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Ano II - Número 6
Junho de 2009
PARCERIA
de R$ 1,7 milhão
Prefeitura atrasa reembolso de salários de servidores cedidos pela UFSM
Universidade não reivindica o retorno de seus técnicos-administrativos e docentes
Dívidas acumulam-se nas administrações de Osvaldo Nascimento,
Valdeci Oliveira e Cezar Schirmer
sumário
entrevista 4
Felipe Müller fala à .txt.
geral 6 Ação rápida
Centro de Convenções sai do papel. Na edição anterior, a .txt ques-
tionou como seria feita a limpeza
geral 7 dos materiais de campanha para
Os limites do cigarro no campus. a Reitoria. A chapa 2 respondeu
com ações: às 18h30min do dia
geral 8 16 de junho, a equipe de Felipe
Universidade tem dificuldades para e Dalvan iniciou a coleta das pro-
pagandas que auxiliaram na sua
estocar material. eleição. Os apoiadores da chapa
comIncidência 11 percorreram a UFSM de ponta
a ponta retirando bandeiras,
UFSM supera federais do sul do pirulitos, folders e faixas que fiz-
país. eram parte da Universidade nos
últimos dois meses. Meia hora
capa 12 depois do fechamento das urnas,
Entenda o processo de cedência de o último resquício de campanha
servidores. era retirado do arco de entrada.
A chapa 1 também retirou os ma-
de dentro para fora 16 teriais de campanha dentro do
UFSM conquista medalhas nos prazo estabelecido em edital.
Jogos Universitários. Tentativa frustrada
de fora para dentro 17 Outra consulta ocorrida no
Os intercambistas que estudam na campus nos últimos dias foi para
Universidade. saber quem a comunidade do Cen-
tro de Educação (CE) quer na sua
categorias 18 Direção para os próximos quatro
Investigação do Concurso Público anos. A preferência foi pela Chapa
da UFSM vai para a gaveta. 1, que teve 369 votos, contra 283
votos obtidos pela Chapa 2 – além
cultura 20 de 10 votos em branco e 10 votos
As passagens de Iberê Camar- nulos. Após o resultado, houve
go pela UFSM. rumores de que um recurso seria
interposto para anular a consulta.
cultura 22 Entretanto, a ideia não foi adiante.
Festival de Inverno chega a sua 24ª
edição.
perfil 24
O primeiro aluno cego da UFSM.
expediente
Revista Laboratório do 5º semestre de Jornalismo O que será do Jornalismo brasileiro?
UFSM
Edição: Luiz Henrique Coletto
Sub-Edição: Laura Gheller No dia 17 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF)
Diagramação: Maiara Alvarez, Paolla Wanglon, Paula derrubou a exigência de diploma para o exercício do jorna-
Pötter e Rafael Salles lismo. O relator do caso e presidente do Supremo, Gilmar
Revisão: Gabrielli Dala Vechia, Juliana Frazzon e Rafael Mendes, valeu-se do argumento de que exigir o diploma é
Salles contra a Constituição Federal, que garante a liberdade de
Professor Responsável: Jorge Castegnaro - DRT/RS:
5458 expressão.
Arte de Capa: Rafael Salles Fica a dúvida: será que as empresas de comunicação
Endereço: Campus UFSM, prédio 21, sala 5234 irão valorizar e contratar profissionais que passaram quatro
Telefone: (55) 3220 8811 anos estudando em uma faculdade de Jornalismo ou optarão
Impressão: Imprensa Universitária por pessoas sem formação acadêmica?
Data de fechamento: 29 de junho de 2009
Tiragem: 500 exemplares
redacao.txt@gmail.com
txt
Luiz Henrique Coletto
entrevista
N o dia 16 de junho, dia em que a comunidade dos cursos para que eles contemplem algumas ações: bons
universitária foi às urnas para escolher os seus horários para todos os estudantes, que possam priorizar a
novos dirigentes, a .txt conversou com o atual qualidade do ensino e também possam oportunizar a me-
reitor , Clóvis Silva Lima. Nessa ocasião, antes de saber lhor distribuição dos horários de aula para que não exista
quem seria o seu sucessor, Clóvis Lima destacou alguns sobrecarga de trabalho e nem de filas em horários de pico.
