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CHEGÁMOS
PRIMEIRO! Voltámos a percorrer trilhos e caminhos na América do Sul,
visitando os cenários do Rali Dakar Argentina-Chile 2011 e,
uma vez mais, fomos a primeiros a chegar a Buenos Aires!
Por Alexandre Correia
E
Fotos Paulo Calisto
Descemos a Cuesta de la
Chicla, um troço com uma
média de 39 curvas/km...
Da capital da província de Catamarca avançámos para Cafayate, rolámos quase sempre acima dos 4000 metros, atingindo o ponto
na região de Salta, que é famosa pelas vinhas plantadas encostadas mais alto na passagem do Abra Al Acay, a 4981 metros, mesmo
à cordilheira andina, a altitudes pouco usuais para esta cultura antes de alcançarmos San António de Los Cobres, na província de
— entre os 1500 e quase os 3000 metros acima do nível do mar Salta. Daí, fomos até esta cidade, admirável, e prosseguimos até
—, mas que permitem produzir excelentes vinhos, que são um San Salvador de Jujuy, onde escapámos por um triz a um bloqueio
prazer degustar. Nem que seja acompanhados apenas por umas de estrada dos Okupas do movimento Tupac Amaru, que cortaram
empanadas, como nós fizemos para não perder demasiado tempo a autoestrada e acamparam no centro da cidade, em frente ao
sentados à mesa, com um prato à frente, quando tínhamos dois
dos mais incríveis troços de terra para percorrer: primeiro, a
palácio do Governo local. Estava na hora de cruzar a fronteira para
o Chile, atravessando o Paso Jama, a 4938 metros de altitude, para
AVENTURA POR CONTA PRÓPRIA
Cuesta De La Chilca, uma impressionante descida de algumas ir re-encontrar cenários já bem nossos conhecidos, ainda que QUISEMOS, mais uma vez, demonstrar que da mesma forma que “Natal é quando um homem quiser”,
dezenas de quilómetros onde contámos uma média de 39 curvas alguns sejam inéditos no rali. Um desses casos, bem curioso, é também cada um pode viver o seu próprio ‘Dakar’ quando quiser. E para vincá-lo bem, nada como enfrentar
por quilómetros, sete delas ganchos fechados; depois, um troço Calama, cidade que nasceu no meio do deserto do Atacama graças esta aventura por conta própria, sem as costas quentes — entenda-se o suporte de uma pesada estrutura
da famosa Ruta 40, a estrada argentina da não menos célebre à mina de Chuquicamata, a maior exploração de cobre do mundo, logística — e com um veículo absolutamente de série. Por momentos, lamentámos não dispor de uns
Panamericana, que liga o Alasca à Terra do Fogo. que fez a fortuna dos famosos irmãos Guggenheim. O nascimento pneus mais apropriados, mas isso desvirtuava o espírito do desafio e o certo é que mesmo com pneus
Sempre pela Ruta 40 praticamente até à principal fronteira entre de Calama levou ao abandono da enorme cidade construída dentro estradistas, o Kia Sorento cumpriu mais de quatro milhares de quilómetros em pistas de terra sem nos
a Argentina e a Bolívia, nos dois dias seguintes desviámo-nos do complexo mineiro, onde não falta um grande hospital e um deixar envergonhados. Andámos mesmo pouco, mas andámos, em areia. Mas este foi o único terreno que
ligeiramente da rota do rali, optando por pistas impraticáveis em estádio de futebol, que hoje constituem duas atrações das visitas procurámos habilmente contornar, ainda que tenhamos ido ao coração de duas das etapas de areia mais
competição, devido à elevada altitude, pois em ambas jornadas guiadas à mina e a esta cidade fantasma. temidas do rali: em Copiapó, no Chile, e em Fiambalá, na Argentina.