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Momentum

A hora e a vez do Brasil


Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br), diretor-geral da
GS&MD - Gouvêa de Souza

Tem sido uma constante a constatação, após mais um circuito de viagens e


contatos internacionais, coroado com a participação na 100ª Convenção
Anual da NRF em Nova York, na semana passada, a percepção do
momento único que o país vive na visão da comunidade internacional.
Ainda que diversos economistas, por obrigação ou posicionamento
profissional, não deixem de alertar para o risco de um novo ciclo de
instabilidade econômica que poderia afetar o Brasil, o número de contatos,
demandas, informações e propostas que recebemos quando no exterior
confirma a percepção de que temos uma idéia mais nítida do que nos
acontece agora, quando olhamos de fora para dentro.
A Convenção da NRF, reunindo mais de 8 mil convencionais e perto de 20
mil visitantes da Feira, é um detonador de negócios que gravitam em torno
do evento maior mas que gera um efeito “tsunami” buscando retomar
contatos, analisar em profundidade oportunidades e discutir caminhos,
gerando inúmeras reuniões paralelas em hotéis, restaurantes e escritórios.
Não só em Nova York, mas também em outras cidades, como Chicago,
Dallas e Washington.
Em especial neste ano de 2011, quando os resultados das vendas do varejo
no último trimestre nos Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra e mais
todo o resultado na Índia, na China, no Brasil e na própria Rússia, além de
alguns outros países europeus, parecem sinalizar que, sob o ponto de vista
do consumo, os mercados parecem terem cansado de viver a crise e iniciam
uma cautelosa retomada.
O crescimento do varejo expandido norte-americano, que deve fechar o ano
em aproximadamente 6%, é o propulsor do desenvolvimento em muitas
outras economias, como a chinesa, a indiana e algumas européias e latino-
americanas, que sentem nessa perspectiva um cenário mais positivo à
frente, ao menos no aspecto tático.
No aspecto mais estratégico não há como negar que as condições macro e
mais estruturais criam um limitador para expansão contínua, relevante e
sustentável para a Europa, principalmente; e, em escala distinta, para a
América do Norte.
Daí o evidente interesse em explorar oportunidades em mercados
emergentes, os verdadeiros impulsionadores de um novo ciclo de
crescimento. Os países que conseguiram reduzir o impacto da crise
econômica e financeira global recente das maiores, e mais maduras,
economias do Mundo. E essa situação não deve se alterar, mas apenas ser
balanceada dentro de uma nova realidade.
Nesse aspecto o Brasil vive uma situação muito particular, pois consegue
associar uma população significativa, jovem, moderna, aberta ao novo;
com uma realidade política e econômica estável; e um mercado
competitivo, moderno e maduro, mas com muitas oportunidades que
realimentam o desenvolvimento social e econômico.
A conjunção virtuosa desses aspectos estruturais com o momento próximo
futuro, com Copa do Mundo, Olimpíadas, Pré-Sal e mais a retomada da
economia global, sendo o país um grande e fundamental fornecedor de
alimentos e commodities, cria uma situação que não pode e nem deve ser
desprezada. Tudo leva uma percepção da hora e da vez do Brasil.
Conspirando contra, apenas uma percepção míope de que talvez a
velocidade e a magnitude das mudanças e oportunidades não seja tão
ampla; e um modelo mental de fazer aos poucos para minimizar riscos.
Neste momento, na maioria absoluta dos negócios, andar mais devagar será
ficar para trás. E de forma irreversível.

P.S.: Merece um registro pessoal o 401º artigo da série Momentum,


iniciada exatamente há oito anos, quando começamos a compartilhar neste
espaço digital, também criado nessa oportunidade, as experiências vividas
na NRF.

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