desafios que marcariam a próxima administração da
UFSM. Com base nessa entrevista, e em mais alguns .txt: Em entrevista concedida à .txt, o atual Reitor sa-
pontos, foram elaboradas algumas perguntas para o lientou que um desafio para a nova gestão diz respeito
candidato eleito. à luta pela contratação de novos funcionários e à me-
A entrevista com Felipe Martins Müller foi feita na lhoria de suas condições de trabalho. Existe, na nova
quarta-feira, dia 17 de junho, às 10h30min. gestão, um plano de ações que objetive aumentar as
contratações e ainda dar melhores condições de traba-
.txt: A UFSM está criando novos cursos e aumen- lho aos funcionários da Instituição?
tando o número de vagas oferecidas devido à ade-
são ao REUNI. Quais serão as ações da nova gestão FM: Não há dúvida. A qualidade em gestão de pessoas é
no sentido de sanar a necessidade de novas salas de uma meta da nossa gestão. Nós estamos tentando obter,
aula e de laboratórios específicos? junto ao Governo Federal, a mesma situação que nós temos
para os docentes: certa autonomia na gestão de recursos
Felipe Müller: As ações já estão sendo tomadas. Já humanos para os técnicos-administrativos em educação.
foi feito um investimento de R$ 35 milhões, em obras Fazendo isso, nós vamos poder sanar algumas carências
como salas de aula, salas de professores e laboratórios, históricas para, aí, podermos dar um salto qualitativo e
“
da” em alguns pontos de gestão do Hospital Universitário. de contas da Fundação, e nós teríamos uma maior tranqui-
Nós não podemos mais admitir que o HUSM lidade nas relações. Enquanto a autono-
não tenha o conhecimento específico sobre o mia financeira e a de recursos humanos
que cada paciente traz de recursos e traz de e administrativos não existir, enquanto
despesas. Temos que fazer um acompanha- ELAS TÊM O SEU PA- chegar o final do ano e os meus saldos
mento muito sério do processo de gestão. orçamentários voltarem para o cofre da
São questões simples, de bom senso, e que
PEL E CUMPREM O União, fica muito difícil não contar com
poderiam trazer uma melhoria no serviço e SEU PAPEL QUANDO as Fundações para algumas ações.
até mesmo uma melhoria das condições de SERVEM À UNIVER-
trabalho das pessoas. Muitas vezes, uma pes- SIDADE E NÃO SE .txt: Supondo, portanto, que essa au-
soa deixa de atender a um ser humano para SERVEM DELA. tonomia fosse atingida, as Fundações
”
descer seis andares do Hospital e buscar um deixariam de ser necessárias e, aí, dei-
remédio na farmácia. Então nós temos que xariam de existir?
batalhar juntos com a direção do hospital
para atacar os problemas específicos. Muitas FM: Existe uma série de coisas que envol-
vezes, o HUSM não consegue fazer o traba- sobre as Fundações vem essa gradual extinção das Fundações.
lho de um hospital-escola por ter que prestar Mas, se nós obtivermos a real autonomia
assistência à população. E isso aí fica sendo financeira, se eu não tiver mais um teto
um dilema grande de qualquer administrador. Eu vou dei- de empenho para recursos extraorçamentários buscados e
xar uma pessoa morrer? Eu vou deixar uma pessoa mal nem essa situação de ter que recompor saldos de exercí-
atendida? Ou eu vou atendê-la bem e deixar, às vezes, o cios anteriores no exercício atual, as fundações vão acabar
ensino, que seria prioritário, para um segundo momento? tendo um gradual enxugamento e, eventualmente, até uma
Nós tentamos fazer as duas coisas. revisão da necessidade de seu papel. As fundações, basica-
mente, foram impostas às universidades quando só se po-
.txt: Outra forma de resolver isso seria a contratação deriam obter recursos extraorçamentários através delas. Só
de funcionários específicos? que, agora, nós estamos vendo que, como elas foram mal
usadas por algumas universidades e por algumas pessoas,
FM: Não. Nós temos que trabalhar sempre na otimização elas estão em xeque. Vamos analisando, gradualmente,
dos recursos que existem no Hospital. Então, hoje, as pes- como é que essa situação se comporta no decorrer destes
soas estão sobrecarregadas de trabalho por, muitas vezes, anos de mandato ou até mesmo bem breve. O que nós te-
situações que não estão bem equacionadas no Hospital. O mos que “sentar em mente” é que hoje temos 400 projetos
que é que tem que ser feito? Uma priorização do serviço. dentro da Fundação e que são projetos importantes para
Quando se começa a colocar metas e algumas situações a Instituição. Nós temos que ter certo cuidado quando se
em que as pessoas são cobradas por não terem feito aquele implica em simplesmente dizermos “Olha, as fundações
serviço, as coisas passam a andar. E também, aí sim, nós não têm necessidade nenhuma, elas podem ser extintas”.
