
- 02 fontes simétricas +-15Vcc;
- 01 jogo de pesos padrão;
- 01 célula de carga;
- 01 multiteste;
- 02 grampos “C”;
- 01 chapa de aço.

3.2. Procedimento e montagem

A célula de carga é fixada em uma


chapa de aço para lhe garantir uma melhor
fixação e estabilidade na realização das
medições. A chapa, por sua vez, é fixada na
bancada através de grampos “C”. Foi
conectada a célula de carga no amplificador
e utilizada duas fontes simétricas para Figura 16 – Montagem experimental.
alimentar o sistema. A saída do amplificador
ligada ao osciloscópio realizando a
calibração do mesmo, e efetuadas cinco
séries de medições. Detalhamento da
montagem experimental pode ser observado
nas figuras 15, 16, 17, 18.

Figura 15 – Montagem experimental.

Figura 17 – Montagem experimental.


Medida 1 x Massa
22
20
18
16
14

Massa (Kg)
12
10
8
6
4
2
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Tensão (V)

Gráfico 1 – Medida 1 x Massa.

Massa (Kg) Tensão (V)


Medida 2
2,00 0,046
Figura 18 – Montagem experimental. 3,50 0,080

3.3. Resultados 4,00 0,090


5,50 0,130
6,50 0,150
Massa (Kg) Tensão (V)
8,00 0,185
Medida 1 9,00 0,210
2,00 0,046 10,00 0,230
3,50 0,080 11,50 0,265
4,00 0,095 12,00 0,275
5,50 0,125 14,00 0,330
6,50 0,150 15,00 0,350
8,00 0,190 17,00 0,400
9,00 0,200 18,50 0,420
10,00 0,230 21,00 0,440
11,50 0,260
Tabela 2 – Medida 2 x Massa.
12,00 0,270
14,00 0,320
15,00 0,350
17,00 0,370
18,50 0,400
21,00 0,440

Tabela 1 – Medida 1 x Massa.


Medida 2 x Massa Medida 3 x Massa
22 22
20 20
18 18
16 16
14 14
Massa (Kg)

Massa (Kg)
12 12
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Tensão (V) Tensão (V)

Gráfico 2 – Medida 2 x Massa. Gráfico 3 – Medida 3 x Massa.

Massa (Kg) Tensão (V) Massa (Kg) Tensão (V)


Medida 3 Medida 4
2,00 0,046 2,00 0,046
3,50 0,080 3,50 0,082
4,00 0,095 4,00 0,095
5,50 0,125 5,50 0,125
6,50 0,150 6,50 0,150
8,00 0,185 8,00 0,185
9,00 0,210 9,00 0,210
10,00 0,230 10,00 0,230
11,50 0,270 11,50 0,270
12,00 0,275 12,00 0,275
14,00 0,320 14,00 0,320
15,00 0,350 15,00 0,350
17,00 0,400 17,00 0,390
18,50 0,440 18,50 0,440
21,00 0,480 21,00 0,480

Tabela 3 – Medida 3 x Massa. Tabela 4 – Medida 4 x Massa.


Medida 4 x Massa Medida 5 x Massa
22 22
20 20
18 18
16 16
14 14

Massa (Kg)
Massa (Kg)

12 12
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Tensão (V) Tensão (V)

Gráfico 4 – Medida 4 x Massa. Gráfico 5 – Medida 5 x Massa.

Massa (Kg) Tensão (V) Massa (Kg) Tensão (V)


Média x
Medida 5
2,00 0,048 2,00 0,046
3,50 0,082 3,50 0,081
4,00 0,095 4,00 0,094
5,50 0,130 5,50 0,127
6,50 0,150 6,50 0,150
8,00 0,187 8,00 0,186
9,00 0,210 9,00 0,208
10,00 0,230 10,00 0,230
11,50 0,270 11,50 0,267
12,00 0,280 12,00 0,275
14,00 0,330 14,00 0,324
15,00 0,350 15,00 0,350
17,00 0,390 17,00 0,390
18,50 0,440 18,50 0,428
21,00 0,480 21,00 0,464

Tabela 5 – Medida 5 x Massa. Tabela 6 – Tensão média x Massa.


Tensão média x Massa utilizadas, e pode-se concluir que neste
22 experimento não é possível obter melhor
20 precisão do que 1Kg. Tal limitação pode ser
18 atribuída ao amplificador utilizado.
16
É importante ressaltar neste
14
Massa (Kg)

experimento que o laboratório utilizado não


12
possuía condições adequadas para realizar as
10
8
medições, pois o amplificador para meia
6 ponte, e extensômetros de 120Ω utilizado
4 não era adequado aos extensômetros e ponte
2 utilizados, podendo causar um
0 desbalanceamento inadequado nos
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 resistores, conseqüentemente desvio na saída
Tensão (V) de medição, ou mesmo perda de
sensibilidade.
Gráfico 6 – Tensão média x Massa.

Com os dados coletados foram gerados


os gráficos e as tabelas. No gráfico 6 houve
a realização de uma média das cinco
medições, onde é observada uma relação de
sua curva praticamente linear.
Realizou-se a medição do ruído na saída
do amplificador em torno de 30mV. Uma
grande parcela deste ruído pode ser atribuída
à inexistência de conexões com bornes
adequados para realizar a ligação entre a
célula de carga e o amplificador.

4. CONCLUSÃO

Com este experimento torna-se possível


observar a aplicação de sensores
extensométricos em células de carga que
possuem uma larga aplicação, e variam
conforme a necessidade. Exibiram-se os
componentes necessários para o
funcionamento desta célula de carga.
Houve a comprovação da variação
proporcional de tensão em função da
deformação da célula e, observado o
comportamento praticamente linear de sua
curva. Em função da adequada fixação da
célula de carga na bancada de teste através
da adição de uma chapa de aço parafusada
na célula, obtiveram-se valores satisfatórios
nas medições.
Observa-se nos resultados uma pequena
variação de tensão em função das massas

You might also like