poderemos identificar onde os servidores são realmente Elas têm o seu papel e cumprem o seu papel quando ser-
necessários. Não adianta a gente só chegar e dizer “Faltam vem à Universidade e não se servem dela. Nós temos que
servidores”. Onde faltam servidores? Por que esses servi- estabelecer até que ponto nós podemos chegar com as fun-
dores faltam? Esse é o grande desafio antes de sair contra- dações. .txt
tando. Tem que se fazer um diagnóstico sério, de quais os
DIVIDINDO O AR
E OS RISCOS
O tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), são mais de 4,9 milhões de óbitos por ano, o que corresponde
a mais de 10 mil mortes por dia.
Milena Jaenisch
Os Malefícios do Fumo
O tabagismo aumenta os índi-
ces de lesões vasculares, derra-
me, enfisema pulmonar, pressão
alta, infarto e problemas cardía-
cos, especialmente em pacientes
que já tenham alguma doença de
base como a asma. A doença pul-
monar obstrutiva crônica (DPOC),
que tem como principal causa o
consumo do cigarro, representará
a quarta causa de morte no mun-
do até 2030, de acordo com a Or-
ganização Mundial de Saúde.
.txt Junho de 2009 7
geral .txt
Gabriela Loureiro
Entenda as divisões
A
vel por todas as licitações, contra-
o entrar em um dos prédios do Patrimônio (DEMAPA): o Almo-
tações, estoques de mercadoria de
Almoxarifado Central, é impos- xarifado e a Divisão de Patrimônio
uso comum no Almoxarifado Cen-
sível não notar a pilha de caixas (DIPAT).
tral, controle patrimonial e com-
de papéis, computadores e até liquidificado- Desde a fundação da Universi-
pras em geral da Universidade.
res. Pelos Centros de Ensino, são cadeiras dade, as duas divisões do DEMA-
A DIPAT é encarregada de com-
quebradas, mesas velhas e computadores PA ocuparam os dois prédios e um
prar, armazenar e distribuir mate-
obsoletos. Falta espaço na Universidade para extinto galpão atrás do Centro de
riais de patrimônio, como mesas,
armazenar materiais que não são utilizados Educação (CE). A partir de 2005,
cadeiras e computadores.
e também materiais novos, boa parte vindos quando a UFSM implantou os
Já o Almoxarifado compra, ar-
pelo Programa de Apoio ao Plano de Rees- campi do Centro de Educação Su-
mazena e distribui materiais de
truturação e Expansão das Universidades Fe- perior do Norte do Rio Grande do
consumo, como papel higiênico,
derais (REUNI). Os dois prédios do Almo- Sul (CESNORS) e da, agora au-
óleo para motores e cartuchos de
xarifado Central (também conhecidos como tônoma, Universidade Federal do
tinta para impressora.
“tocas”) são repartidos para comportar as Pampa (UNIPAMPA), foi neces-
duas divisões do Departamento de Material e sário um local maior para abrigar
Fonte: DEMAPA
Os computadores obsoletos
do Centro de Artes e Letras
(CAL) ficam na sala do chefe
do laboratório de informática
do Centro, Sergio Luis May.
A GIGANTE DO INTERIOR
Através da implementação do REUNI, a Universidade Federal de Santa Maria se tornará a maior Instituição
de ensino do sul do Brasil, no número de cursos oferecidos e no número de acadêmicos.
Murilo Matias
O empréstimo de servidores da
UFSM à Prefeitura de Santa
Maria proporciona espaços
de interação, desenvolvimento de projetos
de pesquisa e troca de experiências. A ce-
reção monetária, excede 200 mil reais [pro-
cesso judicial número 2001.71.02.001455-4
do Tribunal Regional Federal de Santa Ma-
ria]. E a gestão Cezar Schirmer (PMDB),
empossada em janeiro deste ano, também
Uma vez não ressarcida, a Universidade
poderia requerer seus servidores de volta,
cancelando o processo de cedência. Mas
essa prática fere a política de boa vizinhan-
ça estabelecida entre a Instituição e a esfe-
dência possibilita à Instituição de ensino está com o pagamento atrasado. ra municipal. Entre 2006 e 2008, mesmo
inserir-se na comunidade por meio dos ser- Segundo a Pró-Reitoria de Recursos vendo a dívida crescer e ultrapassar a cifra
vidores e à Prefeitura contar com quadros Humanos, a cedência de servidores é re- de um milhão, a UFSM não interrompeu
qualificados. Mas nem só de louros vive gulamentada pela Lei 8.112 de 1990, que a parceria. Segundo o Chefe de Gabine-
essa relação. Nas últimas administrações possibilita o afastamento de funcioná- te do Reitor, João Manoel Espina Rossés,
municipais, o valor relativo ao salário dos rios para ocupar funções de confiança. O o retorno dos professores não foi requisi-
servidores não está voltando aos cofres da ônus da remuneração do servidor passa tado para não atrapalhar o andamento da
Universidade. a ser do órgão que o requer. Deste modo, administração municipal. “Toda vez que o
Durante o triênio 2006-2008, no gover- um professor que chefia uma secretaria de TCU [Tribunal de Contas da União] audi-
no de Valdeci Oliveira (PT), o Município município continua recebendo seu salário ta as contas da UFSM, é de praxe verificar
deixou de pagar à UFSM R$1.473.295,00 normalmente, pela Universidade. Cabe à a cedência entre órgãos. Ele detectou o não
em salários de servidores cedidos. No go- Prefeitura repassar mensalmente o valor recebimento e determinou que a Universi-
verno de Osvaldo Nascimento (PMDB), de integral aos cofres da Instituição, por meio dade cobrasse”, explica o Chefe de Gabine-
1997 a 2000, o montante, com juros e cor- de uma guia bancária. te. Naquele período, a Instituição enviou
Fotos: Charles Almeida / Marcelo de Franceschi / Arquivo Pessoal
“A universidade pública se confunde com a ideia de nação. Neste sentido, uma integração pro-
funda com a comunidade é o seu grande desafio, portanto, também é sua função administrar o
saber produzido e imediatamente disseminar este conhecimento. Assim, a participação de servi-
dores da Universidade na construção do projeto de desenvolvimento harmônico da comunidade
é um processo que temos de ver como natural e como uma contribuição efetiva. A sala de aula
na agenda do século XXI é sistemática e assistemática. Talvez consiga contribuir para a cultura
da cidade com tudo aquilo que aprendi ao longo destes quase 35 anos de UFSM.”
João Luiz de Oliveira Roth (Secretário de Cultura)
“Nós temos sempre dito que a Universidade tem uma responsabilidade muito grande no ambien-
te onde ela está inserida; por isso ela tem sido procurada para contribuir com seu conhecimento
para o desenvolvimento local. E isso motivou, já há algum tempo, muitos servidores a fazerem
parte das administrações, tanto em nível municipal, estadual e federal. Existem alguns projetos
da Universidade da área administrativo-financeira que a gente aproveita aqui. Todos os Centros
de Ensino possuem os gabinetes de projeto, de vez em quando a gente vai lá e se socorre.”
Antônio Carlos de Lemos (Secretário de Finanças)
R$ 1,7 MILHÃO?
“Compraria um planetário digital, avaliado em 700 mil reais.
Já está na hora de substituir os equipamentos, que datam
de 1970, e mudar a visão do planetário. O equipamento
novo permitiria, por exemplo, fazer uma viagem dentro do
corpo humano ou ainda entrar nos prédios do Antigo Egito.”
Francisco M. da Rocha, diretor do Planetário
Fotos: Divulgação
16 .txt Junho de 2009
de fora para dentro .txt
VIAGEM AO CENTRO DA
TERRA GAÚCHA
Os universitários estrangeiros que fizeram as malas e vieram
estudar na UFSM. Sarah Quines
Fonte:
Fundação Iberê Camargo. Colaboração: Elisa Malcon, integrante da equipe do acervo da Fundação Iberê
Camargo. Foto: divulgação. Detalhe de obra de Iberê Camargo.
.txt Junho de 2009 21
cultura
DE VALE VÊNETO PA
Violino, trompete, contrabaixo, percussão. Os sons desses e de vários outros instrumentos tomam conta de Vale
Vêneto, Distrito de São João do Polêsine, durante uma semana inteira. Dias em que, há 24 anos, acontece o
Festival Internacional de Inverno da UFSM. Neste ano, o evento acontece de 26 de julho a 2 de agosto.
Andressa Quadro
dora, é um lugar muito bonito”, afirma a Milton Masciadri, pai do diretor de arte As inscrições para o 24º Festival Inter-
coordenadora. do Festival, Milton Masciadri Filho. O nacional de Inverno vão até o dia 14 de
A 24ª edição do Festival Inter- pai do atual diretor de arte do Festival julho. O formulário a ser preenchido se
nacional de Inverno terá valor especial era colaborador e frequentador assíduo encontra no site www.ufsm.br/festivalde-
para quem já o acompanha há algum do Festival. Vivia em Porto Alegre e inverno. Outras informações podem ser
tempo. O motivo é o recente falecimento recepcionava os professores que vinham obtidas através do e-mail: fiiufsm@smail.
do contrabaixista aposentado da Orques- do exterior, facilitando a chegada deles ufsm.br ou pelo telefone do Departamen-
tra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), até Vale Vêneto. .txt to de Música da UFSM: (55) 3220-8088.
Internacional
internacionais, é uma grande repercussão para o Festival. Este
O responsável pela direção ano, contaremos com a participação de estudantes da Europa
artística do Festival de Inverno e dos Estados Unidos.
há 24 anos, Milton Masciadri,
O senhor participa da organização de outros festivais de
nasceu em Montevidéu, no
música?
Uruguai, mas foi criado no
MM – Como professor de Música, tenho participado de
Brasil. O contrabaixista iniciou
muitos festivais na América do Sul, na Europa e na América
seus estudos com o pai, Milton
do Norte, e também como artista para a paz da UNESCO.
Masciadri. Vive há 27 anos nos
Além disso, tenho participação ativa na organização de alguns
Estados Unidos, onde é profes-
desses festivais.
sor de contrabaixo da University
of Georgia. É também acadêmico O seu pai também era músico?
da Sociedade Filarmônica de Bolonha, na Itália, a mais antiga MM – Meu pai era contrabaixista e também meu profes-
escola de música da Europa. Desde 1998, o músico foi desig- sor. Ele provavelmente tenha sido um dos professores mais
nado Artista da Unesco para a Paz, representando as Nações ativos no mundo ‘contrabaixístico’ da América do Sul, e uma
Unidas como solista em diversos países. Confira trechos da pessoa importantíssima na didática do contrabaixo no Brasil.
entrevista concedida por Milton Masciadri à .txt. Existem músicos que foram alunos dele e que hoje exercem a
vida profissional por todo o Brasil e mundo afora.
Como é o trabalho na direção de arte do Festival mesmo
morando nos EUA? Como foi a colaboração do seu pai nesses 24 anos do
Milton Masciadri – Há mais de vinte anos temos um acordo Festival?
internacional entre a UFSM e a University of Georgia. Isto tem MM – O meu pai sempre foi uma pessoa ativa no Festival aju-
facilitado o meu trabalho na preparação do Festival já que é um dando na organização no início. Ele morava em Porto Alegre,
processo que começa poucos meses depois do final do festival então recepcionava os professores e os encaminhava à Santa
anterior. É um trabalho cuidadoso e recebe ajuda de diversos Maria. Depois de sua aposentadoria da OSPA, ele passou a
fundos internacionais e organizações, o que propicia trazer tan- participar do evento em Vale Vêneto sempre estendendo uma
tos professores internacionais para o Festival de Vale Vêneto. ajuda a todos nós da comissão. Foi uma figura característica
No final de cada Festival, a comissão se reúne para decidir do Festival nestes últimos anos.
as oficinas do ano seguinte e, praticamente neste momento,
O seu pai faleceu em abril deste ano. O que muda para o
começa a planificação do próximo Festival.
Festival?
O Festival é bem reconhecido aí nos EUA? E em outros MM – A presença dele será sempre recordada por nós. Ele
países? nos inspirou muito nestes anos e isso continuará sendo
MM – Ele já tem uma tradição muito grande tanto aqui nos levado pelos músicos do Festival, pelos professores da comis-
Estados Unidos quanto na Europa, não só pela publicidade do são e por todos aqueles que tiveram a oportunidade de estar
Festival, mas também pelos 24 anos da participação de profes- em contato com ele. Este ano, nós, contrabaixistas do Vale
sores europeus e norte-americanos que transportam com eles Vêneto, dedicaremos uma apresentação em seu nome em
a sua fascinação pelo Vale Vêneto. Isso, nos meios musicais homenagem ao grande legado que ele nos deixou.